Von der Leyen boicota presidência húngara da UE
"A presidente decidiu que a Comissão Europeia será representada a nível de altos funcionários apenas durante as reuniões informais do Conselho", indicou Bruxelas.
A presidente da Comissão Europeia excluiu a habitual visita do colégio de comissários ao país que acolhe a presidência rotativa da União Europeia (UE), a Hungria, com o qual há sucessivos diferendos, rejeitando também representação de alto nível. Budapeste já reagiu.
“Tendo em conta os recentes acontecimentos que marcam o início da presidência húngara [do Conselho da UE], a presidente decidiu que a Comissão Europeia será representada a nível de altos funcionários apenas durante as reuniões informais do Conselho”, informou o porta-voz principal do executivo comunitário, Eric Mamer, numa publicação na rede social X (antigo Twitter).
Tweet from @MamerEric
“A visita do colégio [de comissários] à presidência não se realizará”, adiantou o responsável, numa alusão à viagem que se deveria realizar no arranque da liderança semestral da Hungria, que começou no início de julho. A posição surge dias depois de os embaixadores dos países junto da UE terem discutido o papel da presidência húngara rotativa do Conselho, perante uma preocupação crescente nas capitais sobre as polémicas deslocações do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.
Também na rede social X, o ministro húngaro para Assuntos Europeus lembrou von der Leyen que a “Comissão Europeia não pode escolher a dedo as instituições e os Estados-membros com os quais quer cooperar”. E Bóka János deixa uma pergunta: “As decisões da Comissão baseiam-se agora em considerações políticas?”.
Tweet from @JanosBoka_HU
A 1 de julho, a Hungria assumiu a presidência rotativa do Conselho da UE, que vai liderar até final do ano, e desde então o primeiro-ministro húngaro já realizou deslocações oficiais à Ucrânia, à Rússia, ao Azerbaijão e países vizinhos e à China, tendo ainda mantido contactos com a Turquia.
As visitas, e sobretudo o encontro com o Presidente russo Vladimir Putin em Moscovo, geraram várias críticas em Bruxelas e as garantias de que as iniciativas têm ocorrido no quadro das relações bilaterais e não em representação europeia.
Perante as recentes polémicas, algumas bancadas parlamentares (como os liberais) sugeriram encurtar estes seis meses de presidência e passar já a rotatividade da presidência do Conselho da UE à Polónia, que seria a seguir, enquanto alguns Estados-membros (nomeadamente os nórdicos) estão a decidir ser representados por funcionários e não por governantes nas reuniões informais em Budapeste, como forma de protesto.
A Comissão Europeia também tem mantido um diferendo com a Hungria pelo desrespeito do Estado de direito.
(Notícia atualizada às 19h51 com a reação húngara)
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