“Não peçam à ministra da Coesão para fiscalizar as despesas das câmaras”, diz Ana Abrunhosa

"Não temos de fiscalizar onde e como são utilizados os fundos que atribuímos. É uma luta minha dentro da Administração Central", diz Ana Abrunhosa sobre as despesas das autarquias.

Não peçam à ministra da Coesão para fiscalizar as despesas das câmaras” [no âmbito da descentralização de competências]. Tenho dificuldade em entender que passemos competências para as autarquias para, depois, estarmos a fiscalizar se o dinheiro transferido pelo Estado corresponde às despesas“, começou por criticar a ministra da Coesão Territorial, no seminário da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) sob o financiamento das autarquias, na Exponor, em Matosinhos. Ana Abrunhosa quer, por isso, “aligeirar” já no Orçamento de Estado para 2024 as “necessidades de reporte” das despesas realizadas pelos municípios ao Governo.

Não temos de fiscalizar onde e como são utilizados os fundos que atribuímos. É uma luta minha dentro da Administração Central e, por isso, interrompi um questionário de 300 perguntas“, que a Direção Geral da Administração Local (DGAL) tinha enviado aos municípios, avança Ana Abrunhosa, reiterando que a transferência de verbas para as autarquias exige confiança. Pediu, por isso, “paciência” aos autarcas neste “processo de transição” da transferência de competências da Administração Central para o Poder Local.

“Quanto mais agregada a transferência for, menos estamos a fiscalizar a despesa. Isso exige confiança, mas transferir competências é isso mesmo. Não é delegar. Delegar implica que podemos, a qualquer hora, avocar a competência. Neste caso, é passá-la mesmo para o município”, esclareceu a governante que está à frente da pasta da descentralização.

“A nossa maior preocupação é que o envelope financeiro, que acompanha a transferência de competências, seja adequado. Agora, se desse envelope, uma parte é usada na Educação e outra parte na Saúde, não é a nós, Governo, que deve interessar”, reiterou.

Não temos de fiscalizar onde e como são utilizados os fundos que atribuímos. É uma luta minha dentro da Administração Central e, por isso, interrompi um questionário de 300 perguntas.

Ana Abrunhosa

Ministra da Coesão Territorial

Obviamente que tem de haver um reporte mínimo das autarquias ao Governo, mas, a partir do momento em que as competências são dos municípios, nós, Governo, não temos de estar a fiscalizar. Há outras entidades que podem fazê-lo, rubrica a rubrica”, clarificou a ministra. Aliás, o que interessa, sublinhou, é que “os municípios tenham os recursos necessários ao exercício das competências”.

Ana Abrunhosa quer, por isso, “aligeirar” no Orçamento de Estado para 2024 as “necessidades de reporte” das despesas efetuadas pelas autarquias ao Governo. “Gostaria muito de, no próximo orçamento de 2024, já aligeirar estas necessidades de reporte, porque ao transferirmos por gavetas muito pequeninas, os municípios têm que reportar muita informação e, portanto, a melhor coisa que temos que fazer é fazer as transferências por grandes agregados. Quanto mais agregada a transferência for, menos nós estamos a fiscalizar a despesa”, defendeu.

Gostaria muito de, no próximo orçamento de 2024, já aligeirar estas necessidades de reporte, porque ao transferirmos por gavetas muito pequeninas, os municípios têm que reportar muita informação e, portanto, a melhor coisa que temos que fazer é fazer as transferências por grandes agregados. Quanto mais agregada a transferência for, menos nós estamos a fiscalizar a despesa.

Ana Abrunhosa

Ministra da Coesão Territorial

Também a líder da ANMP, Luísa Salgueiro, defende que se deve reduzir o nível de participação da informação à Administração Central, devendo haver uma “relação de confiança entre os municípios e o Governo” para que “não se perca muito tempo com o preenchimento permanente de mapas, que não têm qualquer utilidade prática“.

Endividamento: há nove autarquias com plano de recuperação

A ministra da Coesão Territorial adiantou ainda que 13 dos 308 municípios do país acederam ao Fundo de Apoio Municipal (FAM), encontrando-se nove deles em plano de recuperação. “Apenas 13 municípios ultrapassam o limite de endividamento. Tiveram que reestruturar a sua dívida para pagarem aos seus fornecedores; receberam um empréstimo do Fundo que também envolve banca e um conjunto de condições”, sustentou Ana Abrunhosa.

A ministra explicou que aceder ao FAM “implica uma gestão muito rigorosa, tem de se aplicar as taxas máximas de impostos, ou seja não podem baixar os impostos que são da sua competência”. A governante aproveitou, porisso, para realçar que “o problema da dívida em Portugal não resulta da dívida dos municípios” e desafiou as autarquias a encontrarem formas de financiamento. “O repto que deixo é que não nos fiquemos pelas formas tradicionais de financiamento. O mundo mudou muito e, por exemplo, nesta matéria dos títulos de mercado do carbono, os territórios têm um papel”, sugeriu.

O problema da dívida em Portugal não resulta da dívida dos municípios.

Ana Abrunhosa

Ministra da Coesão Territorial

Por fim, Ana Abrunhosa deixou um aviso: “A descentralização ainda não acabou; vai implicar mais despesas do Estado”. Por isso, sublinha, são necessárias a “simplificação e uniformização das diferentes fontes de financiamento das autarquia” sendo urgente travar as disparidades existentes no país, concordando, por isso, com a ANMP na necessidade de uma nova Lei das Finanças Locais (LFL).

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EUA bloqueiam venda de armas à Hungria por não aprovar adesão da Suécia

  • Lusa
  • 14 Junho 2023

A transação, no valor de 735 milhões de dólares, foi impedida por um senador republicano preocupado com o recusa do governo húngaro em avançar com a votação para que a Suécia se junte à NATO.

O Senado dos Estados Unidos travou esta quarta-feira uma venda do sistema lança-mísseis HIMARS à Hungria, em retaliação pelo bloqueio que o país impôs à adesão da Suécia à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte). A transação, no valor de 735 milhões de dólares (cerca de 678 milhões de euros), foi impedida pelo senador republicano James Risch, que preside à comissão de Negócios Estrangeiros do Senado norte-americano.

“Há algum tempo, expressei diretamente as minhas preocupações ao Governo húngaro quanto à sua recusa em avançar com a votação para que a Suécia se junte à NATO”, disse Risch, em declarações ao diário norte-americano The Washington Post.

“Pelo facto de estarmos em junho e de tudo continuar na mesma, decidi que esta nova venda de equipamento militar norte-americano à Hungria será suspensa”, indicou o senador do Idaho, instando Budapeste a desbloquear a sua posição se quer receber a encomenda, que inclui 24 baterias de lançadores de ‘rockets’ HIMARS e mais de cem mísseis e outras peças de apoio e acessórios.

Todas as grandes vendas de armamento requerem a aprovação do Presidente norte-americano e dos líderes das comissões de Negócios Estrangeiros do Senado e da Câmara de Representantes para que o Departamento de Estado oficialize a venda. Neste caso, o ‘não’ de Risch impedirá que o negócio seja concluído.

O pedido da Suécia e da Finlândia para ingressar na NATO (o bloco de defesa militar ocidental) após a invasão da Ucrânia pela Rússia, iniciada a 24 de fevereiro do ano passado – pondo fim a séculos de neutralidade –, é considerado um dos golpes geopolíticos infligidos ao Presidente russo, Vladimir Putin.

Contudo, o processo de adesão foi mais lento que o previsto, devido aos obstáculos que a Turquia e a Hungria – principal aliado de Moscovo no Ocidente – levantaram. Inicialmente, os dois países nórdicos pretendiam entrar na Aliança Atlântica ao mesmo tempo, mas o bloqueio de Ancara e Budapeste só permitiu que a Finlândia o fizesse.

No caso da Suécia, a Turquia acusa o Governo de não fazer o suficiente para combater os grupos curdos da oposição – que considera terroristas – ou reprimir os protestos contra o Islão em que se queimam exemplares do Corão, ao passo que a Hungria critica os ataques de Estocolmo às leis húngaras, no âmbito da União Europeia, que têm impedido Budapeste de receber milhões de euros de fundos europeus para a recuperação pós-pandemia de covid-19.

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Regime legal do setor portuário vai ser “aprovado muito brevemente”, avança Galamba

  • Lusa
  • 14 Junho 2023

A revisão do regime legal "é uma real oportunidade para permitir concessões mais adequadas ao investimento, de forma a atrair mais e melhor investimento para os nossos portos", disse Galamba.

O ministro das Infraestruturas, João Galamba, disse esta quarta-feira que a revisão do regime legal do setor portuário vai ser “aprovada muito brevemente”, considerando que irá permitir “concessões mais adequadas ao investimento”.

João Galamba falava na cerimónia de assinatura do protocolo de lançamento da segunda fase (entre quatro) de modernização do terminal de contentores de Alcântara, em Lisboa, entre a Administração do Porto de Lisboa (APL) e a concessionária Yilport Liscont. O ministro adiantou que não se assinalava só um “passo burocrático”, mas também a projeção do futuro próximo “em que estão a ser tomados passos e medidas muito concretas para responder aos desafios e anseios do setor”.

Desta forma, o ministro lembrou as Orientações Estratégicas para setor portuário que servirão de base para o desenvolvimento de cada porto nacional. “A revisão de todo o regime legal que estamos a fazer, alguma da qual vai ser aprovada muito brevemente, é uma real oportunidade para permitir concessões mais adequadas ao investimento, de forma a atrair mais e melhor investimento para os nossos portos, tornando-os mais competitivos”, disse João Galamba.

O ministro lembrou que o terminal de Alcântara desempenha um “papel estratégico” ao proporcionar ligações diretas aos Estados Unidos da América, África, Europa e Mediterrâneo”, sendo um “ponto de conexão vital” para o comércio marítimo.

Também o presidente do Conselho de Administração do Porto de Lisboa, Carlos Correia, enalteceu o protocolo, destacando ser um “importante marco” de uma obra “de maior importância estratégica nacional” e que traduz “um plano de investimento que visa obter ganhos de competitividade e de sustentabilidade”.

“Estão ultrapassadas marcas e feridas recentes”, disse o responsável, lembrando as “greves sucessivas” dos estivadores no passado, salientando que o investimento “dá alma e convicção que vai mudar” e que o porto de Lisboa “está de volta”.

Na segunda fase está prevista a construção do novo edifício de manutenção e apoio, a repavimentação da restante área do terminal e a renovação de todo o parque de espera. O investimento, no valor de 123,8 milhões de euros vai ser aplicado em obras nas infraestruturas e na compra e instalação de equipamentos e tecnologia.

O plano de investimento, que tem vindo a ser implementado pela gestora portuária Yilport Liscont, entrou hoje na segunda de quatro fases de intervenção, até 2035. O Terminal de Alcântara é uma das principais infraestruturas portuárias para importação e exportação na Área Metropolitana de Lisboa.

A modernização do terminal de contentores de Alcântara prevê, entre outros, a aquisição de novos pórticos de cais, a reinstalação de edifícios, a demolição dos edifícios TERLIS e Vasco da Gama, a construção de novos acessos e a reformulação da área de parque de contentores.

Em dezembro passado, a Administração do Porto de Lisboa e a concessionária do Terminal de Contentores de Alcântara assinaram um aditamento à concessão, até 2038. Concluídas as obras, o terminal poderá movimentar 662.347 contentores por ano e as emissões de dióxido de carbono irão baixar em 88%.

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Manutenção de credibilidade é o maior desafio do jornalismo segundo os jornalistas, revela estudo da Cision

40% dos jornalistas dizem confiar cada vez mais em dados para definir estratégias editoriais, sendo que pouco mais de metade (54%) dizem confiar na mesma proporção e 6% dizem confiar menos.

A manutenção de credibilidade é o maior desafio do jornalismo, sendo apontada por 27% dos jornalistas. Esta é uma das conclusões do estudo “O Estado dos Media“, da Cision, que inquiriu mais de três mil jornalistas (3132) de diferentes regiões do mundo.

A falta de pessoal e recursos e a diminuição de publicidade e de receitas de circulação são, por sua vez, enumeradas por 20% dos inquiridos. Entre as principais preocupações surge ainda o aumento das redes sociais e o facto de influenciadores ultrapassaram os media tradicionais (19%) e as linhas ténues entre o que é editorial e publicidade (11%).

Já numa perspetiva pessoal, quando questionados sobre o maior desafio enfrentado nos últimos 12 meses enquanto jornalistas, 38% dos inquiridos responderam que o maior desafio era continuar a enfrentar os despedimentos e os recursos reduzidos.

22% elencaram o desafio de equilibrar a narrativa de tópicos importantes por contraponto à pressão para dirigir o negócio, 13% responderam o combate à desinformação e 10% a politização da imprensa.

Entre as principais prioridades para os profissionais enquanto jornalistas e editores, destacam-se assegurar que o conteúdo é rigoroso, a perceção do público enquanto fonte de notícias confiável e dar voz a problemas críticos que tenham impacto nas suas comunidades.

para as organizações, também se destaca como prioridade assegurar que o conteúdo é rigoroso, seguida pelo rendimento financeiro e a perceção do público como uma fonte de notícias confiável.

40% dos jornalistas dizem confiar cada vez mais em dados para definir estratégias editoriais em relação aos anos anteriores, sendo que pouco mais de metade (54%) dizem confiar na mesma proporção e 6% dizem confiar menos.

Entre os inquiridos, 34% incluíram sondagens ou inquéritos pela web nos seus trabalhos (percentagem que duplicou em relação ao ano anterior – 16%) e 43% afirmam ter usado a visualização de dados no seu trabalho no último ano.

Quanto às relações estabelecidas com profissionais de relações públicas, 68% dos jornalistas dizem preferir receber dados de pesquisa original (como tendências e dados de mercado) e 66% afirmam que estes profissionais podem facilitar o seu trabalho ao disponibilizarem dados e fontes especializadas.

Relativamente a dados, a maioria dos jornalistas (55%) acredita que o número de leitores/espectadores seja a principal medida de sucesso dos órgãos de comunicação social.

A grande maioria dos jornalistas (96%) utiliza as redes sociais por motivos relacionados com o trabalho, nomeadamente no que concerne à promoção de conteúdos (70%), à obtenção de fontes (66%) e à interação com o público (62%). 44% afirmam ainda ter utilizado redes sociais para apanhar temas em voga.

O LinkedIn é a plataforma de redes sociais na qual os jornalistas planeiam aumentar mais a sua presença no próximo ano (20%), seguida de perto pelo Instagram (16%). O Twitter é a plataforma na qual os jornalistas planeiam diminuir mais a utilização (-20%), seguido de perto pelo Facebook (-18%).

“Ainda que a utilização do YouTube se mantenha sem variação, a plataforma TikTok focada no vídeo está a ganhar terreno com os jornalistas. A previsão de aumento de utilização do Instagram e TikTok faz sentido, dado o aumento de popularidade destas plataformas junto dos consumidores e a vontade de estarem onde os seus públicos estão”, lê-se no relatório.

No entanto, apenas 4% dos jornalistas pretendem receber apresentações de produtos através das redes sociais e 19% afirmam que bloqueiam um profissional de relações públicas que entre em contacto sem ter sido solicitado.

Nestas relações estabelecidas com profissionais de comunicação e relações públicas, a maioria dos jornalistas (57%) refere também que irá bloquear um profissional de comunicação que lhes envie comunicação que pareçam ser brochuras de marketing.

No entanto, 18% dos jornalistas referem que a sua relação com profissionais de comunicação se tornou mais importante no último ano, “o que é encorajador e consistente com as conclusões do último ano”, aponta o estudo.

Os comunicados de imprensa são eleitos como a fonte geradora de conteúdos ou ideias primordial, seguida pelos especialistas da indústria e as maiores agências.

“De uma forma esmagadora, os métodos de divulgação que mais têm impacto nos jornalistas são aqueles em que as equipas de relações públicas aplicaram efetivamente tempo para entenderem o jornalista, o seu público e os conteúdos que consideram relevantes“, refere-se ainda no relatório.

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Câmara de Lisboa prevê investir 26 milhões durante 75 anos numa concessão para instalar Hub do Mar

  • Lusa
  • 14 Junho 2023

A Câmara de Lisboa aprovou a celebração de um contrato de concessão com a Administração do Porto de Lisboa para instalar o Hub do Mar, na Doca de Pedrouços, investindo 26 milhões de euros até 2098.

A Câmara de Lisboa aprovou esta quarta-feira a celebração de um contrato de concessão com a APL – Administração do Porto de Lisboa para instalar o Hub do Mar, na Doca de Pedrouços, investindo 26 milhões de euros até 2098.

Em reunião privada, a proposta para submeter à autorização da Assembleia Municipal de Lisboa a celebração de um contrato de concessão entre a APL e o município foi aprovada entre os 17 membros do executivo, com 12 votos a favor, dos quais sete da coligação Novos Tempos (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), que governa sem maioria absoluta, quatro do PS e um do Livre.

Houve ainda quatro abstenções, duas do PCP e duas dos Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), e um voto contra do BE, indicou à agência Lusa fonte do gabinete do presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD).

Apresentada pelo presidente e pelo vereador da Economia e Inovação, Diogo Moura (CDS-PP), a proposta pretende o uso privativo de uma parcela de domínio público em Pedrouços para a instalação do Hub do Mar de Lisboa — Polo de Empresas e Shared Ocean Lab [laboratório oceano partilhado] “pelo prazo de 75 anos”, com os respetivos encargos financeiros, no valor total estimado de 26.080.243,20 euros.

Dos 26 milhões de euros de despesa estimada durante o período de 75 anos, prevê-se 395 mil euros para este ano, 35 mil euros para 2024, 35 mil euros para 2025, 107 mil euros para 2026, 359 mil euros para 2027 e 25,1 milhões de euros entre 2028 e 2098, segundo o documento aprovado.

O contrato de concessão com a APL prevê que o município de Lisboa invista “no direito de utilização privativa de uma parcela do domínio público (hídrico) do Estado Português que se encontra afeta à APL e integrada na respetiva área de jurisdição, com a área de 7.484,00 metros quadrados, incluindo a nave jusante sita junto à Doca de Pedrouços, para instalação do Hub do Mar”.

“Em contrapartida, fica o município obrigado, ao pagamento da taxa de utilização privativa no valor 4,00Euro/m2/mês (quatro euros por metro quadrado por mês) sobre a área da concessão (7.484,00m2)”, sujeita a atualizações anuais, lê-se na proposta, referindo que há bonificações iniciais ao respetivo valor, nomeadamente 95% no período compreendido entre a celebração do contrato e o início da obra, 90% na pendência da obra e 50% nos seis meses subsequentes à conclusão da empreitada.

Em 11 de março de 2022, foi assinado um acordo de consórcio entre o município de Lisboa, a Docapesca, o Fórum Oceano, o Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA) e a Universidade de Lisboa, com a candidatura aos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), solicitando 31 milhões de euro para a construção do Hub do Mar.

Apelidado por Carlos Moedas como Hub dos Futuros Unicórnios do Mar, o projeto pretende ser “uma infraestrutura com capacidade de cimentar e potenciar uma economia azul sustentável e circular, que contribua para robustecer um ecossistema altamente inovador e empreendedor”.

O projeto pretende ainda promover “atividades de investigação e inovação, prototipagem e testagem, funcionando como um elo agregador, gerador de complementaridades e de sinergias que potenciem as condições ideais para o sucesso de soluções inovadoras e de novos negócios”.

O Hub do Mar ficará localizado na Doca de Pedrouços, num espaço com um caráter arquitetónico marcadamente industrial, ligado à economia azul, mais especificamente ao setor das pescas, e que, “encontrando-se atualmente isolada da cidade, possui as condições ideais para a criação de uma nova centralidade, alicerçada na regeneração urbana desta zona”.

Na votação a esta proposta, a vereação do BE justificou o voto contra com a necessidade de uma estrutura de defesa e conservação do mar em vez de um Hub dos Unicórnios do Mar, considerando que “o mar não é um recurso a explorar, mas sim um ecossistema a proteger”.

O projeto do Hub do Mar integrou o programa eleitoral da coligação Novos Tempos (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) nas eleições autárquicas de setembro de 2021, em que o social-democrata Carlos Moedas derrotou o socialista Fernanda Medina na conquista da presidência da Câmara de Lisboa.

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PS chumba envio de declarações de Galamba à Procuradoria, mas PSD vai enviá-las na mesma

O PS chumbou o pedido para o envio de declarações do ministro das Infraestruturas sobre atuação do SIS na comissão de inquérito à TAP. Também não permite que volte a ser ouvido, como queria o Chega.

Os socialistas chumbaram o requerimento apresentado pelo PSD na comissão parlamentar de inquérito (CPI) à TAP para que fosse extraída a ata da audição do ministro das Infraestruturas e enviada à Procuradoria-Geral da República para apurar um eventual crime de falsas declarações. Os social-democratas vão à mesma fazê-las chegar ao Ministério Público.

João Galamba afirmou na CPI que telefonou ao secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes, na noite dos incidentes no Ministério das Infraestruturas, e que este lhe sugeriu contactar o SIS. A iniciativa já tinha sido tomada antes pela sua chefe de gabinete, Eugénia Correia, que entrou um contacto com o Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) a dar conta de que o ex-adjunto, Frederico Pinheiro, tinha levado um computador com documentação classificada.

Mendonça Mendes negou na Comissão de Assuntos Parlamentares que o acionamento dos serviços secretos tenha partido de uma sugestão sua a João Galamba. “O reporte ao SIS não decorreu de nenhuma sugestão nem de nenhuma orientação da minha parte nem de nenhum membro do Governo e era assim que tinha de ser”, disse.

“Não há duas formas de colocar a questão: perante o que disse António Mendonça Mendes o ministro João Galamba mentiu”, diz o texto do requerimento do PSD apresentado a semana passada e chumbado esta quarta-feira com os votos contra do PS e PCP.

“Dada esta circunstância, a Comissão de Inquérito deve, por imposição legal, participar ao Ministério Público a eventual prática do crime de falsas declarações cometido pelo Ministro João Galamba. Assim, vem o Grupo Parlamentar do Partido Social Democrata requerer à CPI que seja extraída certidão da ata da audição do Ministro João Galamba, bem como remessa da mesma para a Procuradoria-Geral da República, com vista à instauração do competente inquérito de natureza criminal”, conclui.

Bruno Aragão, coordenador do PS na CPI, apontou que o requerimento é “conclusivo” e “resulta de interpretação do proponente [o PSD] em audições que são em sedes diferentes”, justificando o voto contra do partido. “Entendemos que não há indícios de crime, mas estando perante um crime público, o MP instauraria oficiosamente um inquérito”, acrescentou.

“Há uma dessintonia entre o que diz o primeiro-ministro — ‘apure-se a verdade doa a quem doer’ — e uma ação objetiva para apurar a verdade em que o PS vota contra, protegendo incompreensivelmente uma vez mais o ministro João Galamba”, reagiu Paulo Moniz, do PSD. “O PSD fará chegar estas atas à Procuradoria-Geral da República”, afirmou.

O ministro das Infraestruturas recusou, este fim de semana, ter prestado falsas declarações. “Não, mão menti”, afirmou João Galamba à margem das comemorações do 10 de junho, no Peso da Régua. Já esta quarta-feira voltou a reiterar que não mentiu e, confrontado com o discurso do Presidente da República, disse que não se sentia um ramo morto no Governo.

A CPI rejeitou ainda, com os votos contra do PS, os requerimentos do Chega a solicitar uma nova audição ao ministro das Infraestruturas e ao ex-presidente da Parpública, Pedro Ferreira Pinto, bem como a audição do diretor do Gabinete Nacional de Segurança, António Gameiro Marques. O PCP absteve-se em relação à audição de Pedro Ferreira Pinto e votou contra os restantes. Os outros partidos votaram favoravelmente os requerimentos.

Luz verde tiveram três requerimentos do PCP onde é pedida uma série de documentação sobre o processo de reprivatização de 2015, a reconfiguração acionista, o plano de reestruturação da TAP, o uso de fundos da Airbus e a ME Brasil à ANAC, à Parpública e à TAP.

A comissão parlamentar de inquérito para “avaliar o exercício da tutela política da gestão da TAP” foi proposta pelo Bloco de Esquerda e aprovada pelo Parlamento no início de fevereiro com as abstenções de PS e PCP e o voto a favor dos restantes partidos. Nasceu da polémica sobre a indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis para deixar a administração executiva da TAP em fevereiro de 2022, mas vai recuar até à privatização da companhia em 2015. Tomou posse a 22 de fevereiro, estando a votação do relatório final prevista para 13 de julho.

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CTT querem contratar mais de 300 carteiros em todo o país

Os interessados devem ter, no mínimo, 18 anos e o 9.º ano de escolaridade, assim como carta de condução.

Os CTT – Correios de Portugal deram início a um processo de recrutamento de carteiros que contempla mais de 300 vagas, de norte a sul do país e ilhas incluídas. O objetivo desta ação de atração de novos talentos é reforçar a qualidade do serviço prestado aos seus clientes.

“Para se candidatarem, todos os interessados devem ter, no mínimo, 18 anos o 9.º ano de escolaridade, carta de condução e, preferencialmente, conduzir motociclos”, detalha a empresa em comunicado.

Além disso, os CTT procuram pessoas que “gostem de uma função não rotineira”, “do contacto com clientes” e que tenham “apetência por trabalhar em equipa e em desenvolver a sua atividade no exterior”.

Os interessados podem submeter a sua candidatura através do site dos CTT.

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Governo paga até julho aos municípios 13,5 milhões de euros em falta na área da educação

Ministra da Coesão Territorial compromete-se a pagar até julho aos municípios 13,5 milhões de euros que estão em falta na área da educação, no âmbito da descentralização de competências.

A ministra da Coesão Territorial anunciou esta quarta-feira que, até julho, o Governo vai transferir para os municípios 13,5 milhões de euros referentes ao transporte de alunos com necessidades educativas especiais, equipamentos escolares, reforço de pessoal não docente e aos contratos interadministrativos. Valores que as autarquias já tiveram de adiantar para pôr a máquina a funcionar.

No âmbito da transferência de competências no setor da Educação, Ana Abrunhosa comprometeu-se ainda a pagar até setembro as verbas das atualizações em falta relativas aos preços das refeições nas cantinas escolares, seguros, higiene e segurança no trabalho.

“Vamos atualizar, espero este mês, tudo o que é transportes especiais para crianças com necessidades especiais, o equipamento, aquelas verbas dos acordos Interadministrativos”, assegurou a governante, à margem do seminário sobre o financiamento das autarquias locais, organizado pela Associação Nacional e Municípios (ANMP) na Exponor, em Matosinhos.

Este montante de 13,5 milhões de euros reporta-se a metade do valor de 27 milhões que o Governo previu como reforço na área da Educação no âmbito da transferência de competências. Ou seja no período compreendido entre janeiro e junho deste ano. Cobre despesas de equipamentos, como o apetrechamento de laboratórios, mobiliário, equipamentos desportivos, transporte de alunos com necessidades educativas especiais ou contratos interadministrativos. Estes 27 milhões incluem uma verba de sete milhões para reforço de pessoal não docente, que foi transferido da Administração Central para a Local.

Vamos atualizar, espero este mês, tudo o que é transportes especiais para crianças com necessidades especiais, o equipamento, aquelas verbas dos acordos Interadministrativos.

Ana Abrunhosa

Ministra da Coesão Territorial

“Assinámos há dias um despacho de reforço de 27 milhões de euros na Educação, ou seja, isto implicará um acréscimo de transferências para os municípios”, avançou a ministra, que reuniu com autarcas de todo o país. Em declarações ao ECO/Local Online, o vereador da Educação e Coesão Social da Câmara do Porto, Fernando Paulo, denunciou que a falta destes pagamentos pode levar algumas autarquias a “entrar em colapso”.

Afinal, os autarcas ainda vão ter de esperar até setembro para serem ressarcidos de alguns destes gastos. “Fica em falta a questão do subsídio de refeição, seguros, higiene e segurança no trabalho, que já estamos a trabalhar com as Finanças e com os outros Ministérios para que, até setembro, possamos cumprir, na prática, o acordo assinado em julho [de 2022]”, frisou Ana Abrunhosa. O Governo ainda está a acabar o levantamento dos dados para fazer o respetivo reforço no Fundo de Financiamento para a Descentralização (FDC).

Interpelada sobre se as autarquias podem correr o risco de “colapso” por estarem a adiantar verbas para pagar despesas resultantes da transferência de competências, a ministra da Coesão Territorial diz não acreditar que tal suceda. Até porque, justifica Ana Abrunhosa, “já [foi feita] a atualização, face ao acordo que [havia], de ajustar os valores da ação social”.

“Portanto, transferimos na semana passada mais quase mais 10 milhões de euros [referentes] ao pessoal não docente, em abril também atualizamos os valores na área da saúde consoante o acordo”, completou a governante.

Acordo com ANMP para reabilitar escolas “está por muito pouco”, diz Ana Abrunhosa

Ana Abrunhosa assegurou ainda que a assinatura do acordo com a ANMP para financiar a reabilitação de mais de 451 escolas no país “está por muito pouco”, porque o valor em desacordo [entre Governo e a associação] “é algo que é marginal”.

Refira-se que a proposta inicial do Governo para a reabilitação das 451 escolas era de 300 milhões de euros, um valor que a ANMP discordou por achar insuficiente e reivindicou 600 milhões de euros. O Governo propôs depois o montante de 450 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), 200 milhões de euros no âmbito do Portugal 2030 e que sairá do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (Feder), sendo que o restante será assegurado através de empréstimo do Estado ao Banco Europeu de Investimento (BEI).

A nossa contraposta para aceitarmos é que não sejam 200 milhões de euros do Portugal 2030, mas apenas 100 milhões de euros, e que o restante seja para escolas que já eram da responsabilidade dos municípios, nomeadamente do 1.º ciclo e do pré-escolar.

Luísa Salgueiro

Presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses

“A nossa contraposta para aceitarmos é que não sejam 200 milhões de euros do Portugal 2030, mas apenas 100 milhões de euros, e que o restante seja para escolas que já eram da responsabilidade dos municípios, nomeadamente do 1.º ciclo e do pré-escolar”, reivindicou líder da ANMP, Luísa Salgueiro, à margem do seminário que está a decorrer em Matosinhos.

A ministra comprometeu-se a analisar a proposta da associação que representa os municípios no país. “Nós vamos analisar a contraproposta e tenho a certeza que muito em breve assinaremos acordo. Não vou dizer que vamos aceitar na totalidade, vamos analisar”, garantiu a ministra.

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Costa confiante de que economia continuará a crescer mas diz que é preciso “pedalar”

  • Lusa
  • 14 Junho 2023

O primeiro-ministro, António Costa, mostrou-se confiante de que a economia portuguesa irá continuar a crescer, mas considerou que é preciso "continuar a pedalar".

O primeiro-ministro, António Costa, mostrou-se confiante de que a economia portuguesa irá continuar a crescer, mas considerou que é preciso “continuar a pedalar” porque “a inércia” não chega para o movimento prosseguir.

Numa fábrica de produção de bicicletas elétricas em Vagos, o primeiro-ministro não evitou recorrer a analogias do ciclismo, num discurso em que vincou que é preciso continuar a “pedalar” para assegurar a continuidade de crescimento que a economia portuguesa tem assistido.

“Quando se deixa de pedalar, naturalmente, a inércia não é suficiente para que o movimento prossiga. Para isso, é fundamental continuarmos a pedalar”, disse António Costa, que discursava esta quarta-feira no fim de uma visita à Unibike, empresa de Vagos que se dedica à produção de bicicletas elétricas.

O líder do Governo salientou que o crescimento que o país tem registado “vai continuar e aumentar”, dando o exemplo da própria Unibike, empresa em que 95% da faturação está assente na exportação e que prevê crescer 20% este ano, face a 2022.

Cada empresa tem perspetivas de este ano acrescentar um pouco também à sua produção” e todas, na medida da sua dimensão, irão “acrescentar” à economia, “o que significa que a economia nacional vai continuar a crescer e, se continuar a crescer, vai continuar a gerar emprego e emprego de mais qualidade e emprego mais bem remunerado”, asseverou.

António Costa realçou que, caso o crescimento económico se mantenha, será possível ter “finanças públicas mais estáveis, com menos dívida, com menos défice, permitindo prosseguir a trajetória de se continuar a reduzir a tributação de quem trabalhar e paga IRS e de se poder criar melhores condições para assegurar a competitividade” do território.

Durante o discurso, o primeiro-ministro considerou também que têm sido “as boas políticas públicas” a razão para vencer “o maior défice de todos” — o das qualificações e para haver estabilidade financeira e credibilidade internacional.

O “casamento virtuoso” entre boas políticas públicas e investimento dá confiança face ao “futuro da economia”, destacou, recordando que Portugal foi o terceiro país da União Europeia que mais cresceu em 2022 e no primeiro trimestre do presente ano.

António Costa realçou ainda a força da produção de bicicletas no país, que põe o país a liderar o setor a nível europeu, numa indústria que soube “reinventar-se”.

Voltando a recorrer a analogias do ciclismo, o primeiro-ministro pediu ao setor para que continue “à cabeça do pelotão” e que não largue “a camisola amarela da indústria das bicicletas”.

Na visita, também estiveram presentes, entre outros, o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, e o presidente da Câmara de Vagos, Silvério Regalado.

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Dificuldades crescentes nos contratos de obras públicas ameaçam execução de projetos

  • Lusa
  • 14 Junho 2023

Presidente do Conselho Científico do Observatório das Autarquias Locais alerta que "a execução dos contratos de empreitada, neste momento, é das mais difíceis de sempre dos últimos 20 anos".

As dificuldades na execução dos contratos de obras públicas, exacerbadas pelos crescentes preços dos materiais e mão-de-obra e pela falta de soluções no Código dos Contratos Públicos, ameaçam comprometer a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), alertam intervenientes no setor.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do Conselho Científico do Observatório das Autarquias Locais, Bartolomeu de Noronha, considerou que “a execução dos contratos de empreitada, neste momento, é das mais difíceis de sempre dos últimos 20 anos”, em resultado “do aumento dos preços dos materiais e da mão-de-obra sentidos, dos projetos com muitas deficiências técnicas, da falta de engenheiros e, também, de mão-de-obra qualificada”.

Adicionalmente, sustentou, faltam também “soluções no Código dos Contratos Públicos [CCP] que promovam o encontro de soluções entre as partes, em vez de impor procedimentos, alguns deles anacrónicos, que acabam por gerar conflitos latentes entre os donos de obra e os empreiteiros”.

Bartolomeu de Noronha arrisca mesmo dizer que os problemas jurídicos no setor serão, atualmente, “possivelmente os maiores desde o ano 2009, altura em que o Código dos Contratos Públicos entrou em vigor”.

Uma opinião secundada por um conjunto de sociedades de advogados ouvidas pela agência Lusa, que apontam um “impacto enorme” do avolumar dos conflitos jurídicos na contratação de obras públicas na elaboração e execução dos projetos do PRR.

“O impacto é enorme. Se um empreiteiro teve de financiar uma obra pública — que é o que sucede sempre que há um verdadeiro direito ao reequilíbrio financeiro — e, ainda por cima, não raras vezes, tem que suportar multas contratuais, obviamente que a tesouraria das empresas é afetada”, sustentam Diogo Duarte de Campos e Joana Brandão, da PLMJ Advogados.

“Diria, portanto, que o impacto é sobretudo a destruição de empresas viáveis por mera falta de tesouraria e o próprio encarecimento das propostas, seja por via da menor concorrência, seja porque as empresas tendem a cobrar uma margem de risco maior”, acrescentam.

Para a Carla Granjo Advogados, o principal impacto destes conflitos na execução do PRR resulta da “morosidade e alterações de conceção”, que “provocarão atrasos na execução dos projetos”, assim como da “insegurança das entidades adjudicantes relativamente às auditorias a realizar pelas entidades gestoras dos fundos no que respeita à gestão dos procedimentos/contratos”.

“Os impactos já se estão a sentir e vão aumentar, porque o setor da construção nos últimos 20 anos adquiriu pouco ‘know how’ [saber fazer] e perdeu muitos quadros que emigraram, sentindo-se também essa degradação no lado público, dados os constrangimentos orçamentais verificados nos últimos anos, o que acaba por se refletir na falta de capacitação de todos os intervenientes que vão ser necessários para executar os projetos do PRR”, destaca, por sua vez, Bartolomeu de Noronha.

No que respeita ao CCP, o responsável do Observatório das Autarquias Locais considera que as regras de mais difícil execução e que originam maiores conflitos são “as relativas aos trabalhos complementares (anteriormente designados por trabalhos a mais), a impossibilidade de no decurso da obra se implementarem soluções em tempo útil que permitam resolver as célebres derrapagens de custos e dos prazos e a falta de mecanismos de resposta aos impactos causados pela Covid-19 e pela guerra na Ucrânia”.

Já pela positiva, aponta a “possibilidade de se recorrer a concursos de conceção-construção sem ser em casos excecionais”, salientando que tal era “inevitável para evitar a perda de fundos comunitários, designadamente do PRR, permitindo os concursos informalmente designados por ‘2 em 1’, que podem evitar demoras burocráticas, ganhando-se tempo para se tentar reverter alguns dos atrasos verificados no planeamento do PRR”.

Sérgio Barbosa, advogado da empresa de engenharia e construção Teixeira, Pinto & Soares (TPS), de Amarante, fala em “vários obstáculos” logo desde o lançamento de um concurso público até à sua adjudicação e considera que as várias alterações que têm vindo a ser introduzidas no CCP ao nível dos erros e omissões do projeto “nem sempre [foram] bem conseguidas, nomeadamente quanto à assunção de responsabilidade pelo preço dos trabalhos complementares, anteriormente designados por trabalhos de suprimento de erros e omissões”.

Na opinião da Carla Granjo Advogados, para as empresas, as consequências mais gravosas dos problemas jurídicos no setor são “as penalidades aplicadas por atrasos na execução das empreitadas e os sobrecustos decorrentes da sobre estadia em obra”.

Já para a economia, os principais efeitos negativos são “os acréscimos da despesa com os sobrecustos das empreitadas, incluindo reposição do equilíbrio financeiro dos contratos e com as revisões de preços, sem olvidar as perdas decorrentes da indisponibilidade das obras no tempo previsto”.

Uma “maior maturação na conceção dos projetos, evitando alterações em fase de execução”, e uma “maior interação entre as adjudicantes e as entidades gestoras dos fundos ao nível da interpretação das normas nacionais e comunitárias” são algumas das sugestões da advogada para evitar estes conflitos.

Para a PLMJ, seria também “muito importante que as obras de valor superior a, por exemplo, 25 milhões de euros tivessem obrigatoriamente um mecanismo [como os denominados CPAL – Comités de Prevenção e Acompanhamento de Litígios] para não se chegar ao final de execução dos contratos com ações de dezenas de milhões de euros”.

“Acha normal que em pleno século XXI, um litígio que venha a ocorrer numa obra do PRR venha a ser decidido daqui a dez ou 15 anos num tribunal? É absolutamente irracional em termos económicos”, corrobora Bartolomeu de Noronha.

Havendo já quem prognostique que poderá vir a ser difícil encontrar empresas que assumam o risco de certas empreitadas, um grupo de empresas de engenharia e de advocacia (Observatório das Autarquias Locais, TPS, PLMJ Advogados, Borges da Ponte Linhares Dias & Associados, Carla Granjo Advogados, CMS Rui Pena & Arnaut, Cuatrecasas, Eversheds Sutherland FCB, e Rosário Coimbra Advogados) tem procurado definir boas práticas e encontrar formas de dirimir conflitos e criar uma espécie de jurisprudência tácita, pretendendo, neste sentido, lançar, no próximo mês de outubro, uma publicação dedicada ao tema, designada Revista de Direito da Construção.

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Grupo José de Mello aumenta lucros em 59% para 92 milhões

Além da subida dos lucros em 2022, também o investimento disparou 49%. De fora do plano do grupo continuará a ficar a Efacec, à espera do desenrolar do processo de privatização.

Os resultados anuais do grupo José de Mello em 2022 mostraram um aumento de 59% dos lucros para 92 milhões de euros. “2022 foi muito positivo com ganhos de escala em todas as empresas”, refere Salvador de Mello, presidente executivo do grupo, num encontro com jornalistas.

Os números de 2022 do grupo — que controla a industrial Bondalti, detém posições maioritárias na CUF e na José de Mello Residências e Serviços, e uma posição minoritária na Brisa — mostram ainda um crescimento de 39% do EBITDA (excluindo a Brisa) para 192 milhões de euros.

A área do grupo com melhor desempenho foi o setor química e industrial liderado pela Boldalti, que contabilizou um incremento de 174% dos lucros, passando de 19 milhões de euros em 2021 para 52 milhões em 2022, “tendo também celebrado um novo contrato com os parceiros operacionais em Estarreja (Dow e Air Liquide), válido por mais 15 anos”, refere Salvador de Mello.

A Brisa, onde o grupo detém uma posição de 17%, registou um aumento de 26% dos lucros no último ano face a 2021, fechando 2022 com resultados líquidos de 241 milhões de euros. “A Brisa registou uma recuperação do tráfego rodoviário para níveis de 2019, o que conduziu a um ano muito positivo, salienta o líder do grupo José de Mello.

No campo do endividamento, Salvador de Mello sublinha que “a dívida deixou de ser um tema para o grupo no ano passado”, porque não os condiciona estrategicamente.

Segundo Luís Goes, membro da comissão executiva do grupo José de Mello, a dívida consolidada do grupo baixou 8,1%, dos 998 milhões de euros em 2021 para 917 milhões, no final do ano passado, e assenta, atualmente, num plano de “dívidas de médio e longo prazo, com componente fixa e variável, dentro de um nível de natureza prudente”.

Salvador de Mello refere ainda que “o grupo investiu muitíssimo em 2022”, destacando a concretização de 159 milhões de euros de investimento, mais 49% face a 2021.

Entre os maiores investimentos realizados no ano passado estão 79 milhões de euros realizados pela Brisa “na melhoria da rede, mas também na mobilidade e na área internacional”.

Destaque ainda para os 58 milhões investidos pela CUF, como resultado da “abertura de novas unidades, no aumento da capacidade das unidades do Porto e Santarém e através da aquisição de um hospital nos Açores”.

Para 2023, Salvador de Mello não se compromete com números, sublinhando que “o ambiente é também desafiador no plano financeiro”. Porém, não deixa de apontar o dedo para o setor dos vinhos através da Ravasqueira que, estava “ligado à família”, mas “agora está ligado ao grupo”, com os resultados deste negócio a começarem, a partir de 2023, a serem consolidados na órbita do grupo.

Fora deste envelope financeiro ficará a Efacec, onde o grupo detém 28% do capital, mas cujos resultados deixaram de consolidar nas contas do grupo. No entanto, Salvador de Mello sublinha que “toda a exposição à Efacec está assumida”.

Sem adiantar qualquer informação sobre o papel que o grupo terá no processo de reprivatização da Efacec, Luís Goes refere apenas que “quem tem liderado o processo da Efacec é o Estado”, e que, “enquanto posição minoritária”, aguarda “que haja um desfecho formal deste processo para perceber quais serão os próximos passos”.

No entanto, o responsável da comissão executiva do grupo José de Mello, apesar de notar a “brutal destruição de valor da Efacec nos últimos anos”, revela ainda que “sempre” mostrou “interesse em garantir um destino positivo para a sua continuidade e é nesse patamar que continuam”.

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Luís Miguel Ribeiro reconduzido na liderança da AEP com 95% dos votos

Luís Miguel Ribeiro (conselho de administração) Ana Paula Roque (assembleia-geral), José Manuel Fernandes (conselho-geral) e Alberto Castro (conselho fiscal) assumem funções até 2026.

Naquele que foi “o mais participado ato eleitoral de sempre”, os associados da Associação Empresarial de Portugal (AEP) elegeram com 95% dos votos expressos os novos órgãos sociais para o quadriénio 2023-2026, de acordo com os dados facultados ao ECO pela mais importante associação patronal do Norte do país.

Os órgãos agora eleitos serão presididos por Ana Paula Roque (mesa da assembleia-geral, em representação da Revigrés), José Manuel Fernandes (conselho-geral, em representação da Frezite), Luís Miguel Ribeiro (conselho de administração, a título individual) e Alberto Castro (conselho fiscal, em representação da Universidade Católica). O fecho da assembleia eleitoral e a contabilização dos votos aconteceram a 12 de junho, quase dois meses depois da data inicialmente prevista.

À terceira foi mesmo de vez. A assembleia eleitoral da AEP começou por ser adiada de 17 de abril para 29 de maio devido a uma irregularidade na primeira convocatória, mas o processo acabou por não ser encerrado nesse dia, por decisão do antigo presidente da assembleia-geral, José António Barros, que invocou um atraso dos CTT na entrega dos boletins para o voto por correspondência. Um total de 1.280 boletins de votos foi enviado para os associados com as quotas em dia.

Como o ECO noticiou em primeira-mão, Miguel Pinto (diretor-geral da Continental Advanced Antenna), José Luís Ceia (líder da Enjoysmile e atual presidente da Associação Empresarial do Alto Minho) e Eduardo Viana (CEO da Dourogás) serão os vice-presidentes da AEP nos próximos quatro anos, num conselho de administração que continuará a ser comandado por Luís Miguel Ribeiro, de 52 anos, que assumiu pela primeira vez a presidência em 2019 após a morte de Paulo Nunes de Almeida.

A lista para os órgãos sociais no mandato 2023-2026 mostrou uma renovação quase completa no conselho de administração, já que apenas Eduardo Viana foi reconduzido. Para vogais entraram três caras novas: Alexandre Almeida (Kis Consulting), Raquel Vieira de Castro (Vieira de Castro) e Benedita Amorim Martins (Conduril), filha de António Amorim Martins, que foi presidente da AEP nos anos 1980.

José Manuel Fernandes, fundador da Frezite, encabeçou a lista para o conselho-geral, que, após a recente alteração dos estatutos, deixou de ser liderado pelo presidente do conselho de administração e “assume um papel de supervisão das políticas e posicionamentos estratégicos da AEP”. Em comunicado, o empresário da Trofa frisa que a “experiência” que trazem as empresas com assento neste órgão “será seguramente uma mais-valia para a continuação da defesa dos interesses das empresas e consequente afirmação da AEP”.

Conheça os novos órgãos sociais da AEP

Mesa da assembleia-geral

Presidente: Ana Paula Roque (Revigrés)

Vice-presidente: Ricardo Abrantes (Almas Design)

Secretário: Pedro Barros Pereira (Parques do EDT)

Conselho-geral

Presidente: José Manuel Fernandes (Frezite)

Vice-presidentes: Paulo Barros Vale (Valcorp SGPS), Manuela Tavares de Sousa (Imperial), José Pedro Freitas (Mota Engil), Fernando de Sousa (CEI – Companhia de Equipamentos Industriais)

Vogais: Andreia Meireles (Meireles), José Ferraz (Lusoverniz), Carlos Barbot (Diera), Idalino Leão (Agros), Joana Ribeiro (Mercadona), João Pimenta (Sopimenta), João Rafael Koehler (IAFE, Instituto da Empresa), Jorge Leite de Pinho (Arsopi), José Alexandre Oliveira (Riopele), José Redondo (Bial), José Fernando Figueiredo (Knowledge Factory), José Manuel Lopes de Castro (Norprint), Manuel Violas (Super Bock), Nuno Rangel (Rangel Invest), Paula Ferreira (Douro Azul), Paulo Sousa (Proef), Pedro Pinto (Primor), Pedro Silva Reis (Real Companhia Velha), Ricardo Costa (Loqr), Rui Faria (Indinor), Vítor Neves (RAR)

Conselho de administração

Presidente: Luís Miguel Ribeiro (individual)

Vice-presidentes: Miguel Pinto (Continental Advanced Antenna), Eduardo Viana (Dourogás), José Luís Ceia (Enjoysmile)

Vogais; Alexandre Almeida (Kis Consulting), Raquel Vieira de Castro (Vieira de Castro), Benedita Amorim Martins (Conduril)

Conselho fiscal

Presidente: Alberto Castro (Universidade Católica Portuguesa)

Vogal efetivo: Carlos Gomes (Isegoria Capital)

ROC efetivo: Luís Silva (KPMG)

ROC suplente: Pedro Costa (KPMG)

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