Nova Coelima veste pijamas e aguenta 200 postos de trabalho após a falência
A histórica Coelima, comprada em 2021 pelo Grupo Mabera, vai terminar o ano com uma quebra de 25% no volume de negócios, arrastada pela crise no setor.
A Coelima, têxtil centenária de Guimarães comprada pela Mabera em 2021, no âmbito do processo de insolvência, está a apostar na criação de novos produtos, que inclui a confeção de pijamas e outros produtos de underwear, para revitalizar o negócio depois de a empresa ter sido salva há dois anos e meio pela terceira vez na sua história. Após encerrar 2023 com uma quebra de faturação de 25%, a companhia afasta despedimentos e garante que os cerca de 200 postos de trabalho são para manter.
Não têm sido fáceis os primeiros anos da Coelima, by Mabera, a nova marca após a aquisição. Depois de um primeiro ano marcado por um esforço para reconquistar a confiança de fornecedores e clientes, a crise do setor em 2023 ditou um arrefecimento nos negócios, que já começavam a dar sinais de recuperação. “O primeiro ano foi um ano de regresso, recuperar confiança de alguns clientes e fornecedores, 2022 já conseguimos ver algumas coisas desse trabalho. Recuperamos confiança de fornecedores, conseguimos manter clientes, crescer nalguns e angariar novos clientes”, sintetiza Rui Pereira, diretor-geral da nova Coelima, em entrevista ao ECO.
Com a guerra e o arrefecimento da economia, 2023 trouxe “um decréscimo de encomendas”, com a companhia a estimar fechar o ano com “uma quebra de 25% do volume de negócios face a 2022”, uma contração da qual espera recuperar já em 2024.
“Temos já uma visão do primeiro trimestre, em que vamos recuperar 20% face ao período homólogo e a nossa coleção de mercado interno cresceu para o dobro da previsão de vendas”, refere Rui Pereira.
Da roupa de cama aos pijamas e ao ninho para o cão
A trabalhar na sexta coleção desde que foi adquirida pelos novos donos e sem novo investimento em máquinas, a fábrica está a focar os seus esforços na criação de novas áreas de negócio e a recorrer à subcontratação para realizar algumas tarefas, como os acabamentos, uma área alienada há alguns anos pela empresa. Uma das grandes apostas é o sleepwear, que inclui produtos como pijamas, robes e mantas.
Esta é “uma marca recente, trabalhada pela equipa que cá temos”, explica Rui Pereira. “Tínhamos alguns modelos e fazíamos fora. [Na fábrica] só fazíamos roupa de cama. Foi das primeiras decisões que tomamos quando cá chegámos, foi trazer para dentro e dar formação às pessoas para fazer sleepwear cá dentro”, realça.
O sleepwear é uma marca recente, trabalhada pela equipa que cá temos. Só fazíamos roupa de cama.
Apesar desta não ser a principal área de negócio – a Coelima é conhecida pela sua roupa de cama – , a empresa tem conseguido bons resultados com a venda destes produtos nos Estados Unidos e, no ano passado, já conseguiram “colocar esse produto em Inglaterra e Irlanda”.
Na lista de novos produtos constam ainda produtos para animais, toalhas de mesa e produtos sustentáveis, produzidos com corantes naturais, produtos orgânicos, fibras sustentáveis, como cânhamo ou linho.
Outra aposta recente é o lançamento do site, onde a companhia espera chegar a novos clientes, nomeadamente através da venda de produtos mais sustentáveis. “Vendemos muito na loja tradicional, apesar de estar presente no Corte Inglés”, refere o mesmo responsável, adiantando que a fábrica está a explorar ainda em “novos canais de distribuição”.
EUA e Espanha pesam 60%
Olhando para 2024, a Coelima espera continuar a crescer nos mercados onde está presente. Com 96% das vendas realizadas na exportação, os Estados Unidos e o mercado espanhol, onde está presente com a marca Nicoleta, são os países que mais contribuem para o volume de negócios da empresa.
Além destes dois países, a Coelima vende os seus produtos para países como o Canadá, Finlândia, Irlanda, Inglaterra, Suécia ou Suíça. Estão, contudo, fora da Alemanha, um mercado que consideram muito “difícil”.
As indicações que temos do investidor [Mabera] é que os postos de trabalho são para manter
Sem querer divulgar números da atividade, Rui Pereira reconhece que ainda é preciso fazer mais para “ter uma margem de lucro confortável para o investidor”, o grupo famalicense que salvou a empresa da falência em 2021.
“Precisamos ter um volume de negócios em que a nossa estrutura não consuma mais que 12% do negócio. Isto consegue-se de duas formas: aumentar volume de negócios ou diminuir a estrutura, ou reestruturar a estrutura”, conclui. Mas reestruturar a estrutura está, segundo o diretor-geral da Coelima, fora das cartas.
“As indicações que temos do investidor [Mabera] é que os postos de trabalho são para manter”, afiança, adiantando que a garantia deixada pelo administrador José Dâmaso Lobo é que o objetivo é “crescer”.
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