Enerfip lança o seu primeiro crowdfunding de energia solar em Portugal
A plataforma francesa de crowdfunding vai apoiar o financiamento de um projeto solar em Portugal, a estreia da plataforma no país. Promete um retorno de 8,5% em troca de um mínimo de 10 euros.
A Enerfip, uma plataforma francesa de investimento focada em projetos ligados à transição energética, acaba de lançar o seu primeiro financiamento de um projeto localizado em Portugal, neste caso, um grupo de projetos solares.
Numa lógica de crowdfunding, a plataforma desafia os investidores a contribuírem para a angariação de 5 milhões de euros, com um investimento mínimo de 10 euros, e a promessa de um retorno de 8,5%. Mas a empresa espera não ficar por aqui: está a analisar mais 20 projetos, dos quais espera financiar pelo menos dois ao longo do próximo ano.
A estreia da empresa no mercado português fica marcada por um grupo de seis projetos, com uma capacidade total de 22,5 megawatts-pico. São promovidos pela espanhola Langur Holding Corporation, que detém uma filial em terras lusas, a Langur Portugal, em parceria com o fundo de investimento luxemburguês Green Power. Os projetos já estão numa fase de “pronto a construir”, e a construção oscilará entre 32 e 48 semanas, consoante a dimensão de cada um. Avançarão todos em paralelo, de forma a estender o período de implementação, no máximo, até 18 meses. Estará pronto a operar no início de 2026.
O objetivo é arrecadar um total de 5 milhões de euros, num empréstimo de um ano e meio que oferece um retorno anual de 8,5%. O reembolso dar-se-á na data de vencimento do empréstimo. No mínimo, os investidores podem investir 10 euros neste projeto, ou podem estender-se até ao teto máximo de 147.890 euros. A janela de oportunidade está aberta desde 25 de novembro e assim permanecerá até 15 de dezembro, data na qual está previsto o fecho do financiamento.
“Em vez de de comprar um vinho pode investir na transição energética”, graceja o CEO da Enerfip, Eduardo Calderón, referindo-se ao montante de investimento mais baixo que a plataforma permite, os 10 euros. Os interessados têm que criar um perfil, que, depois de validado, lhes irá permitir investir no projeto selecionado. Depois, o utilizador dispõe de 10 dias para fazer a transferência que conclui o investimento.
O maior dos projetos em causa vai instalar-se em Várzea, e terá uma potência de 6.212 quilowatts-pico. Por ordem decrescente de capacidade, segue-se o de Ourém, Almourol, Almeirim, Gouveia e finalmente Proença, com 1.009 kwp. A Enerfip está apenas a financiar cerca de um quarto do valor do projeto, que está avaliado em cerca de 20 milhões de euros. Estes promotores não são novos no mercado português: já detêm o Power Progress, um conjunto de oito projetos de 2 MWp, e uma central fotovoltaica, sob a insígnia “Malhada”, de 3,2 MWp, ambos em operação.
No site pode aceder-se a uma lista dos projetos de financiamento ativos e perceber em que fase estão em termos de reembolsos. “Temos uma default rate de apenas 0,13%“, indica o responsável, referindo-se à percentagem de projetos que não pagaram juros no tempo definido ou que não reembolsaram no tempo previsto. “Isso não significa que tudo está perdido”, sublinha Calderón. Nestas situações, a Enerfip ativa as “seguranças” contratuais, de forma a entregar o máximo de valor possível ao investidor.
Em média, o investimento nos projetos da Enerfip entregam um retorno de 8%. “Trabalhamos com um grande intervalo [de retorno], dependendo do risco” afirma, balizando este intervalo entre os 7% e os 9,5%.
A Enerfip autointitula-se “agnóstica” no que diz respeito às tecnologias que financia, desde que contribuam para a descarbonização. No entanto, os projetos de energia solar são de momento uma larga maioria, representando cerca de metade do portefólio, indica Calderón. Estes são sobretudo projetos de solar distribuído, e não de larga escala, já que “é onde podemos acrescentar mais valor”, considera o gestor, além de reconhecer algumas limitações na licença de atividade, que apenas permite que a empresa lance projetos de financiamento até 5 milhões de euros.
Há mais projetos para Portugal e até noutros continentes
“Este é o nosso primeiro projeto [em Portugal] e espero que venham aí mais”, avança ainda Eduardo Calderón. Estão agora sob análise mais de 20 projetos no país, e o CEO afirma que “é certo” que serão financiados através da Enerfip pelo menos dois a três novos projetos em 2025.
A empresa tem projetos espalhados um pouco por toda a Europa: França, Espanha, Itália, Hungria e Polónia são as localizações que já acolhem projetos financiados pela Enerfip. A empresa partilha que está ainda a trabalhar com promotores de projetos na América Latina, Ásia e África, e espera expandir o portfólio nestas localizações num horizonte de dois a três anos.
Apesar destas perspetivas, Eduardo Calderón afirma que, para já, o foco está mesmo virado para a Europa, e para alargar a base de investidores no Velho Continente. Os cidadãos europeus podem investir em qualquer projeto da plataforma da Enerfip, quer se localize dentro ou fora das suas fronteiras.
Desde a sua fundação, em 2024, a Enerfip regista um volume de investimento de 500 milhões de euros, tendo financiado um total de 430 projetos, métricas pelas quais a empresa garante ser líder no mercado de crowdfunding de projetos sustentáveis. O crescimento verificou-se sobretudo a partir de 2020, ao ritmo de 100 milhões de euros de financiamento anuais. No entanto, só em janeiro de 2023 é que a Enerfip obteve a licença para financiar projetos noutros países europeus, fora de França.
Em junho lançou-se no primeiro projeto em Espanha, de 40 milhões de euros. Portugal tem desde então estado no radar da Enerfip, que está atenta a oportunidades no país, mas “não há assim tantos projetos pequenos e médios em Portugal”, avalia Eduardo Calderón, o que limita a Enerfip, já que a licença só permite um financiamento máximo de 5 milhões por projeto.
O berço – e sede – da empresa é a cidade francesa de Montpellier. Mas já tem braços estendidos pela Península Ibérica, onde abriu escritórios em Madrid, Espanha. A empresa emprega um total de 46 pessoas, das quais seis operam a partir do escritório espanhol. Também tem um escritório em Milão e outro, recém criado, em Amesterdão.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Enerfip lança o seu primeiro crowdfunding de energia solar em Portugal
{{ noCommentsLabel }}