Teixeira Duarte duplica de valor em bolsa à boleia da alta velocidade
As ações da construtora dispararam após o lançamento do primeiro concurso para o TGV. Analistas veem potencial para mais ganhos.
As ações da Teixeira Duarte TDSA 0,00% ganharam nova vida na bolsa de Lisboa nos últimos dias. Apesar desta quarta-feira terem fechado a perder 0,39% para os 0,128 euros, os títulos da construtora escalaram 69% nas últimas cinco sessões, encontrando-se a negociar em máximos de 2020. Os analistas atribuem este disparo ao lançamento do primeiro concurso para a linha de alta velocidade (TGV), para o qual concorre em consórcio com a Mota-Engil, um concurso que pode ser um ponto de viragem para as ações (e para os lucros).
Só este ano, nas 12 sessões de bolsa contabilizadas, a capitalização bolsista da construtora quase que duplicou de valor como resultado de uma subida de 97% do preço das ações. Apenas nas últimas cinco sessões, contaram-se mais de 5,8 milhões de títulos a trocarem de mãos, segundo dados da Refinitiv. Trata-se de um volume de negociação recorde, que compara com uma média de 567 mil ações negociadas por dia nos últimos três meses.
“As ações da Teixeira Duarte estão a valorizar mais de 96% este ano, na sequência do anúncio dos resultados do concurso público sobre a obra da linha de alta velocidade que vai ligar Lisboa/Porto”, realça Henrique Tomé, analista da XTB.
Recorde-se que o Governo lançou na sexta-feira o concurso para o primeiro troço da linha de alta velocidade Lisboa/Porto. Entre os interessados a agarrar esta obra está a Teixeira Duarte por via de um consórcio do qual também faz parte a Mota-Engil e que engloba também a Casais, Gabriel Couto, Alves Ribeiro e Conduril.
Os privados que ganharem o concurso para a PPP terão cinco anos para a construção do troço, sofrendo penalidades financeiras caso incumpram o prazo. Ficam também responsáveis pela manutenção e gestão da linha por um período de 25 anos, recebendo em função da disponibilidade de serviço assegurada às empresas que explorarem a ligação, como a CP ou outras. O primeiro troço está orçado em cerca de 1.900 milhões de euros.
O analista da XTB destaca que as ações, “além de terem disparado, o volume de negociação chegou mesmo a atingir máximos históricos, o que demonstra que este evento é de extrema relevância para a empresa“, justifica Henrique Tomé.
Se esta obra se revelar como um marco importante para os lucros e desenvolvimentos da empresa, poderemos ter as ações da Teixeira Duarte a inverter a sua tendência descendente que já vinha de há vários anos.
“Se esta obra se revelar como um marco importante para os lucros [empresa fechou o primeiro semestre de 2023 com prejuízos de três milhões de euros] e desenvolvimentos da empresa, poderemos ter as ações da Teixeira Duarte a inverter a sua tendência descendente que já vinha de há vários anos”, acrescenta.
“Este comportamento pode ser justificado por uma combinação de fatores, como a construção de um novo hospital em Lisboa num montante estimado de 200 milhões de euros, a participação direta e indireta na infraestrutura da ferrovia nacional e a necessidade de construção nova de habitação“, refere ainda João Queiroz.
“Estes fatores devem contribuir para o aumento do preço das ações desta cotada que continua a ser uma empresa de referência no setor da construção & obras públicas em Portugal”, explica o head of trading do Banco Carregosa.
“Acreditamos que a cotação da Teixeira Duarte continue a recuperar nos próximos meses, dependendo das apresentações trimestrais de resultados e da capacidade de beneficiar de uma recuperação económica global ou mesmo de conseguir evitar um cenário de estagnação. Esta cotada aparenta deter uma diversificada carteira de projetos que lhe permitirá continuar a melhorar as receitas e a começar a gerar positivos fluxos de caixa”, antecipa o mesmo analista.
Acreditamos que a cotação da Teixeira Duarte continue a recuperar nos próximos meses dependendo das apresentações trimestrais de resultados e da capacidade de beneficiar de uma recuperação económica global ou mesmo de conseguir evitar um cenário de estagnação.
Segundo João Queiroz, “a empresa também aparenta estar a investir em novas tecnologias e competências, o que lhe permitiria manter-se competitiva no mercado, auxiliando o país na transição energética e na defesa do ambiente”.
A evolução da economia é apontada como um dos principais desafios. “A incerteza económica deverá ser um dos principais riscos tanto para a empresa como para o setor“, conclui Henrique Tomé.
Já João Queiroz aponta, além da economia, outros desafios: “A capacidade em melhorar e robustecer os resultados de forma sustentada e a sua aptidão e experiência para incorporar a tecnologia de forma a trazer inovação e a melhorar a sua eficiência para defrontar a sua concorrência”.
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