FC Porto prepara financiamento de 250 milhões e espera injeção de 70 milhões com acordo sobre estádio

A SAD do FC Porto anunciou que está a fechar um financiamento de 250 milhões de euros “no âmbito de uma reformulação da dívida de médio e longo prazo” e que espera uma injeção de capital até 70 milhões de euros com o acordo relacionado com a exploração do estádio, num negócio que permitirá aumentar os capitais próprios da sociedade no mesmo montante.

Os esclarecimentos surgem depois de a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) ter suspendido a negociação de ações da SAD portista, “aguardando a divulgação de informação relevante ao mercado”, na sequência da entrevista de Pinto da Costa à SIC esta segunda-feira à noite.

Essa informação já foi partilhada no portal da CMVM, mas o regulador ainda não levantou a suspensão da negociação das ações da SAD, o que deixa a entender que pediu mais dados aos dragões sobre as declarações de Pinto da Costa.

No comunicado enviado esta terça-feira ao mercado, a SAD portista esclarece que espera fechar um contrato “com uma reputada empresa internacional” para a exploração das receitas do estádio até final de junho. E que, no âmbito desta parceira, que “será consubstanciada na participação minoritária numa das empresas com os direitos comerciais do grupo FC Porto”, haverá uma “injeção de capital por um montante estimado entre os 60 e 70 milhões de euros, como anteriormente comunicado ao mercado, a sociedade irá elevar assim os capitais próprios em igual montante”.

Também está em cima da mesa “uma reformulação da dívida de médio e longo prazo” da SAD portista, através de um financiamento, que ainda não está fechado, a rondar os 250 milhões de euros, “a uma taxa de juro competitiva em termos de mercado”.

A SAD fechou 2023 com capitais próprios negativos de nove milhões de euros, recuperando face à situação líquida de -176 milhões de euros em que se encontrava em junho do ano passado.

O que disse Pinto da Costa?

Em entrevista à SIC, o presidente portista assegurou que a situação financeira da SAD “está perfeitamente controlada”, revelando que os capitais próprios da sociedade vão estar “mais do que positivos” daqui a um mês.

Pinto da Costa falou então de “um plano para reduzir altamente o passivo” e que passa por “um financiamento de 250 milhões de euros a um juro muito mais baixo do que o nosso endividamento, o que vai fazer baixar uns milhões de pagamentos de juros”.

Também adiantou que em junho a SAD vai encaixar perto de 70 milhões de euros “do negócio do estádio”, uma “receita anormal” que permitirá compensar a mais do que provável ausência da Liga dos Campeões do próximo ano.

Questionado sobre o cumprimento das regras financeiras da UEFA, Pinto da Costa assegurou que a 31 de março o FC Porto tinha “tudo rigorosamente em dia e em ordem” com o organismo que tutela o futebol europeu.

“Ninguém pode garantir nada. Não pode garantir que amanhã a SIC não vai à falência. Mas tenho a certeza absoluta que não vamos cair no fair play financeiro”, frisou.

Compra de ações foi ilegal? “É um caso ridículo”

Pinto da Costa considerou ainda ser um “caso ridículo” a investigação da CMVM relacionada com a compra de 1.350 ações da SAD portista em fevereiro, quando a sociedade ia apresentar contas dentro de menos de um mês, o que pode ser considerado um abuso de mercado, como avançou o Jornal Económico.

“Abuso de quê? Se tivesse comprado um milhão de ações, compreenderia. Comprei 1.500 ou 2.000 ações. Isso é algum assunto? Por amor de deus”, respondeu.

“Um dia antes de fazer um mês da assembleia geral — que eu nem sabia a data — comprei duas ou três mil ações do FC Porto. É um crime enorme…”, ironizou.

As ações da SAD portista fecharam a última sessão nos 1,15 euros.

Os sócios do FC Porto vão às urnas no dia 27 de abril para votar no próximo presidente, com dois candidatos na corrida: Pinto da Costa, que lidera o clube desde 1982, e o antigo técnico André Villas-Boas.

(Notícia atualizada às 14h52 com informação de que a CMVM ainda não levantou a suspensão da negociação das ações da SAD do FC Porto)