Professores nacionais recebem menos 9,4% que a média da OCDE
A disparidade salarial entre os professores nacionais e a média da OCDE e da União Europeia reduziu ligeiramente no último ano, mas a carreira docente continua a perder atratividade.
Os professores portugueses continuam a auferir salários inferiores à média dos seus colegas europeus e à média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Mas mantêm uma vantagem significativa face aos trabalhadores nacionais com habilitações semelhantes.
Segundo os dados divulgados esta terça-feira pela organização internacional no seu relatório anual “Education at a Glance 2024”, os salários dos docentes em Portugal em 2023 eram 9,4% inferiores à média dos salários registados nos 38 países da OCDE e 4,1% inferiores aos rendimentos médios dos professores a União Europeia a 25, quando ajustados à paridade do poder de compra.
Esta disparidade aumenta com o nível de experiência dos professores. Se em 2023 em Portugal um professor recém-entrado no ensino recebia um salário bruto anual médio de 36 mil euros, cerca de 6,4% inferior à média dos países da OCDE, um professor com 15 anos de experiência tinha um salário médio de 42 mil euros, menos 10,5% que os cerca de 46,4 mil euros da média de um professor da OCDE.
No entanto, os dados da OCDE mostram que a disparidade salarial entre os professores nacionais e da média da OCDE foi reduzida em cerca de um ponto percentual entre 2022 e 2023. Aumentou, porém, ligeiramente face à média verificada no bloco da União Europeia a 25.
Além disso, os dados da OCDE destacam também que, quando comparados com os restantes trabalhadores nacionais, os professores portugueses continuam a beneficiar de uma posição relativamente favorável.
“Em Portugal, os salários reais dos professores são, pelo menos, 25% superiores à média ponderada dos rendimentos de trabalhadores com níveis de educação semelhantes no país”, lê-se no relatório da OCDE, destacando que Portugal é uma exceção no contexto da OCDE dado “serem poucos os países onde os salários dos professores equiparam-se ou excedem os salários dos trabalhadores com formação superior ou com níveis de educação semelhantes.”
É de notar, contudo, que este diferencial positivo face aos restantes trabalhadores nacionais sofreu uma redução significativa face ao ano anterior. Em 2022, a vantagem salarial dos professores medido em paridade de poder de compra face aos seus pares com formação semelhante era de, pelo menos, 32%.
Esta evolução sugere que, apesar de manterem uma posição relativamente privilegiada no contexto nacional, os professores têm perdido terreno em termos de valorização salarial face a outras profissões qualificadas no país.
O relatório da OCDE sublinha, assim, a importância de salários competitivos para atrair e reter profissionais qualificados no ensino, um fator crucial para a qualidade da educação. Neste contexto, a posição de Portugal abaixo das médias internacionais, aliada à redução do diferencial face a outras profissões, pode representar um desafio para o sistema educativo nacional.
Estes dados vêm alimentar o debate sobre a necessidade de uma maior valorização da carreira docente em Portugal, não só para aproximar os salários dos professores portugueses dos padrões europeus, mas também para manter a atratividade da profissão face a outras opções de carreira para os jovens licenciados no país.
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