Portugal e Espanha estudam três novas ligações ferroviárias

Montenegro revelou que está a ser analisada a operabilidade da ligação Aveiro e Salamanca e estudada mais duas opções a partir de Faro ou Elvas e Porto ou Bragança.

O primeiro-ministro revelou que estão a ser estudadas três novas ligações ferroviárias entre Portugal e Espanha, a partir de Aveiro, Faro ou Elvas e Porto ou Bragança. Sem definir prazos ou entrar em grandes detalhes, Luís Montenegro sublinhou que estas ligações estão a ser analisadas e a pensar “para o futuro”.

“Há três ligações ferroviárias que estamos a vislumbrar para o futuro. A operabilidade da ligação de Aveiro e Salamanca, e depois duas que estão em estudo para poderem ser aprofundadas nos próximos anos: a ligação Faro ou Elvas e Sevilha, e a ligação de Porto, Bragança e Zamora“, anunciou o primeiro-ministro numa conferência de imprensa com o homólogo espanhol Pedro Sánchez, para dar a conhecer as conclusões da 35º Cimeira Luso-Espanhol que se realizou em Faro, esta quarta-feira.

De acordo com Montenegro, os trabalhos para o desenvolvimento desta e de outras ligações ferroviárias está a ser feito em “consonância” com o Governo espanhol com vista a “conjugar os calendários de obra de uma de outra ligação para se poderem executar no mais curto espaço de tempo”.

Pedro Sánchez sublinhou que o compromisso entre os dois países é de as ligações ferroviárias em causa “estarem prontas em 2030”, a tempo do Mundial da FIFA em 2030, que será organizado por Portugal, Espanha e Marrocos.

O compromisso com o reforço das ligações ferroviárias faz parte de um total de 11 acordos assinados entre Portugal e Espanha no âmbito desta cimeira. Na declaração conjunta a que o ECO teve acesso, lê-se que Portugal e Espanha “comprometem-se a continuar a promover” as ligações rodoviárias e ferroviárias transfronteiriças, em especial as ligações em Alta Velocidade entre Lisboa e Madrid.

Sobre esse assunto, Luís Montenegro diz que a “prioridade” do Governo é ligação Alta Velocidade entre “Lisboa-Porto-Vigo-Madrid”, recordando já ter sido adjudicado o primeiro troço dessa ligação. “Queremos até antecipar o calendário na medida do possível”, admitiu. “A segunda prioridade é a ligação Lisboa-Madrid, via Évora e Badjoz”, continuou.

Paralelamente, Montenegro sublinha que, neste momento, o objetivo é “conciliar a terceira travessia sobre o rio Tejo em Lisboa, com a construção da ligação em Évora em Alta Velocidade”, sendo este “um processo que corre em simultâneo com a construção do aeroporto de Lisboa”.

Além das ligações entre Portugal e Espanha, Montenegro e Sánchez revelaram que vão subscrever uma carta ao seu homólogo de França para “poder levar a cabo a interligação ferroviária” de passageiros e mercadorias entre a Península Ibérica e o centro da Europa.

“Eu e o Presidente do Governo de Espanha vamos subscrever uma carta e vamos endereçar ao primeiro-ministro de França, precisamente para poder levar a cabo a interligação ferroviária que é necessária para o transporte de passageiros e de mercadorias entre a Península Ibérica e o centro de Europa”, disse Montenegro na conferência de imprensa.

O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro (D), e o Presidente do Governo de Espanha, Pedro Sanchez (C), à chegada para a cerimónia de Assinatura de Instrumentos Jurídicos, durante a XXXV Cimeira Luso-Espanhola, na Câmara Municipal de Faro, em Faro, 23 de outubro de 2024LÚIS FORRA/LUSA

Madrid e Lisboa urgem Paris a concretizar ligações energéticas

Outro tema que valeu um acordo entre Portugal e Espanha foi a necessidade de se concretizarem os compromissos establecidos entre os dois países e França a nível das ligações energéticas. Os dois homólogos deixaram um repto para “a concretização dos compromissos estabelecidos entre Portugal, Espanha, França e a Comissão Europeia no domínio das interconexões energéticas”, que o primeiro-ministro português considerou que “não pode esperar mais”.

“Não é admissível que estejamos sempre a discutir as mesmas matérias quando são assumidas como compromissos em documentos solenes”, considerou o primeiro-ministro. “Quer eu, quer o presidente Sánchez, não vamos regatear nenhum esforço para forçar, é o termo, forçar a França e a Comissão Europeia, em representação de todos os outros Estados-membros, para cumprir um desígnio que aliás é uma das pedras de toque, quer do relatório Letta, quer do relatório Draghi”, assinalou.

Na declaração conjunta lê-se que Portugal e Espanha “mantêm-se determinados em expandir e modernizar as interligações energéticas entre a Península Ibérica e o resto da Europa“, com vista a reforçar a segurança e a resiliência do abastecimento energético no bloco europeu.

Os dois Governos destacam a urgência de acelerar o reforço das suas interligações elétricas, em linha com a meta europeia de 15%”, lê-se na declaração.

Ademais, os dois países reforçam a ambição de continuar “a trabalhar na concretização do projeto de hidrogénio renovável H2MED e, nomeadamente, nas infraestruturas CelZa (Celorico da Beira e Zamora) e BarMar (Barcelona e Marselha)”, aprovado em 2022, “tornando a Península Ibérica uma região exportadora líquida de hidrogénio verde”.

Portugal e Espanha assinam “acordo histórico” para a gestão da água

A cimeira entre os dois países serviu ainda para reforçar os acordos em matérias de gestão de recursos hídricos, tema central do encontro entre Montenegro e Sánchez, em Faro. Na declaração conjunta, os dois governos “congratulam-se com o entendimento firmado no quadro da Convenção de Albufeira (…) relativo aos princípios orientadores para o estabelecimento de um caudal diário no rio Tejo, a partir da barragem de Cedillo, com o objetivo de manter os caudais circulantes”.

Ademais, foi assinado um acordo relativo a um “regime de caudais mensais no Rio Guadiana na secção de Pomarão, com vista a garantir o bom estado do estuário e a distribuição equitativa dos caudais disponíveis para o uso de ambos os Estados”.

De acordo com Montenegro, os dois países vizinhos partilham “um bem essencial”, “indispensável para a prosperidade” da Península Ibérica sendo por isso essencial “aprofundar em termos de manutenção de caudais no Tejo e Guadiana” a atividade de pesca, navegação e recreio.

Paralelamente, os dois governos firmaram um acordo para a construção de duas pontes: uma sobre o Rio Sever, entre as localidades de Montalvão-Nisa (Portugal) e Cedillo (Espanha); e outra sobre o Rio Guadiana, entre as localidades de Alcoutim (Portugal) e Sanlúcar de Guadiana (Espanha).

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E-Redes ultrapassa seis milhões de contadores inteligentes instalados

  • Lusa
  • 23 Outubro 2024

O operador pretende ainda alcançar a totalidade dos clientes em Portugal continental, sendo que a expectativa é de que este objetivo seja alcançada até o final do ano.

A E-Redes, antiga EDP Distribuição, revelou esta quarta-feira que ultrapassou já a meta dos seis milhões de contadores de eletricidade inteligentes instalados em Portugal continental, estando atualmente na reta final da instalação de 6,4 milhões de contadores.

A instalação dos contadores de eletricidade inteligentes (‘smart meters‘) é “um passo crucial na transformação do setor da energia elétrica em Portugal, que permite uma gestão mais eficiente da energia, promove melhores hábitos energéticos, ajuda a reduzir a pegada de carbono e contribui para a eliminação de faturas por estimativa”, salienta o operador de distribuição de eletricidade num comunicado.

Realça também que a instalação dos novos contadores permite que o cliente deixe de estar presente na grande maioria dos serviços remotos de ativação e alteração contratual.

O diretor Operações de Redes Inteligentes da operadora, Luís Filipe Pereira, afirma no comunicado que quando se dota “uma rede de distribuição com a capacidade de gerir os fluxos energéticos de forma flexível e de obter informação sobre o seu estado, em cada local e momento”, cria-se “uma Rede Inteligente, com potencial para tornar o sistema elétrico mais eficiente, sustentável e com melhor qualidade de serviço”.

Nesse sentido, a E-Redes tem vindo a substituir os contadores por novos equipamentos de medição inteligente.

O operador pretende alcançar a totalidade dos clientes em Portugal continental, sendo que a expectativa é de que esta meta seja alcançada até o final do ano.

“O cumprimento deste objetivo reforça o compromisso da E-REDES com a qualidade de serviço e a transição energética”, sublinha a empresa no comunicado.

Nesta última fase em que a operadora está a instalar os últimos ‘smart meters’, o operador de Rede de Distribuição apela também a todos os clientes que ainda não tenham o contador inteligente, que contactem a empresa, através da sua linha telefónica de atendimento ou através do seu ‘site‘ para que procedam à substituição do contador.

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Oeiras com rastreios gratuitos de saúde e bem-estar

  • ECO
  • 23 Outubro 2024

O município de Oeiras apoia a feira "Saúde na Linha" no centro comercial Oeiras Parque que vai realizar de sexta-feira a domingo rastreios gratuitos na área da saúde e do bem estar.

O Oeiras Parque vai organizar, de sexta-feira a domingo, mais uma edição da feira “Saúde na Linha”. A iniciativa é apoiada pelo município de Oeiras e pretende disponibilizar rastreios gratuitos em diversas áreas de saúde e bem-estar.

O evento localiza-se no centro comercial Oeiras Parque durante as 10h e as 20h e conta com rastreios nas áreas de dermocosmética, higiene oral, visão, audição e nutrição. Ainda proporciona rastreios à tensão ocular, avaliação ao risco de diabetes, avaliação do risco cardiovascular e da intolerância à lactose, e despiste à insuficiência venosa crónica.

A feira tem presentes profissionais da farmácia Veritas, da André Ópticas, especialistas de audição da Widex, peritos em medicina dentária, medicina estética e cirurgia plástica da Clínica HeyDoc onde os visitantes poderão realizar no stand um scanner intraoral. No bem-estar, estarão presentes os especialistas em colchões e almofadas da Colunex, o Celeiro e a Be.U com um corner de Beleza no qual as pessoas podem obter uma avaliação de pele através de um analisador facial 3D.

A iniciativa pretende promover um estilo de vida saudável e alertar para a prevenção na saúde aos visitantes da feira.

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Marcelo apela à preservação da “ordem pública” após desacatos em Lisboa

  • Joana Abrantes Gomes e Lusa
  • 23 Outubro 2024

Presidente da República pede garantia da ordem pública perante desacatos na Grande Lisboa em protesto pela morte de um homem no bairro da Cova da Moura, baleado por um agente da PSP.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apelou esta quarta-feira à garantia da “segurança” e da “ordem pública”, em particular “através do papel das forças de segurança”, na sequência dos desacatos das últimas horas em várias zonas da Grande Lisboa, após a morte de um homem baleado pela PSP.

Numa nota publicada no portal da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa disse estar a acompanhar “atentamente” os acontecimentos, estando “em contacto com o Governo e os presidentes das câmaras municipais da Amadora e de Oeiras”.

Além da importância de preservar os “valores democráticos” da segurança e da ordem pública, o Chefe de Estado realça que essa garantia “tem de respeitar os princípios do Estado de Direito democrático, designadamente os Direitos, Liberdades e Garantias dos cidadãos, bem como fazer cumprir os respetivos Deveres”.

Apesar dos problemas sociais, económicos, culturais e as desigualdades que ainda a atravessam, [a nossa sociedade] é genericamente pacífica, e assim quer continuar a ser, sem instabilidade e, muito menos, violência“, sublinha ainda o Presidente da República na mesma nota.

Os desacatos na região de Lisboa — que já se alastraram aos concelhos de Lisboa, Amadora, Oeiras, Odivelas, Loures, Cascais e Seixal — tiveram início após Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, ter sido baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, acabando por morrer pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier.

Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria e isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.

A Inspeção-Geral da Administração Interna abriu um inquérito urgente e também a PSP anunciou um inquérito interno, enquanto o agente que baleou o homem foi constituído arguido.

Desde a noite de segunda-feira foram registados desacatos no Zambujal e, já na terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados dois autocarros, automóveis e caixotes do lixo, e detidas três pessoas. Dois polícias receberam tratamento hospitalar devido ao arremesso de pedras e dois passageiros dos autocarros incendiados sofreram esfaqueamentos sem gravidade.

Esquerda repudia violência e critica Governo, direita sai em defesa da polícia

Em reação aos desacatos registados nas últimas 48 horas em vários bairros lisboetas, os partidos da esquerda parlamentar repudiam a violência, mas pedem que sejam apuradas as responsabilidades pela morte de Odair Moniz, com o Livre a admitir chamar a ministra da Administração Interna à Assembleia da República. À direita do hemiciclo, PSD e CDS elogiam as forças de segurança, enquanto o Chega e os liberais apelam a um reforço policial.

O PS, através da líder parlamentar Alexandra Leitão, criticou o défice de intervenção do Governo para conter o alarme social na sequência dos desacatos na Grande Lisboa e defendeu uma “intervenção moderada para garantir a segurança e um trabalho multidisciplinar nos bairros“.

“Lamentamos a morte do cidadão no quadro de um incidente com a polícia. É preciso apurar todas as circunstâncias que rodearam essa morte e isso é fundamental. Sobre isso não direi mais até se saber exatamente quais são essas circunstâncias”, ressalvou a presidente da bancada socialista.

Mais crítico da ação policial, que considera que, “vezes demais, não trata os cidadãos da mesma forma, o presidente da bancada parlamentar do Bloco de Esquerda, Fabian Figueiredo, pediu uma “polícia sintonizada com o Estado de Direito” e alertou para uma “permanente estigmatização” de pessoas racializadas.

Ser negro em Portugal aumenta a probabilidade de ser atingido mortalmente pelas forças de segurança 21 vezes. As populações das áreas urbanas de Lisboa, as pessoas racializadas, merecem um tratamento igual perante o Estado, merecem ser cidadãos de pleno direito”, sustentou Fabian Figueiredo.

Falando aos jornalistas, o deputado do PCP António Filipe repudiou “quaisquer atos de violência e manifestações de apelo ou incitamento à violência”, pedindo “serenidade” e “calma” às populações, e, simultaneamente, para que haja uma “intervenção policial que seja adequada e proporcional às circunstâncias existentes”.

Sobre a morte de Odair Moniz, que foi baleado fatalmente por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, António Filipe exigiu um “esclarecimento cabal do que aconteceu”, uma vez que, disse, a “polícia serve para proteger os cidadãos e garantir a tranquilidade dos cidadãos”.

Numa posição transmitida pelo deputado Paulo Muacho, o Livre criticou a reação da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco — que classificou os distúrbios dos últimos dias como “inadmissíveis” –, considerando que pode “acicatar ânimos”. Deve haver a capacidade de a situação serenar e é preciso também perceber o que está a falhar”, apontou.

“Logo que se consigam apurar mais algumas circunstâncias” deste caso, o deputado adiantou que o Livre irá chamar Margarida Blasco ao Parlamento para esclarecer “o que é que efetivamente aconteceu” desde o momento em que Odair Moniz foi morto por um agente da PSP.

o PSD e o CDS elogiaram a ação desenvolvida pelas forças e serviços de segurança para a reposição da ordem pública em várias zonas da periferia de Lisboa e condenaram extremismos e aproveitamentos políticos da situação.

Não obstante, Hugo Soares, líder da bancada parlamentar social-democrata, considerou que “sempre que há excecionalidades elas devem ser investigadas”, numa alusão à situação do agente da PSP que baleou mortalmente Odair Moniz e que já foi constituído arguido.

João Almeida, em representação do partido centrista, salientou que se tem assistido a “atos de vandalismo inaceitáveis”, considerando que aqueles que contribuíram para esses atos “devem ser severamente punidos”. Além disso, o deputado do CDS acusou as posições do BE e do Chega de “incitarem à violência e ao ódio”.

Antes de João Almeida e Hugo Soares, o presidente do Chega havia defendido que é preciso “tolerância zero” com quem causa distúrbios, tendo pedido ao Governo uma “condenação inequívoca” dos desacatos ocorridos nas últimas noites na Grande Lisboa.

“Ou nós damos um sinal político, a esta hora, de que estas pessoas terão margem zero e tolerância zero, ou nós arriscamos outra noite de conflitos, outra noite de turbulência e outra noite de desacatos. Não pode haver tolerância”, afirmou André Ventura, que classificou os autores dos desacatos como “rascaria” e “bandidagem pura”.

Por sua vez, o líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, apelou ao reforço do policiamento e intervenção do Estado “para repor a ordem” depois dos desacatos na Área Metropolitana de Lisboa e acusou o Chega e o BE de serem “abutres” a querer “incendiar a cena política”.

 

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Momento para começar ajustamento orçamental é agora, defende Vítor Gaspar

  • Lusa
  • 23 Outubro 2024

Diretor do Departamento de Finanças Públicas do FMI alerta para riscos dos níveis elevados da dívida pública mundial e alerta que atraso no processo de ajustamento orçamental é arriscado.

O diretor do Departamento de Finanças Públicas do Fundo Monetário Internacional (FMI) defendeu esta quarta-feira, em entrevista à Lusa, que o momento para os países combaterem o crescimento da dívida pública através de um ajustamento orçamental “é agora“.

“A dívida pública a nível global é muito alta, está a crescer e tem associados riscos consideráveis, para este ano prevemos que chegue a 100 biliões de dólares e num caso de cenário adverso pode chegar aos 100% do PIB mundial até ao final da década“, disse Vítor Gaspar na entrevista à Lusa em Washington, no dia em que é apresentado o Fiscal Monitor, um relatório sobre as finanças públicas mundiais, no âmbito dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, que decorrem esta semana na capital norte-americana.

O antigo ministro das Finanças de Portugal enfatizou que “os riscos associados a este crescimento da dívida são mais importantes do que podem parecer à primeira vista, e em quase todo o mundo o tempo de atuar para controlar a dívida e os riscos a ela associados é agora”, alertando que “um atraso no processo de ajustamento orçamental é custoso e é arriscado” devido à atual conjuntura.

As circunstâncias macroeconómicas “são favoráveis ao ajustamento neste momento porque as condições financeiras estão relativamente fáceis, os bancos centrais de economias importantes estão num ciclo de descida das taxas de juro diretoras e, portanto, há possibilidade de compensação dos efeitos do ajustamento orçamental sobre a atividade económica e o emprego por via da política monetária“.

Por conseguinte, “é difícil imaginar uma situação mais favorável para começar um processo de ajustamento“, concluiu Vítor Gaspar.

Questionado sobre quais as recomendações do Fundo para os países acautelarem o crescimento económico e o emprego em face da austeridade necessária para reduzir a dívida pública, Vítor Gaspar admitiu que o trabalho dos ministros das Finanças “é difícil”, mas salientou que é preciso proteger o investimento público.

É muito importante proteger o investimento público, dada a sua importância para o crescimento e a competitividade; este tipo de investimento é também pressionado para ser bem sucedido nas transições energéticas e para uma economia de informação e da digitalização, e também por esse lado temos pressões sobre a despesa pública”, acrescentou, admitindo que uma subida de impostos nunca é popular, além de estar pura e simplesmente impossibilitada nalguns países por decisão política.

A tributação nunca é popular e em muitos países há linhas vermelhas políticas ao acréscimo de tributação, isso é visível nos títulos dos jornais e nas aberturas dos noticiários em todo o mundo, mas a situação de hoje, em que a dívida é elevada, o crescimento é baixo, e existem pressões sobre a despesa e restrições sobre a receita, cria o risco de os défices acumularem-se, a dívida aumentar e isso cria problemas, dificuldades e desafios para a sustentabilidade da dívida e também riscos para a estabilidade monetária e financeira“, afirmou, lembrando que este “é o trilema de política orçamental que cristaliza as escolhas dos ministros das Finanças”.

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“Fuse Valley vai ter continuidade, com ou sem Farfetch”, garante promotor do projeto imobiliário

O Castro Group, responsável pelo Fuse Valley, está a "ultimar as negociações" com os novos donos da Farfetch para decidir "qual será o modelo de negócios futuro" do espaço projetado com José Neves.

“O Fuse Valley vai ter continuidade com ou sem a Farfetch”, garantiu o presidente executivo do Castro Group, responsável pela construção do megaempreendimento em Matosinhos, anunciado em 2021, onde a tecnológica portuguesa tencionava localizar o seu campus empresarial. Paulo Castro está em negociações com os novos donos coreanos, que pagaram 500 milhões de dólares pelo marketplace de moda de luxo, para delinear o novo modelo de negócios para este projeto.

“A única coisa que posso dizer sobre o Fuse Valley, neste momento, é que estamos a ultimar as negociações. Esperámos no início do próximo ano conseguir anunciar ao mercado a continuidade do projeto até porque achamos que continua a fazer sentido”, afirmou o responsável do Castro Group, à margem da apresentação pública do projeto Smart Park Matosinhos, esta quarta-feira em Leça do Balio.

Questionado pelo ECO sobre se o projeto vai avançar juntamente com a Farfetch, que no final do ano passado passou para as mãos dos sul-coreanos da Coupang, o CEO do grupo imobiliário bracarense respondeu que “não necessariamente”. Embora “muito próximas” de serem fechadas, as negociações ainda prosseguem com a tecnológica, visando perceber “qual será o modelo de negócios futuro”.

Podemos tentar de alguma forma substituir a Farfetch por outros investidores, ou podemos nós assumir essa parte do investimento. Tudo isso está neste momento a ser equacionado.

Paulo Castro

CEO do Castro Group

Caso os novos donos da Farfetch optem por não dar continuidade ao projeto, o líder da construtora bracarense adianta que “o novo modelo de negócios poderá passar por tentar substitui a Farfetch por outros investidores” ou até o “Castro Group assumir essa parte do investimento”. “Tudo isso está neste momento a ser equacionado. Decorrem conversas entre as partes e continuamos com a mesma convicção, que é a dar continuidade ao projeto. Foi um esforço muito grande em chegarmos até aqui”, acrescentou.

 

Este mega empreendimento imobiliário no valor de 200 milhões de euros, anunciado em 2021, além do futuro campus global da Farfetch, previa acolher outras empresas, um hotel e 42 apartamentos. O projeto inicial previa que dos 140 mil metros quadrados, 60 mil fossem ocupados pela tecnológica fundada e liderada então por José Neves. Com ou sem a tecnológica, a promotora está ainda a aguardar o licenciamento por parte da Câmara – um “processo muito complexo e demorado” – para arrancar com as obras.

Apresentado, na altura, como o empreendimento “mais sustentável de Portugal”, o CEO do Castro Group realça que, apesar de ter sido “pensado há cinco ou seis anos, este projeto continua completamente atual”. “Palavras que na altura não estavam associadas ao mercado imobiliário, como a sustentabilidade, flexibilidade, inovação ou espaços verdes, tudo isto continua na ordem do dia. Continuamos convictos de que continua a ser um projeto necessário não só à cidade, mas a toda esta região Norte do país”, conclui o líder da empresa.

Oito meses após a venda, aquele que foi o primeiro unicórnio de capitais portugueses é hoje uma empresa bem diferente daquela que o vimaranense José Neves idealizou. Com algumas equipas quase reduzidas a zero após o plano de despedimentos anunciado em fevereiro, menos exuberante e mais concentrada, a nova Farfetch está a moldar-se cada vez mais à imagem da Coupang, conhecida como a Amazon da Coreia.

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FMI prevê redução mais acelerada da dívida pública que o Governo. Antevê rácio abaixo de 90% do PIB já em 2025

O otimismo do Fundo Monetário Internacional relativamente às projeções do Governo em matéria de controlo da dívida pública esbate num maior conservadorismo em matéria de saldo orçamental.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) revela-se mais otimista que o Governo na trajetória da dívida pública para os próximos anos, antecipando que o rácio da dívida feche este ano nos 94,4% e baixe para os 89,4% já no próximo ano, segundo as previsões reveladas esta terça-feira no relatório “Fiscal Monitor”.

Estes números comparam com as estimativas do Governo presentes no relatório da Proposta do Orçamento de Estado para 2025 (OE2025), que apontam para um rácio da dívida pública de 95,9% do PIB este ano e de 93,3% em 2025.

O otimismo da equipa de técnicos do FMI liderada pelo ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar é também visível nas projeções para os próximos quatro anos, apontando para um abrandamento do rácio de dívida pública até 79,4% do PIB em 2028, quando o Governo prevê que nesse ano o rácio da dívida situe-se nos 83,2% do PIB, segundo o Plano Orçamental Estrutural de Médio Prazo 2025 – 2028 enviado para Bruxelas em meados deste mês.

O FMI revela que as projeções apresentadas neste relatório para 2024 se baseiam “no orçamento aprovado pelas autoridades, ajustado de modo a refletir as previsões macroeconómicas dos técnicos do FMI”. Para os anos seguintes, as projeções “baseiam-se no pressuposto de políticas inalteradas” e que “as projeções para 2024 refletem a informação disponível na proposta de orçamento para 2024.”

A previsão para a evolução da dívida pública nacional nos próximos anos é também largamente mais otimista do que as previsões que o Fundo tem para o resto do mundo, que apontam para um stock global de dívida pública acima dos 100 biliões de dólares já este ano, e “com o rácio da dívida a aproximar-se dos 100% do PIB no final da década, ficando acima do pico registado na pandemia”, destaca Vítor Gaspar na conferência de imprensa de apresentação do relatório, esta quarta-feira.

Fazendo um quadro geral no decorrer da sua intervenção inicial, o diretor do departamento de Finanças Públicas do FMI desde 2014 refere inclusive que, globalmente, “os défices orçamentais estão elevados e os rácios de dívida global estão muito elevados, estão a aumentar e a tornar-se arriscados.”

No plano orçamental, as projeções do FMI para Portugal apontam para um excedente orçamental de 0,2% em 2025 e nos anos seguintes até 2029. Já o Governo, segundo o plano enviado para Bruxelas, prevê passar de excedente orçamental de 0,4% este ano para 0,3% em 2025, reduzindo-se para 0,1% em 2026 (num cenário de políticas invariantes). Esta evolução resulta do impacto negativo no saldo da execução de projetos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) financiados por empréstimos e, em 2025, do impacto das medidas discricionárias aprovadas em 2024 e das novas medidas incluídas no OE2025.

Além disso, as previsões do Governo apontam ainda para uma melhoria das contas públicas a partir de 2026, contando com um excedente orçamental de 1,1% em 2027 e 1,3% em 2028. O Ministério das Finanças justifica a melhoria do saldo projetado como sendo “estrutural e concentrado no lado das despesas”.

Mais conservadores que as projeções do Governo são também os números do FMI referentes ao saldo primário (retira a despesa com juros e as medidas temporárias não recorrentes). Enquanto o Governo antecipa um excedente do saldo primário equivalente a 2,5% do PIB em 2024 e 2025, o FMI projeta um saldo de 2,2% este ano e 2,3% em 2025.

Para os anos seguintes, o FMI projeta um saldo primário de 2,2% do PIB em 2026 e 2027 e um abrandamento para 2,1% em 2027 e 2028. Já o Governo, de acordo com os dados enviados para Bruxelas no âmbito do Plano Orçamental Estrutural de Médio Prazo 2025 – 2028 aponta para um saldo de 3,2% em 2027 e 3,4% em 2028. No entanto, quando descontado as despesas financiadas por empréstimos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o Executivo de Luís Montenegro aponta para um saldo primário de 2,4% em 2024, 2,5% em 2025, 2,6% em 2026, 2,8% em 2027 e 2,9% em 2028.

(Texto atualizado às 14h45 com declarações de Vítor Gaspar)

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Câmara de Lisboa questiona Governo sobre “entrega” de aeródromo Figo Maduro à ANA e impacto na população

A moção será enviada ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, ao ministro das Infraestruturas e da Habitação, Miguel Pinto Luz, e a todos os Grupos Parlamentares na AR.

A Câmara Municipal de Lisboa vai pedir esclarecimentos ao Governo sobre a transferência do aeródromo de Figo Maduro à ANA pelo período de 40 anos e exigir medidas de minimização do impacto desta decisão na cidade e nos munícipes. A posição foi deliberada esta quarta-feira, em reunião do Executivo, na sequência de uma moção apresentada pelos vereadores do PCP, João Ferreira e Ana Jara, que foi aprovada por unanimidade e a que o ECO/Local Online teve acesso.

Esta moção será enviada ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, ao ministro das Infraestruturas e da Habitação, Miguel Pinto Luz, e a todos os Grupos Parlamentares com assento político na Assembleia da República. Em declarações ao ECO/Local Online, o vereador João Ferreira explicou que o documento em causa “questiona o Governo sobre a razão deste alargamento da concessão [à ANA] com inclusão da concessão do aeródromo de Figo Maduro”.

Refira-se que o Governo decidiu transferir o aeródromo de Figo Maduro, área interligada com o Aeroporto Humberto Delgado, para a concessionária, no âmbito das obras previstas para esta infraestrutura.

João Ferreira referiu ainda que “se o Governo vai constituir uma comissão de negociação para renegociar os termos da concessão, então que sejam tidos em conta aspetos que a câmara acha importantes, designadamente exposições que protejam a população residente em Lisboa enquanto o aeroporto estiver a funcionar; coisa que não foi feita aquando da concessão original em que não se quis saber dessas medidas de minimização do impacto“. Até porque, justifica o vereador comunista, “a renegociação dos termos da concessão não pode ser concretizada apenas quando tal interessa à ANA/Vinci, devendo ser utilizada para defender o interesse público“.

O município lisboeta vai, assim, “requerer ao Governo que o mandato atribuído à comissão negociadora integre um levantamento de necessidades identificadas pela Câmara Municipal de Lisboa relativas aos termos do contrato de concessão, nomeadamente referentes aos impactos sobre os residentes da cidade de Lisboa e à necessidade da sua minimização, durante o tempo em que o Aeroporto Humberto Delgado se mantenha em funcionamento”, lê-se no documento aprovado por unanimidade na reunião do Executivo. A informação foi confirmada ao ECO/Local Online pela autarquia liderada pelo social-democrata Carlos Moedas.

A renegociação dos termos da concessão não pode ser concretizada apenas quando tal interessa à ANA/Vinci, devendo ser utilizada para defender o interesse público.

João Ferreira

Vereador do PCP na Câmara Municipal de Lisboa

Igualmente “no quadro de uma perspetivada utilização temporária pela ANA/Vinci do espaço do atual Aeródromo de Figo Maduro, [a câmara de Lisboa vai] questionar o Governo sobre a razão para se revelar necessária a integração na concessão à ANA/Vinci que está prevista durar mais 40 anos”, refere a mesma moção.

Do lado do Partido Socialista, “a questão principal prende-se com a ‘cedência temporária’ do uso destes terrenos [Figo Maduro] à ANA/Vinci até à deslocalização do Aeroporto Humberto Delgado para o Campo de Tiro de Alcochete, o que deverá ocorrer nos próximos seis a 10 anos. Não se entende, por isso, a razão de uma concessão por 40 anos”. “Concordamos, por isso, que se questione o governo sobre a razão para uma extensão tão prolongada da concessão.”

Os vereadores comunistas, que tiveram a concordância dos vários partidos com assento na autarquia lisboeta, discordam da decisão do Governo. Segundo João Ferreira, “trata-se de colocar mais uma infraestrutura pública ao serviço da ANA/Vinci, alegadamente em resposta à necessidade criada pelo sucessivo adiamento da construção do novo aeroporto de Lisboa”.

O despacho 12047/2024, de 14 de outubro, procede “à constituição da comissão de negociação com a ANA”, para definir “os termos de afetação do Aeródromo de Trânsito 1 [Figo Maduro] à Concessão, incluindo do montante de contrapartida que a ANA deve atribuir ao Concedente pelos benefícios daí resultantes, através da introdução de modificações ao Contrato de Concessão que sejam necessárias para o efeito”.

A moção vem ainda, assinalou João Ferreira, “reafirmar a oposição a qualquer aumento do tráfego na Portela“. Ou seja, lê-se no documento, “aprovar as conclusões do debate sobre as obras de expansão da capacidade do Aeroporto Humberto Delgado (AHD) aprovadas pelo Governo, recusando liminarmente qualquer aumento da sua capacidade”. O documento defende mesmo “o encerramento faseado do AHD, tão rapidamente quanto possível, em menos de dez anos, cumprindo todas as medidas de mitigação dos impactos negativos até ao seu encerramento”.

Para os vereadores do PCP, todas estas medidas do Governo “visam prolongar dentro da cidade de Lisboa um aeroporto internacional, em prejuízo da população da cidade e da economia da área metropolitana”.

 

Nota: Alterado às 19h00 com posição do PS e clarificação de que a moção contesta a concessão por um período de tempo superior ao da utilização prevista para o Aeroporto Humberto Delgado

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Blandy’s Madeira lança vinhos Madeira de 10 anos e aposta em rebranding

A par da nova linha de vinhos de 10 anos, a Blandy’s Madeira aposta num rebranding das garrafas e numa campanha. A ação representa um investimento na ordem dos 40% do orçamento total de marketing.

A Blandy’s Madeira lançou uma nova linha de vinhos Madeira de 10 anos, visando celebrar a tradição e a inovação. Esta nova linha, composta por vinhos de diferentes graus de doçura (seco, meio seco, meio doce e doce), é acompanhada por um rebranding das suas garrafas, passando a apresentar-se ao mercado em vidro transparente e rótulos coloridos, em contraste com a tradicional apresentação dos vinhos Madeira.

Joana Lomelino Freitas, diretora de marketing da Blandy’s Madeira, explica que a marca, sendo “uma das mais tradicionais produtoras de vinho Madeira com mais de dois séculos de história na arte de fazer vinho Madeira”, percebeu a importância de se reinventar para acompanhar as novas tendências de consumo, sem perder a sua identidade.

“Esta nova família de vinhos não representa apenas a evolução das técnicas de vinificação, mas também uma mudança visual significativa. Ao abandonar a tradicional imagem dos vinhos Madeira, a Blandy’s introduziu garrafas de vidro transparente e rótulos coloridos, que criam um contraste marcante com o visual clássico e sóbrio da categoria“, refere ao +M.

Joana Jomelino Freitas, diretora de marketing da Blandy’s Madeira.

Esta mudança na apresentação das garrafas visa “destacar a qualidade e a inovação dos produtos, enquanto transmite um apelo mais contemporâneo e vibrante, para atrair tanto os consumidores tradicionais como um público mais jovem, que procura autenticidade e originalidade”.

Com cores “vivas e frescas”, o novo design “melhora a visibilidade dos produtos nas prateleiras e conta uma nova história sobre a marca, fiel às suas raízes, mas aberta à modernidade e à criatividade“, acrescenta.

Por parte da Nuts Branding, que assina o rebranding, a fundadora da agência, Patrícia Conde, acrescenta que o principal objetivo do rebranding passa por “reposicionar a marca, com a renovação da sua imagem e reforço da respetiva relevância, tanto para os consumidores tradicionais, quanto para uma nova geração“. Ou seja, “acompanhar as tendências do mercado, sem perder a essência de herança familiar e artesanal“.

Ao lançar uma nova linha de vinhos de 10 anos, a marca também optou pelo desenvolvimento de uma campanha criativa que refletisse renovação. Neste sentido, foi lançada a “Unconventional”, que acompanha o rebranding e que foi sustentada num conceito criativo que adota “um tom provocador e inovador“. A mesma marca presença no aeroporto da Madeira, em mupis nas ruas do Funchal, em ativações em pontos de venda nacionais e no digital.

“Em suma, esta campanha visa transmitir a mensagem de uma constante evolução, com a marca pronta para atender às necessidades de um público mais dinâmico e sofisticado, sem abrir mão de sua autenticidade e tradição. Através desta nova abordagem visual e estratégica, o objetivo é tornar os vinhos Madeira mais atraentes e acessíveis em diversos contextos de consumo, de ocasiões formais a momentos mais descontraídos”, explica Patrícia Conde.

“Com cenários que são inspirados no surrealismo e conceitos visuais que vão além do convencional, a campanha transmite a ideia de que, com os novos vinhos da Blandy’s, o único limite é a criatividade“, acrescenta a diretora criativa, referindo ainda que a versatilidade dos vinhos é um dos “principais pilares da campanha”, onde se demonstra que estes podem ser desfrutados em qualquer momento, quer como aperitivos ou digestivo.

A assinatura “Uma nova geração de vinho Madeira” é também ela sinal de “um cruzamento entre a tradição e a inovação, entre uma história secular e capacidade de chegar a novos públicos”, diz Patrícia Conde.

Patrícia Conde, fundadora da NUTS Branding e diretora criativa da campanha

Em termos de investimento, Joana Lomelino Freitas adianta que esta campanha – direcionada maioritariamente para o mercado regional, nacional, e do Reino Unido e Estados Unidos da América – “levará uma fatia grande do orçamento de marketing“, na ordem dos 40% do orçamento total.

Sendo uma marca com mais de 210 anos de existência, a comunicação da Blandy’s Madeira “terá que respeitar todos os valores da família e da sua herança histórica”, mas também “deve responder aos novos desafios que o mercado apresenta”, diz Joana Lomelino Freitas.

“Numa perspetiva macro, é assim que estratégia de Blandy’s se posiciona. Queremos criar engagement, com uma componente necessariamente emocional, sem deixar de assegurar aos mais tradicionalistas que a qualidade do produto continua acima de qualquer dúvida. É sob estes dois vetores que nos queremos apresentar. Corresponder às expectativas de quem confia no nosso produto, daqueles que sempre tiveram na Blandy’s a referência de vinho Madeira, e de todos os que serão impactados com o processo de renovação de imagem em que nos encontramos”, refere a diretora de marketing.

No que toca à competição dentro do setor, Joana Lomelino Freitas recorda que o vinho Madeira se insere numa categoria muito pequena dentro do mundo dos vinhos, onde “todo o processo é em microescala, não mecanizável, com vinhas em pequenas parcelas de terreno“, sendo que atualmente existem apenas cerca de 400 hectares de vinha em toda a ilha da Madeira.

“Tendo isto em consideração, o nosso cenário é um pouco diferente do restante setor dos vinhos. Inevitavelmente, seremos sempre um produto de nicho e por isso o nosso trabalho tem que ser minucioso, preciso e consistente. Estamos atentos às tendências de mercado, e, respeitando a herança histórica da Blandy’s, ajustamos a nossa estratégia ao target“, afirma.

“Neste sentido, os novos 10 anos da Blandy’s foram pensados para se destacarem na categoria, e simplificarem a comunicação com o público-alvo, ajudando-o a fazer uma escolha mais de encontro às suas preferências. Queremos comunicar que o vinho Madeira é um vinho versátil, gastronómico e para todos os momentos“, acrescenta.

Sendo o departamento de marketing, com a atual configuração, “relativamente recente”, a Blandy’s Madeira está ainda a ajustar o orçamento que aloca ao marketing, sendo que atualmente trabalha com uma “métrica de 3% a 5% do valor previsto de faturação anual“, refere a responsável.

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Líder da CP sem “medo da concorrência” na Alta Velocidade. Compra de comboios avança ainda este ano

O presidente da CP afirma que a empresa está preparada para operar com concorrência na alta velocidade e diz que "há mercado para a CP e para os outros operadores."

O presidente da CP, Pedro Moreira, adiantou que a operadora pretende lançar o concurso para a compra de comboios para o serviço da Alta Velocidade “ainda este ano”, acrescentando que a empresa está preparada para operar com outros concorrentes. “Não temos medo da concorrência. Há mercado para a CP e para os outros operadores“, garantiu.

A CP já tinha adiantado que pretendia lançar um concurso para a compra de 14 novos comboios, mas o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, disse que não seriam comprados tantos comboios como CP queria. Ainda assim, o responsável pela empresa, a falar no Parlamento, adiantou que “nunca nos foi transmitido qualquer limitação ao número de comboios que vamos adquirir”. Notou, contudo, que “ainda não [tem] uma decisão formal sobre número de comboios que vão ser autorizados a comprar para poder avançar com o concurso”.

“Há um conjunto de unidades para aquisição inicial e para aquisição opcional em função das necessidades e do objetivo de internacionalização de serviços”, detalhou o presidente da CP na mesma audição, onde explicou que a empresa está a trabalhar na estratégia para a alta velocidade e, no seu plano de negócios, já está a acautelar o impacto da entrada de concorrentes na Alta Velocidade.

Pedro Moreira disse ainda aos deputados que a empresa está convicta que vai ter sucesso na alta velocidade. “Isso não implica que outros players não possam estar presentes, isso está presente no nosso plano de negócios“, acrescentou.

“Estamos seguros que conseguimos fazer um bom trabalho na alta velocidade”, sem ter de dispensar ninguém, mesmo num ambiente de concorrência, garantiu o presidente da CP na audição parlamentar. “O nosso plano já prevê que vamos operar com concorrência. Não temos medo da concorrência. Há mercado para a CP e para os outros operadores“, reforçou.

Ainda relativamente à concorrência na alta velocidade, Pedro Moreira mostrou-se tranquilo, considerando que “não [tem] a pretensão de estar a operar de forma isolada, como monopólio”. Segundo adiantou aos deputados, numa primeira fase o número de ligações que a CP pretende assegurar representa 40% da capacidade da infraestrutura e na segunda fase 20% ou menos da capacidade.

Quanto à aquisição dos comboios de Alta Velocidade, Pedro Moreira referiu que, no plano de negócio da empresa, “a primeira tranche dessa despesa não cai em 2025, mas em 2026.”

Negociação para valorizar carreiras

A um dia de começar uma nova greve dos trabalhadores, Pedro Moreira referiu que hà “abertura por parte da empresa em negociar”, mas reconheceu a existência de “limitações relativamente à greve planeada a partir de amanhã”.

Ainda assim, o responsável mostrou-se preocupado com a necessidade de valorizar os trabalhadores da empresa. “A CP está a pagar abaixo dos valores de mercado. A CP tem trabalhadores altamente qualificados e há um risco cada vez maior de nos virem buscar” estes trabalhadores.

“Precisávamos de valorizar mais as carreiras da CP”, reforçou, tecendo uma comparação com o Metro de Lisboa, onde profissionais com a mesma categoria recebem mais que os funcionários da operadora. Nesse sentido, a empresa iniciou um trabalho com todos os sindicatos, no sentido de desenvolver uma proposta de valorização de carreiras e acautelar a perda de poder de compra dos trabalhadores.

“O sucesso da empresa é um trabalho conjunto desta equipa de todos os trabalhadores. há muito trabalho a esse nível”, reconheceu.

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Antiga fábrica da Lactogal transformada em hub empresarial de 35 milhões em Matosinhos

Com uma área total de construção de 27.200 metros quadrados, o Smart Park Matosinhos estará concluído em abril do próximo ano. Escritórios já estão reservados para empresas de tecnologia e engenharia.

A antiga fábrica da Lactogal em Leça do Balio está a ser transformada num espaço multifuncional para acolher empresas, restaurantes, comércio e serviços. O futuro Smart Park Matosinhos, um empreendimento com 20 mil metros quadrados, estará concluído em abril do próximo ano e representou um investimento de 35 milhões de euros por parte do Castro Group.

“Quando entrei na fábrica fiquei surpreendido pela qualidade da estrutura, pela arquitetura única e imponência do espaço. Tudo isto fez-me perceber que este lugar merecia ser visto com outros olhos. O que inicialmente seria um ativo para demolir rapidamente se tornou numa missão de preservação”, disse Paulo Castro, CEO do grupo imobiliário bracarense, na apresentação pública do projeto.

Este lugar merecia ser visto com outros olhos. O que inicialmente seria um ativo para demolir rapidamente se tornou numa missão de preservação.

Paulo Castro

CEO do Castro Group

O CEO do Castro Group realça ainda que o “projeto vai muito mais além de uma reabilitação”. “Trata-se de uma requalificação de memórias, um tributo à história local e ao mesmo tempo uma projeção clara de transformar a antiga fábrica num espaço multifuncional, vibrante e inovador”, afirma o líder do Castro Group.

Com uma área total de construção de 27.200 metros quadrados, o Spark Matosinhos conta com uma zona de escritórios com cerca de 11.500 metros quadrados, outra dedicada a comércio e serviços com cerca de 1.800 metros quadrados e ainda 4.000 metros quadrados de zonas de lazer e áreas comuns. O edifício conta ainda com um ginásio e 377 lugares de estacionamento, 20% deles para veículos elétricos, além de parque de bicicletas e trotinetes.

Paulo Castro adiantou ao ECO que o espaço tem capacidade para albergar entre 1.000 a 1.200 trabalhadores nos escritório e entre oito a dez lojas. “Já temos uma boa percentagem comercializada. Aliás já tínhamos antes de começar a obra”, frisa o CEO do Castro Group.

Os futuros ocupantes são empresas na área da tecnologia e engenharia. “Temos uma oferta que vai desde um posto de trabalho a um escritório flexível de dez pessoas ou até um edifício corporativo na torre, que poderá ser ocupado apenas por uma empresa. Temos uma oferta bastante eclética para todos os géneros de empresas”, acrescentou o responsável.

Temos uma oferta que vai desde um posto de trabalho a um escritório flexível de dez pessoas ou até um edifício corporativo na torre, que poderá ser ocupado apenas por uma empresa.

Paulo Castro

CEO do Castro Group

 

Este edifício foi uma das primeiras unidades industriais da produtora de leite Lactogal, cuja construção arrancou em 1964 e terminou em 1967. A unidade fabril era utilizada para a produção e armazenamento de leite, tendo sido descontinuada a partir de 2009. O Castro Group comprou o ativo em 2022, com as obras a serem iniciadas no último trimestre de 2023.

Reabilitação, tecnologia, comunidade, conexão e natureza são os pilares deste projeto assinado pelo gabinete de arquitetura português Paulo Merlini Architects. “Sentimos um grande orgulho em apresentar um edifício que não apenas redefine o conceito de espaço de trabalho, mas também promove a sustentabilidade e o bem-estar dos seus ocupantes”, disse o Paulo Merlini, CEO e fundador do gabinete, na apresentação oficial do projeto Spark.

O Spark está localizado junto dos principais acessos à cidade do Porto (A4, A20, A28, A41 e A1), ao Aeroporto Francisco Sá Caneiro e às universidades. O empreendimento estará servido por uma rede de transportes públicos, nomeadamente metro, autocarros e comboio. O empreendimento vai ganhar mais uma acessibilidade tendo em conta que a linha de comboios de Leixões vai ser reativada para passageiros em dezembro, ficando a cerca de 500 metros do Spark.

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Firmas de advogados no Reino Unido cobram mais 40% por hora em relação a 2019

Em média, as maiores firmas britânicas cobram 449 libras por hora, cerca de 538 euros. Ou seja, mais 128 libras do que em 2019, segundo dados da PwC. Entre as razões apontadas está a inflação.

Os dez maiores escritórios de advogados do Reino Unido estão a cobrar quase mais 40% por hora em comparação com 2019, avança o Financial Times. Este aumento ocorreu numa altura em que as firmas registam um aumento do número de horas faturáveis, traduzindo-se assim num crescimento médio de 11,6% dos honorários no Reino Unido.

Em média, as maiores firmas britânicas cobram 449 libras por hora, cerca de 538 euros. Ou seja, mais 128 libras do que em 2019, segundo dados da PwC. Entre as razões apontadas para o aumento dos honorários está a inflação e o crescimento das firmas americanas em Londres. Assim, esta pressão provocou um aumento acentuado dos salários.

Uma vez que as empresas americanas tendem a cobrar mais por hora do que as britânicas, as firmas de advogados do Reino Unido aumentaram os preços, ainda assim abaixo dos valores praticados pelos americanos. Paralelamente, os custos salariais também estão a aumentar, tendo o “magic circle” – formado pela Freshfields Bruckhaus Deringer, Linklaters, Clifford Chance, A&O Shearman e Slaughter and May – aumentado todos os salários dos advogados recém-formados em 20% este ano.

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