Nuvens negras sobre a locomotiva europeia
O índice de clima empresarial da Alemanha teve em julho a maior queda em mais de um ano, refletindo um pessimismo crescente dos empresários e uma crise persistente na indústria, serviços e construção.
O cenário económico na Alemanha tem mostrado sinais preocupantes, conforme revelado pelo mais recente relatório do Instituto Ifo, que está em queda há três meses seguidos e em julho contabilizou a maior queda mensal desde junho do ano passado.
O Índice de Clima Empresarial Ifo, um dos principais indicadores da saúde económica do país, caiu 1,81% para 87 pontos em julho face aos 88,6 pontos registados em junho, ficando inclusive abaixo dos 89 pontos esperados pelos analistas.
Este declínio reflete um aumento do pessimismo entre os empresários alemães, que estão menos satisfeitos com a situação atual da maior economia europeia e revelam-se mais céticos relativamente aos próximos meses.
De acordo com dados revelados esta quinta-feira, o setor industrial foi particularmente afetado, “com uma queda acentuada no clima empresarial”, refere Clemens Fuest, presidente do instituto Ifo. As avaliações sobre a situação atual deterioraram-se consideravelmente, e as expectativas para o futuro também diminuíram.
Além disso, os níveis de encomendas em atraso caíram e a utilização da capacidade produtiva desceu para 77,5 pontos, ficando 6 pontos percentuais abaixo da média de longo prazo. Esta situação aponta para uma crise persistente na indústria alemã, que enfrenta desafios significativos para recuperar o seu dinamismo.
O setor dos serviços, que mostrava sinais de recuperação nos meses anteriores, voltou a contabilizar uma queda no índice de confiança. Segundo Clemens Fuest, isso deveu-se, “principalmente, a um maior pessimismo relativamente às expectativas”, sublinhando que os prestadores de serviços também se mostraram um pouco menos positivos relativamente à situação atual.
O setor da construção também não ficou imune a esta tendência negativa. O índice para este setor também caiu, com as avaliações sobre a situação dos negócios a piorarem ligeiramente. “As expectativas continuam a ser afetadas por níveis significativos de pessimismo”, destaca Clemens Fuest.
Os dados do índice Ifo de julho espelham um quadro pouco otimista para a economia alemã que, segundo dados do Fundo Monetário Internacional, deverá crescer 0,2% este ano.
O declínio generalizado do clima de negócios em todos os setores principais — indústria, serviços, comércio e construção – sublinha a profundidade da crise económica que o país enfrenta.
A queda na utilização da capacidade produtiva e a redução das carteiras de encomendas são indicadores alarmantes de uma desaceleração económica que poderá ter repercussões significativas não só na Alemanha, mas também na economia europeia.
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