Von der Leyen já felicitou Trump. Bruxelas quer aumentar importações americanas de GNL
Von der Leyen já estabeleceu contacto com Donald Trump, felicitando-o pela vitória. Defesa, Ucrânia e energia estiverem no centro da "breve conversa" entre os dois.
A presidente da Comissão Europeia já felicitou Donald Trump pela vitória nas eleições norte-americanas, dando nota que durante a “breve conversa” que tiveram, esta quinta-feira, foi possível abordar três assuntos: Ucrânia, defesa e energia.
“Os Estados Unidos são o nosso principal parceiro económico, partilhamos uma ligação única. É importante manter boas relações com a nova administração e é assim que vamos continuar a honrar a nossa aliança“, afirmou Ursula von der Leyen, durante uma conferência de imprensa após o Conselho Europeu, em Budapeste, esta sexta-feira.
De acordo com a chefe do executivo comunitário, os dois líderes trocaram ideias sobre o futuro do apoio à Ucrânia, defesa e energia, sobretudo no que toca à importação de gás natural liquefeito (GNL) cujo bloco europeu ainda importa da Rússia, ainda que em menos quantidades.
“Falámos sobre a questão do GNL, visto que ainda recebemos grande parte da Rússia. E porque não substituí-lo pelo gás americano? É mais barato e permite reduzir os nossos preços É uma discussão a ter“, disse em resposta aos jornalistas, salientando ser “muito importante” identificar os “interesses comuns” entre o bloco europeu e os Estados Unidos e “negociar”.
A dependência europeia do gás continua a seguir uma trajetória de declínio, segundo o relatório do Estado da Energia na União apresentado, em setembro. A quota do gás russo nas importações da União Europeia (UE) caiu de 45% em 2021 para 18% em junho de 2024, enquanto as importações vindas da Noruega e dos EUA continuam a aumentar. Até ao final do ano, a expectativa é de que esse valor atinja valores ainda mais baixos, uma vez que se aproxima o fim do acordo de trânsito de gás natural entre a Rússia e a Ucrânia por via do gasoduto Gazprom.
Na sequência da invasão russa, a Ucrânia anunciou em junho que não vai prolongar o contrato de cinco anos com a Gazprom para o transporte de gás russo quando este expirar em dezembro. A rota de trânsito de gás da Ucrânia, acordada por Moscovo e Kiev em 2019, permite à Rússia exportar gás para países como a Áustria, Eslováquia, Itália, Hungria, Croácia, Eslovénia e a Moldávia através da Ucrânia. E, embora a maioria destes destinatários tenha reduzido a sua dependência do gás russo desde o início da guerra, ainda se contabiliza a entrada de metros cúbicos de gás natural vindos de Moscovo por via deste canal.
A presidente da Comissão Europeia está confiante quanto ao decorrer dessas negociações, mas não é o caso para Viktor Orbán. O primeiro-ministro da Hungria admite que os próximos quatro anos vão ser “difíceis” para a União Europeia no que toca às relações comerciais com os Estados Unidos.
“Não vai ser fácil. Vai ser difícil, e [Donald Trump] vai seguramente procurar servir melhor os interesses americanos do que europeus”, afirmou durante a conferência da imprensa. “Vamos ter de chegar a acordo e vai depender da nossa força, se formos bons conseguiremos um bom acordo“, defendeu o primeiro-ministro húngaro.
A conversa entre Ursula von der Leyen e Donald Trump decorre numa altura de transição política nos dois blocos. Por cá, a Comissão Europeia está em fase de formação, estando os 26 comissários a serem ouvidos pelo Parlamento Europeu, até à próxima terça-feira, dia 12 de novembro. O novo executivo comunitário deverá entrar em funções no dia 1 de dezembro se nenhum dos candidatos a comissários for chumbado pelos eurodeputados. Por seu turno, e do outro lado do Atlântico, a Casa Branca entra agora numa fase de transição perante a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais. O novo presidente tomará posse no dia 20 de janeiro de 2025.
Até lá, será expectável que a União Europeia já tenha preparado um plano de retaliação se o novo presidente avançar com novas taxas aduaneiras. De acordo com a notícia avançada pela Bloomberg, Bruxelas só avançará com novas taxas sobre os produtos norte-americanos se Donald Trump, enquanto presidente dos Estados Unidos, repetir a proeza de 2018 e avançar no mesmo sentido em relação aos produtos europeus. Trump já fez as contas. Quer aplicar tarifas adicionais de entre 10% a 20% a produtos vindos da UE e também de outras partes do mundo.
Fontes próximas do processo indicam à Bloomberg que essa não será, no entanto, a primeira opção do executivo comunitário. A prioridade, caso Donald Trump vença as eleições, será de chegar a um acordo em algumas áreas de interesse comum, nomeadamente a China.
As tensões comerciais entre os 27 Estados-membros e Pequim têm subido de tom desde que o executivo decidiu, no início do mês, avançar com taxas extra à importação de carros elétricos chineses. Em resposta, o ministério do Comércio da China decidiu aplicar medidas anti-dumping sobre as exportações europeias de brandy e lançar uma investigação sobre as importações europeias de carne de porco e laticínios europeus.
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