Defesa volta a marcar debate para as Europeias. Esquerdas isolam Chega e querem uma UE “promotora de paz”

Catarina Martins desafiou o Livre a trocar os Verdes pelo grupo da Esquerda Europeia na próxima legislatura no PE. Paupério rejeitou convite. Defesa voltou a marcar o debate entre os 4 candidatos.

A ex-coordenadora do Bloco de Esquerda convidou o Livre a integrar a Esquerda Europeia na próxima legislatura do Parlamento Europeu, ao invés dos Verdes, mas o convite foi prontamente rejeitado por Francisco Paupério que sublinha que “Livre está muito feliz” na família europeia que atualmente integra.

“Tenho gostado de ver a forma como o Francisco defende os direitos humanos e fala do Pacto das Migrações e acho que o Verdes – onde estão partidos que estão em governos que quiseram o pacto da migração, que fazem deportações e que estão a vender armas a [Benjamin] Netanyahu… deixava o desafio ao Livre de ponderar e invés de estar nos Verdes de estar verdadeiramente na esquerda“, apelou Catarina Martins, nos últimos minutos do segundo “debate quadrangular” para as eleições europeias, transmitido esta quarta-feira, pela RTP 1.

No entanto, Francisco Paupério não aceitou o convite (ou desafio) deixado pela ex-líder bloquista. O cabeça de lista do Livre sublinhou que o partido “está muito feliz nos Verdes europeus“, uma vez que aquela família partidária defende três pilares com os quais o Livre concorda: “democracia, ambiente e direitos humanos”.

Recorde-se que o líder do Livre, Rui Tavares, foi eurodeputado pelo Bloco de Esquerda, entre 2009 e 2011, e integrou durante esse período o grupo da Esquerda Unitária Europeia, que na altura estava coligada com os Verdes. Em 2011, passou a ser eurodeputado independente, tendo abandonado o Bloco de Esquerda por discordâncias políticas com o coordenador da altura, Francisco Louçã, e passou a integrar unicamente o Grupo dos Verdes até ao final da legislatura (2014).

À semelhança do debate anterior, as questões ligadas com a defesa numa altura em que se assiste a uma escalada de tensões na Ucrânia, devido à invasão da Rússia, marcaram o segundo “debate quadrangular” entre os cabeça de lista do Bloco de Esquerda, do Livre, do PAN e do Chega.

“A UE não tentou [negociar a paz], tem tido um caminho de enorme cinismo – um eurocinismo – dizendo à Ucrânia que até quer o alargamento, sem discutir o caminho para a paz”, afirmou Catarina Martins, esta quarta-feira, durante o debate a quatro para as eleições europeias, sublinhando que neste momento só “há duas alternativas: a destruição da Ucrânia ou escalada nuclear”. Para a bloquista, a União Europeia deve ser “promotora de paz” e concretizar uma “conferência de paz”.

O cabeça de lista do PAN também defende que “o projeto europeu deve ser um de paz“, no entanto apoia que a União Europeia deve prestar apoio militar à Ucrânia. “Não podemos ser utópicos e achar que vamos lá com negociações. É preciso apoio militar mas não se pode esquecer o caminho da negociação e diplomacia”, apelou.

Por seu turno, Francisco Paupério, do Livre, defende que a UE deve assumir uma posição “neutra”, para que sejam a Ucrânia e Rússia a definir os critérios para um cessar-fogo, rejeitando que Portugal e os restantes Estados-membros enviem forças militares para o terreno.

“A UE não deve intervir no sentido militar de recursos humanos na Ucrânia”, afirmou o cabeça de lista. “Temos de ir no sentido da paz e não da escalada de conflito”, disse.

Já António Tânger-Corrêa, em representação do Chega, diz ser a favor do aumento do investimento na Defesa – e sugere até que seja público –, argumentando que “não se faz uma guerra com armas de destruição maciça, tem de haver homens”. Para o candidato do Chega, “Putin está bastante ocupado com o conflito da Ucrânia para ir mais para Ocidente”. A Europa tem, no entanto, de estar preparada para outros potenciais riscos. “Não temos forças militares ativas em força suficiente para enfrentar um desafio sério“, defendeu.

Catarina Martins aproveitou o momento para acusar o candidato do Chega de defender “planos” de uma “terceira guerra mundial”, na qual considera ser “uma boa ideia” a população estar armada. “Há poucas coisas irresponsáveis e muito mais próprias de uma política criminosa de alguém que se diz um diplomata“, atirou.

Em matéria de financiamento do setor da defesa, Pedro Fidalgo Marques sugere que isso deve ser feito através de uma contribuição extraordinária sobre os lucros da indústria da Defesa para compensar os danos causados pela guerra, tal como aquela que foi implementada no setor energético, em 2022, na sequência da guerra na Ucrânia.

“O caminho passa por aí defendeu”, sublinhando que tal serviria para prestar apoio humanitário ou combater os danos climáticos e ambientais que resultam da guerra.

Notícia atualizada pela última vez às 22h15

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