“Seria um escândalo não reconduzir Centeno”, diz Ricciardi

José Maria Ricciardi defende o papel de Mário Centeno no Banco de Portugal e considera que se não houver uma recondução, estará em causa "um saneamento político".

Mário Centeno fez um anúncio surpreendente ao revelar, no podcast Bloco Central, que estava a trabalhar para ser nomeado pelo Governo para um segundo mandato como governador do Banco Central, uma posição de pressão direta sobre Joaquim Miranda Sarmento, e tem agora um apoio inesperado. “Seria um escândalo não reconduzir Centeno“, afirma José Maria Ricciardi ao ECO. O antigo banqueiro – foi presidente do BESI e é fundador da boutique de consultoria Optimal – entendeu assumir uma posição pública de defesa do ex-ministro das Finanças, pelo papel que teve em Portugal e da sua relevância internacional como presidente do Eurogrupo.

O governador do Banco de Portugal entrou em funções em 2019 e o mandato termina em julho do próximo ano, mas sabe-se que há divergências profundas com o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, a quem cabe propor o nome de um governador para um segundo mandato. Para Ricciardi, “o papel de Centeno, como ministro das ‘contas certas’ e como governador, com a solidez da banca, além do seu prestígio internacional“, justificam a renovação do mandato. “Se não o fizerem, será um saneamento político”, critica o antigo banqueiro que, em maio, ganhou uma batalha judicial, juntamente com outros cinco ex-gestores e recuperou o património anteriormente arrestado no âmbito do caso BES.

Na semana em que o ministro das Finanças indicou um novo administrador para o Banco de Portugal, Mário Centeno fez uma declaração surpreendente, tendo em conta o contexto politico e a mudança de governo. “Estou a desempenhar o cargo de governador para chegar a julho do ano que vem em condições de ter um segundo mandato“, afirmou no podcast ‘Bloco Central’, com Pedro Siza Vieira e Pedro Marques Lopes e moderado pelo jornalista Paulo Baldaia. E tem vontade de continuar como governador? “Tenho”, respondeu.

Como Centeno salientou no referido podcast, a decisão de continuidade no Banco de Portugal depende da sua vontade, mas em última análise da decisão de Joaquim Miranda Sarmento e do Governo. E o sinal que o ministro das Finanças deu esta semana não vai no mesmo sentido. Nos corredores do Banco de Portugal, sabe-se que o governador defende que o administrador Hélder Rosalino deveria sair no momento em que termina o mandato, em setembro próximo, mesmo que o Governo não tenha indicado um substituto. No entanto, quando o ministro das Finanças nomeia já um novo administrador, notícia em primeira mão do ECO, para preencher todos os lugares previstos na lei orgânica, está na prática a dizer também que haverá um substituto de Rosalino.

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