Instituto Coordenadas conclui que Marrocos está cada vez mais presente e tem mais peso “no mundo avançado”

  • Servimedia
  • 16 Julho 2024

Marrocos está cada vez mais presente e influente “no mundo avançado”, segundo uma análise do Instituto Coordenadas por ocasião do 25º aniversário da coroação de Mohammed VI.

Segundo o Instituto Coordenadas, nesta análise, “Mohammed VI enfrentou, sem dúvida, com facilidade, desafios importantes nos últimos 25 anos. A nível político, o maior sucesso foi provavelmente a preservação da estabilidade do país. Muitos académicos acreditam que a monarquia ajudou Marrocos a evitar as revoluções populares que abalaram o mundo árabe em 2010-2012. Com efeito, Marrocos evitou os tumultos associados a esses protestos populares que provocaram uma grande crise em muitos países da região, especialmente na Tunísia, no Egipto e na Líbia”. Neste contexto, o rei reformou a Constituição, “o que conduziu, entre outras coisas, a uma redução dos poderes da Casa Real a favor do Presidente como chefe do poder executivo. Os representantes eleitos também passaram a ter maiores atribuições. O Rei, no entanto, continua a representar o pináculo do sistema. É o chefe das forças armadas, a mais alta autoridade judicial e tem o poder constitucional de dissolver o parlamento”.

“Uma das principais preocupações da monarquia tem sido melhorar a eficácia institucional e mudar a mentalidade dos funcionários públicos. Mohamed VI promoveu uma verdadeira revolução tridimensional no setor que consistiria numa revolução para a simplificação, uma revolução para a eficácia e uma revolução para a moralização. A modernização da gestão dos assuntos públicos incluiu a introdução de mudanças nos estilos de desempenho e um apelo à criatividade”, acrescenta.

MONARQUIA

O Instituto Coordenadas sublinha que “a paisagem política marroquina mudou muito durante o reinado de Mohammed VI. A classe política originária do século XX, consciente da sua influência e popularidade em declínio, enfrentou o desafio de se adaptar aos novos tempos. A principal formação que se impôs nestes anos foi o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (PJD), de cariz islamista, conservador em matéria religiosa e política e ligeiramente reformista em matéria social”.

“Como resultado das reformas patrocinadas pela monarquia, nas primeiras eleições após a eclosão da primavera Árabe, o PJD venceu, embora tenha precisado de se aliar a quatro outros partidos para governar. A inexperiência do PJD, a sua coabitação no governo com partidos rivais e as contínuas divergências com o Palácio fizeram descarrilar o projeto islamista “light”. Esta evolução acentuou a autoridade do rei que, apoiado por um núcleo de conselheiros escolhidos por ele próprio, atuou como um eixo moderador e estabilizador”, acrescenta.

Por outro lado, Mohammed VI soube interpretar as prioridades da Europa, “da qual Marrocos sempre dependeu economicamente. Marrocos é o gendarme das fronteiras meridionais, contendo a emigração, e tem cooperado estreitamente em matéria de luta antiterrorista, o que serviu para vigiar os jihadistas de origem marroquina. Com estes dois trunfos e a oferta de um ambiente de investimento seguro, Mohammed VI soube gerir e maximizar as expectativas.

DESAFIO TERRITORIAL

De acordo com esta análise do Instituto Coordenadas, “a monarquia avançou também no reconhecimento da propriedade marroquina do Sara, que combinou com uma política de ‘mão estendida para a Argélia’, num contexto de tensão entre os dois países devido a divergências sobre esta questão. A defesa da unidade nacional e da integridade territorial é uma constante que qualquer governo não pode ignorar. Nem poderia estar ausente em Rabat. As conquistas alcançadas a este respeito, tanto no seio das Nações Unidas como a nível africano e europeu, são o resultado de uma mobilização inteligente a todos os níveis. A este respeito, a posição de Marrocos sobre o seu empenhamento sincero no processo político, exclusivamente sob os auspícios das Nações Unidas, é inabalável. Por outro lado, a sua convicção de princípio é clara no que diz respeito à única via para a solução desejada, que só se realizará no quadro da soberania total de Marrocos e no quadro da iniciativa de autonomia”.

Além disso, afirma que Marrocos enfrenta um certo número de desafios importantes na via do desenvolvimento e da estabilidade. Entre os desafios mais importantes, o documento cita os desafios económicos, sociais, políticos e ambientais. “Na frente económica, apesar do notável crescimento económico das últimas décadas, Marrocos continua a procurar diversificar a sua economia, impulsionando setores como a indústria e o turismo, embora estes esforços enfrentem obstáculos como a concorrência internacional e a necessidade de infraestruturas mais desenvolvidas. A economia é fortemente dependente da agricultura, que é vulnerável às variações climáticas.

“A nível social”, acrescenta, ”a disparidade entre as zonas urbanas e as zonas rurais é impressionante. As zonas rurais sofrem de pobreza, falta de acesso a serviços básicos, como a saúde e a educação, e desenvolvimento limitado das infraestruturas. Esta disparidade contribui para a migração interna para as cidades, o que, por sua vez, exerce pressão sobre os serviços urbanos e agrava os problemas de habitação e de emprego nas cidades. No plano político, Mohamed VI promoveu importantes reformas políticas, que terão de ser prosseguidas a fim de melhorar continuamente a governação e a democracia, facilitando uma maior participação política e transparência.

O Presidente da Comissão Europeia sublinha igualmente que as alterações climáticas representam um desafio considerável para Marrocos, afetando a sua agricultura, os seus recursos hídricos e a sua biodiversidade. “O país está a tomar medidas para promover as energias renováveis, como a solar e a eólica, mas deve equilibrar estes esforços com o crescimento económico e a procura de recursos.

Por último, defende que “a melhoria do sistema educativo é crucial para o desenvolvimento de Marrocos. Apesar dos progressos, persistem problemas como a qualidade do ensino, a falta de formação técnica e profissional adequada e as taxas de abandono escolar, especialmente nas zonas rurais. Em suma, Marrocos enfrenta uma série de desafios interligados que exigem uma abordagem global e sustentada. As soluções devem ter em conta não só o crescimento económico, mas também a inclusão social, a governação democrática e a sustentabilidade ambiental. O Rei Mohammed VI continuará a desempenhar um papel determinante na modernização do país.

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