Compra da Air Europa pela IAG “pode restringir concorrência”, avisa Bruxelas
Executivo comunitário alerta para possível aumento de preços e diminuição da qualidade dos serviços da transportadora espanhola. Negócio precisa de “luz verde” de Bruxelas.
A Comissão Europeia considerou esta sexta-feira que a aquisição total da Air Europa pela IAG, proprietária da Iberia e uma das interessadas numa privatização da TAP, pode restringir a concorrência, particularmente nas rotas de e para Espanha, e conduzir a um aumento dos preços.
Num comunicado publicado esta tarde, o Executivo comunitário considera ainda que a operação, a concretizar-se, pode levar a “uma diminuição da qualidade dos serviços”. As conclusões resultam de uma investigação aprofundada lançada por Bruxelas em janeiro, para avaliar a proposta de aquisição total da Air Europa pela IAG.
Segundo a Comissão, o negócio pode reduzir a concorrência em “rotas domésticas em Espanha”, nomeadamente aquelas em que o transporte ferroviário de alta velocidade não constitui uma alternativa, bem como nas “rotas entre a Espanha peninsular e as Ilhas Baleares e Canárias”.
“Nessas rotas, a IAG e a Air Europa concorrem entre si. Em relação a algumas destas rotas, não haverá concorrência direta após a operação. Noutras rotas, a concorrência parece limitada e provém principalmente das companhias aéreas regionais espanholas e das companhias aéreas de baixo custo, como a Ryanair”, assinala o Executivo comunitário no mesmo comunicado.
Por outro lado, a operação coloca também em causa a concorrência em “rotas de pequeno curso que ligam a Espanha a países da Europa e do Médio Oriente”, nas quais a IAG e a Air Europa “competem ou competirão diretamente num futuro próximo”.
Bruxelas vê nessas rotas uma concorrência “limitada”, proveniente sobretudo de transportadoras low cost como a irlandesa Ryanair, “que, em muitos casos, operam a partir de aeroportos mais remotos, ou da transportadora histórica do país de destino”.
A operação reduzirá ainda a concorrência em algumas rotas de longo curso, nomeadamente as que ligam Espanha à América do Norte e do Sul. Se em parte destas rotas a IAG e os seus parceiros de joint ventures “concorrem ou concorrerão diretamente com a Air Europa”, noutras não terão “concorrência direta após a operação” e, ainda noutras, “a concorrência de outras companhias aéreas parece ser limitada e ambas as partes detêm quotas de mercado relativamente elevadas”, realça a Comissão.
Em resposta às preocupações levantadas por Bruxelas, a IAG — que, além da Iberia é dona da British Airways — mostrou-se disposta a ceder mais de 40% dos voos da Air Europa em 2023 a outras transportadoras.
“Da mesma forma, comprometemo-nos a garantir que nenhuma rota seja operada exclusivamente pela Iberia e pela Air Europa“, acrescentou, numa nota citada pela Reuters, o CEO da IAG, Luis Gallego, que pretende concluir a aquisição “o mais rapidamente possível em 2024“.
A Comissão Europeia iniciou em janeiro uma investigação aprofundada à proposta de aquisição total da companhia aérea espanhola Air Europa pelo grupo IAG, que justificou, na altura, com “preocupações preliminares” de impactos na concorrência europeia.
O grupo aéreo IAG, dono da também espanhola Iberia e da britânica British Airways, anunciou no ano passado que tinha concordado em pagar 400 milhões de euros à espanhola Globalia pelos 80% da Air Europa que ainda não detinha.
Porém, este negócio necessita de “luz verde” de Bruxelas, sendo que à Direção-Geral de Concorrência cabe avaliar as fusões e aquisições que envolvam empresas com um volume de negócios com dimensão e impedir concentrações suscetíveis de impactar significativamente a concorrência efetiva no espaço europeu.
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