Portugal tem reservas subterrâneas de gás natural para 35 dias

O país está a respeitar a meta europeia de 90% de reservas de gás em instalações subterrâneas, tendo chegado ao final de junho com stock de gás armazenado em cavernas de 102%.

Portugal reduziu o consumo de gás natural no primeiro semestre e já está a respeitar a meta europeia de reservas antes do inverno, com combustível suficiente para 35 dias, mostra um relatório da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).

No mais recente boletim sobre a utilização das infraestruturas de gás, divulgado esta terça-feira, a ERSE recorda que “o Plano RePowerEU estabelece como meta que cada país deverá ter, no mínimo, 90% de reservas de gás em instalações subterrâneas a 1 de novembro de 2023 e nos anos seguintes” – ou seja, a tempo do inverno, período em que se dá o pico do consumo.

Ora, os dados do regulador mostram que o país já estava a respeitar a meta no final de junho, quatro meses antes do prazo: “Em Portugal, o stock de gás armazenado em cavernas, a 31 de junho de 2024, foi de 102% da capacidade comercial firme disponível, o que equivale a 35 dias de consumo médio nacional”, indica o documento.

Em plena crise energética de 2022, após a invasão russa da Ucrânia, e com a limitação significativa do abastecimento de gás pela Rússia ao continente europeu, a Comissão Europeia implementou uma meta para que os países da União Europeia tivessem, pelo menos, 80% das reservas de gás preenchidas a partir de 1 de novembro de 2022. O objetivo, de acordo com a Comissão Europeia, é “prevenir apagões e falhas energéticas”, garantindo que as reservas de gás estão bem cheias antes do inverno.

Essa meta foi depois revista no ano seguinte, para os atuais 90%, valor que se mantém. No final da chamada heating season, a 1 de abril, a União Europeia ainda tinha a capacidade a 59%, um valor recorde e “um bom ponto de partida” para começar a reabastecer para o próximo inverno.

De acordo com dados da Comissão Europeia, em maio deste ano, as reservas já estavam a 63%. Agora, segundo a ERSE, “a nível europeu, o valor de gás armazenado em cavernas atingiu 77,4%” no final do semestre, quando faltam ainda quatro meses para o prazo dos 90%. Alemanha, Itália, França, Países Baixos e Áustria representam, no seu conjunto, dois terços da capacidade total da União Europeia.

As reservas de Portugal de 102% no final de junho contrastam com o observado no final de março, no final da temporada de maior consumo. Nessa altura, segundo o boletim anterior da ERSE, Portugal tinha reservas de 86% da capacidade, o equivalente a 25 dias de consumo, com o regulador a observar que o país escapa à sazonalidade normal no que toca a este combustível.

“O mês de março regista habitualmente stocks mínimos de gás nos armazenamentos subterrâneos europeus, devido à sazonalidade do consumo. Este efeito não se aplica em Portugal”, indicava o documento da ERSE.

O gás natural é, geralmente, usado para a produção de eletricidade, para aquecimento e também na indústria.

Renováveis ajudam a baixar consumo

A informação disponibilizada esta terça-feira, referente ao primeiro semestre do ano, também aponta para uma redução no consumo acumulado de gás natural no país na ordem dos 19% face ao mesmo período de 2023.

A produção de eletricidade a partir de fontes renováveis, nas barragens, com turbinas eólicas ou painéis solares, explica, em grande medida, essa redução no consumo, segundo a ERSE, com o consumo de gás no mercado elétrico a apresentar uma quebra significativa superior a 66%.

“A redução do consumo das centrais a gás está associada à elevada produção de energia renovável (hídrica, eólica, solar e biomassa), 82,1%, até ao final de junho de 2024″, elabora o relatório.

Ao nível das trocas com o exterior, Portugal exportou no primeiro semestre 5,3% menos gás e importou menos 41,4% do que no mesmo período de 2023.

Sobre este ponto, ao nível do aprovisionamento de gás, as importações de Gás Natural Liquefeito (GNL) através do terminal de Sines representaram 95% de todo o gás importado pelo país e injetado na rede. Quase metade do gás importado veio dos EUA, embora tenham atracado mais navios com bandeira da Nigéria.

Há ainda a destacar que o país voltou a receber um navio metaneiro com bandeira russa neste período, apesar dos esforços conjuntos da União Europeia para reduzir as compras de gás russo, devido à invasão da Ucrânia perpetrada por Moscovo.

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