Lucros dos bancos dão salto olímpico: ganham 2,6 mil milhões até junho
Primeiro semestre superou as expectativas dos bancos. Margem financeira voltou a engordar e a puxar pelos lucros. Caixa e Santander Totta conquistam medalha de ouro dos resultados.
Os lucros dos maiores bancos em Portugal deram um salto olímpico na primeira metade do ano, com os resultados líquidos agregados a ascenderem a 2,6 mil milhões de euros, subindo 31% em comparação com o mesmo período do ano passado.
O facto de o Banco Central Europeu (BCE) estar a manter as taxas de juro em níveis elevados durante mais tempo do que o previsto ajudou a construir um semestre que superou as expectativas dos banqueiros, levando alguns a esperar um ano de 2024 melhor do que 2023 em termos de resultados.
A chamada margem financeira – que resulta essencialmente da diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos – voltou a engordar: atingiu os 4,77 mil milhões de euros, quase mais 13% em termos homólogos.
Ainda assim, o pico da rentabilidade e da margem já ficou para trás perante a perspetiva de descida dos juros, caminho que o BCE iniciou em junho e deverá conhecer novos capítulos em setembro e dezembro e, posteriormente, em 2025.
Este cenário deixa agora os bancos à procura de formas de atenuar o impacto da baixa das taxas de juro, que deverá passar por um aumento da atividade e pelo controlo dos custos.
Caixa e Santander com medalha de ouro
Caixa Geral de Depósitos (CGD) e Santander Totta ganharam a medalha de ouro no capítulo dos resultados. Pelo menos, foram os bancos que reportaram os níveis lucro e rentabilidade mais elevados entre os cinco principais do sistema.
O banco público lucrou 889 milhões de euros até junho, mais 46%, correspondendo a uma rentabilidade dos capitais próprios (ROE) de 18,7%. O bom desempenho levou Paulo Macedo a dar um dividendo extra de 300 milhões de euros ao acionista Estado. O lucro do banco dos espanhóis do Santander avançou 64,1% para 547,7 milhões de euros, com o ROE a aumentar para 25,3%.
No BCP e BPI, os resultados cresceram 14,7% e 27,7%, respetivamente. No primeiro caso, os lucros de 485,3 milhões equivalem a um ROE de 15,4%. No segundo, alcançou um ROTE (return on tangible assets) de 19,0% após lucrar 327 milhões em seis meses.
O Novobanco foi o único a contrariar a tendência: o resultado caiu quase 1% para 370 milhões, uma evolução justificada com a provisão de 30 milhões para o processo de transformação e que baixou o ROTE para 17,4%.
Volumes voltam a aumentar
Há um ano, a margem financeira subia por conta dos juros elevados, apesar da redução dos stocks de crédito e depósitos. Agora, o crescimento desta rubrica está a ser acompanhado e suportado por um aumento dos volumes.
A carteira de crédito aumentou 2,75% para 190 mil milhões de euros, ainda que o segmento da habitação esteja apenas agora a dar sinais de recuperação. Empresas e consumo estão a puxar por um mercado que tem sido dominado pelo tema do “cartel da banca”.
A base de depósitos subiu 4,5% para 222,4 mil milhões de euros, o que significa que os bancos já recuperaram da grande fuga de poupanças para os Certificados de Aforro verificada na primeira metade do ano passado.
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