Exclusivo Estrangeiros dominam corrida à Somincor
Canadianos da Lundin já escolheram os candidatos para a apresentação de propostas firmes pela Somincor, que explora a mina de Neves-Corvo, no Alentejo. Negócio pode chegar aos mil milhões.
Os canadianos da Lundin Mining já selecionaram a short list de candidatos para apresentarem propostas vinculativas pela Somincor, empresa que tem a exploração da mina de Neves-Corvo. O processo está a ser conduzido diretamente a partir de Toronto e Vancouver, pelo Banque de Montréal (BMO) e uma equipa da Lundin Mining, em absoluto secretismo, mas já se sabe que os concorrentes estrangeiros dominam a passagem à segunda fase de negociação — a portuguesa Almina apresentou proposta, mas não foi possível apurar se terá passado — para uma operação que poderá valer mil milhões de euros.
A Lundin Mining, refira-se, pôs à venda dois ativos: Além da Somincor, também uma operação na Suécia, e o concurso admitia propostas pelas duas operações ou apenas por uma delas. Jack Lundin, filho do fundador da companhia, Lukas Henrik Lundin (que morreu em 2022), garantiu à agência Bloomberg, há meses, que a empresa não precisava de vender ativos para financiar os investimentos na Argentina e no Chile, em minas de cobre, mas este concurso avançou mesmo, como revelou o ECO. E sem informação sobre as condições que levaram à seleção de uma ‘short-list’, fontes de mercado admitem que as propostas pelas duas minas terão sido privilegiadas, e sabe-se que a Almina apresentou uma oferta não vinculativa apenas pelas minas Neves-Corvo.
O Banque de Montréal (BMO), que está a conduzir a operação, informou nos últimos dias os candidatos sobre quem passou à fase seguinte e quem ficou pelo caminho. A fase de entrega de ofertas ‘non-binding’ decorreu nas últimas semanas e terá atraído cerca de duas dezenas de interessados, com as propostas não vinculativas que, segundo fontes de mercado, poderão ter chegado aos mil milhões de euros (equity). Mas as mesmas fontes assinalam que, regra geral, as propostas vinculativas deverão ser de valor inferior. Agora vai arrancar o processo de due diligence, não apenas financeiro, mas também operacional. E uma das questões-chave é mesmo saber o período útil de vida de Neves-Corvo para a extração de cobre e zinco.
Contactada pelo ECO, a Somincor – que já confirmou que está no mercado, após a notícia divulgada em primeira mão pelo ECO — apenas diz que “não irá nesta fase pronunciar-se sobre o processo em curso”.
Há duas semanas, a Lundin anunciou um acordo de parceria com a gigante BHP para avançar para a compra da Filo por cerca de três mil milhões de dólares, estando prevista a criação de uma joint venture para explorar os projetos de cobre na Argentina.
Neves-Corvo é a maior mina de Portugal, produz cobre e zinco. Tem cinco grandes jazigos em produção (Neves, Corvo, Graça, Zambujal e Lombador). Em 2023, a faturação da Somincor apresentou uma queda face ao ano anterior, para 393 milhões de euros, um resultado operacional (EBITDA) de 83 milhões e lucros, em queda, de cerca de 1,5 milhões (13 milhões de euros em 2022).
De acordo com informação oficial da empresa, o processamento do minério em Neves-Corvo é feito através de duas lavarias. A Lavaria do Cobre processa aproximadamente por ano 2,6 milhões de toneladas de minério de cobre. A Lavaria do Zinco, que processa minério de zinco ou chumbo, tem capacidade de tratar anualmente cerca de 2,5 milhões de toneladas por ano.
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