Portugal paga 3,2% para emitir 800 milhões de euros a dez anos
Cerca de 45% dos 1.784 milhões de euros que o Estado se financiou esta quarta-feira foi feito através de uma emissão obrigacionista a dez anos que teve uma yield acima do registado no último leilão.
A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) conseguiu colocar no mercado 1.784 milhões de euros de Obrigações do Tesouro através da realização de três leilões de dívida a cinco, dez e 28 anos, ficando assim acima dos 1.750 milhões de euros que tinha como montante máximo indicativo para estas operações.
Segundo dados da Refinitiv, cerca de 45% do montante angariado nos leilões desta quarta-feira foram realizados através da emissão de obrigações a dez anos (800 milhões de euros), que contaram com uma yield acima dos valores registados na última operação com condições semelhantes, mas em linha com o que estava a cotar o benckmark destes títulos no mercado secundário.
“Em janeiro Portugal tinha realizado um leilão triplo com maturidades diferentes das atuais, no entanto, o prémio de risco de Portugal subiu no último mês, o que acaba por se traduzir em taxas mais elevadas em todas as maturidades e superiores às do leilão anterior”, refere Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa.
Nesta operação, que foi realizada através da linha em OT 2,875% 20out2034, a procura foi 1,42 vezes superior à oferta e contou com uma yield de 3,149%, cerca de 39,5 pontos base acima dos 2,754% que pagou no último leilão com condições semelhantes, realizado a 10 de setembro.
Esta taxa também compara também com uma yield de 2,997% que Portugal pagou a 4 de janeiro com o lançamento desta mesma linha obrigacionista através de um sindicato bancário, que contou com uma procura cinco vezes acima da oferta, segundo dados do IGCP.
No leilão com maturidade a cinco anos, realizado por via da linha OT 1,95% 15jun2029 e que contou com uma procura 2,76 vezes acima da oferta, o Estado financiou-se em 453 milhões de euros pelo qual pagou 2,656%, cerca de 150 pontos base acima dos 1,154% que pagou no último leilão comparável, realizado a 11 de março de 2022 do ano passado, em que se financiou em 500 milhões de euros.
No leilão a 28 anos, promovido através da linha OT 1% 12abr2052, o Tesouro financiou-se em 531 milhões de euros e contou com uma procura 1,4 vezes acima da oferta. A yield desta operação fixou-se nos 3,568%.
Nos últimos cinco anos, o Tesouro não emitiu dívida por um prazo tão longo. O mais longínquo que foi realizou-se a 11 de setembro de 2020, através de uma emissão a 25 anos para se financiar em 247 milhões de euros. Pagou na altura 1,045%.
No entanto, um dos leilões que Portugal realizou há cerca de três semanas, o IGCP recorreu a uma obrigação com maturidade a 15 de fevereiro de 2045 (21 anos) para angariar 679 milhões de euros. A operação foi fechada com uma yield de 3,527%.
“Não obstante esta subida do risco nacional, a mesma está alinhada com os movimentos de toda a dívida soberana europeia”, refere Filipe Silva, destacando ainda que “Portugal tem vindo a conseguir reduzir o seu nível de endividamento face ao PIB e continua a ser o país da periferia com o spread mais baixo face à Alemanha”.
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