Portugal perde lugar para a Polónia no ranking de atratividade para investimento direto estrangeiro

Portugal foi ultrapassado pela Polónia e ocupa agora 7ª posição. Porém, 84% dos investidores inquiridos têm planos para estabelecer ou expandir operações no país em 2025, segundo um estudo da EY.

Portugal perdeu um lugar no ranking europeu de atratividade de investimento direto estrangeiro, ocupando agora o 7º lugar, de acordo com o EY Attractiveness Survey Portugal, divulgado esta terça-feira. O país foi ultrapassado pela Polónia, que conquistou um maior investimento por parte dos Estados Unidos da América.

De acordo com as conclusões do estudo da consultora, o resultado reflete “o maior investimento dos EUA na Polónia”, bem como “o crescimento económico lento, inflação persistentemente elevada, preços elevados da energia e a instabilidade política nacional”.

O número de projetos de investimento direto estrangeiro (IDE) em Portugal caiu 11%, para um total de 221 no ano passado, em comparação com o ano anterior, em linha com a diminuição registada em toda a Europa, depois de três anos de crescimento contínuo.

Ainda assim, a análise da EY indica que os projetos de IDE na área de Software & Serviços de TI continuam a liderar em Portugal, “num sinal de força da atratividade da economia digital para Portugal, que entre 2021 e 2023 foi o quarto país europeu a atrair o maior número de projetos de IDE (244) neste domínio”, destacando-se também os serviços às empresas e serviços profissionais, cujo crescimento mais do que quadruplicou em relação a 2022.

A análise conclui ainda que Portugal continua atrativo para o IDE, “com 84% dos investidores inquiridos a afirmarem terem planos para estabelecer ou expandir operações no país em 2025, um indicador acima da média europeu que não vai além dos 72%“. Paralelamente, 77% dos inquiridos antecipam a melhoria da atratividade do país nos próximos três anos, percentagem que superam os 49% registado em 2021.

Portugal, apesar da redução do número de projetos de IDE em 2023, continua a afirmar-se como um destino de investimento estável e bastante atrativo. A permanência no ‘top 10’ dos países europeus que merecem maior confiança por parte dos investidores estrangeiros é um sinal claro do crescimento progressivo do país, que se destaca a nível internacional pela qualificação da sua força de trabalho e por estar na linha da frente em matéria de inovação, desenvolvimento tecnológico e sustentabilidade ambiental”, afirma Miguel Farinha, Country Manager Partner, EY Portuguese Cluster, citado em comunicado.

Portugal, apesar da redução do número de projetos de IDE em 2023, continua a afirmar-se como um destino de investimento estável e bastante atrativo

Miguel Farinha

Partner da EY

Por sua vez, Miguel Cardoso Pinto, Partner, Strategy and Transactions Leader, considera que os resultados “confirmam a resiliência da economia nacional que, mesmo em tempos de turbulência global, manifestou capacidade de acolher projetos de IDE”. Para o partner da EY, “a diversidade setorial em que incide o investimento direto estrangeiro e o aumento da atratividade de várias regiões fora dos grandes centros urbanos são indicadores de interesse que devem ser potenciados, inclusivamente para captar investimento de novas geografias”.

Lisboa e Norte são as zona mais atrativas

Lisboa e o Norte de Portugal são os principais destinos de IDE, uma tendência que se tem registado nos últimos anos, apesar da redução de mais de 18% no número de projetos anunciados em 2023 em relação a 2022, de acordo com o relatório. A EY destaca ainda que, por seu lado, a zona Centro, que quase duplicou o número de projetos de IDE de 2022 para 2023, “é um território em clara ascensão, ultrapassando o Norte do país como a segunda região mais atrativa de acordo com os investidores inquiridos”.

As restantes regiões de Portugal, no seu conjunto, representam menos de 5% dos fluxos de IDE em 2023, com ligeiros indicadores de crescimento no Algarve, Madeira e Açores.

Os EUA, França e Alemanha são os países com mais IDE em Portugal, representando mais de 40% dos projetos, com o setor de Software & IT Services a reunir a maioria do investimento e com 40 projetos provenientes destas geografias.

A contribuir para a atratividade do país estão as competências e a disponibilidade da mão-de-obra nacional, segundo o relatório. Neste sentido, considera que “a mão-de-obra portuguesa se distingue por operar em múltiplos setores, abrangendo indústrias tradicionais e serviços modernos, uma realidade suportada por pessoas cada vez mais experientes em tecnologia”.

“O know-how tecnológico, o ambiente fiscal e a qualidade de vida em Portugal, combinada com a maior estabilidade geopolítica da Europa Ocidental, são outros fatores considerados como atrativos por parte dos investidores”, pode ler-se. A EY indica que dos 200 investidores inquiridos, os que fazem parte do setor químico e farmacêutico, high-tech e indústria são mais otimistas quanto à atratividade de Portugal como destino de investimento.

Entre as propostas para tornar o país mais favorável ao investimento, a EY defende que “Portugal deve mudar a perceção de um país que oferece investimento a preço acessível para um destino que apresenta valor acrescentado”.

“Apostar na modernização e simplificação para facilitar as operações comerciais através de processos fiscais digitais que reduzam a burocracia e acelerem processos de aprovação são outras das recomendações“, refere, acrescentando que “em matéria de sustentabilidade, os investidores salientam que Portugal tem ainda margem para melhorar em termos de regulamentação, alertando para a necessidade de desenvolver quadros jurídicos favoráveis à sustentabilidade que apoiem o crescimento de empresas”.

(Notícia atualizada às 11h05)

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