BES: Lesados veem “luz ao fundo do túnel” após reunião com grupo parlamentar do PSD
Nova reunião entre a Associação Lesados do Papel Comercial do BES e o grupo parlamentar do PSD ficou marcada para janeiro.
A Associação Lesados do Papel Comercial (ALPC) do BES disse esta quinta-feira existir “luz ao fundo do túnel” para uma solução que os satisfaça, após a reunião com o grupo parlamentar do PSD.
Em declarações à agência Lusa, após a reunião na Assembleia da República, em Lisboa, Jorge Novo da direção da ALPC disse que esta foi a primeira reunião com o grupo parlamentar do PSD desde que o atual Governo (PSD/CDS-PP) está no poder, tendo os representantes da ALPC se reunido com os deputados Hugo Carneiro e Hugo Soares (líder parlamentar do PSD).
“Há uma luz ao fundo do túnel. Eles também querem resolver a nossa situação, é lamentável andarmos nisto há 10 anos”, disse à Lusa Jorge Novo. O lesado do Banco Espírito Santo (BES) disse ainda que os deputados do PSD lhes disseram que iriam abordar em breve o tema com o primeiro-ministro, Luís Montenegro.
Nova reunião entre a ALPC e o grupo parlamentar do PSD ficou marcada para janeiro. Segundo Jorge Novo, na associação estão representados lesados que aderiram em 2017 à solução do papel comercial (em que recuperaram parte do investimento) e clientes que não aderiram por discordarem de que fosse recuperado apenas parte do dinheiro.
Os lesados que aderiram ao mecanismo de recuperação de créditos pretendem que todos recuperem 75% dos investimentos (a solução de 2017 fez depender o dinheiro recuperado do capital investido), enquanto os lesados que não aderiram pretendem recuperar 100% do investimento. “Queremos que o Governo resolva essa situação. Temos de conversar, analisar a situação. Vamos ver o que daqui para a frente sairá”, afirmou.
Em agosto, numa manifestação no Porto para assinalar os 10 anos da queda do BES, o vice-presidente da Associação dos Lesados do Papel Comercial (ALPC) Rui Alves disse à Lusa que “dos 2.100 lesados do papel comercial, há 258 lesados que não receberam os 75%” da indemnização parcial, estimando que para esses são precisos mais 39 milhões de euros. Já para os 20 a 25 lesados que não assinaram o acordo com o banco e que querem ser ressarcidas na totalidade estimou que são precisos seis milhões de euros.
O BES desapareceu há mais de dez anos, no domingo 3 de agosto de 2014, quando foi alvo de uma medida de resolução. A queda do banco e do Grupo Espírito Santo fez milhares de lesados, desde logo clientes do papel comercial. Dez anos depois da queda do BES, o julgamento do processo BES/GES arrancou em outubro passado.
Em 15 de outubro, no arranque do julgamento, o lesado do BES Jorge Novo interpelou o líder histórico do BES, Ricardo Salgado, durante a sua chegada ao tribunal. Então, em declarações à Lusa, Jorge Novo (que esteve reunido com o grupo parlamentar do PSD) disse que havia uma provisão para o papel comercial mas que transitou para o Novobanco e que aí “foi desaparecendo” e afirmou esperar que o atual Governo “resolva da situação”.
Os lesados do BES têm-se organizado em várias associações consoante os seus casos. Também a ABESD (Associação de Defesa dos Clientes Bancários) e a ALEV (Associação de Lesados Emigrantes da Venezuela e África do Sul) defendem que o poder político tem de tomar mais medidas para que lesados que representam recuperem perdas.
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