Rússia disponível para continuar a fornecer gás à Ucrânia e evitar prejuízos de 6,5 mil milhões

Com o fim do contrato de fornecimento de gás russo para a Ucrânia a chegar ao fim a 1 de janeiro, Moscovo disponibilizou-se para prolongar fornecimento e evitar prejuízos de 6,5 mil milhões.

Com a aproximação do fim do contrato de fornecimento de gás natural por gasoduto entre Moscovo e Kiev, o Kremlin disponibilizou-se para prolongar a exportação deste combustível para a Ucrânia por outras rotas, avança o Kyiv Independent. Mas não deverá surtir efeito. Volodymyr Zelensky já tinha recusado a proposta, frisando não ter intenções de dar à Rússia “a oportunidade de ganhar mais milhares de milhões com o sangue” dos ucranianos. Segundo o Presidente, o país só renovará o contrato sob a condição de o pagar após o fim da guerra na Ucrânia.

Em causa está o fim do contrato de fornecimento de gás natural que expira no dia 1 de janeiro de 2025. Embora a Ucrânia tenha vindo a reduzir as importações de gás via gasoduto desde o início da guerra, em 2022, o transporte através do gasoduto Urengoy-Pomary-Uzhgorod, da era soviética, e que transporta gás da Sibéria, continua ativo. Além de abastecer a Ucrânia, este gás chega também à Eslováquia, Hungria, República Checa e Áustria.

Esta rota continuou operacional mesmo depois da interrupção do fornecimento de gás russo através do Nordstream, o principal gasoduto russo que ligava Moscovo ao centro da Europa e que foi destruído na sequência da guerra na Ucrânia, no ano passado, e do encerramento do Yamal-Europe.

De acordo com dados da Reuters, a Áustria continua a receber a maior parte do gás que consome através da Ucrânia, enquanto a Rússia é responsável por cerca de dois terços das importações de gás da Hungria.

Já a Eslováquia recebe cerca de três mil milhões de metros cúbicos da estatal russa Gazprom e a República Checa, embora tivesse cortado quase completamente as importações de gás, no ano passado, viu-se confrontada com um aumento de custos significativo o que obrigou a regressar ao fornecimento de gás russo este ano.

Por ser o maior fornecedor de gás natural para a Europa, o gás russo foi usado como arma de arremesso pelo Kremlin contra o bloco europeu, em 2022, que, na sequência da guerra na Ucrânia, lançou um conjunto de sanções contra a Rússia. Na altura, foram suspensos os contratos de fornecimento que Moscovo tinha com vários países do continente o que fez disparar os preços dos contratos do gás nos mercados europeus.

Desde então, e como resultado das alternativas encontradas pela União Europeia o preço do gás estabilizou e começou a baixar, mas com o fim do contrato entre a Rússia e a Ucrânia os receios de uma nova subida voltam a ganhar força.

Segundo as contas do Bruegel, um think tank com sede em Bruxelas, o fim deste fornecimento resultaria numa perda de 6,5 mil milhões de dólares anuais para a Rússia, a menos que esta possa redirecionar estes fluxos para outros gasodutos ou terminais de GNL.

O fim do contrato marcará uma mudança importante porque o gás via Ucrânia regido pelo contrato representa atualmente metade das restantes exportações russas de gás por gasoduto para a UE e um terço do total das exportações russas de gás, incluindo o GNL“, estima Bruegel.

O impacto far-se-á sentir especialmente na Áustria, Hungria, República Checa e Eslováquia, países para os quais a rota de trânsito ucraniana satisfez 65% da procura de gás em 2023. Globalmente, a percentagem do trânsito ucraniano nas importações de gás da UE diminuiu de 11% em 2021 para cerca de 5%.

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