UE já enviou 25% do milhão de munições de grande calibre prometido a Kiev

  • Lusa
  • 23 Maio 2023

A ministra ressalvou que "para já não há nenhuma decisão de fornecer" parte dos 28 F-16 que a Força Aérea Portuguesa tem, porque estão "envolvidos em missões quer nacionais, quer internacionais".

A ministra da Defesa anunciou esta terça-feira que a União Europeia (UE) já conseguiu 25% do milhão de munições de grande calibre que os Estados-membros prometeram enviar para a Ucrânia nos próximos 12 meses.

“Verificámos nesta reunião que 25% do milhão de munições de 155 milímetros que se pretendia obter foram já obtidos, ou seja, está a correr bem este esforço de entregar munições à Ucrânia”, disse Helena Carreiras, no final de uma reunião dos ministros da Defesa da UE, em Bruxelas.

Os 27 Estados-membros acordaram em meados de março com o envio de um milhão de projéteis de grande calibre para o Ucrânia num ano. Sobre a possibilidade de Portugal se juntar a outros países da UE e da Aliança Atlântica para instruir a Força Aérea da Ucrânia sobre como pilotar os caças F-16, a ministra da Defesa Nacional explicou que ainda vai ser ponderada “a modalidade concreta” desse apoio.

A ministra ressalvou que “para já não há nenhuma decisão de fornecer” parte dos 28 F-16 que a Força Aérea Portuguesa tem, porque estão “envolvidos em missões quer nacionais, quer internacionais”. O Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, autorizou na última semana os países que apoiam a Ucrânia a enviarem caças F-16 e a avançarem com formação de pilotos ucranianos.

Até agora estão disponíveis para avançar com este apoio a Dinamarca, Polónia, Reino Unido, Bélgica e os Países Baixos.

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“A inovação é criadora de reputação”, diz Pedro Janela

A par da inovação, a atração e retenção de talento foi outro dos temas relacionados com a reputação das empresas que estive em destaque numa mesa redonda.

A inovação é criadora de reputação”, defendeu Pedro Janela, CEO do WYgroup, acrescentando que este é o fator mais importante nas empresas e que não é só mais um objetivo. Já paralelamente, o conservadorismo – por tendência lento – leva as pessoas a quererem proteger o que têm e a defender a reputação existente, disse.

Um está ligado ao outro, mas se só me preocupar com reputação não há inovação e a empresa desaparece“, afirmou ainda o CEO do WYgroup, acrescentando que “esta dualidade e paradoxo é uma das decisões mais importantes” para as empresas, ou seja, como conseguir conjugar as duas abordagens.

Pedro Janela entende ainda que Portugal tem uma cultura conservadora (devido à cultura religiosa do país, ressalvando que essa cultura, no entanto, é “pelo bem” e que é isso que constrói a reputação), sendo que é preciso que nas empresas se permita o falhanço, sob o risco de não existir inovação.

Se vou tentar uma nova experiência e vou com a perspetiva que não posso falhar, a marca não vai crescer, a reputação não vai existir e a empresa vai minguar”, acrescentou.

Estas foram algumas das ideias avançadas na mesa redonda promovida na apresentação do Corporate Code for Reputation Excellence, um projeto promovido pelo Reputation Circle, centro de conhecimento para a reputação corporativa criado pela Lift, que visa “inspirar as empresas a construir uma reputação de excelência“. Na mesma participaram, além de Pedro Janela, Margarida Couto (presidente da Grace), Pedro Penalva (head enterprise clients Aon) e Catarina Barradas, (head of brand global unit daEDP).

A atração e retenção de talento foi outro dos temas em destaque e abordado pela generalidade dos intervenientes como importante para a construção de reputação, com Pedro Penalva a considerar que tal dá “tangibilidade” ao investimento feito no bem-estar dos trabalhadores, que muitas vezes conta com uma avaliação qualitativa mas não quantitativa.

Segundo Pedro Penalva, referindo dados estatísticos, o tema do bem-estar é cada vez mais relevante e valorizado pelos colaboradores, sendo que “há um espaço ainda grande para evoluir”, na medida em que são menos de 50% as empresas que dizem que são boas ou excelentes neste campo.

Esta transformação de empresas e pessoas, no entanto, “tem de ser muito consequente”, defendeu Pedro Penalva, referindo que o “pior que pode acontecer é o brilho das luzes e transformar-se numa purpurina“, pelo que nesse caso “é preferível não fazer nada”.

Já segundo Catarina Barradas, o propósito de uma empresa “não pode ser só uma ferramenta de marketing” e tem de ser alinhado com uma “cultura de verdade”, de forma a conduzir ao que é a visão dessa mesma organização. Nesse sentido, o “propósito” da EDP foi simplificado para “We choose earth“, sendo que a empresa procura pessoas que “façam fit” com o que a EDP é hoje em dia.

Quanto a uma abordagem sustentável e de ESG (Environmental, social, and corporate governance) na construção da reputação por parte das empresas, Margarida Couto afirmou que Portugal “anda a muitas velocidades” e que há empresas alinhadas com o que melhor se faz a nível internacional. No entanto, genericamente, “as empresas ainda nem perceberam muito bem o papel do ‘G’ do ESG”, referiu, defendendo que, nas empresas, os restantes pilares deviam estar assentes no “G”, ou seja na “governação corporativa”.

Segundo a presidente da Grace – Associação de Empresas Responsáveis, todos os grandes escândalos que conduziram à queda de empresas foram devidos a falhas relacionadas com este tema, referindo que cada vez que há um escândalo reputacional “é toda a empresa que abana”. Para Margarida Couto, os gestores deviam estar muito mais preocupados com esta variante, pois mesmo entre as empresas que já têm uma estratégia de sustentabilidade definida, não existe consistência e o rumo não é percetível, aponta.

No final, em jeito de encerramento, Raul Galamba, presidente do conselho de administração dos CTT e presidente do conselho consultivo do Reputation Circle, para quem “a construção de reputação é como plantar sobreiros“, defendeu que a reputação cria “economia de confiança”, essencial para a sobrevivência das empresas.

Raul Galamba exemplificou com o recente caso do Credit Suisse, que não caiu por um problema de balanço, liquidez ou ativos, mas porque os clientes “decidiram” que já não confiavam na instituição e começaram a “ir embora”. “É um caso puro em que a reputação matou”, remata.

Apresentado na última sexta-feira, o Corporate Code for Reputation Excellence é, em suma, “uma carta de princípios que tem como objetivo orientar as empresas para a construção de uma reputação de excelência, inspirando-as a adotar boas práticas”, explica-se em nota de imprensa.

“O código de boas práticas é o ponto de partida para uma jornada que convidamos as empresas a percorrer connosco. O caminho consiste em cinco etapas e tem como objetivo ajudar as empresas a obter uma vantagem competitiva, gerindo com foco na reputação. As iniciativas do Reputation Circle são promovidas pela Lift, sendo um contributo que damos à sociedade e às empresas, no sentido de partilhar conhecimento e boas práticas.

Não haverá, portanto, custos de adesão para as organizações que se associarem ao Corporate Code for Reputation Excellence”, diz, citado em comunicado, Salvador da Cunha, CEO da Lift e fundador do Reputation Circle

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Nenhum trabalhador pode estar “sujeito à vontade de uma máquina”, avisa sindicato europeu

  • Lusa
  • 23 Maio 2023

"Da mesma forma que os tratados europeus garantem a saúde ou a segurança no trabalho, é preciso garantir o princípio do controlo humano sobre a máquina", disse a dirigente sindical europeia.

A Confederação Europeia de Sindicatos defendeu esta terça-feira que nenhum trabalhador pode estar “sujeito à vontade de uma máquina” e defendeu que a União Europeia deve garantir o “princípio do controlo humano” sobre as tecnologias de inteligência artificial.

“Da mesma forma que os tratados europeus garantem a saúde ou a segurança no trabalho, é preciso garantir o princípio do controlo humano sobre a máquina”, disse Esther Lynch, dirigente sindical europeia em entrevista à France Presse.

A irlandesa, de 60 anos, nomeada secretária-geral da Confederação Europeia dos Sindicatos (CES) em dezembro passado, disse que é preciso ter a “garantia de que nenhum trabalhador jamais será submetido à vontade uma máquina”. Esther Lynch preside ao congresso da organização que acontece a cada quatro anos e que decorre entre estas terça-feira e sexta-feira em Berlim, capital da Alemanha.

A chegada do software ChatGPT no final do ano passado voltou a pôr o foco nas mudanças que a inteligência artificial trará para muitas profissões. Enquanto uns se entusiasmam com o possível desaparecimento das tarefas mais repetitivas, outros preocupam-se com o desaparecimento de muitos postos de trabalho, a desumanização da tomada de decisões e as consequências dos domínios mais íntimos dos trabalhadores.

Lynch apelou para que a UE debata com os sindicatos a regulação destas ferramentas. A UE está atualmente a debater um pacote legislativo para regular certos usos da de inteligência artificial (IA) e proibir outros, como a “vigilância generalizada de uma população”.

A dirigente defende ainda que todos têm de beneficiar “dos ganhos de produtividade proporcionados pela inteligência artificial”, trabalhadores e acionistas, e recordou que, no ano passado, “as maiores empresas da Europa viram os seus dividendos subirem muito mais do que os salários”.

Sobre os efeitos da política monetária restritiva do Banco Central Europeu (BCE) para combater a inflação, a dirigente sindical disse que “os trabalhadores são as principais vítimas do aumento dos juros”. “A solução é tributar os dividendos e redistribuir a riqueza”, afirmou. Em fevereiro deste ano, o Presidente tunisino, Kais Saied, ordenou a expulsão da principal responsável sindical da União Europeia por declarações que Tunis qualificou de “ingerência flagrante” nos assuntos internos do país, disse a presidência em comunicado.

Lynch “participou numa manifestação organizada pela União Geral Tunisina do Trabalho (UGTT) e emitiu declarações que constituem uma ingerência flagrante nos assuntos internos da Tunísia”, segundo o comunicado. As autoridades deram-lhe 24 horas para deixar a Tunísia, onde passou a ser considerada ‘persona non grata’, segundo a mesma fonte.

A responsável sindical participou numa manifestação na cidade portuária de Sfax (centro-leste), em protesto contra a prisão no final de janeiro de Anis Kaabi, importante responsável sindical local, e contra a degradação da situação económica. “Dizemos aos governos: não toquem nos nossos sindicatos, libertem os nossos dirigentes”, disse Lycnh ao dirigir-se à multidão.

Na entrevista à France Presse, Lynch disse que fez “um discurso moderado, respeitoso, a apoiar os sindicatos locais”. A dirigente contou que recebeu a visita das autoridades no seu hotel e que foi intimidada a deixar o país em 24 horas. “Mentiria se dissesse que não senti medo”, afirmou. Um estudo da Confederação Europeia de Sindicatos, divulgado esta terça, indica que uma das chaves para combater a falta de mão-de-obra na Europa é a oferta de melhores salários.

Utilizando uma análise comparativa das ofertas de emprego e dos salários em 22 países da União Europeia (UE), o estudo mostra que os setores que têm mais problemas em encontrar pessoal pagam, em média, menos 9% do que aqueles que têm mais facilidade em recrutar mão-de-obra.

O relatório surge depois de a taxa de ofertas de emprego na UE ter atingido níveis recorde no ano passado, causando problemas de produção em 25% das empresas. Embora esta situação tenha sido normalmente atribuída à falta de pessoal qualificado para alguns postos de trabalho, a nova análise, realizada pelo Instituto Sindical Europeu, indica que os baixos salários são um dos principais fatores subjacentes à escassez de mão-de-obra.

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Aliança climática das seguradoras atravessa tempestade

  • ECO Seguros
  • 23 Maio 2023

Um líder do setor atrás do outro abandona a NZIA, mais importante aliança climática dos seguros. Agora também a Swiss Re. Saiba o que leva a esta debandada e quem são os opositores.

Mais um revés para a Net-Zero Insurance Alliance (NZIA): com a Swiss Re, mais um membro fundador abandona a mais importante aliança climática das seguradoras. Em geral, as saídas da associação estão a acelerar. A segunda maior resseguradora do mundo é já o quarto maior grupo segurador a abandonar a aliança este ano.

A NZIA é uma subunidade da Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ), que foi fundada em 2021. Na época, o presidente executivo da Swiss Re, Christian Mumenthaler, disse que a cofundação da Aliança era uma oportunidade de trabalhar com outras resseguradoras e seguradoras para “desenvolver ainda mais seu compromisso com a transição para uma economia de baixo carbono por meio de sua experiência em subscrição“. A NZIA era um “próximo passo importante na corrida para o carbono zero”.

O êxodo

Mas a euforia inicial parece ter-se desvanecido. Grandes nomes do setor dos seguros e dos resseguros abandonaram agora a aliança. Antes da Swiss Re, a concorrente alemã Munich Re deixou a Allianz no final de março, seguida da suíça Zurich e da alemã Hannover Re, em abril.

Alguns dos gigantes do setor dos seguros justificaram a sua saída com a preocupação de poderem surgir problemas antitrust se o mercado avançar com a sua agenda de zero emissões líquidas. Isto acontece especialmente num contexto em que as iniciativas ESG nos EUA. estão a tornar-se mais fortes.

Ainda em missão?

A Swiss Re garantiu à agência Bloomberg que a saída não significa um menor empenho na política climática. A estratégia de sustentabilidade mantém-se inalterada.

Outras resseguradoras também afirmaram que a saída da aliança não alteraria a sua missão de lutar por práticas sustentáveis e por um mundo ‘net-zero’. A Zurich, por exemplo afirmou: “continuamos totalmente empenhados nos nossos objetivos de sustentabilidade e em apoiar a transformação para um mundo de emissões líquidas nulas”, afirmou a maior seguradora suíça.

Vários argumentos

Embora a Hannover Re não tenha apresentado mais razões para a sua retirada da NZIA, a Munich Re tinha anteriormente citado preocupações antitrust como um obstáculo aos seus objetivos de descarbonização. A Zurich afirmou no seu comunicado de saída que pretendia concentrar os seus recursos no apoio aos seus clientes na transformação.

O êxodo dos gigantes do setor não é, no entanto, uma surpresa total, especialmente porque a situação mudou. A pressão sobre os membros da NZIA aumentou drasticamente. Um grupo de procuradores-gerais republicanos dos EUA está a investigar as companhias de seguros pelo seu envolvimento numa alegada “agenda climática ativista”.

Numa carta enviada em meados de maio, 22 procuradores-gerais dos E.U.A. solicitaram às empresas membros da NZIA que documentassem os seus compromissos ESG. O mesmo grupo de procuradores-gerais republicanos enviou recentemente pedidos semelhantes a vários gestores de ativos e às empresas de consultoria ISS e Glass Lewis. Os pedidos fazem parte de uma investigação contra a utilização de critérios ESG em investimentos.

Numa audição na Câmara dos Representantes dos EUA, em que dois dos procuradores-gerais testemunharam, os republicanos descreveram esses compromissos como parte de uma “cabala” de elites globais que ameaçam a democracia e a segurança nacional.

Ao investigarem a legalidade dos objetivos de emissões líquidas nulas para as seguradoras, os procuradores-gerais afirmaram, na sua recente carta, que a pressão exercida sobre os clientes das seguradoras para reduzirem as emissões conduziu a prémios mais elevados, ao aumento dos preços do gás e a uma inflação recorde.

A aliança mantém-se?

A NZIA não tem membros nos EUA. Após a saída da Swiss Re, permanecem no grupo cerca de 27 empresas, incluindo líderes do setor dos seguros como a Allianz, a Aviva e a Axa.

Resta saber se a Allianz pode ser mantida com um número cada vez menor de membros. Independentemente da NZIA, é provável que todas as seguradoras continuem a promover os seus próprios objetivos de sustentabilidade. A Swiss Re também continua a ser membro da Net Zero Asset Owner Alliance, outro subgrupo da GFANZ.

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IN Conference – Transição energética: Acelerar para competir?

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  • 23 Maio 2023

O INEGI organizou, esta sexta-feira, dia 19 de maio, a 3ª edição da IN Conference.“Transição energética: Acelerar para competir?” foi o mote da conferência, que decorreu no Terminal de Leixões.

O Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões recebeu, esta sexta-feira, dia 19 de maio, a “IN Conference – Transição Energética: Acelerar para Competir?”. O evento, organizado pelo INEGI, está na sua terceira edição e, desta vez, reuniu vários especialistas do setor da energia para discutirem o futuro da transição energética no país.

Alcibíades Paulo Guedes, Presidente do Conselho de Administração do INEGI, abriu a sessão destacando a importância de se “trazer à discussão” um tema que tem sido um “desafio para vários stakeholders”.

“Os desafios são muitos e as abordagens terão que ser disruptivas em muitos casos. São desafios pertinentes para os nossos stakeholders, para nós e para o mundo. Discutir este tema é, para nós, importante. Não fazer nada ou continuar a fazer pouco não é opção”, disse.

Nesse sentido, o presidente do INEGI garantiu que discutir a descarbonização passa, inevitavelmente, por falar sobre a energia e sobre o papel da indústria. “Grande parte do trabalho vai ter de ser feito do lado da energia, mas a indústria também tem aqui um papel fundamental, aliado a um grande desafio, que é descarbonizar sem desindustrializar”.

Ainda na abertura do evento, Vítor Neves, Presidente da Direção da AIMMAP, também teve uma intervenção, na qual destacou o facto de Portugal ter alguma dificuldade em crescer economicamente e a forma como a transição energética poderia ajudar o país a superar esse desafio.

Todos temos a consciência de que a eficiência energética é fundamental para a competitividade da indústria. Sermos capazes de desenvolver capacidades que nos tornem mais independentes do ponto de vista energético deverá ser um objetivo nacional. E, aqui, o INEGI tem um papel fundamental a desempenhar para o crescimento e criação de valor em Portugal”, afirmou.

A história das transições e o futuro do país e da UE

Ao longo do evento, houve ainda espaço para duas intervenções, nomeadamente de Victor Baptista, administrador REN Portgás Distribuição, moderada por José Sampaio, Diretor para a Inovação e Transferência de Tecnologia do INEGI, e outra intervenção de Paula Pinho, responsável pela Transição Justa, Consumidores, Inovação e Eficiência na Direção Geral de Energia da Comissão Europeia, moderada por Pedro Camanho, vice-presidente do Conselho de Administração do INEGI.

Victor Baptista abordou o tema da transição energética, relembrando que, na história, o mundo já passou por várias transições relacionadas com a energia. “Tivemos o primeiro choque de petróleo, que introduziu o carvão para diversificar. Depois, nos anos 90, começa a preocupação com o carvão e, a partir de 2010, começa a preocupação com os efeitos do dióxido de carbono e CO2 por todo o mundo”, começou por dizer.

Desde então, de acordo com o responsável da Portgás, tem vindo a perceber-se uma progressão da eletricidade com recurso a várias tecnologias, no entanto, “é muito difícil fazer previsões para 2040”, tendo em conta a rapidez com que o mundo está a mudar, até pelo teletrabalho e pelas consequências dele na mobilidade.

A ideia, segundo o administrador da REN Portgás, é criar-se condições para que esta transição seja efetiva, independentemente das condições, entre elas garantir a segurança de abastecimento, a integração massiva de FER (eólica e solar), a eficiência energética e a eletrificação, o foco no consumidor, a capacidade de ter uma visão regional e Pan Europeia e o reforço de infraestruturas de redes.

Essas condições para uma transição justa estão, de acordo com Paula Pinho, da Direção Geral de Energia da Comissão Europeia, a serem colocadas em prática e a terem bons frutos. A responsável pela Transição Justa na UE também falou da história para explicar os impactos que as várias crises que a Europa atravessou trouxeram e como influenciaram nesta temática.

“Estamos em 2023 e, desde 2019, podemos dizer que já vamos na terceira crise de tipo diferente. Na altura, em 2019, foi apresentada a visão para a descarbonização da Europa, de modo a que se tornasse o primeiro continente com neutralidade climática em 2050. Para isso, tínhamos de, até 2030, reduzir em 50% os gases com efeitos de estufa, cota de renováveis de 40%, aumentar a eficiência energética em 9% e fazer face ao trilema – descarbonizar o sistema energético, assegurar a segurança de aprovisionamento, fazer com que a transição seja justa para todos e não tenha custos incomportáveis”, começou por dizer.

Só que, com a pandemia e, mais recentemente, com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, todos os objetivos que a Europa tinha estipulado no Pacto Ecológico Europeu pareciam estar ameaçados e, segundo Paula Pinho, falou-se mesmo de uma “morte ecológica” do Pacto, tanto numa crise como noutra. No entanto, ao invés de se tornar mais difícil alcançar estes objetivos, a situação externa obrigou a que se tomassem medidas que até contribuíram para acelerar a transição.

“A pandemia levou a que se conseguisse recorrer a empréstimos sem precedentes no mercado. 724 mil milhões de euros foram veiculados para a recuperação económica, da qual fazia parte a transição energética e digital. E Portugal beneficiou de 14 mil milhões de euros deste valor. Já a situação de guerra fez com que tivéssemos de agir rapidamente e agimos através do REPowerEU, que tinha como principal objetivo tirar a dependência energética da Rússia. E essa estratégia identificava medidas estruturais que aumentaram a ambição relativamente às renováveis”, explicou.

Com esta estratégia, houve uma regulação do consumo de gás que consistia em reduzir o seu consumo para se conseguir “sobreviver o inverno sem o seu principal fornecedor”. Estas medidas resultaram num preenchimento de reservas de gás de 91% (quando estava estipulado 80%), numa redução de 18% do consumo de gás e na procura de eletricidade.

No entanto, apesar de estas medidas também terem potenciado a procura de energias renováveis, Paula Pinho alertou que é importante garantir que “não se passa a dependência de combustíveis fósseis para a dependência de renováveis”: “Temos um elemento a acrescentar ao trilema – a competitividade. O que acontece é que, ao nos tornarmos independentes de combustíveis fósseis, devemos evitar continuar dependentes da importação das matérias-primas críticas necessárias para as turbinas, baterias, eletrolisadores, para as bombas de calor, das quais somos dependentes hoje, nomeadamente da China“.

Oferta e Procura: Adaptação ao novo paradigma

Nesta 3ª edição da IN Conference houve, também, espaço para duas mesas redondas. A primeira, moderada por Jorge Vasconcelos, Presidente da NEWES, foi dedicada ao tema da adaptação que a oferta e a procura tiveram e ainda têm de fazer face à transição energética.

Para discutir este tema estiveram presentes na conversa Sofia Pinto Barbosa, Head of Regulation na Greenvolt; Sandro Conceição, Diretor da CIMPOR; José Passinhas, CEO da Lactogal; e Fernando Keuchen, Diretor de Siderurgia Nacional da Maia.

A eletrificação é, neste momento, o caminho mais consensual para a descarbonização dos consumos. Sabemos que temos de acelerar a transição energética”, afirmou Sofia Pinto Barbosa, da Greenvolt, ao mesmo tempo que lembrou que, para isso, é necessário “utilizar todos os espaços disponíveis, quer telhados, quer terrenos, para instalar painéis fotovoltaicos e baterias”. Com a utilização destes recursos, o objetivo é, de acordo com a responsável, “ganhar independência energética e reduzir a fatura”.

“O desafio é grande. A nossa intenção, em termos industriais, é ter uma preocupação em sermos mais eficientes energeticamente e contribuirmos para a descarbonização dos vários setores onde estamos”, disse, por sua vez, Sandro Conceição, da CIMPOR.

Para isso, o responsável da CIMPOR destacou a importância de existir “um plano adequado” às necessidades da empresa, no qual, no caso da CIMPOR, entraram os investimentos na criação de parques solares próprios.

No entanto, Sandro Conceição falou, também, dos desafios associados a estes investimentos, tais como os “processos de licenciamento, que chegam a demorar mais de dois anos” e “processos regulatórios que levam à indecisão do que vai ser o futuro porque não se conhecer o que vai acontecer”.

Estes desafios também foram apresentados por José Passinhas, da Lactogal, que admitiu a necessidade que a empresa tem de reduzir a dependência do gás através de alternativas mais sustentáveis, mas também destacou a incerteza que sentem ao dar este passo pela falta de informação relativa a ele.

Entre as medidas que a empresa está a tomar para se descarbonizar, o responsável da Lactogal destacou, no âmbito 1, a eletrificação da frota automóvel e a redução em 50% das emissões com gases de efeito de estufa. No âmbito 2, a incorporação de maior autonomia energética com soluções de energia renovável para autoconsumo; uma maior eficiência energética ao nível dos processos industriais; a redução de 80% das emissões com gases de efeito de estufa. E, por fim, no âmbito 3, a aposta no ecodesign, diminuição de resíduos e consumos de embalagens.

Ainda no âmbito das emissões com gases de efeito de estufa, Fernando Keuchen, da Siderurgia Nacional da Maia, revelou que “a indústria siderúrgica é responsável por 80% das emissões de CO2” no mundo. No entanto, tudo muda dependendo da linha de produção usada no processo de produção do aço.

“Há duas linhas de produção de aço: uma por transformação de minério de ferro, que obtém aço por meio de uma redução com fontes fósseis, e a outra linha, que é a que existe em Portugal, que produz aço por meio de fundição de sucata, ou seja, reciclagem. E essa fundição é feita com energia elétrica”, explicou.

O facto de Portugal fazer esta produção de forma mais sustentável levou a que o responsável da Siderurgia Nacional da Maia afirmasse que “a siderurgia, em Portugal, é o maior reciclador do país”. “Somos uma indústria chave na resolução do problema ambiental”, concluiu.

Tecnologias para a Transição Energética em diferentes indústrias

Na segunda mesa redonda do evento, moderada por Carlos Moreira da Silva, CEO da Teak Capital e ex-presidente da BA GLASS, e que teve como oradores Luís Monteiro, Responsável pelo Programa de Combustão Verde na Unidade de Negócios de Águas Quentes Residenciais da Bosch Termotecnologia; Nuno Lago de Carvalho, CCO da Caetano Bus e Administrador da Caetano UK; Adelino Costa Matos, CEO da WAM Investments; e Manuel João de Almeida, vice-presidente de Engenharia na Vestas Wind Systems, foi discutida a importância das tecnologias para a transição energética em diferentes indústrias.

“Ao nível europeu, o aquecimento é feito maioritariamente através de soluções a gás e a tendência agora é de fazer a transição para a eletrificar, através das bombas de calor. A proposta que está em cima da mesa é de as caldeiras serem banidas até 2029. E isto é um desafio muito grande para toda a sociedade“, afirmou Luís Monteiro, da Bosch Termotecnologia.

Em Portugal, de acordo com o responsável da Bosch, “há cerca de quatro milhões de esquentadores instalados”. Por essa razão, Luís Monteiro considera que “passar tudo para elétrico não é a única solução, até porque há gases renováveis que podem ser usados nos esquentadores já existentes sem precisar de mudar nada em casa”.

Por sua vez, do lado do setor automóvel, Nuno Lago de Carvalho, da Caetano Bus, revelou que existem algumas nuances no que diz respeito à descarbonização nesta indústria. “Motores a hidrogénio não são zero emissões, à data de hoje. Poderá vir a ser uma solução para veículos pesados”, disse.

A transição está a ser feita numa perspetiva de eletrificação – a bateria ou hidrogénio. A grande vantagem do segundo é que num autocarro elétrico temos duas toneladas e meia de baterias, enquanto num a hidrogénio temos apenas 500 quilos de bateria. Por essa razão, as duas tecnologias vão coabitar“, garantiu.

Do lado dos investidores e dos fabricantes de soluções, a perspetiva é muito semelhante. Tanto Adelino Costa Matos, da WAM Investments, como Manuel João de Almeida, da Vestas Wind Systems, concordam que os objetivos do governo são “irrealistas”.

“Conseguirmos, até 2030, ter 9GW de capacidade instalada no onshore parece-me muito, mas possível. Agora, ter 10GW de offshore, na minha opinião, é impossível. A Europa inteira tem 28GW a 30GW instalados em anos e Portugal quer ter ter 10GW instalados até 2030. Mesmo que juntássemos a capacidade toda da UE, isto demoraria 40 anos a instalar. Portanto, pensar que daqui a sete anos teremos 10GW de capacidade instalada é irrealista“, explicou.

Esta incapacidade é, de acordo com Manuel João de Almeida, acrescida pela falta de maturidade da indústria para responder às necessidades de novos produtos. “Com o crescente destes novos produtos, chegamos a um ponto em que o modelo de negócio para o mercado offshore é financeiramente insustentável porque faz com que os fabricantes fiquem num ciclo sempre em escala. Isto faz com que o resto da infraestrutura, nomeadamente a cadeia de valor, não acompanhe. Ou seja, ficamos com um produto que tem maturidade, mas o que nos falta é maturidade na indústria em si, no transporte, na logística, etc”, concluiu.

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Presidente argelino quer mais parcerias comerciais com Portugal

  • Lusa
  • 23 Maio 2023

"Tal como Portugal, a Argélia também procura a paz. Queremos resolver a questão do Saara Ocidental", disse o Presidente argelino, Abdelmadjid Tebboune, de visita oficial ao país.

O Presidente argelino, Abdelmadjid Tebboune, defendeu esta terça-feira, em Lisboa, o reforço das relações comerciais com Portugal, através de parcerias, e convidou o homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, a visitar oficialmente o país “o mais breve possível”.

Tebboune, que iniciou esta terça uma visita oficial de dois dias a Portugal, falava no final de uma reunião com Marcelo Rebelo de Sousa e manifestou-se agradado com o facto de Argélia e Portugal estarem de acordo com “todas as questões internacionais”.

“Falámos da Líbia, do Mali, do Sahel, da Palestina, do Saara Ocidental, da Ucrânia e do que acontece com a Rússia irmã. Concordámos em todos os temas”, afirmou Tebboune, depois de o chefe de Estado português, na intervenção que antecedeu a do seu homólogo argelino, ter criticado a invasão da Rússia (a Argélia tem fortes relações políticas, económicas e diplomáticas com Moscovo) e ter manifestado apoio a Kiev.

“Concordamos em vários temas que foram falados hoje. Tal como Portugal, a Argélia também procura a paz. Queremos resolver a questão do Saara Ocidental”, acrescentou Tebboune, já depois de o Presidente português ter manifestado o apoio aos esforços da ONU para a realização do referendo de autodeterminação do Saara Ocidental, cujo movimento de libertação, Frente Polisário, é apoiado pela Argélia.

No entanto, Marcelo Rebelo de Sousa nada disse sobre a proposta de autonomia para o Saara Ocidental apresentada por Marrocos, ao contrário do que surgiu no comunicado conjunto da recente 14.ª reunião ministerial da Comissão Mista Portugal/Marrocos, realizada no passado dia 12 de maio em Lisboa, com o Governo português a manifestar o apoio às duas propostas.

Tebboune, segundo os serviços de tradução de árabe para português, reafirmou também o apoio de Argel à edificação de em Estado Palestiniano, com capital em Jerusalém. “Não há um único ponto em que tenhamos divergências. Na situação internacional, em termos de desenvolvimento, não há quaisquer divergências”, insistiu.

Sobre as relações bilaterais, Tebboune reiterou a vontade comum na renovação dos protocolos de amizade e de cooperação assinados em 2005. “O diálogo com Marcelo Rebelo de Sousa foi honesto, aberto e reflete a profundidade das nossas relações económicas que, para o futuro, se pretende que permita criar mais parcerias em vários setores, como na cultura, educação, energia, tecnologias, economia inteligente, tecnologias digitais e outras” acrescentou o chefe de Estado argelino.

“Queremos criar parcerias não só baseadas no petróleo”, sublinhou Tebboune. A visita de Tebboune surge na sequência da realização, na semana passada, em Argel, da 6.ª sessão do Grupo de Trabalho Conjunto de Cooperação Económica Luso-Argelina, em que o ministro da Economia e do Mar português, António Costa Silva, manifestou o desejo de Portugal quintuplicar o investimento na Argélia ao longo dos próximos cinco anos.

Segundo noticiou então a imprensa argelina, Costa Silva afirmou que a Argélia “é uma parceira fundamental e credível num mundo cada vez mais incerto a nível económico e geopolítico” e que Portugal pretende aumentar e diversificar os investimentos na Argélia em vários setores de atividade, tais como obras públicas, finanças, indústria, produção farmacêutica, hidráulica, agricultura, energia e transportes.

Também na ocasião, o diretor-geral da Agência Argelina de Promoção do Investimento (AAPI), Omar Rekkache, referiu que os investimentos portugueses na Argélia “continuam a ser reduzidos” e que “estão longe de refletir a excelência das relações bilaterais” e “os profundos laços de amizade que unem os dois países”.

Até 2022, houve apenas oito projetos de investimento portugueses, apesar de a Argélia contar com cerca de 80 empresas portuguesas no ativo, maioritariamente em setores estratégicos. Argel insiste, agora, em orientar alguns investimentos portugueses para as indústrias agroalimentar e transformadora, bem como a necessidade de consolidar a dinâmica comercial com Portugal através do aumento das trocas comerciais, que rondam os 450 milhões de euros, volume que Argel e Lisboa reconhecem estar “abaixo do potencial existente entre os dois países”.

A Argélia é o mais importante fornecedor de energia a Portugal, com um volume anual que cobre 40% das necessidades. Hoje à tarde, o Presidente argelino efetua uma visita à Câmara Municipal de Lisboa, onde o líder da autarquia Carlos Moedas lhe entregará as chaves da cidade, e termina o primeiro dia da deslocação oficial a Portugal com um jantar oficial oferecido por Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio Nacional da Ajuda.

Na quarta-feira, segundo e último dia da visita, Tebboune participa no Fórum Económico Portugal/Argélia, evento promovido pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), tendo, depois, encontros separados com o primeiro-ministro português, António Costa, e com o presidente do Parlamento, Augusto Santos Silva.

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Guterres diz que “terrível verdade” é que mundo falhou na proteção de civis

  • Lusa
  • 23 Maio 2023

No ano passado, mais de 117 milhões de pessoas enfrentaram fome aguda principalmente por causa da guerra e da insegurança. "Isto é um ultraje", frisou António Guterres.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse esta terça-feira que 100 milhões de pessoas tiveram de fugir das respetivas casas devido a conflitos em 2022, uma “terrível verdade” que mostra que o mundo não está a proteger os civis.

No debate anual do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) sobre a proteção de civis em conflitos armados, Guterres apresentou alguns dados que constam no seu último relatório sobre o tema, datado de 12 de maio, que mostra que a guerra está a devastar vidas em todo o mundo.

De acordo com o ex-primeiro-ministro português, as armas explosivas continuam a causar estragos, com 94% das suas vítimas em áreas urbanas a serem civis. “Aqueles que conseguiram fugir da luta, fizeram-no em números recordes: o número total de pessoas forçadas a deixar as suas casas devido a conflitos, violência, violações de direitos humanos e perseguições chegou a 100 milhões”, indicou o líder da ONU.

“Guerra significa fome”, frisou Guterres, observando que o conflito armado é um fator-chave que impulsiona a insegurança alimentar em todo o mundo. No ano passado, mais de 117 milhões de pessoas enfrentaram fome aguda principalmente por causa da guerra e da insegurança. “Isto é um ultraje”, frisou.

“A terrível verdade é que o mundo não está a cumprir os seus compromissos de proteger os civis, compromissos consagrados no direito internacional humanitário”, sublinhou Guterres. Em 2022, a ONU registou pelo menos 16.988 mortes de civis em 12 conflitos armados, um aumento de 53% em comparação com 2021.

Situações de conflito em que as vítimas civis aumentaram incluem Ucrânia, Somália e Palestina, enquanto Iémen e Síria, por exemplo, registaram quedas.

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Apoio europeu a Kiev já atinge 70 mil milhões de euros

  • Lusa
  • 23 Maio 2023

O executivo comunitário fez esta terça-feira o quarto pagamento de 1,5 mil milhões de euros ao abrigo do pacote de assistência macrofinanceira à Ucrânia.

A Comissão Europeia mobilizou esta terça-feira 1,5 mil milhões de euros em assistência macrofinanceira à Ucrânia, com o apoio financeiro da União Europeia (UE) ao país a ascender a 70 mil milhões de euros desde o início da guerra.

Em comunicado, o executivo comunitário indica que “efetuou hoje um quarto pagamento de 1,5 mil milhões de euros ao abrigo do pacote de assistência macrofinanceira à Ucrânia, num montante máximo de 18 mil milhões de euros”.

Globalmente, desde o início da guerra desencadeada pela invasão russa, o apoio da UE “à Ucrânia e aos ucranianos ascende a cerca de 70 mil milhões de euros”, acrescenta a instituição. Esta verba total inclui o apoio financeiro, humanitário, orçamental de emergência e militar à Ucrânia por parte da UE, dos Estados-membros e das instituições financeiras europeias, bem como os recursos disponibilizados para ajudar os países europeus a satisfazer as necessidades dos ucranianos que fogem da guerra.

No que toca ao pacote de assistência macrofinanceira, criado para cobrir as necessidades imediatas de financiamento de Kiev, o apoio de mais 1,5 mil milhões de euros visa permitir que as autoridades ucranianas continuem “a pagar salários e pensões e a manter serviços públicos essenciais em funcionamento, como hospitais, escolas e alojamento para as pessoas deslocadas”, segundo especifica Bruxelas.

“Permitirá igualmente à Ucrânia assegurar a estabilidade macroeconómica e restaurar as infraestruturas críticas destruídas pela Rússia na sua guerra de agressão, como as infraestruturas energéticas, os sistemas de abastecimento de água, as redes de transportes, as estradas e as pontes”, adianta o executivo comunitário.

Este pagamento ocorre depois de a Comissão Europeia ter concluído, numa avaliação finalizada em abril passado, que a Ucrânia continuava a realizar progressos satisfatórios na aplicação das condições políticas acordadas e que cumpria os requisitos em matéria de apresentação de relatórios, que visam garantir uma utilização transparente e eficaz dos fundos.

Bruxelas explica que a Ucrânia realizou “progressos importantes” no sentido de reforçar o Estado de direito, aumentar a estabilidade financeira, melhorar o funcionamento do sistema de gás e promover um melhor clima empresarial, conclusão que permitirá o pagamento de um novo montante mensal de 1,5 mil milhões de euros em junho.

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Professores entre os grupos profissionais mais envelhecidos

  • Lusa
  • 23 Maio 2023

O subgrupo "professor dos ensinos básico (2.º e 3.º ciclos) e secundário" tem uma média etária de 50,2 anos".

A idade média da população empregada situava-se nos 44,2 anos, nos Censos 2021, o que representou um acréscimo de 2,8 anos face a 2011, encontrando-se os professores nos grupos profissionais mais envelhecidos, com uma idade média de 48,7 anos.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) destacou esta terça-feira o subgrupo “professor dos ensinos básico (2.º e 3.º ciclos) e secundário”, com uma média etária de 50,2 anos”, ao divulgar um conjunto de dados sobre as profissões e a escolaridade da população, com base nos resultados definitivos do XVI Recenseamento Geral da População e VI Recenseamento Geral da Habitação – Censos 2021.

“Na última década, paralelamente ao reforço da escolaridade da população assistiu-se ao crescimento do grupo profissional com maior qualificação – “especialistas das atividades intelectuais e científicas” – e, simultaneamente, aquele que requer menos estudos – “trabalhadores não qualificados”, lê-se no Destaque do INE.

As profissões relacionadas com as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) “viram o seu peso reforçado”, com destaque para “diretores dos serviços das Tecnologias da Informação e Comunicação” (132,3%), “analistas e programadores, de software, web e de aplicações” (112,1%) e “especialistas em base de dados e redes” (134,7%), em que a população empregada mais do que duplicou.

Também o grupo dos “especialistas em finanças e contabilidade” (151,8%), onde se incluem profissões como contabilistas, consultor financeiro, analista financeiro e o grupo dos “especialistas em organização administrativa” (136,9%), registaram crescimentos “muito significativos” na última década.

Entre 2011 e 2021, observou-se um acréscimo da população empregada com ensino superior em todos os grupos profissionais, em particular nos “representantes do poder legislativo e de órgãos executivos, dirigentes, diretores e gestores executivos” (18,6 pontos percentuais), “pessoal administrativo” (11,8 pontos percentuais) e “técnicos e profissões de nível intermédio” (11,2 p.p.).

Na última década, assistiu-se a “um ligeiro reforço da taxa de feminização do emprego no grupo “representantes do poder legislativo e de órgãos executivos, dirigentes, diretores e gestores executivos”, de 33,9% para 36,7%. Em 2021, a população com ensino superior representava 19,8%, contra 13,9% em 2011. Considerando o universo da população empregada em 2021, a proporção com ensino superior ascendia a 30,3% (22,3% em 2011).

Na última década, os “especialistas das atividades intelectuais e científicas” constituíam o grupo profissional em que se verificou o maior crescimento da população empregada (3,3 p.p.), seguindo-se os “trabalhadores não qualificados”, com um acréscimo de 2,3 p.p. passando a representar 15,4% da população empregada.

“Em contrapartida, o maior decréscimo observou-se no grupo dos “trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices” (-2,1 p.p.).

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Portugal vai pedir autorização a Bruxelas para mobilizar verbas da Política Agrícola Comum

  • Lusa
  • 23 Maio 2023

Portugal vai pedir à Comissão Europeia que permita o uso dos instrumentos disponíveis na Política Agrícola Comum para ajudar os agricultores a fazerem face à situação de seca

Portugal vai pedir, na segunda-feira, 30 de maio à Comissão Europeia que permita o uso dos instrumentos disponíveis na Política Agrícola Comum (PAC) para ajudar os agricultores a fazerem face à situação de seca, segundo fonte europeia.

Na próxima reunião do Conselho de ministros da Agricultura da União Europeia (UE), a delegação portuguesa “irá informar sobre o impacto das recentes secas na Europa do sul e pedir à Comissão que concorde com o uso de instrumentos disponíveis na PAC para enfrentar a situação“, adiantou a mesma fonte.

A ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes, informou em 08 de maio ter assinado o despacho que reconhece a situação de seca em 40% do território nacional, no sul do país.

O despacho de declaração do estado de seca torna possível “acionar um conjunto de medidas no âmbito dos apoios aos agricultores”, disse a ministra.

Maria do Céu Antunes, que participa na reunião do Conselho da UE no dia 30, em Bruxelas, pormenorizou então que essas ajudas tanto podem decorrer do pedido único do plano estratégico da PAC como “outro conjunto de medidas” para as quais se está a pedir autorização a Bruxelas, uma das quais as terras em pousio poderem ser utilizadas para a pastorícia.

De acordo com o índice ‘PDSI — Palmer Drought Severity Index’, citado pelo Governo, no final de abril, estavam 40 municípios na classe de seca severa e 27 em seca extrema, o que corresponde a cerca de 40% do território.

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Precisarão os CEOs de Coaching?

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  • 23 Maio 2023

Os cargos de liderança podem ser verdadeiros lonely places. Ser desafiado com novas perspetivas, por partes não interessadas traz ganhos significativos à performance de CEOs e às suas organizações.

Quem se encontra em funções de liderança, nomeadamente CEOs e Boards, tem a responsabilidade de tomar decisões com elevado impacto que podem influenciar significativamente o percurso de pessoas e dos negócios. Esta pressão, associada à confidencialidade dos temas, contribuem para que os seus cargos sejam verdadeiros lonely places.

Vale a pena refletir sobre: Quantos CEOs são efetivamente desafiados com novas perspetivas sobre a forma como pensam a gestão de pessoas e do negócio? Quantos são confrontados com questões que desinstalam de modo a quebrar crenças e paradigmas?

Por muito que a cultura organizacional seja uma cultura de feedback, aberta ao erro e vivida por profissionais com sentido crítico e visão estratégica, os profissionais que dela fazem parte terão sempre uma agenda, condicionando a independência das suas partilhas.

A par deste contexto, que irá sempre envolver as funções de liderança, há novos fatores no contexto atual a considerar. Olhando para o top dos desafios dos CEOs de 2023, identificamos um contexto de inflação e recessão, onde temas como as preocupações ESG (Environmental Social Governance) e DEI (Diversity, Equity, and Inclusion) estão na ordem do dia. Para muitos, se não a maioria, nunca antes lideraram num contexto assim.

Surge, deste modo, uma crescente procura por profissionais qualificados para assumirem esta missão que, acima de tudo, é uma missão de extrema confiança.

Catarina Ciríaco, Senior Consultant EY, People Advisory Services

Além da confiança, é ainda essencial que estes profissionais tenham a capacidade de facilitar e acompanhar o processo de tomada de decisão, de desafiar e provocar com questões pertinentes e que trazem novas perspetivas, salvaguardando sempre a isenção e independência do papel de coach que desempenham.

Neste sentido, surgem digital coaching providers, plataformas que pretendem simplificar o processo de coaching, agilizando a parte administrativa entre coach e cliente, e que acabam por permitir que este tipo de serviços chegue a mais pessoas pela via online.

Da experiência da EY, estes são alguns dos ganhos associados ao Executive Coaching:

  1. Aceder a um Professional Mirror – um espelho profissional, alguém que não é um amigo, uma chefia ou um colega. Um profissional que não é parte interessada nas decisões a tomar, que não indica o que fazer, mas apoia o processo de reflexão.
  2. Criar Self-Awareness e Self-Regulation – alargar a consciência de tendências, inclinações, pontos fortes e áreas de melhoria contribui para uma melhor adaptação das ações e processos de pensamento, de acordo com o objetivo e contexto.
  3. Identificar Blind Spots – aceder ao que os outros sabem ou pensam sobre si, mas que o próprio ainda não vê e, por conseguinte, ainda não está consciente para os impactos.
  4. Estar num Ambiente Seguro – um espaço para dialogar e refletir de forma segura, onde opiniões e preocupações podem emergir sem julgamentos ou constrangimentos.
  5. Potenciar Performances Elevadas – ferramenta para melhorar a performance e agilizar o atingimento dos objetivos definidos.

A EY, ao acompanhar CEOs e as suas organizações em projetos estratégicos e de transformação, é muitas vezes este parceiro de reflexão e também caixa de ressonância para os desafios que são vividos, muitas vezes, a solo pelas lideranças. Se tem desafios sobre os quais gostaria de discutir novas abordagens, entre em contacto connosco.

Catarina Ciríaco, Senior Consultant EY, People Advisory Services

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Universidade de Coimbra tem 9,5 milhões para combater obesidade

O projeto financiado pela Comissão Europeia tem como objetivo desenvolver, ao longo de cinco anos, estratégias capazes de mudar o paradigma da prevenção e do tratamento da obesidade.

Um projeto liderado pela Universidade de Coimbra (UC), que reúne 18 entidades de oito países europeus, vai receber 9,5 milhões de euros, durante cinco anos, para combater a obesidade em crianças e jovens.

O projeto intitulado de “PAS GRAS: redução de riscos metabólicos, determinantes ambientais e comportamentais da obesidade em crianças, adolescentes e jovens adultos”, é liderado por Paulo Oliveira, investigador e vice-presidente do centro de neurociências e biologia celular da Universidade de Coimbra (CNC-UC).

O PAS GRAS vai preencher lacunas críticas no diagnóstico e prognóstico da obesidade e proporcionar um conjunto de ferramentas inovadoras e medidas que possam contribuir para adotar e manter escolhas de estilo de vida que contrariem o excesso de peso/obesidade”, explica o líder do projeto.

O “PAS GRAS” envolve parceiros de oito países europeus e tem como objetivo desenvolver, ao longo de cinco anos, estratégias interdisciplinares de investigação e inovação capazes de mudar o paradigma da prevenção e do tratamento da obesidade, fornecendo soluções práticas para uma vida saudável na sociedade contemporânea, de acordo com o site da Universidade de Coimbra.

Membros do projeto PAS GRASUniversidade de Coimbra

A investigação vai clarificar o papel do estilo de vida, saúde mental, fatores familiares, socioeconómicos e do ambiente no desenvolvimento da obesidade, assim como a interação com as características genéticas e metabólicas de cada indivíduo. Com base numa análise integrada dos múltiplos parâmetros vai ser possível elaborar uma avaliação personalizada e robusta do risco acrescido de sofrer de obesidade e complicações associadas, que incluem, por exemplo, problemas cardiovasculares.

O estudo vai ter como públicos-alvo crianças (3-9 anos), adolescentes (10-18 anos), jovens adultos (19-25 anos) e respetivas famílias, com excesso de peso ou obesidade. Paralelamente, o projeto vai estudar mecanismos celulares e moleculares subjacentes ao efeito protetor de componentes da dieta mediterrânica e atividade física. Além disso, vai criar uma campanha internacional que visa o aumento da literacia em saúde e a sensibilização da sociedade para os riscos da obesidade.

O projeto que é financiado pelo Horizonte Europa, um programa-quadro de investigação e inovação da União Europeia, vai contar com a participação de 15 entidades, incluindo a Associação de Ginástica do Centro (Portugal), a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (Portugal), o Conselho Nacional das Pesquisas (Itália), a Fundação EURECAT (Espanha), o Instituto Nencki de Biologia Experimental (Polónia), o Instituto Pedro Nunes (Portugal), o Instituto Politécnico de Viana do Castelo (Portugal), o King’s College de Londres (Reino Unido), a Mediagnost (Alemanha), a Sociedade Europeia de Investigação Clínica (Países Baixos), a Universidade de Bari (Itália), a Universidade de Martin Luther Halle-Wittenberg (Alemanha), a Universidade de Uppsala (Suécia), a Universidade Nova de Lisboa (Portugal) e a Universidade Técnica de Munique (Alemanha).

O projeto “PAS GRAS” é coordenado pelo consórcio centro de inovação em biomedicina e biotecnologia (CIBB), que é formado pelo CNC-UC, pelo instituto de investigação clínica e biomédica de Coimbra (iCBR) e pelo centro de estudos e investigação em saúde da Universidade de Coimbra (CEISUC).

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