Administração da Ercros diz que OPA da portuguesa Bondalti é “não solicitada” e “não acordada”
Conselho de Administração da gigante espanhola adianta que vai nomear um consultor jurídico e financeiro para a assessorar na operação. Irá pronunciar-se sobre a oferta após a autorização pela CNMV.
O Conselho de Administração (CA) da Ercros manifestou-se esta quinta-feira pela primeira vez sobre a OPA lançada pela portuguesa Bondalti, adiantando que a oferta do grupo químico detido pelo Grupo José de Mello é “não solicitada” e não foi previamente acordada com a companhia espanhola. O conselho de administração da Ercros vai agora nomear um consultor jurídico e um financeiro para a assessorar na operação e na defesa dos interesses dos investidores.
“O conselho de administração da Ercros não teve conhecimento prévio da Oferta e, portanto, trata-se de uma Oferta não solicitada e previamente não acordada com a Companhia“, adianta a empresa em comunicado enviado à CNMV, o regulador do mercado espanhol, dois dias após o lançamento da oferta por parte da Bondalti.
O conselho de administração da Ercros não teve conhecimento prévio da Oferta e, portanto, trata-se de uma Oferta não solicitada e previamente não acordada com a Companhia.
A Bondalti anunciou esta terça-feira uma OPA sobre a Ercros, propondo-se pagar 3,60 euros por cada ação da química espanhola, o que representa um prémio de 40,6% face à cotação de fecho registada na véspera (2,56 euros), mas que está cerca de 20% abaixo do máximo de 4,80 euros fixado há menos de um ano, em abril de 2023. O negócio avalia a companhia em 329 milhões de euros.
O conselho de administração da Ercros adiantou ainda que “está em processo de nomeação de um consultor financeiro e de um consultor jurídico para auxiliar durante o processo da Oferta no cumprimento das suas funções e na salvaguarda dos interesses dos acionistas da Companhia”.
O Conselho de Administração está em processo de nomeação de um consultor financeiro e de um consultor jurídico para auxiliar durante o processo da Oferta no cumprimento das suas funções e na salvaguarda dos interesses dos acionistas da Companhia.
Em relação aos termos da operação, o conselho de administração da Ercros realça que se irá pronunciar “oportunamente sobre a Oferta, uma vez autorizada pela Comissão Nacional de Valores Mobiliários (CNMV) e dentro do prazo determinado de acordo com a regulamentação aplicável“, com o apoio dos seus consultores financeiros e jurídicos.
Entretanto, “o conselho de administração e a equipa de gestão da Ercros continuarão a gerir diligentemente os negócios da Companhia no curso normal de suas atividades, salvaguardando o interesse social e respeitando integralmente as obrigações estabelecidas pela regulamentação aplicável”.
OPA na mão dos pequenos investidores
Cerca de 80% do capital da Ercros está nas mãos de minoritários, pelo que a química do Grupo José de Mello depende da aceitação destes acionistas para garantir os 75% fixados para o sucesso da oferta, que aguarda agora a “luz verde” de várias autoridades, entre as quais o Governo espanhol, para avançar.
Apenas 20% das ações correspondiam a participações superiores a 3% do capital, no final de 2023, segundo a informação disponibilizada no site da empresa. O casal Joan Casas Galofré e Montserrat García Pruns controla junto perto de 10% do capital, surgindo como os principais beneficiários da oferta, caso decidam aceitar os termos propostos pela empresa lusa. Se venderem na OPA encaixam 31 milhões de euros.
Casas Galofré é o maior investidor individual da empresa, com uma participação de 6,015%, pela qual receberia 19,8 milhões de euros caso alienasse os seus títulos a 3,6 euros cada. O espanhol comprou uma posição de 3% (3,4 milhões de ações) em abril de 2016, avaliadas à época em 1,6 milhões de euros, tendo vindo a reforçar desde então a sua participação na empresa.
O segundo maior acionista da Ercros é o advogado Víctor Manuel Rodríguez Martín (5,52%), seguido pelo fundo norte-americano Dimensional Fund (4,99%), participado pelo ex-ator e governador Arnold Schwarzenegger. Mesmo que todos estes acionistas qualificados aceitem a oferta, a Bondalti ainda precisa que, pequenos acionistas que representem um total de pelo menos 55% do capital vendam na OPA, para atingir os 75% do capital, uma vez que a companhia portuguesa não detém ações da Ercros, conforme avançou no comunicado enviado ao regulador espanhol, a CNMV.
OPA à espera de autorizações
Os próximos passos da oferta incluem um conjunto de autorizações por parte de várias autoridades, começando pelo Governo espanhol. O primeiro passo para a operação avançar é a autorização do Conselho de Ministros do país vizinho. Cabe à tutela espanhola decidir se recorre ao chamado “escudo anti-OPA”, um mecanismo aprovado após a pandemia, com vista a evitar que investidores estrangeiros tomassem posições relevantes em empresas estratégicas espanholas, aproveitando as baixas cotações motivadas pela correção dos mercados após a covid.
Além do aval do Executivo espanhol, a OPA terá ainda que receber luz verde dos reguladores, a Comisión Nacional de los Mercados y la Competencia (CNMC) e a Autoridade da Concorrência. Por outro lado, a Bondalti está ainda à espera que a Comissão Europeia dê a sua autorização em matéria de subvenções estrangeiras.
Estas autorizações poderão prolongar o prazo da OPA durante várias semanas, esperando-se ainda que o Conselho de Administração da Ercros se manifeste sobre a oferta e as condições oferecidas pela empresa portuguesa. Apenas após ter reunidas todas estas autorizações e obtido a informação necessária, o regulador espanhol poderá aprovar a OPA e dar início ao período da oferta. Após o início da operação, os investidores têm 30 dias para decidir se aceitam a OPA.
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