Juízes são pessoas isoladas, recorrendo a drogas e álcool
O estudo contou com a participação de 342 juízes, questionados entre Março e Junho de 2021. À altura, os inquiridos tinham entre 28 e 73 anos.
Um quinto dos juízes tem níveis elevados de stress provocados pelo trabalho, admitem sobrecarga de trabalho e isolamento social, recorrendo, por vezes, ao consumo de álcool e de substâncias ilícitas para lidar com as exigências do trabalho. Mais de um terço disse ter acompanhamento psiquiátrico ou psicológico e tomar medicação para gerir a ansiedade e a pressão. Estes são alguns dos resultados do estudo “O stress ocupacional dos Juízes portugueses: Os contributos do Inventário de Stress para Profissionais Forenses”, da autoria de Mariana Moniz, Mauro Paulino, Octávio Moura, Sandra Neves e Mário Simões.
O estudo que contou com o input e apoio da Associação das Juízas Portuguesas (AJP) e contou com a participação de 342 juízes – cerca de 25% do total da classe – questionados entre Março e Junho de 2021. À altura, os inquiridos tinham entre 28 e 73 anos e uma experiência profissional que variava entre inferior a um ano até aos 42 anos. A maioria eram mulheres (69%) da Área Metropolitana de Lisboa e das regiões Norte e Centro.
Ressalvando que “o stress ocupacional em profissões forenses não tem sido devidamente escrutinado em Portugal” os autores do estudo aconselham que haja “um alargamento destes estudos, a um maior número de Juízes e a diversas outras amostras de profissionais forenses (advogados, procuradores, solicitadores de Execução, técnicos do Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses), o que permitiria, a título preventivo, “sinalizar casos críticos e intervir atempadamente para evitar uma escalada da sintomatologia e configuração de quadros psicopatológicos. Complementarmente, permitiria determinar em que nível de gravidade de sintomas os profissionais se encontram (níveis baixos a elevados) e, consequentemente, identificar quem se encontra num nível crítico, isto é, em risco de poder desenvolver patologias mais graves, como é o caso do burnout”, referem.
Os resultados sugerem ainda presença de consideráveis fragilidades no sistema de Justiça português e a sua incapacidade de garantir recursos humanos e meios adequados. Cerca de 92% dos juízes assinalou concordar com a afirmação “sinto que faltam meios ( tecnológicos e humanos) na justiça que me permitam um melhor exercício das minhas funções”.
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