Xi Jinping promete a Putin continuar a ser “bom vizinho e bom amigo”
"Apesar de alguns altos e baixos, as nossas relações têm vindo a fortalecer-se e resistido ao teste das transformações no cenário internacional", disse o presidente chinês ao homólogo russo.
O Presidente chinês, Xi Jinping, disse esta quinta-feira ao homólogo russo, Vladimir Putin, em Pequim, que a China e a Rússia vão “preservar a justiça no mundo”, segundo um comunicado divulgado pela diplomacia chinesa.
“Somos um bom exemplo para outras potências em termos de respeito e abertura. O desenvolvimento dos nossos laços é propício à paz, estabilidade e prosperidade na região e no mundo”, afirmou Xi, durante uma reunião à porta fechada, no Grande Palácio do Povo.
“Apesar de alguns altos e baixos, as nossas relações têm vindo a fortalecer-se e resistido ao teste das transformações no cenário internacional”, observou o líder chinês, segundo a nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros. “Vamos continuar a consolidar a nossa amizade e a defender a justiça no mundo”, realçou.
Putin foi recebido com guarda de honra, salvas de canhão e o hino dos dois países tocado por uma banda militar. Os dois líderes passaram em revista a guarda de honra antes de iniciarem o encontro à porta fechada, segundo imagens transmitidas em direto pela televisão estatal chinesa CGTN. O líder russo chegou depois das 4 horas locais (21 horas de quarta-feira, em Lisboa) para uma visita que se prolongará até sexta-feira.
A viagem ocorre após a tomada de posse de Putin para um quinto mandato e a recente viagem de Xi Jinping à Europa, onde o líder chinês enfrentou renovada pressão para persuadir o homólogo russo a pôr fim à ofensiva na Ucrânia.
Recordando que já se encontrou com Putin “mais de quarenta vezes”, o líder chinês referiu que mantém com o homólogo russo uma “comunicação estreita” e que ambos partilham “orientações estratégicas” que “asseguram o desenvolvimento sólido, estável e harmonioso dos laços bilaterais”.
“A relação entre China e Rússia é hoje uma relação duramente conquistada e as duas partes devem valorizá-la e promovê-la”, afirmou. Xi disse que a China está disposta a trabalhar com a Rússia “para continuar a ser um bom vizinho, bom amigo e bom parceiro”.
A visita ocorre também um dia depois de o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, ter anunciado em Kiev um montante adicional de dois mil milhões de dólares (1,83 mil milhões de euros) para ajudar a Ucrânia a adquirir armas e a aumentar a capacidade de produção da sua própria indústria militar.
Trata-se da segunda visita de Putin a Pequim em menos de um ano, após a sua participação no Fórum da Iniciativa Faixa e Rota, em outubro de 2023.
Para o líder chinês, a visita será uma oportunidade de mostrar que a afinidade com Putin não comprometeu a sua capacidade de manter relações com o Ocidente, especialmente depois de Washington ter pedido a Pequim que não fornecesse componentes que pudessem ser utilizados na guerra.
A China, que não condenou a invasão, negou ter laços militares com a Rússia, mas apelou à realização de uma conferência “reconhecida por todas as partes” para retomar as negociações de paz.
O comércio entre China e Rússia registou, em 2023, um crescimento homólogo de 26,3%, para 240 mil milhões de dólares (223 mil milhões de euros). Pequim tornou-se o maior mercado para o petróleo e gás russos e uma importante fonte de importações, incluindo bens de dupla utilização civil e militar, que mantêm a máquina militar russa operacional, apesar de a China ter banido a venda de armamento ao país vizinho.
Nos últimos meses, a secretária do Tesouro e o secretário de Estado norte-americanos, Janet Yellen e Antony Blinken, visitaram a China e advertiram os dirigentes e instituições financeiras chinesas para a imposição de sanções contra todos os bancos que facilitarem pagamentos à máquina de guerra russa.
China e Rússia vão cooperar no setor automóvel
Rússia e China vão continuar a trabalhar em conjunto para desenvolver as suas indústrias automóveis, face ao aumento das taxas alfandegárias impostas pelos Estados Unidos sobre carros elétricos chineses, afirmou esta quinta-feira o Presidente russo, Vladimir Putin.
“Saudamos a cooperação com os amigos chineses no domínio da produção automóvel, onde as empresas chinesas estão a alcançar um sucesso claro e muito óbvio“, disse Putin, numa declaração conjunta aos órgãos chineses e russos, após ter reunido com Xi Jinping, em Pequim.
“Vamos continuar a desenvolver esta cooperação”, acrescentou, sublinhando “o impacto negativo de várias sanções e restrições ilegais” no setor.
O apoio do líder russo à indústria automóvel chinesa surge depois de o Presidente dos EUA, Joe Biden, ter acusado Pequim de fazer batota. Esta semana, Biden quadruplicou as taxas alfandegárias sobre veículos elétricos oriundos da China, de 25% para 100%.
O Ministério do Comércio da China condenou a medida e advertiu que estas novas barreiras comerciais “afetarão seriamente” a cooperação entre as duas potências.
Também a Comissão Europeia lançou uma investigação sobre os subsídios atribuídos pelo Estado chinês aos fabricantes de veículos elétricos, para determinar se o setor está a beneficiar de ajudas ilegais e se isso está a causar ou pode causar prejuízos económicos aos fabricantes do bloco comunitário.
A Rússia tornou-se cada vez mais dependente economicamente da China, uma vez que as sanções ocidentais cortaram o seu acesso a grande parte do sistema comercial internacional.
Pequim é agora o maior mercado para o petróleo e gás russos e uma importante fonte de importações, que incluem bens de dupla utilização civil e militar, que mantêm a máquina militar russa operacional, apesar de a China ter banido a venda de armamento ao país vizinho.
(Notícia atualizada às 12h14)
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