BRANDS' ECO Energias renováveis: quais os desafios a superar?

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  • 26 Janeiro 2024

O setor das energias renováveis é a grande aposta para um futuro sustentável, mas ainda há desafios que atrasam este processo. Conheça-os aqui e saiba como ultrapassá-los.

O planeta está, cada vez mais, a esgotar os seus recursos mais cedo e todos os anos a preocupação com as emissões de gases com efeito de estufa e outras atividades poluentes tem levado a que o tema das energias renováveis receba mais atenção.

Ainda assim, a adoção desta energia limpa parece ser um processo demorado e isso justifica-se pelos inúmeros desafios que se atravessam na sua implementação.

Saber quais são esses desafios e perceber como eles podem ser superados foi a alavanca para que a KPMG se dedicasse ao estudo global “Mudar a maré na expansão das energias renováveis”, que avalia as realidades em diferentes países.

Em entrevista ao ECO, Susana Abreu, Partner de Audit & Assurance da KPMG Portugal, apresenta os resultados desse estudo, e que resultaram na enumeração de dez desafios que vão definir a era das energias renováveis.

"Olhando de uma forma transversal para a informação que o estudo nos fornece, podemos falar dos seguintes desafios: pouca flexibilidade dos mercados; a relativa dificuldade de acesso a capital; falta de investimento em infraestruturas; dificuldades com planeamento e licenciamento; as limitações nas soluções de armazenamento; a complexidade das cadeias de abastecimento; o difícil acesso a matérias primas; necessidade de preservação da natureza e biodiversidade, licença social para operar e, finalmente, a necessidade de potenciar investimentos em renováveis em mercados emergentes.”

Susana Abreu, Partner de Audit & Assurance da KPMG Portugal

Quais as soluções?

No entanto, além da apresentação dos desafios, este estudo também se focou nas soluções para que os mesmos, segundo a responsável pela KPMG, passem pela atualização da rede, de modo a integrar mais renováveis, pelo investimento em edifícios para que sejam mais eficientes do ponto de vista energético, e pela eletrificação dos transportes.

Estas são algumas das medidas para as quais é necessária disponibilidade de capital. No passado, as energias renováveis de capital intensivo beneficiaram de taxas de juro baixas, sistemas de incentivo e baixas taxas de inflação, que mantiveram o custo do capital relativamente baixo. Mas a subida das taxas de juros aumentou significativamente o custo do capital para os projetos de energias renováveis, o que tem dificultado a sua adoção”, admitiu.

Adicionalmente, Susana Abreu destacou, ainda, a importância de assegurar uma maior fluidez das cadeias de abastecimento: “Os problemas nas cadeias de abastecimento têm sido uma das principais causas de atrasos nos projetos de energia eólica offshore. Os conflitos internacionais também têm sido um fator de limitação para o desenvolvimento da adoção e produção de energias renováveis, sendo necessário identificar alternativas no que diz respeito às cadeias de abastecimento”.

O reforço dos compromissos assumidos no Acordo de Paris, nomeadamente na COP 28, coloca os investimentos em renováveis no topo das agendas, o que se revela essencial para a mobilização de capitais e incentivos e agilização de processos administrativos”, continuou.

O impacto da tecnologia nas energias renováveis

Quando questionada sobre os benefícios que os avanços tecnológicos podem trazer ao setor das energias renováveis, Susana Abreu considera que este será um fator muito importante, principalmente para o crescimento em escala destas energias.

"Um dos pontos relevantes é o armazenamento de energia não só em termos de capacidade de armazenamento, como de viabilidade financeira dos projetos. É necessário um armazenamento eficiente de energia para flexibilizar a produção de energia renovável e garantir sua integração no sistema.”

Susana Abreu, Partner de Audit & Assurance da KPMG Portugal

“Um dos pontos relevantes é o armazenamento de energia não só em termos de capacidade de armazenamento, como de viabilidade financeira dos projetos. É necessário um armazenamento eficiente de energia para flexibilizar a produção de energia renovável e garantir sua integração no sistema”, disse.

“A inovação pode ter ainda um papel relevante no acesso aos minerais críticos de que a transição energética necessita e pode vir também a melhorar a eficiência operacional e otimizar a produção de energia renovável. Numa perspetiva mais disruptiva e no longo prazo, há que manter sob observação as evoluções e promessas da fusão nuclear”, acrescentou.

As políticas governamentais podem impulsionar a transição?

Tendo em consideração o European Green Deal, o Plano Industrial do Pacto Ecológico e, mais recentemente, o Plano de Ação Europeu para a Energia Eólica, “facilmente se reconhecem exemplos de uma manifestação clara do papel que a Europa ambiciona em termos de liderança para a transição energética mundial e para demonstrar o contributo das energias limpas para a competitividade e sustentabilidade económica futura das indústrias”.

Foi neste seguimento que a Comissão Europeia já reviu, em junho de 2023, o Regulamento Geral de Isenção por Categoria (RGIC), de forma a simplificar e desburocratizar a atribuição de apoios, em conjugação com a implementação de um quadro temporário de transição e crise para fomento de medidas de apoio aos setores chave para uma transição para uma economia com emissões líquidas nulas.

"É neste contexto, e em consonância com o que temos assistido nos últimos anos, que as políticas governamentais (incluindo medidas fiscais) e os incentivos financeiros desempenham um papel preponderante na adoção e aceleração da implementação de medidas capazes de potenciar a transição para fontes de energia mais limpas e sustentáveis.”

Susana Abreu, Partner de Audit & Assurance da KPMG Portugal

Nesse seguimento, Susana Abreu apontou medidas como a limitação de emissões de carbono, o estabelecimento de padrões de eficiência energética para edifícios, veículos e indústrias, e a promoção da integração de energias renováveis na rede elétrica, acompanhadas pela atribuição de apoios – financeiros e fiscais – como soluções que ajudam os cidadãos e empresas a investir em fontes de energia renovável e acelerar o processo de transição energética.

“Mas não devemos esquecer que, neste percurso, impõe-se também o reforço, por um lado, dos apoios públicos para investigação e desenvolvimento de novas tecnologias e infraestruturas que, à data, ainda não alcançam a maturidade tecnológica desejada e, por outro lado, dos apoios para a formação do capital humano como resposta aos desafios na adoção destas fontes de energia alternativas e nas novas indústrias de impacto zero”, lembrou.

A partner da KPMG concluiu que “o trabalho de promoção da produção e adoção de energias renováveis não deve ser apenas dos Governos mas também das empresas e dos próprios cidadãos, que devem incorporar no seu dia-a-dia e nas suas operações a utilização deste tipo de energia”.

 

 

 

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