Líder do PS quer saber se consultora teve acesso “a dados sensíveis sobre doentes e patologias”
Secretário-geral do PS quer que Governo esclareça se consultora IQVIA Solutions teve acesso a dados sensíveis do SNS que possam vir a ser partilhados com operadores privados.
Pedro Nuno Santos quer que o Governo esclareça se a consultora que participou na elaboração do Plano de Emergência da Saúde teve acesso a dados sensíveis sobre patologias por região, que poderão ser posteriormente usados pelo setor privado. O líder do PS sonsidera que esclarecimento dado pelo Ministério da Saúde é insuficiente.
“A questão mais relevante para mim é saber se esta consultora privada teve acesso a base de dados muito importantes do SNS, nomeadamente o sistema de informação de doentes por patologias e por região, porque isso é informação muito relevante para a organização da oferta de cuidados de saúde. Obviamente é uma consultora privada que trabalha também com grupos privados e por isso é que a questão foi levantada”, afirmou em declarações às televisões, durante uma ação de campanha para as eleições europeias.
“São dados muito sensíveis, sobre doentes e patologias por região, sobre necessidades de diferentes zonas do território. Percebem a importância que essa informação tem para os operadores privados da saúde“, acrescentou Pedro Nuno Santos.
O secretário-geral do PS considerou também insuficientes os esclarecimentos prestados entretanto pelo Ministério da Saúde. “A única coisa que está ali é assumir que houve uma participação de consultores privados. Se forem à ficha técnica do plano de emergência não está lá a empresa mas estão lá quatro ou cinco consultores dessa empresa. Podia estar assumido desde início na ficha técnica que essa consultora participou de alguma maneira na elaboração o plano”, disse. “A questão mais relevante é saber se teve acesso a bases de dados do SNS“, insistiu.
O líder socialista criticou também a “orientação política” do plano: “Obviamente que a participação da consultora privada e de outros que têm experiência no setor privado da saúde e que estão na ficha técnica também ajudam a perceber melhor a orientação para o privado deste plano“. Apontou ainda a “ausência de especialistas em cuidados de saúde primários na comissão técnica”, que “mostra também que a prioridade deste plano não foi a prevenção e os cuidados de saúde primários”.
O primeiro-ministro Luís Montenegro rejeitou este domingo a existência de conflitos de interesse na contratação da consultora IQVIA Solutions para ajudar o Governo na elaboração do Plano de Emergência da Saúde, apresentado pela ministra Ana Paula Martins na quarta-feira passada.
“Não tem pés em cabeça, essa acusação”, disse Luís Montenegro em declarações transmitidas pelas televisões, após votar antecipadamente em Espinho este domingo. Questionado sobre de que conflitos de interesse estaria o líder do PS a falar, respondeu: “Isso tem de lhe perguntar a ele”.
Ainda no sábado, o Ministério da Saúde enviou uma nota à agência Lusa onde confirma a contratação da consultora IQVIA Solutions, para “organizar e estruturar” o trabalho da ‘task force’ responsável pelo Plano de Emergência da Saúde. Diz ainda que a consultora “faz parte da bolsa de consultoras que tem trabalhado com o universo Ministério da Saúde nos últimos anos“ e que o contrato “é público e tem o valor de 9.250€ + IVA”.
Nas declarações aos jornalistas, Pedro Nuno Santos criticou ainda o Governo por enviar cartas a professores e pensionistas durante o período da campanha eleitoral para as Europeias, pedindo a intervenção da Comissão Nacional de Eleições.
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