Jorg Kukies será o novo ministro das Finanças da Alemanha
Fonte do Governo alemão avançou nome de Kukies, conselheiro próximo do chanceler, como o substituto de Lindner. Líder da oposição pede que seja convocada moção de confiança até à próxima semana.
Jorg Kukies, conselheiro próximo do chanceler Olaf Scholz, é o novo ministro das Finanças alemão, disse esta quinta-feira à Agência France Presse fonte governamental de Berlim.
Especialista em questões económicas, Kukies, 56 anos, assume a pasta das Finanças num Governo em crise, que já não tem maioria no Parlamento de Berlim e no qual apenas restam representantes dos partidos Social-Democrata (SPD) e Verdes.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, demitiu na quarta-feira o ministro das Finanças, Christian Lindner, do Partido Democrático Liberal, após uma série de reuniões. O líder do Governo alemão acusou Lindner de ter quebrado a confiança e de ter apelado publicamente a uma política económica diferente, incluindo o que Scholz disse que seriam “reduções de impostos no valor de milhares de milhões para alguns dos que ganham mais” e, ao mesmo tempo, cortar as pensões de todos os reformados.
Já os três outros ministros do Partido Democrático Liberal (FDP) apresentaram a demissão ao fim da noite de quarta-feira, provocando uma crise na coligação governamental alemã.
Entretanto, Volker Wissing, o ministro dos Transportes, retirou a demissão e disse aos jornalistas na manhã desta quinta-feira, em Berlim, que, depois de falar com Scholz, tinha decidido continuar como ministro, abandonando o partido. Os outros dois ministros do FDP que se demitiram podem vir a ser substituídos, indicou na manhã desta quinta-feira a agência noticiosa alemã DPA.
Ainda na quarta-feira, Scholz anunciou que vai pedir um voto de confiança no dia 15 de janeiro, o que pode provocar a eleições antecipadas já em março de 2025.
No entanto, o líder do maior partido da oposição, Friedrich Merz (CDU – União Democrata-Cristã), instou esta quinta-feira o primeiro-ministro alemão a antecipar a moção de confiança para “o mais tardar” até à próxima semana.
Citado pela agência espanhola EFE, Merz disse que “não há razão para esperar até janeiro do próximo ano para pedir um voto de confiança”, sublinhando que o Governo de coligação “já não tem maioria” no Parlamento.
O líder da CDU adiantou ainda que, na reunião agendada para o meio-dia com Scholz, vai pedir-lhe que “abra caminho”para a realização de eleições e que vai apresentar os seus argumentos num encontro posterior com o Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier.
Por sua vez, também esta quinta-feira, o vice-chanceler e ministro da Economia, Robert Habeck (Verdes), apoiou a decisão de Olaf Scholz de demitir o ministro das Finanças, insistindo que a Alemanha é capaz de funcionar apesar do colapso da coligação governativa.
Christian Lindner não foi capaz de concluir a tarefa fundamental de elaborar um orçamento e perdeu o respeito dos outros membros do Governo, disse Habeck, em declarações à emissora alemã Deutschlandfunk. “A este respeito, a decisão do chanceler foi lógica. Foi coerente e necessária nesta altura”, acrescentou.
Acordo com oposição alemã é “praticamente impossível”
O politólogo Oscar Gabriel acredita que um acordo entre o Partido Social Democrata (SPD), do chanceler Olaf Scholz, e a União Democrata-cristã (CDU) para salvar o atual governo minoritário, na Alemanha, é praticamente impossível.
“Não há qualquer razão para um acordo entre o SPD e a CDU. A comunicação com a oposição nunca foi guiada por respeito e cooperação. Como Scholz nunca precisou da oposição, nunca tentou alcançar nenhum acordo com eles, por isso não vejo nenhum motivo para que os conservadores os ajudem a sair da crise”, apontou Gabriel, em declarações à agência Lusa.
Para o politólogo Oscar Gabriel, o mais provável é que uma moção de confiança, solicitada pelo chanceler ao parlamento, não consiga a maioria e precipite eleições antecipadas no início do ano. “Podemos ter um governo minoritário que dure algumas semanas ou meses. E eu excluiria a hipótese de um acordo, qualquer que seja, com a CDU”, frisou.
“É uma situação bastante semelhante à que vivemos em 1982, quando o governo de Helmut Schmidt acabou depois de severos desentendimentos entre os liberais e os social-democratas. Nessa altura, Schmidt livrou-se dos ministros liberais, o que levou à perda de maioria no parlamento. Agora temos as mesmas opções para lidar com esta situação”, recordou o cientista político.
(Notícia atualizada às 12h35)
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