Exclusivo Trofa Saúde e Sanfil Medicina à frente na corrida ao Hospital da Cruz Vermelha
Trofa Saúde e Sanfil Medicina estão na "pole position" para ficarem com o Hospital da Cruz Vermelha. Parpública injeta um milhão por mês para apoiar atividade.
Os grupos Trofa Saúde e Sanfil Medicina estão em vantagem na corrida pelo problemático Hospital da Cruz Vermelha, detido pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (55%) e pela Parpública (45%), de acordo com as informações recolhidas pelo ECO junto de duas fontes próximas do processo.
Por outro lado, a proposta do grupo Lusíadas – o outro candidato que também apresentou uma oferta vinculativa pelo hospital – está longe de convencer os responsáveis da Parpública, que, apesar de ser acionista minoritário, é quem está a conduzir a operação de venda com a ajuda do assessor financeiro CaixaBI. A Parpública e Lusíadas não quiseram comentar, enquanto não foi possível obter uma resposta da parte da Trofa Saúde e da Sanfil.
A Trofa Saúde é um dos maiores grupos de hospitais do país, operando uma rede de 17 hospitais, sobretudo na região Norte, embora conte com duas unidades na região de Lisboa (Loures e Amadora).
Já a Sanfil Medicina concentra a sua atividade na região Centro: dispõe de três hospitais e seis clínicas localizados em Coimbra, Leiria, Alcobaça, Cantanhede, Lousã e Pombal.
Prejuízos de 25 milhões em 5 anos
A venda do Hospital da Cruz Vermelha dá-se num quadro financeiro desafiante não só para o próprio hospital, mas também para o seu maior acionista, a Santa Casa.
Desde 2019 o hospital acumula prejuízos superiores a 26 milhões de euros e a atividade corrente tem sido assegurada graças ao apoio financeiro dos seus acionistas. Aportes que foram fundamentais para recuperar o negócio no ano passado: cresceu 30% para voltar a superar os 30 milhões, atingindo níveis pré-pandemia.
O relatório e contas da Parpública – divulgado na passada sexta-feira – mostra que em 2023 foi preciso injetar 11,2 milhões de euros no hospital, dos quais 5,03 milhões foram injetados pela holding que gere as participações do Estado e outros 6,14 milhões pela Santa Casa.
Uma fonte consultada pelo ECO revelou que, em face das dificuldades que a própria Santa Casa atravessa, foi entretanto assinado um acordo para a Parpública adiantar os fundos que deveriam ser aportados pela Santa Casa, que devolverá com juros a partir de janeiro do próximo ano. Outra fonte adiantou que a Parpública está a colocar um milhão de euros por mês de apoio à tesouraria.
Recuperação do negócio não trava perdas
Fonte: Hospital da Cruz Vermelha
Expectativa com nova gestão
O processo do Hospital da Cruz Vermelha tem sido atribulado. Em 2020, quando a Santa Casa comprou a participação de 55% que a Cruz Vermelha detinha na Sociedade Gestora do Hospital da Cruz Vermelha, ficou acordado que numa segunda fase compraria a posição de 45% detida Parpública. Essa operação nunca chegou a avançar.
O processo de venda foi novamente lançado no ano passado com a contratação do CaixaBI para levar a cabo a operação até setembro deste ano.
Embora o processo se encontre numa fase adiantada, aguarda-se com expectativa pelas instruções da nova liderança da Parpública. Joaquim Cadete acabou de ser eleito presidente da holding que administra as participações públicas em quase duas dezenas de empresas (Hospital da Cruz Vermelha incluída), depois do afastamento de José Realinho de Matos pelo Governo.
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