Costa despede-se. “Podem ter-me derrubado, mas não derrotaram o PS”
“Não é só termos eliminado cortes e termos hoje dívida menor. É simultaneamente eliminar cortes, aumentar pensões, aumentar salários e investimento público", disse António Costa.
O primeiro-ministro e ex-secretário geral do PS, António Costa, assegurou que o PS sempre foi “o partido da Europa” e congratulou-se pela política de “contas certas”, uma “mudança conceptual da maior importância”.
“Não é só termos eliminado cortes e termos hoje dívida menor. É simultaneamente eliminar cortes, aumentar pensões, aumentar salários e investimento público, e ao mesmo tempo diminuir défice e dívida”, disse, acrescentando que “o diabo não veio”. “O diabo não veio por uma razão muito simples, o diabo é a direita e os portugueses não devolveram o poder à direita”, acrescentou.
Atacando ainda a direita, o atual primeiro-ministro recorda o trabalho que o partido fez com a Segurança Social, continuando o trabalho de Mário Soares na construção do Estado Social. “A direita dizia que a Segurança Social estava falida e vamos a eleições dizendo que alargámos em 40 anos a sustentabilidade”, atirou. Costa relembrou ainda que o PS conseguiu reduzir para “metade o abandono escolar precoce”.
Admitiu que o Serviço Nacional de Saúde tem “muitos problemas” e que se não tivessem aumentado em 72% o orçamento do SNS os problemas seriam “ainda maiores”. Mas não só. Costa apontou ainda vários problemas ao setor da Habitação. “Mas é por isso que está cá o PS. É o PS que vai ser resolver os problemas”, assegurou.
Referiu ainda que não esqueceram as “causas antigas”, como a “liberdade”, dando como exemplo o alargamento da procriação medicamente assistida, a aprovação da eutanásia e a autodeterminação de género. Destacou ainda a questão das creches gratuitas e o alargamento desta medida, caso a “direita não vier para desfazer o que está a ser feito”.
António Costa assume que o partido derrubou os muros da ditadura e que não deixarão reerguer os mesmos dentro da esquerda. “Derrubámos esses muros e não deixaremos voltar a erguer esses muros. Criámos nova oportunidade de governação à esquerda e muros nunca voltarão a existir”, garante.
O socialista assumiu ainda que a maior causa atualmente é o combate às alterações climáticas. “Fomos o primeiro país no mundo a assumir compromisso de neutralidade carbónica em 2050 e o primeiro a antecipar para 2048”, sublinhou. Costa saudou o atual secretário-geral do PS, desejando-lhe as maiores “felicidades pessoais e profissionais”. “Força, vamos em frente, vamos ganhar as próximas eleições”, disse.
Sobre o seu mandato, agradeceu todo o apoio que recebeu e recordou todas as suas vitórias, sublinhando que foram do PS e não de António Costa. “Podem-me ter derrubado, mas não me derrotaram. Podem ter derrubado o Governo, mas não derrotaram o PS, que está aqui forte e vivo”, disse Costa.
Salientando que Governar não é “só coisas boas”, Costa sublinhou o apoio que o PS sempre lhe deu e destacou os momentos em que foi “difícil conciliar parceiros à esquerda com exigências da União Europeia” em que foi preciso “lutar para sair do procedimento por défice excessivo”, nos “anos de inflação que invasão da Ucrânia provocou” e “em todos os momentos de grande crise política que tivemos de enfrentar”-
“Aqueles que dizem que somos o partido da mãozinha… Fomos a ponte de união [entre os portugueses]. Nunca faltamos quando foi necessário. Nunca faltamos nos momentos mais difíceis“, sublinhou. Consciente de que é possível “fazer melhor”, assegurou que “só o PS fará melhor do que o PS”.
Costa saudou o atual secretário-geral do PS, desejando-lhe as maiores “felicidades pessoais e profissionais”. “Força, vamos em frente, vamos ganhar as próximas eleições”, disse.
Esta tradição em que o ex-líder do PS faz um balanço do mandato no arranque do congresso para passar a pasta ao novo secretário-geral que faz o encerramento tinha sido quebrada em 2011, quando José Sócrates, que se demitiu de secretário-geral do PS após ter perdido as eleições legislativas para o PSD de Pedro Passos Coelho, optou por não estar presente no congresso de setembro desse ano que consagrou a liderança de António José Seguro.
O 24.º congresso do PS teve início esta sexta-feira e decorre até domingo na Feira Internacional de Lisboa. Este encontro socialista servirá para consagrar Pedro Nuno Santos como secretário-geral do PS e eleger os novos órgãos nacionais. Os trabalhos arrancam depois no sábado pelas 10h30, estando prevista para as 11h30 a apresentação e o debate das moções políticas de orientação nacional de Pedro Nuno Santos e dos candidatos derrotados, José Luís Carneiro e Daniel Adrião.
No domingo, entre as 9h e as 11h30 realizam-se as votações para a moção global de orientação política e a eleição dos órgãos nacionais. Pelas 10h30, decorre a apresentação das moções setoriais e às 12h00 realiza-se a sessão de encerramento, com Pedro Nuno Santos, e a proclamação dos resultados.
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