Costa despede-se de Bruxelas com garantia de “tranquilidade” sobre política portuguesa
Primeiro-ministro demissionário faz ronda de conversas com responsáveis europeus. Recusa comentar Operação Influencer, assegurando que respeita a Justiça.
António Costa iniciou esta quarta-feira uma ronda de conversas com responsáveis europeus em Bruxelas para uma despedida, como vai deixar o cargo de primeiro-ministro. O chefe de Governo demissionário assegurou que, apesar da subida da extrema-direita no país, as “instituições europeias têm razões para estar tranquilas”, até porque o Chega não fez campanha contra a União Europeia. Já sobre o caso em que se vê envolvido, não traçou comentários, reiterando que respeita a Justiça e espera que ela funcione.
Questionado sobre a reação dos colegas europeus ao resultado das eleições portuguesas, Costa sinalizou, em declarações transmitidas pela RTP3, que “as pessoas ficaram curiosas para saber o que vai acontecer”. Mas salientou que os “dois principais partidos que têm sido a base de suporte do projeto europeu continuam a ser maioritários”.
Além disso, o “Chega nunca fez campanha contra a UE, sendo que a opinião pública portuguesa é das mais pró-europeias, e também apoiaram o apoio da Europa à Ucrânia”. Desta forma, assegurou que as “instituições europeias têm razões para estar tranquilas”.
Este conjunto de visitas ocorre numa altura em que o nome de António Costa continua a ser mencionado para a presidência do Conselho Europeu, ainda que o possível envolvimento na Operação Influencer, investigação que espoletou a queda do Governo e na qual poderá estar implicado, possa travar estas ambições.
O primeiro-ministro demissionário escusou-se a fazer comentários sobre este caso, mas assegurou que respeita a Justiça. “Trabalhei muito para que este sistema fosse independente, para que funcionasse com as devidas garantias de defesa, desejo que funcione para qualquer cidadão e que a Justiça seja feita”, acrescentou.
Também não se quis pronunciar sobre a possibilidade de este adeus ser um “até já”, apontando apenas que este é um conjunto de conversas que tem “mantido para agradecer o trabalho ao longo destes oito anos, em alguns casos nos últimos cinco anos” e também para fazer um “ponto de situação sobre questões da atualidade europeia e desejar bom futuro para todos”.
Na agenda desta quarta-feira destacaram-se encontros com a vice-presidente da Comissão Europeia, Margrethe Vestager; com o Comissário Europeu para Assuntos Económicos e Monetários, Paolo Gentilloni; e com o Comissário Europeu para o Emprego e Direitos Sociais, Nicolas Schmit da parte da manhã. Já à tarde, Costa vai reunir com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; com o Comissário Europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton; e com a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.
Na quinta-feira, dia de Conselho Europeu, tem marcado um encontro com o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, enquanto na sexta-feira vai reunir com o chanceler alemão Olaf Scholz.
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