Missão da ONU vai investigar rutura da barragem de Kakhovka

  • Lusa
  • 14 Junho 2023

A missão é liderada pelo norueguês Erik Mose e incluiu o colombiano Pablo de Greiff e a bósnia Jasminka Dzumhur.

A missão da ONU para as violações dos direitos humanos provocadas pela invasão russa da Ucrânia vai investigar os efeitos da recente rutura da barragem de Kakhovka, confirmou hoje um porta-voz das Nações Unidas.

Segundo o porta-voz Pascal Lim, do Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a Comissão Internacional Independente de Inquérito na Ucrânia, criada no ano passado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, vai “investigar o impacto da rutura da barragem”, acrescentando que já ouvir algumas das pessoas afetadas.

A missão é liderada pelo norueguês Erik Mose e incluiu o colombiano Pablo de Greiff e a bósnia Jasminka Dzumhur. Estes especialistas já emitiram relatórios acusando a Rússia de cometer crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Ucrânia, incluindo assassínio, execução sumária, tortura e tratamento desumano, estupro e deportação forçada.

A missão da ONU também documentou violações de direitos humanos cometidas pelas forças armadas ucranianas, incluindo ataques indiscriminados, e pelo menos dois incidentes que podem ser considerados crimes de guerra, nos quais prisioneiros foram mortos, feridos e torturados.

O objetivo da missão é obter o mais rapidamente possível provas que possam servir para julgar os autores dos crimes de guerra perante a Justiça, numa altura em que o Tribunal Penal Internacional de Haia já abriu processos de investigação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comboio histórico do Douro parte depois da greve dos revisores

Temporada de 2023 começa apenas dia 8 de julho, um mês mais tarde do que habitualmente. Além dos sábados e domingos, comboio turístico poderá vir a circular durante a semana.

O comboio histórico do Douro apenas vai partir da Régua a partir de 8 de julho. O arranque da temporada de 2023 deste comboio está marcado para depois do final da greve dos revisores. Para compensar, a CP admite que as viagens sobre carris no Douro possam ir além de sábado e do domingo e com experiência reforçada para os turistas.

A temporada de Verão do Comboio Histórico do Douro de 2023 tem início previsto para 8 de julho“, refere ao ECO fonte oficial da transportadora. Os passageiros podem viajar entre as estações do Peso da Régua (distrito de Vila Real) e do Tua (distrito de Bragança) em cinco carruagens de madeira, datadas do início do século XX, rebocadas por uma locomotiva a vapor, de 1924.

Comboio histórico do Douro circula entre Régua e o Tua.Lusa

Antes da partida, na Régua, é possível ouvir cantares tradicionais da região e beber um cálice de vinho do Porto. No Pinhão, há uma paragem para abastecimento de água à locomotiva e é possível apreciar os painéis de azulejos na estação. No Tua, a locomotiva faz as manobras de inversão e existe um museu interpretativo, no local de onde até 2008 partiram os comboios em via estreita para Bragança.

A CP alega que “não há qualquer atraso na programação” e que a data de início da temporada de 2023 “foi estabelecida tendo em conta uma série de fatores operacionais”. Ora, desde 5 de junho e até 5 de julho há greve parcial dos revisores da CP. No Douro, a paralisação destes trabalhadores tem levado à supressão de praticamente todos os comboios interregionais entre o Porto e o Pocinho.

Nos últimos 10 anos, apenas em três ocasiões é que o comboio histórico do Douro partiu depois do mês de junho: em 2013, as viagens arrancaram em 13 de julho; no ano seguinte, começaram em 5 de julho. Em 2020, em plena pandemia, a temporada do comboio histórico ficou confinada aos meses de agosto, setembro e outubro. Nos restantes anos, o comboio circulou entre o início de junho e o final de outubro. Recuando à década de 2000, houve deslocações sobre carris entre maio e outubro.

Viagens aos sábados, domingos e não só

Na última década, 2017 foi o ano com maiores circulações do comboio histórico do Douro. Aí, foram feitas 50 viagens, distribuídas entre sábados, domingos e mesmo quartas-feiras (no mês de agosto). De então para cá, apenas houve passageiros ao fim de semana e no feriado de 15 de agosto.

Para a temporada deste ano, a CP admite voltar a pôr o comboio em marcha também nos dias úteis. A empresa prevê um número de viagens “substancialmente superior ao do anterior anterior, em resposta à crescente procura por este serviço”. Em 2022, houve 37 viagens. Além dos passageiros que compram bilhetes junto da CP, o comboio histórico conta com viajantes oriundos dos operadores turísticos da região, que incluem a viagem sobre carris em programas de um ou mais dias.

Ainda em relação à temporada de 2023, a empresa promete “novas propostas e atividades” e afirmar estar a “trabalhar em parceria com os municípios da região do Douro para oferecer aos passageiros uma experiência ainda mais completa e envolvente”. Proporcionar um cálice de Favaios ou servir um doce de Alijó são hipóteses em cima da mesa, segundo informação apurada pelo ECO.

Contactada pelo ECO, a Comunidade Intermunicipal do Douro remeteu comentários para a câmara da Régua, que não quis adiantar mais informações sobre o tema.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

IL quer lista discriminada dos benefícios fiscais concedidos aos partidos

  • Lusa
  • 14 Junho 2023

Deputados liberais pedem ao ministro das Finanças que apresente "dados desagregados por partido político beneficiário, por imposto e por ano" dos benefícios fiscais a partidos.

A Iniciativa Liberal (IL) vai pedir ao ministro das Finanças, Fernando Medina, a lista de despesas e benefícios fiscais concedidos a cada partido entre 2017 e 2022, discriminada por força política, por imposto e por ano.

De acordo com o requerimento enviado à agência Lusa, os deputados liberais pedem ao ministro das Finanças que apresente “dados desagregados por partido político beneficiário, por imposto e por ano, das despesas e benefícios fiscais concedidos a partidos políticos no período decorrido entre o ano fiscal de 2017 e o ano fiscal de 2022”.

No requerimento divulgado esta quarta-feira e que deverá dar entrada na Assembleia da República na sexta-feira, a IL defende que esta discussão “não se pode fazer de forma pouca clara e sem dados quantitativos exatos”.

A Iniciativa Liberal assinala igualmente que no início do mês foi discutida no parlamento uma proposta da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, que acabou rejeitada, para revogar os benefícios fiscais atribuídos aos partidos políticos, entre os quais em sede de imposto municipal sobre as transmissões onerosas de imóveis, imposto municipal sobre imóveis e imposto automóvel.

O partido aponta que nesse debate “foi argumentada a alegada preponderância destas isenções na capacidade de independência e funcionamento dos partidos políticos” e que “uma alteração destas isenções mereceria uma revisão do financiamento público atribuído aos partidos”.

“A ser verdade, tal significaria que existe um peso mais significativo do que aquele que se tem estimado daquelas isenções no total do montante de financiamento dos partidos políticos”, refere a IL no documento enviado à agência Lusa.

Em maio, a Iniciativa Liberal apresentou um projeto-lei que pretende alterar a lei de financiamento dos partidos políticos, eliminando quase todos os benefícios fiscais atribuídos aos partidos políticos e reduzindo de forma drástica as subvenções, quer para o financiamento das forças políticas, quer para campanhas.

Os liberais propõem acabar também com a atribuição da subvenção das campanhas em função dos resultados eleitorais, sendo o dinheiro público distribuído igualmente entre todos os partidos que cumpram critérios mínimos de representação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

TAP devolve cheque de 200 milhões aos investidores na próxima semana

TAP vai pagar 200 milhões de euros relativos ao empréstimo obrigacionista contraído há quatro anos. Acrescem juros de 4,34 milhões de euros.

A TAP prepara-se para reembolsar a partir da próxima semana o empréstimo obrigacionista no valor de 200 milhões de euros que contraiu junto de investidores há quatro anos.

Além do reembolso de 100% do capital, a transportadora aérea comunicou ao mercado que pagará ainda, a partir de 23 de junho, os juros referentes ao último cupão (pagos semestralmente) destes títulos que têm uma taxa anual de 4,375%.

Assim, por cada obrigação de 1.000 euros, os investidores terão direito um juro bruto de 21,7 euros, indica no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Contas feitas, a TAP pagará 4,34 milhões em juros.

Quando avançou para este empréstimo obrigacionista em junho de 2019, a TAP explicou que o financiamento serviria para alongar o prazo da dívida, através do refinanciamento de dívida que venceria no curto prazo, bem como para financiar a atividade corrente da operadora aérea.

Entretanto, com a pandemia, tudo se alterou: saíram os acionistas privados – David Neeleman e Humberto Pedrosa – e o Estado teve de injetar mais de 3.000 milhões de euros para salvar a companhia aérea da falência.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Valor das 100 maiores marcas globais sofre queda de 20%

Apesar da queda, o valor das 100 maiores marcas em 2023 continua a ser maior do que aquele que era projetado nos rankings antes da pandemia.

O valor das 100 maiores marcas globais em 2023 fixa-se em 6,9 triliões de dólares (cerca de 6,38 biliões de euros), numa queda de 20% face ao ano passado, em que foi registado um valor total de 8,7 triliões de dólares (cerca de 8,05 biliões de euros). Apesar da queda, o valor registado este ano encontra-se bem acima dos cinco triliões de dólares registados em 2020.

Os dados são divulgados pelo estudo “Kantar’s global BrandZ 2023 Top 100 ranking“, que contou com 4,2 milhões de inquiridos de 21 mil marcas dentro de 540 categorias.

O ranking continua a ser liderado pela Apple (880 mil milhões de dólares), seguida pela Google (578 mil milhões de dólares) e Microsoft (502 mil milhões de dólares). Embora se mantenha como líder do ranking, a gigante tecnológica também registou uma queda de 7% face ao ano passado, quando foi avaliada em 947 mil milhões de dólares. A Google também sofreu uma queda aparatosa (-30%) e a Microsoft, embora tenha conseguido substituir a Amazon na quarta posição, também viu o valor da sua marca sofrer uma queda de 18%.

Em quarto lugar, depois de uma queda de 35%, surge assim a Amazon, seguida pela McDonald’s, Visa, Tencent, Louis Vuitton (a única marca do top 10 que não registou qualquer queda ou crescimento), Mastercard e Coca-Cola, que entrou de novo nos 10 primeiros lugares depois de o seu valor de marca ter registado um crescimento de 8%, o que lhe permitiu escalar sete posições.

No total foram 16 as marcas cujo valor cresceu, sendo que a indiana Airtel (76ª classificada) foi a que apresentou um maior crescimento (24%). A Pepsi e a Fanta foram as outras duas marcas que mais cresceram, 17 e 15%, respetivamente.

A Shein (24 mil milhões de dólares) e a Nongfu Spring (22 mil milhões de dólares), ambas chinesas, foram as duas marcas que se conseguiram juntar pela primeira vez ao ranking, atingindo a 70.ª e a 81.ª posição.

Por outro lado, houve nove marcas que voltaram a integrar este ranking. São elas a BCA (74.ª), a Airtel (76.ª), a ExxonMobil (79.ª), a Pepsi (91.ª), a Red Bull (93.ª), a Colgate (95.ª), a Shell (98.ª), a Sony (99.ª), e a Pampers (100.ª).

A maior percentagem de marcas do ranking (18%) pertence ao setor de negócios de tecnologia e serviços, seguindo-se o de media e entretenimento (16%) e o de tecnologias de consumo e plataformas de serviços (15%). Os setores de retalho (12%), serviços financeiros (10%) e telecomunicações (6%) são os que se seguem entre os mais expressivos.

O setor de media e entretenimento foi o que registou um maior declínio no seu valor (-32%), seguido pelo de retalho (-27%), negócios de tecnologia e serviços (-24%), vestuário (-21%) e cuidados pessoais (-15%). Tanto o setor automóvel como o de bebidas alcoólicas registaram uma queda de 13%, enquanto o das telecomunicações caiu 10%.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Licor Beirão prevê investir cerca de 10 milhões em nova unidade na Lousã

  • Lusa
  • 14 Junho 2023

As obras para a construção da nova unidade na Lousã, numa área edificada de cerca de dez mil m2, devem arrancar até ao final do ano, e a empresa espera que esteja a operar no espaço de dois anos.

A Licor Beirão conta investir até dez milhões de euros na construção de uma nova unidade na Zona Industrial do Alto do Padrão, na Lousã, para sustentar o crescimento internacional da marca, afirmou esta quarta-feira o diretor-geral da empresa.

As obras para a construção da nova unidade, que terá uma área edificada de cerca de dez mil metros quadrados, deverão arrancar até ao final do ano, e a empresa espera que esteja a operar no espaço de dois anos, disse à agência Lusa Daniel Redondo, diretor-geral da J. Carranca Redondo, empresa que produz o Licor Beirão.

“Estamos a ultimar o projeto, mas está em fase acelerada, até porque temos urgência em arrancar com as obras o mais rápido possível”, vincou, referindo que a nova unidade deverá empregar cerca de 40 pessoas quando estiver “em velocidade cruzeiro”.

Segundo Daniel Redondo, esta unidade pretende dar resposta à necessidade “de aumentar a capacidade de produção”, numa altura em que a empresa está a fazer “uma aposta muito grande no crescimento internacional da marca”.

“Precisamos de uma zona maior de armazenagem dos produtos secos, haverá alguma parte de produção de produtos específicos, novas linhas de enchimento e novos processos de acabamento de garrafas, com alguma inovação no engarrafamento, que vai permitir ter produtos feitos quase à medida”, salientou o diretor-geral da empresa, referindo que, apenas com as instalações atuais, a empresa não conseguiria crescer.

Os dez milhões de euros na construção da unidade e compra de equipamento para a mesma são o principal investimento da empresa de momento, tirando a aposta “na área comercial e de marketing” para conquistar mercado fora de Portugal, explicou.

“A exportação representa, neste momento, cerca de 25% da faturação e esperamos que, rapidamente, chegue aos 50%. É um trabalho que está a ser desenvolvido de há uns anos para cá, mas que estamos a tratar da aceleração desse projeto”, realçou. Recentemente, a marca tem trabalhado Espanha e quer apostar noutros países da Europa, como França e Alemanha, onde já têm alguma presença.

“Em França e na Alemanha, estamos a encontrar parceiros com outra organização. No passado, tínhamos muito o mercado da saudade, ligado à comunidade portuguesa, mas queremos também ir para fora dessa comunidade e ser um produto pedido pelo país, no seu geral. Queremos deixar de ser um produto étnico e passar a ser uma marca global”, vincou. Para Daniel Redondo, este trabalho “é uma maratona” e um “processo difícil”.

É uma marca muito específica e vamos ganhando consumidores pouco a pouco, que percebem e valorizam a cultura portuguesa”, aclarou, notando a grande ligação entre o Licor Beirão e a identidade portuguesa. Para o diretor-geral da J. Carranca Redondo, o facto de o Licor Beirão ser uma “marca tão portuguesa” permite também à empresa colher frutos do próprio aumento do turismo em Portugal.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Credores têm poder de decisão na venda da Efacec

Costa Silva frisou que existem três condições precedentes para que o negócio possa avançar: parecer da DG-comp, luz verde da Autoridade da Concorrência e do Tribunal de Contas e acordo com credores.

O perdão de dívida por parte dos credores da Efacec vai ser determinante para o sucesso do negócio de venda da empresa ao fundo de investimento alemão Mutares. O ministro da Economia escudou-se no facto de a Mutares ser uma empresa cotada em bolsa para não revelar quaisquer valores em torno do negócio e pediu aos deputados para “não fazerem descarrilar” o processo de reprivatização de 71,73% da empresa que já teve Isabel dos Santos como principal acionista.

Num debate de urgência convocado pelo PSD, António Costa Silva sublinhou que existem três condições precedentes para que o negócio possa avançar: o parecer positivo da Direção-geral da concorrência europeia (DG-comp) no qual considera que o plano para a Efacec reúne as condições do mercado e coloca a empresa com níveis de rentabilidade adequados – o chamado teste de operador de mercado. Depois precisa da luz verde da Autoridade da Concorrência e do Tribunal de Contas, mas também os credores.

A empresa tinha uma exposição à banca de 150 milhões, no final do ano passado, e os obrigacionistas detinham 58 milhões em títulos de dívida. Ambos são chamados a assumir perdas na reestruturação da empresa de modo a assegurar sua sustentabilidade financeira.

“São negociações delicadas”, frisou Costa Silva, reiterando uma ideia que já tinha passado na conferência de imprensa na qual anunciou a decisão do Executivo em vender a Efacec à Mutares. “Tenham sentido de Estado”, atirou aos deputados. “Assumam isso e não ponham em causa este negócio. Não façam descarrilar o processo”, pediu.

O debate de urgência solicitado pelo PSD prende-se precisamente com o facto de o Governo ter convocado uma conferência de imprensa, na qual não deu quaisquer detalhes. “Propaganda política”, diz a oposição. Regras de mercado, contrapõe Costa Silva. “As empresas cotadas em bolsa”, como é o caso da Mutares, cotada na bolsa de Frankfurt, “têm um non disclosure agreement e o investimento final está dependente de condições precedentes que têm de ser verificadas”, disse. “Virei à Assembleia da República partilhar todo esses números quando os números finais estiveram apurados”, prometeu.

Mutares tem uma estratégia de mercados e produtos para a Efacec

Costa Silva defende a validade da proposta a Mutares já que esta cumpriu os vários critérios elencados no caderno de encargos da reprivatização. “A Mutares estudou muito bem a Efacec e definiu uma estratégia de desenvolvimento dos mercados alvo, sobretudo a Alemanha e os Estados Unidos”, disse o ministro da Economia. “Põe à disposição da empresa todas as utilities e ecossistemas com que se relaciona. Tem no seu portfolio 32 empresas e um volume de negócios de cinco mil milhões de euros, sendo uma referência nas áreas da energia, da mobilidade elétrica e das energias renováveis”, elencou.

Além disso, “definiu uma estratégia para os negócios de produtos: transformadores, aparelhagens, equipamento automático e soluções de mobilidade elétrica”, acrescentou ainda Costa Silva, numa descrição que lhe valeu um comentário do Chega, de que o fundo alemão não teria “um melhor diretor comercial”.

O reforço da capacidade financeira da Efacec é outra das vantagens da Mutares apontadas pelo ministro face às restantes três propostas que apresentaram Best and Final Offers (Oaktree, Oxi e Visabeira/Sodecia). “A Mutares fez uma proposta inovadora, um modelo de investimento que é baseado numa espécie de recuperação escalonada desse investimento. Tem experiência em recuperar empresas industriais e está disponível para partilhar o valor que vai gerar na empresa com o Estado”, sublinhou Costa Silva.

“Eu e o secretário de Estado das Finanças”, João Nuno Mendes, “temos a convicção de que vamos recuperar grande parte do investimento que o Estado fez, se não a totalidade pela capacidade que a empresa revela”, disse ainda Costa Silva, recordando que a Mutares apresentou uma “proposta de rentabilidades na casa dos dois dígitos”.

Este ponto é fundamental para o sucesso do negócio tendo em conta que “no espaço europeu as ajudadas estatais estão completamente vedadas e toda a interação” que Portugal teve com “a DG-comp até hoje é para injetar na Efacec os dez milhões de euros que são necessário para a empresa continuar a funcionar. E isso limita muito a capacidade operacional da empresa”, reconheceu Costa Silva.

Aliás, a “limitação de acesso à banca” por parte da Efacec é a raiz dos problemas da empresas que o Governo queria reprivatizar rapidamente, mas que, quase três anos depois ainda continua nas mão do Estado.

“Efacec não pode ser uma nova Sorefame”

E como os contribuintes portugueses são os acionistas, o PSD solicitou este debate de urgência para tentar trazer luz a um negócio que considera opaco, nem que seja para perceber quantos mais dez milhões terão de ser injetados na Efacec. O deputado social-democrata Paulo Rios Amorim desfiou um rol de perguntas – sem resposta – para perceber os contornos do negócio.

De resposta direta teve apenas a interpelação de Carlos Pereira, até pelo modelo deste tipo de debate. O deputado socialista questionou se o financiamento à Efacec é assim tão opaco que esteja a ser alvo de investigação pelo Ministério Público ou se o Governo não tinha legitimidade para o fazer. Rios Amorim lamentou a opção de Carlos Pereira em fazer uma “graçola” com um tema tão sério. “Deveria era estar a pedir desculpa pela incapacidade em cumprir o que prometeram”, atirou Rios Amorim, numa referência aos objetivos iniciais do Executivo de fazer uma reprivatização num curto espaço de tempo. Mas já passaram quase três anos desde a nacionalização e o Estado continua a ser o principal acionista, forçado a injetar dez milhões de euros por mês na empresa para garantir a sua viabilidade.

O PS tem o toque de Midas ao contrário”, ironizou por seu turno Carlos Guimarães Pinto concentrando a sua intervenção nos prejuízos registados pela Efacec e no facto de uma empresa com mão-de-obra qualificada, com produtos de ponta, não ser capaz de gerar lucro. A razão? “Ter o pior acionista do mundo, o Estado português”, criticou.

A história, segundo o deputado do PCP Duarte Alves e a deputado do PAN Inês Sousa Real, é a mesma de sempre: “Lucros privados e prejuízos públicos”. Os comunistas defendem, ao contrário do PS e dos restantes partidos à direita do hemiciclo a permanência do Estado na empresa, precisamente pelas características que levaram o PS a considerar a empresa estratégica e a salvá-la da instabilidade criada pela acionista Isabel dos Santos entretanto envolvida nos Luanda Leaks.

Duarte Alves recordou ainda que nada exclui a possibilidade de a Mutares vir a fechar a Efacec para eliminar a concorrência. “A Efacec não pode ser uma nova Sorefame”, frisou. Um risco sublinhado também pelo Bloco de Esquerda, também adverso à reprivatização, já que o histórico da Mutares é precisamente “liquidar” empresas que compra.

(Notícia atualizada com mais informação)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Guterres aponta neonazis como principal ameaça à segurança de vários países

  • Lusa
  • 14 Junho 2023

"Os movimentos neonazis de supremacia branca representam hoje a principal ameaça à segurança interna em vários países – e a que mais cresce", alerta o secretário-geral da ONU.

O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou esta quarta-feira que os movimentos neonazistas de supremacia branca representam hoje a principal ameaça à segurança interna em vários países e alertou para a radicalização online.

Numa reunião do Conselho de Segurança da ONU para debater o impacto na promoção da paz da intolerância, incitação ao ódio, racismo e outras manifestações de extremismo, Guterres focou-se na questão do ódio, principalmente online, que “contribui para horríveis ciclos de violência que podem durar décadas”.

“Em todo o mundo, testemunhamos uma onda de xenofobia, racismo e intolerância, misoginia violenta, ódio antimuçulmano, antissemitismo virulento e ataques a comunidades cristãs minoritárias. Os movimentos neonazis de supremacia branca representam hoje a principal ameaça à segurança interna em vários países – e a que mais cresce”, disse.

Admitindo que este não é um problema recente, o líder da ONU frisou que a velocidade com que se propaga e o seu alcance são preocupantes, tecendo duras críticas às redes sociais, as quais acusou de “equipar os propagadores do ódio com um megafone global”.

“Hoje, nenhuma conspiração é ultrajante demais para encontrar um grande público; nenhuma falsidade absurda demais para alimentar um frenesim ‘online’. Afirmações não verificadas ou mentiras descaradas podem ganhar credibilidade instantânea, colocadas em pé de igualdade com factos e ciência. Eles são frequentemente adotados – e até promovidos – por líderes políticos”, sublinhou.

De acordo com o ex-primeiro-ministro português, os efeitos do ódio são “mortais”, dando como exemplo os ataques a uma mesquita em Christchurch, na Nova Zelândia ou a uma sinagoga em Pittsburgh e a uma igreja em Charleston, nos Estados Unidos, em que os perpetradores foram todos radicalizados ‘online’.

As próprias Nações Unidas não estão imunes a esta ameaça, defendeu Guterres, indicando que, no ano passado, uma sondagem com as forças de paz da ONU mostrou que 75% veem a desinformação como uma ameaça direta à sua segurança e proteção.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Delta, Google e Multibanco são as marcas com mais força e energia em Portugal, revela a OnStrategy

Apenas 123 marcas atingem uma avaliação com índice de robustez (70<80 pontos) e nenhuma marca atinge o nível de excelência (mais de 80 pontos), destaca o estudo.

A Delta é a marca com mais força e energia em Portugal, segundo o estudo da consultora OnStrategy que auditou mais de duas mil marcas que foram previamente identificadas por mais de 50 mil cidadãos. À marca de café (79,3 pontos), segue-se a Google (78,6) e a Multibanco (78,4).

Entre as dez marcas com melhor pontuação segue-se a Nestlé (78), Microsoft (77,8), MB Way (76,8), Olá (76,7), Samsung (76,4), YouTube (76,4) e Zoom (76,3).

Por outro lado, a Mercadona e a Heineken foram as marcas que apresentaram um maior crescimento (+9,4 pontos).

O estudo da OnStrategy destaca ainda que apenas 123 marcas atingem uma avaliação com índice de robustez (70<80 pontos) e que nenhuma marca atinge o nível de excelência (mais de 80 pontos). No ano passado houve duas marcas avaliadas com o indicador de excelência – a Microsoft e a Google.

Os resultados do estudo Força e Energia da Marca surgem “em conformidade com a certificação das normas ISO20671 (avaliação de estratégia e força) e ISO10668 (avaliação financeira), consolidando a informação referente às dimensões de Relacionamento, Reputação, Experiência e Resultados que constroem o indicador de Força de Marca e cuja informação está suportada pelos estudos já apresentados já este ano“, explica a consultra OnStrategy.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Por uma Fiscalidade mais verde. Ou vamos continuar a adiar o inadiável?

  • BRAND'S CAPITAL VERDE
  • 14 Junho 2023

A Secretária de Estado da Energia afirmou que estão a estudar incentivos fiscais na área da eficiência energética. Aproveitando a oportunidade, aqui se propõem algumas ideias para reflexão.

A Secretária de Estado da Energia afirmou em entrevista ao ECO que o Governo está a estudar incentivos fiscais na área da eficiência energética. Apesar de ninguém ter perguntado e enquanto cidadão interessado nestas matérias, aqui se oferecem alguns contributos.

Contextualizando, a Fiscalidade Verde é um importante instrumento de política pública com o poder de impulsionar significativas alterações de comportamentos tanto a nível individual como coletivo. Este tipo de fiscalidade permite, por um lado, incentivar comportamentos mais sustentáveis e, por outro, tributar comportamentos prejudiciais/poluentes.

Ora, sendo a área da energia uma das mais poluentes e considerado o enorme espetro de atuação, é intenção do Governo implementar alterações nesta sede, tendo sido sinalizada a necessidade de intervir no âmbito da melhoria da eficiência energética dos imóveis.

Curiosamente, o setor da energia é a área onde o Estado arrecada mais receitas fiscais “verdes” – de acordo com os dados mais recentes publicados pelo Instituto Nacional de Estatística, as receitas dos impostos relativos à energia representavam, em 2021, mais de 75% dos impostos “verdes”.

Além disso, e em particular quanto aos imóveis, estes são responsáveis por uma fatia substancial do consumo de energia, daí que urja a necessidade de adotar medidas adicionais – de acordo com as informações publicadas pela Direção-Geral de Energia e Geologia, representam cerca de 30% do consumo de energia em Portugal.

Neste sentido, e tendo em consideração as “melhores práticas internacionais”, que é a intenção do Governo, propõe-se um conjunto de medidas apenas em sede de eficiência energética, nomeadamente nos imóveis.

Investimento e reabilitação num imóvel, por forma a torná-lo um prédio urbano com eficiência energética (“imóvel verde”), pode ser totalmente deduzido no IRS.

As pessoas que optem por investir e reabilitar os imóveis com esta finalidade passariam a poder deduzir os custos no IRS, numa percentagem de, por exemplo, 100%, e com um limite monetário – solução implementada em Itália e que concretiza, de alguma forma, uma prometida dedução ambiental no IRS, efetuada pelo Governo português em 2020 e 2022.

Redução da taxa do IMT na aquisição da primeira habitação própria e permanente caso seja um “imóvel verde”.

A aquisição da primeira habitação revela-se de uma dificuldade crescente, sendo que o investimento num “imóvel verde” é tendencialmente mais avultado, o que deve ser tido em consideração na altura do pagamento do imposto, sendo que se pode, por exemplo, diminuir substancialmente as taxas progressivas para estes casos, com um limite razoável – solução semelhante adotada em determinadas regiões da Bélgica.

Redução da taxa do IMI quando o imóvel seja “verde”.

A detenção de um imóvel que seja “verde”, e que por norma implica um maior investimento, deve ser tido em consideração na altura do pagamento do imposto com percentagens significativas, podendo, por exemplo, subir a atual redução máxima de 25% para 50% e com um prazo mais alargado – solução implementada em Espanha.

Depreciação acelerada (ou super depreciação) nos “imóveis verdes”.

As empresas que invistam neste tipo de ativos podem deduzir à coleta (i.e., o imposto), no ano fiscal que lhes for mais vantajoso (ou seja, quando a empresa assim entender, mas com um limite temporal razoável), uma percentagem de, por exemplo, 75% do investimento (também com um limite monetário razoável) – solução implementada nos Países Baixos e similar no Reino Unido.

Estas são apenas algumas ideias, no plano fiscal, para debate e reflexão – havendo muitas mais, tanto fiscais como financeiras, porque a intervenção deve ser feita de forma integrada. É, por isso, necessário discutir-se a forma de abordagem pretendida pelo Governo, preparar os operadores económicos e, fundamental, desenhar bem os impostos e saber comunicá-los, o que nem sempre acontece.

Por outro lado, e com vista a contribuir para um debate mais alargado, acompanha-se a necessidade de uma efetiva Reforma da Fiscalidade Verde – tal como, por exemplo, Filipe de Vasconcelos escreveu no ECO –, por forma a (re)orientar a tributação, ou seja, a afinar os incentivos em vigor, eliminar algumas isenções desnecessárias, melhor direcionar as receitas e, simultaneamente, aliviar a tributação de outros impostos (como os impostos sobre o rendimento). Além disso, e de enorme relevância, é necessário assegurar que eventuais mudanças têm em consideração a neutralidade fiscal.

Adicionalmente, com o atual panorama de maioria parlamentar, o Governo deve aproveitar esta oportunidade para iniciar a reflexão por uma Fiscalidade mais justa – e mais verde –, em que os comportamentos poluentes são tributados e a receita aí arrecadada permite que se aliviem outros impostos, como, repita-se e sublinhe-se, os impostos sobre o rendimento.

O objetivo da neutralidade carbónica, acompanhado do crescimento económico, é argumento suficiente para as alterações aqui propostas – e muitas outras mais. No entanto, se este argumento não bastar, tal como não tem sido suficiente, (re)lembre-se que, nos últimos anos e atualmente, é sucessivamente batido o recorde de carga fiscal, o que é indiciador de que são necessárias mudanças, nomeadamente na estrutura do sistema fiscal, como aqui se demonstra e defende.

Face ao exposto, vamos agir ou vamos continuar a adiar o inadiável?

Gonçalo Martins dos Santos, Consultor Fiscal na EY

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

14 administradores da TAP receberam nove milhões de euros em indemnizações

O antigo ex-secretário de Estado nega ter dado ordens à CEO da TAP para ignorar o Ministério das Finanças e diz que foi "infeliz" na resposta sobre voo de Marcelo.

Hugo Mendes, antigo secretário de Estado das Infraestruturas, considera “ridículo” achar que proibiu interação da TAP com o Ministério das Finanças, penaliza-se sobre a reação ao pedido para alterar voo do Presidente da República e defende saída de Alexandra Reis com a necessidade de “empoderar” a ex-CEO, Christine Ourmières-Widener.

O antigo governante, braço direito de Pedro Nuno Santos, fez uma longa intervenção inicial na comissão de inquérito, esta quarta-feira, onde tentou explicar os casos em que teve intervenção e rebater algumas das acusações deixadas na comissão parlamentar de inquérito à TAP. Uma delas é de que deu instruções à ex-CEO da TAP e ao presidente do conselho de administração para que a sua interação com o Governo passasse apenas pelo Ministério das Infraestruturas.

“É ridícula a afirmação de que queria impedir a TAP de comunicar com Finanças”, afirmou. Hugo Mendes disse que a troca de mensagem com Christine Ourmière-Widener, onde é dada a instrução para as Infraestruturas ser sempre a “porta de entrada” no Governo, dizia respeito a uma interação tida pela companhia com o Ministério do Trabalho, sem que tivesse conhecimento. Relatou que o mesmo aconteceu com a Administração Interna, Defesa e Negócios Estrangeiros.

Leu também a continuação da troca de mensagens, em que afirma a Christine Ourimières-Widener que a tutela “operacional e laboral” é o Ministério das Infraestruturas e a “financeira” são as Finanças. A tese alimentada sobre ter sido dada uma instrução para o contacto da TAP ser apenas com as Finanças “é absurda, grave e irresponsável”, reiterou, depois de ter sublinhado a “intensa cooperação que sempre existiu entre as tutelas”.

Uma relação que se tornou menos frequente após a aprovação do plano de reestruturação da companhia aérea, em dezembro de 2021. Apesar dela, Hugo Mendes não deu conta às Finanças do acordo para a saída da ex-administradora Alexandra Reis e o pagamento de uma indemnização de 500 mil euros. E, neste caso, reconheceu que falhou. “A verdade é que por uma questão de boa articulação política eu devia ter comunicado com as Finanças”, assume.

A verdade é que por uma questão de boa articulação política eu devia ter comunicado com as Finanças.

Hugo Mendes

ex-secretário de Estado das Infraestruturas

O ex-governante considerou, no entanto, que a decisão sobre o acordo de renúncia cabia à administração da TAP e que o Governo confiou no assessor jurídico da companhia, a SRS Legal. “Eu não estava e não me queria imiscuir nos pormenores jurídicos e nunca foram levantados riscos jurídicos”, afirmou. “Não me passava pela cabeça que não estava a ser seguido o enquadramento jurído correto”. No início de março, a Inspeção-Geral de Finanças concluiu que o acordo de saída de Alexandra Reis era ilegal, por violar o Estatuto do Gestor Público.

Hugo Mendes remeteu as responsabilidades para a companhia aérea e o seu departamento jurídico, considerando que “a camada de compliance da empresa falhou”.

Hugo Mendes justificou a aceitação da proposta para a saída da antiga administradora com a necessidade de “empoderar a autoridade da CEO na liderança da sua equipa”, face ao desejo de substituir uma vogal que não escolhera e com quem não tinha um alinhamento estratégico.

Não somos nós que mandamos na comissão executiva. É a líder da comissão executiva. Demos a autoridade para a presidente da comissão executiva escolher parte da sua equipa”, dando-lhe condições para gerir a empresa num momento “duríssimo”, defendeu.

Hugo Mendes foi também confrontado com a ida de Alexandra Reis para a NAV, depois de sair com uma indemnização da TAP, que teve de devolver em boa parte. “Não há qualquer relação entre a saída da TAP e entrada na NAV. A NAV estava sem presidente e era preciso encontrar uma solução”, respondeu, sublinhando a competência da antiga administradora.

13 administradores receberam 8,5 milhões

Bernardo Blanco, deputado da Iniciativa Liberal, questionou Hugo Mendes sobre outras indemnizações pagas na companhia aérea e revelou que 13 antigos administradores que saíram da companhia entre 2020 e 2023 receberam 8,5 milhões de euros, incluindo Alexandra Reis. Juntando um outro administrador que saiu em 2017, a soma sobe para 9,3 milhões. Os dados constam de uma auditoria à EY sobre remunerações e indemnizações pagas na companhia, que já foi entregue à CPI. O ex-secretário de Estado respondeu que desconhece e não deu autorização a outras indemnizações.

“A gestão de Antonoaldo Neves [o CEO anterior] tinha bastante autonomia. Acharia estranho que alguma dessas indemnizações tenha sido paga após o Estado ter recuperado o controlo acionista [em julho de 2020]”, afirmou.

O deputado da Iniciativa Liberal acrescentou ainda que no mesmo período saíram da companhia aérea 296 pessoas que receberam indemnizações superiores a 100 mil euros, totalizando cerca de 40 milhões de euros. A conta inclui os trabalhadores que saíram devido ao plano de reestruturação implementado com a pandemia.

Hugo Mendes assumiu ainda que errou na resposta a um email da ex-CEO da TAP em que esta questiona sobre um pedido, recebido da agência de viagens que trabalha com a Presidência da República, para alterar um voo onde seguiria Marcelo Rebelo de Sousa. “Penalizo-me pelo comentário que fiz à CEO sobre a viagem do Presidente da República. Não devia ter partilhado opinião no conteúdo e na forma“, afirmou. “Limitei-me a partilhar uma opinião. Foi sem dúvida infeliz, mas não dei nenhuma instrução“, acrescentou.

Na altura, Hugo Mendes sensibilizou Christine Ourmières-Widener para a importância do apoio do Presidente da República ao plano de reestruturação. A ex-CEO decidiu não alterar o voo.

O ex-secretário de Estado afirmou que o ministério teve imensas pressões políticas, de agentes económicos e da sociedade civil, nomeadamente em relação às rotas. “Nunca cedemos a pressão externa nem fizemos pressão interna. Quem decide para onde a TAP voa é a comissão executiva”, garantiu.

Elogios a Frederico Pinheiro

Bernardo Blanco quis saber qual a opinião de Hugo Mendes sobre o antigo adjunto de Pedro Nuno Santos e depois de João Galamba, Frederico Pinheiro, que depois de exonerado foi ao Ministério das Infraestruturas buscar o seu computador, envolvendo-se em agressões. O ex-secretário de Estado deixou vários elogios.

É uma pessoa inteligentíssima, versátil, rápida, um trabalhador incansável, preparadíssima no setor“, descreveu Hugo Mendes, sublinhando o seu “pensamento crítico” e capacidade de transmitir opiniões discordantes. “Sobre ser violento nunca me apercebi de nada. Quando chegava às reuniões cumprimentava toda a gente com um sorriso”, disse.

“Tenho a melhor das opiniões. Trabalhei com ele durante seis anos. Só lhe reconheço qualidades. Um excelente adjunto”, reiterou mais tarde, questionado pelo PSD.

Hugo Santos Mendes foi secretário de Estado das Infraestruturas de Pedro Nuno Santos entre 30 de março de 2022 e 4 de janeiro de 2023. Demitiu-se na sequência do caso da indemnização de 500 mil euros à antiga administradora Alexandra Reis. No Executivo anterior, tinha sido Secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, também com o ministro das Infraestruturas e Habitação, de quem foi chefe de gabinete entre 2019 e 2020. Licenciado em Sociologia e mestre em Políticas Públicas pelo ISCTE, começou a trabalhar em governos socialistas em 2006, como assessor da Ministra da Educação.

A audição do antigo braço direito de Pedro Nuno Santos é a primeira de uma série de audições de peso esta semana, as últimas da CPI. Amanhã será a vez do antigo ministro das Infraestruturas e na sexta-feira do ministro das Finanças, Fernando Medina.

A comissão parlamentar de inquérito para “avaliar o exercício da tutela política da gestão da TAP” foi proposta pelo Bloco de Esquerda e aprovada pelo Parlamento no início de fevereiro com as abstenções de PS e PCP e o voto a favor dos restantes partidos. Nasceu da polémica sobre a indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis para deixar a administração executiva da TAP em fevereiro de 2022, mas vai recuar até à privatização da companhia em 2015. Tomou posse a 22 de fevereiro, estando a votação do relatório final prevista para 13 de julho.

(notícia corrigida às 18h20 com dados sobre pagamentos a administradores. Artigo atualizado às 20h21)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Xi Jinping defende Estado palestiniano como “membro de pleno direito da ONU”

  • Lusa
  • 14 Junho 2023

"A China apoia a ideia de a Palestina se tornar membro de pleno direito da ONU", reiterou o presidente chinês, Xi Jinping, após reunião com Abbas.

O Presidente da China reiterou esta quarta-feira ao homólogo palestiniano, Mahmoud Abbas, o apelo para que o Estado da Palestina se torne “membro de pleno direito da ONU”, indica um relatório da imprensa estatal chinesa. O apelo de Xi Jinping, que já tinha manifestado uma posição semelhante em dezembro, na Arábia Saudita, surge numa altura em que Pequim procura reforçar o seu papel de mediador nas disputas do Médio Oriente.

A diplomacia chinesa, que no início deste ano facilitou uma inesperada aproximação entre o Irão e a Arábia Saudita, sustenta que pretende dar um contributo para o processo de paz israelo-palestiniano, que se encontra num impasse desde 2014. “A China apoia a ideia de a Palestina se tornar membro de pleno direito da ONU”, disse Xi Jinping numa reunião em Pequim com Abbas, que se encontra a visita a China, citado pela emissora estatal chinesa CCTV.

“A solução fundamental para a questão palestiniana reside na criação de um Estado palestiniano independente, com plena soberania, baseado nas fronteiras de 1967 e com Jerusalém Oriental como capital”, sublinhou Xi Jinping. A China, que também mantém boas relações com Israel, reconhece a Palestina como um Estado e apoia tradicionalmente a solução de dois Estados.

Segundo Jinping, deve ser feita justiça à Palestina “o mais rapidamente possível”, ao mesmo tempo que Pequim deseja “reforçar a coordenação e a cooperação” com as autoridades palestinianas com vista a uma “resolução rápida, abrangente, justa e duradoura” do conflito.

“A China está disposta a desempenhar um papel pró-activo nos esforços da Palestina para alcançar a reconciliação interna e promover as conversações de paz”, acrescentou. Até há pouco tempo, a China estava menos envolvida na questão israelo-palestiniana do que os Estados Unidos, mas, nos últimos meses, tem afirmado a sua posição sobre o assunto com mais insistência e força.

“Devemos respeitar o status quo histórico dos locais sagrados de Jerusalém, rejeitar palavras e atos radicais e provocadores e promover a convocação de uma conferência internacional de paz mais ampla, com maior autoridade e influência”, defendeu Jinping. Abbas, 87 anos, está em Pequim até sexta-feira e foi recebido hoje no monumental Palácio do Povo, junto à Praça Tiananmen.

Gostaria de aproveitar esta oportunidade para agradecer sinceramente tudo o que a China está a fazer para apoiar os direitos do povo palestiniano e a ajudar o Estado da Palestina a tornar-se membro de pleno direito da ONU”, disse Abbas a Jinping.

Numa declaração conjunta, a China e as autoridades palestinianas anunciaram também o estabelecimento de “relações de parceria estratégica”, elevando o nível das relações diplomáticas. Esta é a quinta visita oficial de Mahmoud Abbas à China.

Definida pelos Estados Unidos como um rival, a China reforçou nos últimos anos as suas relações comerciais e diplomáticas com os países do Médio Oriente, muitos dos quais estão tradicionalmente sob influência norte-americana. A nível diplomático, o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Qin Gang, já tinha também reafirmado ao homólogo palestiniano, Riyad al-Malki, que Pequim apoia os esforços para resolver o conflito israelo-palestiniano.

Segundo um comunicado emitido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Qin observou que Abbas é o primeiro chefe de Estado árabe a ser recebido pela China este ano, o “que demonstra plenamente a amizade especial entre a China e a Palestina e o apoio da China à justa causa da Palestina”. O ministro chinês adiantou que Abbas e Jinping “vão elaborar um plano de alto nível para o desenvolvimento das relações bilaterais, esclarecer a direção estratégica e elevar as tradicionais relações amigáveis entre os dois países para um novo patamar”.

“A China atribui grande importância à questão palestiniana e sempre apoiou firmemente a justa causa do povo da Palestina para restaurar os seus direitos nacionais legítimos. A China vai continuar a apoiar a direção correta das negociações para a paz e contribuir com a sua sabedoria e força para a solução do conflito”, lê-se na nota oficial.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.