Fábrica de tripas dinamarquesa “queima” 300 empregos em Gaia

Três meses após um incêndio destruir parte da fábrica onde trabalhavam 435 pessoas, a DAT-Schaub avança com um despedimento coletivo, rescisões amigáveis e prepara lay-off a partir de 14 de outubro.

A DAT-Schaub Portugal, unidade de produção de tripas localizada em Vila Nova de Gaia, vai avançar com o despedimento coletivo de 125 trabalhadores e recorrer ao lay-off para abranger outras 150 pessoas. Três meses depois de um violento incêndio ter destruído a fábrica do grupo dinamarquês, que empregava 435 pessoas, houve ainda 25 trabalhadores que chegaram a acordo para rescisões amigáveis.

Em declarações ao ECO, José Armando Correia, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Industrias de Alimentação (STIANOR), confirmou a “intenção do despedimento coletivo de 125 trabalhadores”, tendo sido informados por e-mail na quarta-feira”. O responsável refere ainda que “as 25 rescisões amigáveis já foram concluídas”.

Por outro lado, José Armando Correia adianta que a empresa “pretende iniciar o lay-off de aproximadamente 150 colaboradores no dia 14 de outubro”, aumentando assim para 300 o número de postos de trabalho em risco. Contactada pelo ECO, a empresa recusou-se a fazer qualquer comentário sobre a intenção de despedimento coletivo e sobre a situação do lay-off.

A empresa pretende iniciar o lay-off de aproximadamente 150 colaboradores no dia 14 de outubro.

José Armando Correia

Coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Industrias de Alimentação (STIANOR)

O dirigente sindical relata que neste momento estão a laborar cerca de 135 pessoas, ou seja “um terço dos funcionários”, nas áreas que não foram afetadas pelo incêndio. Na altura, a administração da empresa dinamarquesa garantiu que os funcionários continuariam em funções até finais de agosto, com os salários e subsídios de férias assegurados, apesar de toda a área de produção ter ficado destruída.

Apenas as áreas de armazenamento e manutenção da fábrica não foram afetadas pelas chamas que deflagraram a 6 de julho. Ainda de acordo com o líder do sindicato, a empresa “alegou que reconstruir a fábrica vai demorar um ano” e que essa “é a principal razão da intenção do despedimento“.

Fábrica da DAT-Schaub Portugal, em Vila Nova de Gaia, antes do incêndio de julho DAT-Schaub Portugal

No seguimento do incêndio, a Câmara de Vila Nova de Gaia aprovou por unanimidade a isenção total de taxas municipais referentes às obras de recuperação das instalações localizadas na freguesia de Arcozelo. No entanto, esta medida adotada pelo Executivo liderado por Eduardo Vítor Rodrigues não travou esta destruição de emprego. Contactada pelo ECO para comentar a atuação da empresa, a autarquia recusou prestar declarações.

Para esta sexta-feira, às 14h30, está agendada uma reunião entre os trabalhadores e o sindicato nas instalações da fábrica. O Sindicato dos Trabalhadores da Industrias de Alimentação explica que vai ser criada uma comissão de cinco trabalhadores para representar os 125 que vão ser despedidos e também uma comissão de lay-off que vai acompanhar o processo.

Fundada em 1893 em Copenhaga, o grupo DAT-Schaub detém 19 unidades produtivas em 17 países e emprega mais de 3.800 pessoas.

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