Toyota Caetano investe 10 milhões para fabricar em Ovar veículo para Jogos de Paris
Produção do 12º modelo da fábrica da Toyota em Ovar arranca em fevereiro e representa investimento de dez milhões. "Carro com novas tecnologias e princípios vai permitir outros projetos" em Portugal.
A produção do novo veículo elétrico da Toyota em Ovar, concebido de propósito para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Paris no verão de 2024, vai arrancar durante o mês de fevereiro e representa um investimento de dez milhões de euros na unidade que emprega cerca de 250 pessoas, segundo os dados avançados por José Ramos, presidente da Toyota Caetano Portugal.
No âmbito de um projeto inserido no Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), a fábrica portuguesa vai produzir 250 unidades do novo “Acessible People Mover” (APM), um veículo elétrico a bateria com velocidade máxima de 20 km/h e autonomia até aos 100 quilómetros, projetado para serviços de “quilómetro final” e para transportar pessoas com necessidades especiais de acessibilidade.
É um carro fabricado em Portugal, com novas tecnologias e novos princípios, e que vai permitir que tenhamos outros projetos.
Na prática, este é o 12.º modelo da unidade industrial inaugurada em 1971 no distrito de Aveiro e que foi a primeira fábrica da marca japonesa na Europa. Esta terça-feira, durante a apresentação do protótipo em que participou o primeiro-ministro, José Ramos assinalou este “importante marco”, sublinhando que “este projeto tem um alcance muito maior”, sendo “completamente diferente de montar só um carro”.
“É um carro fabricado em Portugal, com novas tecnologias e novos princípios, e que vai permitir que tenhamos outros projetos. Com a nossa teimosia – e a ajuda do Governo e da Comissão Europeia –, vamos ter hipóteses de continuar a desenvolver a fábrica e ter novos modelos”, destacou o líder da Toyota Caetano Portugal, que em 2022 faturou 480,2 milhões de euros e obteve lucros consolidados de 14,8 milhões.
De acordo com a informação avançada pela Toyota, os 250 APM vão transportar de atletas, organizadores, funcionários e visitantes nas competições desportivas dos Jogos de Paris, assim como noutros locais oficiais, como a aldeia olímpica. Além dessa função, com destaque para os utentes de cadeiras de rodas (inclui uma rampa para o embarque, piso plano e várias opções de configuração dos bancos), apoiará a deslocação de pequenos produtos e na assistência de emergência.
Frisando que este que será o veículo oficial dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos “vai ser uma imagem de marca para a Toyota” e é “um grande sinal de confiança que [o grupo] tem naquilo que é a sua fábrica em Ovar”, o primeiro-ministro, António Costa, disse esperar que este “seja um primeiro passo para que em Ovar venha a ser local de produção em grande escala deste veículo para toda a Europa”.
Salário mínimo sobe para 900 euros na fábrica de Ovar
Recuando à fundação da fábrica, José Ramos considerou que a empresa portuguesa “retribuiu com empenho, inovação e qualidade” à confiança que o grupo nipónico nessa altura depositou na indústria nacional. O gestor disse ter “muito orgulho” nos 11 modelos da marca que já foram fabricados em Ovar e recordou os “muitos problemas que [conseguiu] resolver” neste período. Como as 25 horas em que esteve sequestrado na fábrica em 1975, depois da revolução, que diz ter superado sem “rancor” nem “caça às bruxas”.
Já a “falta de pessoal” é um problema que já se fazia sentido no início da década de 1980, na sequência do desaparecimento das escolas industriais, e com o qual diz que continua a ter de lidar atualmente. Foi nessa altura que o grupo criou um centro de formação técnico – “já tínhamos falta de talentos e criamo-los” – que atualmente está a formar “cerca de 400 pessoas” e que diz ser “importante porque nascem com a cultura Caetano”.
Competências e produtividade são duas palavras que se ouvem muito poucas vezes neste país. Só se fala em aumento de salários, mas é preciso as empresas criarem riqueza para poderem distribuir.
José Ramos aproveitou para anunciar o aumento do salário mínimo na fábrica de Ovar dos atuais 830 para 900 euros, a que acrescem 9,6 euros de subsídio de refeição e um prémio de produtividade pelos objetivos que atinjam ao longo do ano.
“Nesta casa não falamos em aumentos salariais, concretizamos aumentos salariais, mas falamos em competências e em produtividade. Duas palavras que se ouvem muito poucas vezes neste país. Só se fala em aumento de salários, mas é preciso as empresas criarem riqueza para poderem distribuir”, reclamou.
O empresário nortenho garantiu ainda o compromisso do grupo com a descarbonização, que “não é uma moda nem um luxo, mas uma necessidade”, dando o exemplo de investimentos que estão em curso com a instalação de painéis fotovoltaicos, numa nova unidade de armazenamento de energia excedentária ou na alteração das estufas e das cabines de pintura, que funcionam a gás.
Por outro lado, lamentou os projetos de hidrogénio que em Portugal “nunca mais saem do papel”, notando que “é uma necessidade para as unidades pesadas, comerciais, empilhadores e fábricas”. Na resposta, o ainda primeiro-ministro criticou as “angústias e a hesitação” na exploração de lítio em Portugal, avisando o sucessor que não deve ter “medo de avançar” na mineração, na refinação e no fabrico de bateria de lítio.
(Notícia atualizada às 17h30 com novas informações e mudança no título)
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