Costa despede-se. “Podem ter-me derrubado, mas não derrotaram o PS”

“Não é só termos eliminado cortes e termos hoje dívida menor. É simultaneamente eliminar cortes, aumentar pensões, aumentar salários e investimento público", disse António Costa.

O primeiro-ministro e ex-secretário geral do PS, António Costa, assegurou que o PS sempre foi “o partido da Europa” e congratulou-se pela política de “contas certas”, uma “mudança conceptual da maior importância”.

“Não é só termos eliminado cortes e termos hoje dívida menor. É simultaneamente eliminar cortes, aumentar pensões, aumentar salários e investimento público, e ao mesmo tempo diminuir défice e dívida”, disse, acrescentando que “o diabo não veio”. “O diabo não veio por uma razão muito simples, o diabo é a direita e os portugueses não devolveram o poder à direita”, acrescentou.

Atacando ainda a direita, o atual primeiro-ministro recorda o trabalho que o partido fez com a Segurança Social, continuando o trabalho de Mário Soares na construção do Estado Social. “A direita dizia que a Segurança Social estava falida e vamos a eleições dizendo que alargámos em 40 anos a sustentabilidade”, atirou. Costa relembrou ainda que o PS conseguiu reduzir para “metade o abandono escolar precoce”.

24º Congresso Nacional do PS - 05JAN24
António Costa intervém no 24º Congresso Nacional do PS, na FILHugo Amaral/ECO

Admitiu que o Serviço Nacional de Saúde tem “muitos problemas” e que se não tivessem aumentado em 72% o orçamento do SNS os problemas seriam “ainda maiores”. Mas não só. Costa apontou ainda vários problemas ao setor da Habitação. “Mas é por isso que está cá o PS. É o PS que vai ser resolver os problemas”, assegurou.

Referiu ainda que não esqueceram as “causas antigas”, como a “liberdade”, dando como exemplo o alargamento da procriação medicamente assistida, a aprovação da eutanásia e a autodeterminação de género. Destacou ainda a questão das creches gratuitas e o alargamento desta medida, caso a “direita não vier para desfazer o que está a ser feito”.

António Costa assume que o partido derrubou os muros da ditadura e que não deixarão reerguer os mesmos dentro da esquerda. “Derrubámos esses muros e não deixaremos voltar a erguer esses muros. Criámos nova oportunidade de governação à esquerda e muros nunca voltarão a existir”, garante.

O socialista assumiu ainda que a maior causa atualmente é o combate às alterações climáticas. “Fomos o primeiro país no mundo a assumir compromisso de neutralidade carbónica em 2050 e o primeiro a antecipar para 2048”, sublinhou. Costa saudou o atual secretário-geral do PS, desejando-lhe as maiores “felicidades pessoais e profissionais”. “Força, vamos em frente, vamos ganhar as próximas eleições”, disse.

Sobre o seu mandato, agradeceu todo o apoio que recebeu e recordou todas as suas vitórias, sublinhando que foram do PS e não de António Costa. “Podem-me ter derrubado, mas não me derrotaram. Podem ter derrubado o Governo, mas não derrotaram o PS, que está aqui forte e vivo”, disse Costa.

Salientando que Governar não é “só coisas boas”, Costa sublinhou o apoio que o PS sempre lhe deu e destacou os momentos em que foi “difícil conciliar parceiros à esquerda com exigências da União Europeia” em que foi preciso “lutar para sair do procedimento por défice excessivo”, nos “anos de inflação que invasão da Ucrânia provocou” e “em todos os momentos de grande crise política que tivemos de enfrentar”-

24º Congresso Nacional do PS - 05JAN24
António Costa e Pedro Nuno Santos no 24º Congresso Nacional do PSHugo Amaral/ECO

“Aqueles que dizem que somos o partido da mãozinha… Fomos a ponte de união [entre os portugueses]. Nunca faltamos quando foi necessário. Nunca faltamos nos momentos mais difíceis“, sublinhou. Consciente de que é possível “fazer melhor”, assegurou que “só o PS fará melhor do que o PS”.

Costa saudou o atual secretário-geral do PS, desejando-lhe as maiores “felicidades pessoais e profissionais”. “Força, vamos em frente, vamos ganhar as próximas eleições”, disse.

Esta tradição em que o ex-líder do PS faz um balanço do mandato no arranque do congresso para passar a pasta ao novo secretário-geral que faz o encerramento tinha sido quebrada em 2011, quando José Sócrates, que se demitiu de secretário-geral do PS após ter perdido as eleições legislativas para o PSD de Pedro Passos Coelho, optou por não estar presente no congresso de setembro desse ano que consagrou a liderança de António José Seguro.

O 24.º congresso do PS teve início esta sexta-feira e decorre até domingo na Feira Internacional de Lisboa. Este encontro socialista servirá para consagrar Pedro Nuno Santos como secretário-geral do PS e eleger os novos órgãos nacionais. Os trabalhos arrancam depois no sábado pelas 10h30, estando prevista para as 11h30 a apresentação e o debate das moções políticas de orientação nacional de Pedro Nuno Santos e dos candidatos derrotados, José Luís Carneiro e Daniel Adrião.

24º Congresso Nacional do PS - 05JAN24
Pedro Nuno Santos, Carlos César e António Costa no 24º Congresso Nacional do PSHugo Amaral/ECO

No domingo, entre as 9h e as 11h30 realizam-se as votações para a moção global de orientação política e a eleição dos órgãos nacionais. Pelas 10h30, decorre a apresentação das moções setoriais e às 12h00 realiza-se a sessão de encerramento, com Pedro Nuno Santos, e a proclamação dos resultados.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Costa despede-se. “Podem ter-me derrubado, mas não derrotaram o PS”

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião