Exclusivo Depois do Walmart, Instaleap dá o salto para Médio Oriente e Ásia com solução de e-commerce

Instaleap entra este mês no Dubai, Qatar e Arábia Saudita, e até ao final do ano espera lançar no sudeste asiático. O gigante Walmart é um dos clientes da solução de ecommerce criada por portugueses.

Margarida Freitas e António Santos Nunes, fundadores da Instaleap

Depois de convencer gigantes como o norte-americano Walmart, cadeias como a 7 eleven, Carrefour, Walgreens, Spar ou os portugueses Continente e grupo Jerónimo Martins a adotar a sua solução de e-commerce e logística nas suas operações, a Instaleap entra em outubro no Dubai, Qatar e Arábia Saudita e espera lançar no sudeste asiático até ao final do ano. E já tem um novo destino carimbado no passaporte: “Europa é o foco para 2025.”

“A nossa visão é ser o partner de referência para qualquer supermercado que se quer digitalizar no mundo. No imediato estamos focados na expansão na EMEA (Europa e Médio Oriente), reforçando as nossas operações na região, a nível de equipa, stakeholders e novos clientes. Dentro da EMEA os nossos mercados de foco são a Europa emergente (Leste) e o Médio Oriente”, começa por referir António Santos Nunes, cofundador e CEO da Instaleap, ao ECO.

“Lançamos a operação no Dubai, Qatar e Arábia Saudita agora em outubro. Europa é o foco para 2025. Esperamos lançar no Sudeste Asiático no quarto trimestre de 2024”, precisa o CEO da empresa.

Operação em 30 mercados

Lançada em 2019, a Instaleap opera hoje em “mais de 30 países”, abrangendo a América Latina, Europa (Portugal, Espanha, Itália, Irlanda, Croácia, Ucrânia), Médio Oriente (Dubai, Arábia Saudita, Qatar). E já vários escritórios que funcionam como hub para diversas zonas geográficas: América Latina, Europa e Médio Oriente.

Temos escritórios estrategicamente localizados em Bogotá, São Paulo, Barcelona e Dubai. A nossa carteira ultrapassa os 100 clientes em mais de 30 países. Os nossos clientes incluem vários líderes do retalho mundial: Walmart (maior supermercado do mundo), HEB (top 5 dos retalhistas nos EUA), 7-eleven (maior loja de conveniência do mundo), Lulu (supermercado top 3 no médio oriente), Carrefour, Walgreens, Spar, entre outros”, elenca.

“Oferecemos soluções de e-commerce e logística que ajudam os retalhistas a otimizar as suas operações digitais e omnicanal, melhorando tanto a eficiência como a rentabilidade”, destaca.

Em Portugal, o Continente e a Jerónimo Martins são clientes. “Portugal é um mercado que apesar de pequeno, temos muito perto do nosso coração porque tanto eu como a Margarida [Freitas], a minha sócia e COO do Instaleap, somos portugueses”, comenta.

“O Continente foi o nosso primeiro cliente na Europa e temos crescido de mão dada. Atualmente, o Instaleap é o coração da sua operação de quick-delivery centralizando os pedidos da Uber, Glovo e Quico, o que lhes tem permitido um crescimento dez vezes superior nos últimos quatro anos”, refere. “Trabalhamos também com a Jerónimo Martins, desde o ano passado que trabalhamos com o Recheio Cash & Carry”, acrescenta.

Empreendedorismo em série

A ‘ligação’ do grupo da família Soares dos Santos não é de agora. A SFMS (holding da família Soares dos Santos) foi um dos investidores que, em dezembro de 2017, participaram numa ronda de financiamento de nove milhões dólares (8,1 milhões de euros, ao câmbio atual) na Mercadoni, juntamente com o fundo de investimento Naspers (através da Movile), Axon Partners Group (Espanha) e Pegasus (Argentina).

O investimento série A foi, na época, apontado como um dos maiores da história de empresas de e-commerce na América Latina. A app de entregas rápidas tinha na altura mais de quatro mil personal shoppers ativos na plataforma e mais de 100 cadeias de supermercados ligadas. E tratava-se de uma startup fundada pelos portugueses Pedro Freire e António Santos Nunes.

A Instaleap é o mais recente projeto fundado por este empreendedor ‘em série’. Criou uma ONG, passou pela McKinsey, mais tarde juntou-se à alemã Rocket Internet. “Com o apoio deles, lançamos em 2011 o primeiro e-commerce de moda do Sudeste asiático (Zalora) e, posteriormente (2012), o primeiro e-commerce generalista, ‘tipo Amazon’, da América Latina (Linio) que vendemos por mais de 100 milhões de dólares em 2017 [à chilena Falabella]”, recorda António Santos Nunes.

“Durante esse percurso, identificamos que a categoria de produtos alimentares (um dos maiores mercados do retalho) tinha uma oportunidade no e-commerce. Começamos por criar a Mercadoni, uma app de entregas de produtos de supermercado, mas rapidamente percebemos que existia uma oportunidade maior em utilizar a tecnologia para ajudar os supermercados offline do mundo a operar melhor os seus próprios canais de e-commerce”, aponta.

O objetivo é estar breakeven já em 2025 e reinvestir todo o cashflow do negócio na expansão, sem precisar de levantamento adicional de capital.

E assim nasce, em 2019, a Instaleap, uma solução SaaS de e-commerce e logística que ajuda os retalhistas a operar comércio online com uma logística rentável.

Um ano depois, a solução convence “o” gigante do retalho alimentar. “O Walmart tornou-se um dos nossos parceiros estratégicos, integrando a nossa tecnologia em mais de três das suas marcas internacionais“, diz. No ano seguinte, expandem operações para o Brasil e, entre 2022 e 2023, lançam soluções específicas para farmácias e iniciam operações na Europa, “integrando capacidades de IA no nosso e-commerce.”

Três milhões de transações mensais

Sedeados nos EUA (em Delaware), hoje operam em mais de 100 países e têm operações e equipas distribuídas globalmente. “A nossa primeira equipa estava na Colômbia, um mercado muito desenvolvido em quick delivery, onde já é normal entregas em menos de 20 minutos há muitos anos e existe muito talento tecnológico de alta qualidade com tradição de fazer software para as maiores tecnológicas americanas remotamente, como é exemplo do Google, Meta ou Netflix)”, explica. Progressivamente, “começamos a ter as equipas distribuídas e clientes em todo o mundo, porque o nosso software sendo muito ultra especializado em termos de setor é também altamente escalável geograficamente”.

A equipa europeia, por exemplo, “está baseada em Barcelona e voa frequentemente a Lisboa/Portugal para executar os projetos quando necessário”.

Ao nível operacional, no ano passado a Instaleap alcançou um “marco significativo”: ultrapassou mil milhões de dólares em Valor Bruto de Mercadoria transacionada (GMV), tendo processado mais de três milhões de transações a cada mês, destaca o CEO.

O nosso crescimento nos últimos 4 anos tem sido exponencial, e estamos empenhados em manter esta trajetória ascendente nos próximos anos“, aponta.

Um crescimento que vai sustentar os planos de expansão. Até agora a Instaleap já levantou 10 milhões de dólares (cerca de 9 milhões de euros), dos quais 5 milhões levantados em abril do ano passado numa ronda série A liderada pelo grupo Pegasus, Redwood Ventures e Eduardo Castro-Wright, antigo CEO de global ecommerce & global sourcing do Wallmart.

“O objetivo é estar breakeven já em 2025 e reinvestir todo o cashflow do negócio na expansão, sem precisar de levantamento adicional de capital”, aponta.

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