O dia em direto nos mercados e na economia – 23 de outubro

  • ECO
  • 23 Outubro 2024

Ao longo desta quarta-feira, 23 de outubro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 23 Outubro 2024

Montenegro assina "acordo histórico" com Espanha para a gestão de recursos hídricos e CP é ouvida sobre o seu plano de negócios. A Fed divulga os dados mais recentes sobre a economia norte-americana.

Esta quarta-feira, Luís Montenegro assina um “acordo histórico” com Espanha para a gestão de recursos hídricos enquanto o conselho de administração da CP é ouvido na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação, sobre o plano de negócios da empresa. Já a Fed lança o “Livro Bege” onde divulga os dados mais recentes sobre a economia norte-americana e o Banco de Portugal revela os dados referentes a agosto de 2024 do endividamento do setor não financeiro.

Montenegro assina “acordo histórico” para gestão de recursos hídricos

O primeiro-ministro marca presença no encerramento da 35.ª cimeira luso-espanhola, em Faro, onde vai assinar um “acordo histórico” com Espanha relacionado com a gestão de recursos hídricos. O acordo entre os dois países visa garantir “caudais mínimos diários no rio Tejo, caudais ecológicos no rio Guadiana e o pagamento da água do Alqueva por parte da sua utilização por agricultores espanhóis”, disse o primeiro-ministro no 42.º Congresso do PSD.

CP ouvida no Parlamento

A requerimento do Bloco de Esquerda decorre hoje a audição ao conselho de administração da CP, na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação, sobre o plano de negócios da empresa. O Passe Ferroviário Verde, que substitui o Passe Ferroviário Nacional, entrou em vigor no início desta semana, tendo o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Miguel Pinto Luz, garantido que a operadora “será ressarcida até ao último cêntimo daquilo que hipoteticamente poderá vir a perder”, em resposta às preocupações expressas pela comissão de trabalhadores da CP.

Banco de Portugal divulga dados de endividamento

O Banco de Portugal vai revelar os dados referentes a agosto de 2024 do endividamento do setor não financeiro. Em julho o endividamento do setor não financeiro (administrações públicas, empresas e particulares) diminuiu 2,5 mil milhões de euros, para 808,8 mil milhões de euros.

“Livro Bege” da Fed dá sinais sobre a economia

Esta quarta-feira, a Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) divulga os dados mais recentes sobre a economia norte-americana. Publicado oito vezes por ano, o “Livro Bege” apresenta o resumo das condições e atividade económica do país, com base no reportado pelos diferentes bancos centrais federais. Na edição lançada no início de setembro, o Livro Bege referia que a atividade económica está a abrandar em mais regiões dos Estados Unidos, enquanto os preços estavam a subir “moderadamente” e as contratações a “arrefecer”.

Tesla apresenta resultados

A Tesla vai também apresentar os seus resultados trimestrais esta quarta-feira. No segundo trimestre, a fabricante de carros elétricos divulgou resultados abaixo do esperado pelos analistas, sendo que apesar das receitas terem crescido 2%, em termos homólogos, para 24,93 mil milhões de dólares, as vendas caíram 7%, para os 19,9 mil milhões. Já os lucros atingiram 1,48 mil milhões de dólares, menos 45% face aos resultados obtidos no período de 2023. Além da Tesla, também outras empresas divulgam hoje os seus resultados como a Coca-Cola, IBM ou Boeing.

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Economia de impacto e tecnologia encontram-se em Barcelona na Impact/Week, Ship2B e DeepTech Summit

  • Servimedia
  • 23 Outubro 2024

Barcelona tornar-se-á o epicentro global da economia de impacto e da inovação tecnológica em novembro, com a celebração de grandes eventos de nível mundial.

Os líderes mais proeminentes da inovação empenhados na economia de impacto reunir-se-ão na Impact/Week 2024 e no Ship2B Impact Forum, enquanto as startups líderes em tecnologias avançadas se reunirão na DeepTech Summit.

Após quatro edições realizadas em Estocolmo, a fundação sueca Norrsken traz a cimeira Impact/Week 2024 para Barcelona. Este evento anual, impulsionado pelo objetivo de responder aos principais desafios do nosso tempo, atrairá mais de 1500 fundadores, investidores e empreendedores empenhados, líderes empresariais e decisores políticos de 58 países.

O programa do evento contará com cerca de quarenta atividades e painéis com oradores de prestígio como Niklas Adalberth, cofundador da Norrsken e da Klarna, Chris Anderson, diretor da TED Talks, a par de figuras-chave como Anna Koivuniemi da Google DeepMind e Sian Sutherland da A Plastic Planet, entre outros.

O Fórum de Impacto Ship2B reunirá líderes empresariais, financeiros e filantrópicos proeminentes para impulsionar projetos centrados na economia de impacto. Os especialistas do setor irão abordar a forma como as soluções tecnológicas escaláveis podem ser replicadas em diferentes contextos para gerar um impacto real, discutir a revolução necessária no setor do investimento e destacar a importância das comunidades locais e o papel do setor público na condução desta mudança.

A DeepTech Summit 2024, que decorrerá no âmbito da Smart City Expo, abordará soluções tecnológicas avançadas para desafios globais como a transição energética, a sustentabilidade, a saúde digital e a mobilidade urbana. Este evento contará com a participação de especialistas como Cristian Canton, chefe de engenharia e inteligência artificial da Meta, e Laura Anne Edwards, especialista em dados da NASA, que partilharão a sua visão do futuro da tecnologia.

POLO EMPRESARIAL

A cidade consolidou a sua posição como um dos principais pólos de inovação e startups na União Europeia, alcançando mesmo o quinto lugar no último “Startup Ecosystem Report” de 2024, elaborado pela consultora suíça StartupBlink. A cidade é agora uma das cinco principais cidades da Europa para o empreendedorismo, atrás de Paris, Berlim, Estocolmo e Amesterdão.

Para além de infra-estruturas de primeira linha e de uma sólida rede de investidores, existem também agentes e políticas públicas que promovem o empreendedorismo, fazendo de Barcelona uma opção ideal para escalar soluções inovadoras em áreas-chave como a tecnologia, a sustentabilidade e a economia digital. A Câmara Municipal, através da Barcelona Ativa, a Barcelona Tech City e a Generalitat de Catalunya, através da Agència per la Competitivitat de l’Empresa (ACCIÓ), entre outros, desempenham um papel fundamental na promoção do empreendedorismo na região através de formação, subsídios e promoção.

No setor privado, projetos estabelecidos na cidade como a Norrsken House Barcelona, o maior hub tecnológico e de impacto da Europa, com mais de 10.000 metros quadrados dedicados a mais de 250 start-ups, evidenciam a crescente atração do ecossistema empresarial pela capital catalã. Este espaço não só oferece infra-estruturas de ponta para a colaboração e o trabalho em rede, como também reforça o posicionamento da cidade como uma referência em inovação tecnológica e impacto social. A presença da Norrsken em Barcelona sublinha a crescente apetência de startups e empreendedores para se instalarem na capital catalã, atraídos pelo seu ambiente dinâmico e pelas oportunidades de desenvolvimento de soluções sustentáveis e escaláveis.

 

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Sensei levanta 15 milhões para “ser a empresa europeia líder nas lojas autónomas”

Diogo Mónica, fundador do unicórnio Anchorage Digital, é um dos investidores nesta ronda na qual participou ainda o Kamay Ventures, fundo da Coca-Cola e do grupo Arcor.

Equipa da Sensei

A Sensei fechou uma ronda de 15 milhões de euros para dar gás à expansão e “ser a empresa europeia líder nas lojas autónomas”. Até 2026, a scaleup quer passar de 100 para 1.000 pontos de venda autónomos. Alemanha e Reino Unido são mercados na mira, mas também a expansão na América Latina. No próximo semestre quer reforçar a equipa em 30%. Diogo Mónica, fundador do unicórnio Anchorage Digital, é um dos investidores nesta ronda, na qual participou ainda o Kamay Ventures, fundo da Coca-Cola e do grupo Arcor.

“Com esta nova ronda que captamos, a série A de 15 milhões, o nosso objetivo é consolidar e começar a expandir realmente as cadeias de retalho, nos países onde estamos presentes e a entrar em mais países, porque temos tido muitas solicitações de vários retalhistas para entrar diferentes geografias e, obviamente, para isso era necessário capital”, começa por explicar Joana Rafael, cofundadora da Sensei, ao ECO. Com esta ronda, a scaleup já angariou um total de 21 milhões de euros em financiamento de capital de risco.

“Estamos mais concentrados no sul da Europa, onde já temos presença, Portugal e Itália, e queremos expandir então para países do Centro da Europa Central e Europa do Norte, onde também há um grande potencial para a escalarmos”, diz ainda.

“Há países onde temos um maior foco. Estamos até a reforçar a equipa executiva. Temos um country manager novo em Itália e uma pessoa nova na equipa executiva baseada na Alemanha, para nos ajudarem a reforçar a presença nestes países, onde temos muito desenvolvimento e estamos a planear entrar. Já estamos em França e queremos consolidar a presença noutros países como o Reino Unido. Mas não temos ainda um cronograma específico” de entrada, diz a responsável.

Investidores e potenciais clientes

Liderada pela portuguesa BlueCrow Capital, com a participação da Lince Capital, da Explorer Investments e do fundo de investimento latino-americano Kamay Ventures, que pertence à Coca-Cola Company e ao Grupo Arcor, a ronda foi acompanhada, com reforço de capital, pelo fundo de investimento americano Techstars Ventures, pela Metro AG (multinacional alemã que opera lojas de cash & carry em mais de 58 países), investidores da Sensei desde a ronda pré-seed em 2017. Juntaram-se ainda os empreendedores João Graça, fundador e CTO da Unbabel, e Diogo Mónica, cofundador e chairman executivo do unicórnio Anchorage Digital, como business angels.

“Voltar a Portugal e poder acompanhar de muito perto algumas das mais impactantes scaleups nacionais é uma forma de contribuir, com investimento, mas, sobretudo, com experiência, para o crescimento de uma geração de empreendedores que quer mudar o status quo. O meu investimento na Sensei materializa a visão ambiciosa e valida o talento que temos em Portugal e que queremos manter dentro do país”, diz Diogo Mónica, ao ECO.

“Um sinal de maturidade do nosso mercado” é como Joana Rafael classifica a participação dos fundadores da Anchorage e Unbabel nesta ronda série A.

“Temos founders fantásticos que já fizeram empresas que estão a crescer imenso, com imenso potencial, e que depois também querem participar noutras empresas que, eventualmente, querem fazer o mesmo caminho”, diz. “São pessoas que conhecem bastante o meio de tecnologia, o que é expandir internacionalmente, criar uma empresa que quer ser líder numa área totalmente disruptiva”, continua. “O smart money é poder ter esses business angels, nem é pelo capital, não são grandes fundos de investimento como os outros investidores que vieram à roda, mas trazem algo de diferente. São pessoas que podemos contactar, trocar impressões e ter aqui conselhos muito valiosos de quem já fez”, diz.

Joana Rafael, cofundadora da Sensei

A entrada do Kamay Ventures também dá nova capacidade de expansão do outro lado do Atlântico. Presentes no Brasil, onde já têm uma filial, a Sensei tem objetivos para expandir no mercado da América Latina.

“Temos com esta ronda um novo investidor importante, baseado precisamente na América Latina, o Kamay Ventures, que entrou no nosso capital exatamente num momento estratégico para acelerar a expansão. Até porque é um fundo que, ao mesmo tempo, é potencial cliente, têm uma presença muito forte em toda a América Latina”, afirma Joana Rafael.

“Estamos no Brasil, já temos lá uma subsidiária e clientes [grupo Muffatto], e a ideia é também a expandir nos países da América Latina, porque existe essa oportunidade. E também, obviamente, a entrada deste investidor não é por acaso”, destaca.

Se no Brasil, a expansão passou pela criação de uma Sensei Brasil, para já, o mesmo não está previsto para a expansão europeia. “Somos uma empresa que tem hardware e software. Temos toda uma operação relacionada com a produção de toda a nossa eletrónica e o equipamento que colocamos em loja. Tendo um pé no Brasil exportar tudo de Portugal não é viável, daí fazer sentido num país como o Brasil, ter uma subsidiária local que permite fazer a produção, as compras, as importações e que facilita bastante depois expandir e trabalhar nesse mercado com condições melhores. Mas na Europa, isso não faz parte da nossa estratégia, para já. Podemos prestar todo esse serviço a partir de Portugal e exportar para os outros países da Europa com relativa facilidade”, justifica.

1.000 pontos de venda até 2026

No próximo semestre a empresa tem prevista a abertura da “maior loja autónoma da Europa”, mas a expansão passa por abrir 1.000 pontos de venda até 2026.

“Hoje em dia temos 100 pontos de venda. Sabemos que é muito ambicioso, mas temos projeções já concretas de algumas aberturas e de alguma expansão nos vários formatos que os permitirá, se correr tudo bem, chegar a estes números”, vaticina Joana Rafael.

Pontos de venda que não significam necessariamente lojas autónomas como a criada para o Continente, no Arco do Cego, em Lisboa. Com base nessa tecnologia, a empresa tem vindo a diversificar formatos e retalhistas. Em Portugal, por exemplo, já tem pontos de venda instalados na Nos, Brisa e Galp.

“Temos vários formatos e a expansão que queremos acelerar é nos vários formatos. Temos modelos plug & play, como, por exemplo, os frigoríficos autónomos inteligentes, onde temos tido uma grande expansão, temos quase 100 no mercado, e onde queremos acelerar, porque temos tido muitos pedidos, seja na América Latina, seja Europa, e já estamos a vendê-los para vários países”, diz Joana Rafael.

Ou o que chamam “loja na loja ou dentro de um espaço”, como é o caso das estações de serviço da Brisa ou da Galp. A petrolífera tem lojas de retalho nos postos de combustível e a Sensei não só opera nesses espaços como, no caso da Galp, abriu uma mini loja dentro do próprio escritório. “São lojas sem staff que podem funcionar 24h e está a ter muita tração. É uma loja pequena, de 30, 50 metros quadrados, com os produtos de conveniência”, descreve.

“É algo que estamos a difundir muito em escritórios. Portanto, vamos para além daquilo que as lojas de conveniência aos supermercados, estações de serviço e dentro de escritórios”, sintetiza.

A expansão será acompanhada pelo reforço de equipa no próximo semestre. Hoje já são 70. “Estamos já a reforçar a equipa nos últimos meses, e queremos aumentar cerca de 30%. Temos mais ou menos 25 vagas abertas para preparar as posições, muitas na área de crescimento vendas, mas também em desenvolvimento de produto. Para Portugal e para os novos mercados e mercados onde estamos presentes”, diz a cofundadora.

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Cervejeiras brindam ao congelamento fiscal pela “saúde financeira de muitas empresas”

Rui Lopes Ferreira diz que manter o imposto sobre álcool “contribuiu para melhorar a saúde financeira de muitas empresas cervejeiras”, que asseguram quase 100 mil empregos e exportam 23% da produção.

Depois de este ano ter tido de “lidar com o impacto” do aumento de 10% no imposto sobre as bebidas alcoólicas (IABA), inserido nos impostos especiais de consumo (IEC), o setor cervejeiro respirou de alívio com a proposta de Orçamento do Estado para 2025 não prever qualquer agravamento desta tributação.

Ao ECO, o presidente da Cervejeiros de Portugal, Rui Lopes Ferreira, fala numa medida “positiva”, contextualizando que o IEC é “cerca de 150% superior ao imposto similar praticado” em Espanha e que, fruto de aumentos sucessivos na última década, a arrecadação fiscal cresceu 55%, “um valor que em nada se compara ao consumo de cerveja em igual período”.

“É importante destacar ainda que o IEC impacta o negócio de todas as cervejeiras. Em particular, as mais de 100 cervejeiras artesanais em Portugal, que são pequenos negócios geradores de emprego local e regional, muito condicionados por esta carga fiscal excessiva”, acrescenta o gestor, que é também presidente do Super Bock Group.

Rui Lopes Ferreira, presidente da Cervejeiros de Portugal

Rui Lopes Ferreira destaca que este congelamento não terá impacto no consumo ou na produção, mas vai “contribuir para melhorar a saúde financeira de muitas empresas cervejeiras e, nessa medida, terá um forte impacto na economia”, já que a fileira abarca desde a produção de matérias-primas, como a cevada e o lúpulo, até ao vidro para embalagens e ao negócio dos bares, restaurantes e retalho.

Na proposta orçamental para 2025, entregue a 10 de outubro no Parlamento, o Governo prevê que, “em resultado do crescimento esperado no consumo privado”, a receita com as bebidas alcoólicas, através do IABA, deverá atingir os 364,7 milhões de euros, 4,7% acima do esperado para este ano. O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, salientou o facto de nos impostos ao consumo (incluindo ISP, tabaco e veículos) “não [haver] agravamento nem sequer ao nível da inflação”.

Segundo um estudo realizado pela The Brewers of Europe em parceria com a Europe Economics, com dados referentes a 2022, o setor cervejeiro em Portugal contribuiu com mais de mil milhões de euros em receitas fiscais para o Estado e 1,636 mil milhões de euros de valor acrescentado à economia. Assegura quase 100 mil postos de trabalho diretos e indiretos (+18% face a 2016) e exporta 23% da produção, ao passo que o país importa apenas cerca de 2% do total de cerveja que consume.

O setor cervejeiro enfrenta importantes desafios. O mais premente será, talvez, a antecipação das mudanças de perfil do consumidor nacional. (…) Há uma preferência crescente, por parte do consumidor, por bebidas de menor grau alcoólico ou mesmo sem álcool.

Rui Lopes Ferreira

Presidente da Cervejeiros de Portugal

Quanto às perspetivas para o próximo ano, o porta-voz do setor fala em “moderado otimismo”, estimando um crescimento das vendas em 2025 caso se cumpra a previsão do próprio Executivo de aumento do consumo interno e manutenção do fluxo turístico, pelo menos, idêntico ao registado nos últimos dois anos. Enquanto isso, o desafio “mais premente” para a indústria é antecipar e adaptar-se à mudança de perfil do consumidor nacional, “cada vez mais sensível ao tema saúde e bem-estar” e que mostra uma “preferência crescente por bebidas de menor grau alcoólico ou mesmo sem álcool”, o que tem obrigado as marcas a alargar o portefólio.

“Por outro lado, importa continuar a dinamizar a economia nacional e, sobretudo, o canal Horeca, que enfrenta desafios vários. Ocorre-me também a questão da regulamentação de packaging nacional e europeia, na qual o setor assume importantes responsabilidades sociais e ambientais, através da reutilização de embalagens. E como tantos outros setores económicos, teremos ainda de estar constantemente atentos a questões como a dinâmica do turismo e a mão-de-obra qualificada”, completa o presidente da Cervejeiros de Portugal.

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Depois de vinte prorrogações em sete anos, investigação do caso EDP tem de ser terminada esta quarta-feira

Sete anos e 20 prorrogações depois, o Ministério Público tem até esta quarta-feira para concluir a investigação do caso EDP. Entre os principais arguidos estão os gestores António Mexia e Manso Neto.

António Mexia e Manso Neto na conferência de imprensa para explicar caso de CMEC.Paula Nunes/ECO

Chega ao fim o tempo: o Ministério Público (MP) tem até esta quarta-feira para concluir a investigação do processo CMEC/EDP. Os procuradores já tinham pedido um adiamento de um mês para terminar o inquérito, mas a Procuradoria-Geral da República (PGR), já sob a tutela de Amadeu Guerra, apenas deu 23 dias, período que termina esta quarta-feira. No total, foram cerca de 20 prorrogações de prazo pedidas, só nos últimos sete anos.

Segundo a PGR, o prazo para o encerramento do inquérito tem vindo a ser “sucessivamente prorrogado” e desta última vez foram “invocados constrangimentos, relativos à recente tramitação processual que tem vindo a ser desenvolvida junto do Tribunal Central de Instrução Criminal” que ao órgão considerou já terem sido “ultrapassados”.

Em investigação, que decorre desde 2012, tem como principais arguidos os antigos administradores da EDP António Mexia e João Manso Neto, que acabaram por ser afastados das suas funções na empresa na sequência deste caso, além de João Conceição, administrador da REN e antigo consultor do ex-ministro da Economia Manuel Pinho.

O processo tem sido marcado por sucessivos adiamentos na sua conclusão, retardando dessa forma um despacho de acusação ou arquivamento. Os últimos três prazos fixados anteriormente foram o dia 30 de abril, 30 de junho e 30 de setembro para a conclusão do inquérito.

As últimas prorrogações de prazos ficaram a dever-se, sobretudo, à presença no processo de 3.277 emails apreendidos aos ex-administradores da EDP António Mexia e João Manso Neto e cuja apreensão foi anulada em outubro de 2023 por um acórdão de fixação de jurisprudência do Supremo Tribunal de Justiça.

Com a declaração destes emails como prova proibida, foi preciso analisar as consequências e ramificações sobre o resto da prova reunida pelo MP.

O caso EDP/CMEC acabou por levar em dezembro de 2022 à acusação do ex-ministro Manuel Pinho, da mulher Alexandra Pinho, e do ex-banqueiro Ricardo Salgado por factos não relacionados com a empresa e os Custos para Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC), que estiveram na origem do inquérito aberto em 2012.

O julgamento terminou em junho com a condenação do ex-governante a 10 anos de prisão e do ex-banqueiro a seis anos e três meses (além da condenação de Alexandra Pinho a quatro anos e oito meses de pena suspensa).

O processo foi então separado e ficaram aqui sob investigação os procedimentos relativos à introdução no setor elétrico nacional dos Custos para Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC).

António Mexia e João Manso Neto, arguidos desde 2017 neste caso, são suspeitos dos crimes de corrupção e participação económica em negócio, enquanto João Conceição é suspeito de corrupção passiva.

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Subida nos juros reflete-se mais rápido nos depósitos das empresas do que de particulares

Estudo conclui que transmissão da política monetária às taxas de juro dos depósitos bancários é incompleta. Zona Euro é mais rápida a repercutir os efeitos.

As mudanças nos juros pelo Banco Central Europeu (BCE) refletem-se mais rapidamente na remuneração dos depósitos a prazo das empresas em Portugal do que dos particulares. A conclusão é de um artigo publicado na Revista de Estudos Económicos do Banco de Portugal (BdP), que assinala que a transmissão da política monetária às taxas de juro dos depósitos bancários é incompleta.

No artigo “Taxas de juro de depósitos e transmissão da política monetária”, as economistas Diana Bonfim e Leonor Queiró analisam os últimos 25 anos para captar em que medida os bancos em Portugal alteram as taxas de juro em resposta a uma alteração nas taxas de política monetária. Concluem que a Zona Euro é mais rápida a repercutir os efeitos.

Segundo estimam, um aumento de 100 pontos base nas taxas de política monetária está associado a um aumento de 95 pontos base nas novas taxas de depósito para as empresas e de 59 pontos base para os particulares ao longo de um ano. Quando se consideram ambos os segmentos, refletem-se num aumento médio de 65 pontos base nas novas taxas de depósito ao longo de um ano, o que “compara com uma transmissão ligeiramente mais forte na área do euro de 87 pontos base”.

Fonte: Revista de Estudos Económicos do Banco de Portugal, outubro de 2024

As economistas concluem ainda que, em Portugal, as mexidas na política monetária se repercutem de forma mais “expressiva” nos depósitos de empresas com prazo até dois anos. Para os depósitos de empresas com prazos mais longos, “a sensibilidade da taxa de juro à política monetária é muito menor“.

Por outro lado, a taxa de juro dos depósitos de particulares é “menos sensível à política monetária”, mas “a maior parte da reação também se concentra nos depósitos com um prazo até dois anos“.

Taxa de juro dos depósitos de particulares é “menos sensível à política monetária”, mas a maior parte da reação concentra-se nos depósitos com um prazo até dois anos.

As autoras recordam que os depósitos são em Portugal o principal instrumento de poupança das famílias e das empresas. Em dezembro de 2023, os depósitos dos particulares representavam 63% do total, enquanto os das empresas representavam 23%.

Durante o período de taxas de juro baixas que marcou a década anterior, a percentagem dos depósitos de particulares diminuiu, atingindo 50% no início de 2022. “Como as taxas de juro dos depósitos foram iguais ou próximas de zero para todos os tipos de depósitos, as famílias tornaram-se indiferentes entre depósitos à ordem ou a prazo”, salientam. No entanto, desde que os juros começaram a subir, “as famílias têm vindo a ajustar-se gradualmente“.

Embora o total de depósitos dos particulares tenha diminuído ao longo de 2023, refletindo a concorrência de outros instrumentos de poupança, os depósitos a prazo têm vindo a aumentar“, destacam. Exemplo disso é que, enquanto os depósitos totais se reduziram 1,6% desde julho de 2022, os depósitos a prazo aumentaram 7,8%, sobretudo os com prazo acordado entre 1 e 2 anos (38,4%).

Por outro lado, os depósitos das empresas apresentam “uma composição diferente”, já que, em média, apenas um terço dos depósitos são a prazo. Esta percentagem também diminuiu durante as taxas de juros historicamente baixas e em meados de 2022, apenas 12% dos depósitos das empresas tinham prazos acordados. As autoras assinalam, contudo, que desde então, estes depósitos aumentaram acentuadamente e representavam 31% dos depósitos em dezembro de 2023.

O artigo refere ainda que a transmissão da política monetária é “mais forte para os depósitos do que para os empréstimos, durante o período considerado”. Se no caso das empresas, a transmissão é muito semelhante quer para depósitos, quer para empréstimos, no caso das famílias “os bancos são mais rápidos a ajustar as taxas de juro dos empréstimos bancários às famílias do que dos seus depósitos“.

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Diretiva do IVA alarga isenções à comida, bebidas e medicamentos

Nova lei europeia tem de ser transposta até ao final do ano. Há 11 projetos da oposição no Parlamento para mexer nas taxas do imposto.

Uma nova diretiva europeia, aprovada em 2022 e que tem de ser transposta para o regime jurídico português até ao final deste ano, vai alargar as isenções do IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado) a sete categorias de produtos, designadamente medicamentos, alimentação e bebidas, exceto as que contenham álcool. Mantém-se, no entanto, o limite máximo de 24 grupos de bens ou serviços com taxas reduzidas ou zero.

O ECO questionou o Ministério das Finanças quando irá apresentar uma proposta de lei que transponha a diretiva (que depois tem de ser aprovada pelo Parlamento) e se pretende alargar as isenções a um maior leque de produtos mas, até ao fecho deste artigo, não obteve resposta.

A grande novidade deste diploma é a possibilidade de os Estados-membros poderem aplicar uma terceira taxa reduzida abaixo de 5%, o que antes não era permitido, além de duas acima desse limiar que, em Portugal, são de 13% e 6%. A União Europeia avançou com esta alteração em 2022 e os países puderam aplicá-la logo, mesmo antes de ser vertida na letra da lei nacional, para dar resposta à crise pandémica e inflacionista.

Em Portugal, o então Executivo de António Costa implementou temporariamente o IVA zero para um cabaz de 46 bens alimentares essenciais durante nove meses, entre abril de 2023 e 4 de janeiro de 2024.

Essa medida terminou entretanto e apenas “certos bens utilizados na produção agrícola (adubos e fertilizantes; farinhas, e outros produtos para alimentação de gado, etc.) e produtos para alimentação de animais de companhia quando acolhidos por associações de proteção animal” gozam da taxa zero, de acordo com o ex-subdiretor-geral do Fisco, Miguel Correia. A atual proposta do Orçamento do Estado para 2025 (OE) renovou estas isenções.

A nova diretiva alarga então a possibilidade de isenção a sete categorias de produtos:

  1. Produtos alimentares (incluindo bebidas, com exceção das bebidas alcoólicas) destinados ao consumo humano e animal;
  2. Abastecimento de água;
  3. Produtos farmacêuticos utilizados para fins médicos e veterinários, incluindo produtos contracetivos e de higiene feminina, e produtos de higiene absorventes;
  4. Equipamentos, aparelhos, dispositivos, artigos, material auxiliar e equipamentos de proteção médicos, incluindo máscaras de proteção sanitária, utilizados normalmente em cuidados de saúde ou para uso das pessoas com deficiência;
  5. Transporte de passageiros e de bens como bagagem, bicicletas, incluindo bicicletas elétricas, veículos automóveis ou outros, ou prestações de serviços ligados ao transporte de passageiros;
  6. Fornecimento, incluindo o empréstimo por bibliotecas, de livros, jornais e publicações periódicas, em suporte físico ou por via eletrónica, com exceção das publicações total ou predominantemente destinadas a publicidade e das publicações que consistam total ou predominantemente em conteúdos vídeo ou música;
  7. Entrega e instalação de painéis solares em residências particulares, habitações e em edifícios públicos e de interesse público.

O tema poderá ganhar novo vigor, no âmbito da discussão na especialidade do OE para 2025, que se irá iniciar em novembro, agora que se sabe que o PS irá viabilizar pela abstenção o documento. É durante o debate e votação, artigo a artigo e alínea a alínea, da proposta orçamental que os partidos da oposição costumam propor a extensão da taxa reduzida de 6% ou até alargar as isenções a mais produtos. Neste momento, estão no Parlamento 10 projetos de lei que determinam reduções do imposto, segundo o levantamento realizado pelo ECO. Quatro são do Chega, dois do BE e quatro do PAN.

Há 11 projetos da oposição no Parlamento para mexer nas taxas do imposto

Os projetos do partido liderado por André Ventura pretendem baixar da taxa máxima (23%), para a intermédia (13%), os serviços prestados por veterinários e os alimentos adquiridos para animais de companhia e propõe alargar a taxa reduzida de 6% que já se aplica na aquisição de equipamentos de socorro por associações de bombeiros a outros utensílios para prevenção.

O PAN, liderado por Inês de Sousa Real, também quer mexer no IVA da comida dos animais de companhia e dos serviços médico-veterinários, mas vai mais longe do que o Chega e propõe aplicar a taxa reduzida de 6%. Para além disso, tem uma proposta para alargar o IVA a 6% no aluguer de velocípedes e para isentar a compra de produtos de higiene menstrual, que tem, neste momento, uma taxa reduzida. Esta proposta, por exemplo, tem enquadramento na diretiva europeia.

O Bloco de Esquerda deu entrada de um projeto para descer para 6% os serviços de telecomunicações e o fornecimento de eletricidade e gás engarrafado ou canalizado para consumo. Em sentido inverso, o partido de Mariana Mortágua propõe aumentar da taxa reduzida, de 6%, para a máxima, de 23%, o IVA suportado pelos alojamentos hoteleiros.

De recordar que ainda antes das férias, o Parlamento aprovou uma proposta do PS, à revelia do Governo, que aumenta o consumo de eletricidade que está sujeito à taxa reduzida de IVA, de 6%, medida que terá um custo no OE2025 de 110 milhões de euros, segundo o relatório da proposta orçamental. Assim, a taxa reduzida deverá aplicar-se aos primeiros 200 kWh de energia elétrica consumida em cada mês (duplicando os atuais 100 kWh), ou de 300 kWh mensais no caso das famílias numerosas (duplicando os atuais 150 kWh). Em paralelo, prevê que a redução deixe de ter um caráter transitório.

“Certamente que agora durante o debate do Orçamento do Estado teremos uma discussão quente sobre taxas, atenta a maior flexibilidade já concedida pelo Direito Europeu nesta matéria“, sublinha Miguel Correia, professor da Universidade Católica e ex-subdiretor-geral da Autoridade Tributária (AT) para a área do IVA.

Como Portugal atingiu ou até “já ultrapassou em violação da diretiva” o teto de 24 pontos dos 29 que podem estar sujeitos a taxas reduzidas, de 13%, 6% e 0%, como conclui Rogério Fernandes Ferreira, sócio da RFF Lawyers, seria necessário retirar alguns desses itens para poder incluir novos.

Miguel Correia lembra ainda que várias associações da sociedade civil têm já reclamado descidas do IVA, como é o caso da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), que quer baixar a taxa intermédia de IVA de 13% para os 10% e a reposição dos refrigerantes e bebidas alcoólicas nesta taxa do IVA, que atualmente são taxados a 23%.

Mas, como nota o especialista em Direito Fiscal, “Portugal não pode ter mais do que três taxas reduzidas de IVA”. “Não pode ter taxa de zero, 6%, 10% e 13%. Teria então de baixar a de 13%”, indica Miguel Correia. No entanto, acha “muito pouco provável” que um qualquer Governo “vá mexer muito nas taxas do imposto ou descer a taxa intermédia de 13% para 10%, porque o IVA é uma máquina de fazer dinheiro, representa quase 40% da receita fiscal, rende quase tanto como o IRS e IRC juntos”.

Analisando a proposta do Orçamento do Estado para 2025, verifica-se que o Governo espera arrecadar 25,6 mil milhões de euros só com a cobrança de IVA, o que corresponde a uma subida de 6,4% face a 2024 e representa 40,5% da receita fiscal total, que deverá ascender a 63,3 mil milhões.

Taxa intermédia do gasóleo agrícola tem de acabar até 2030

A Diretiva comunitária alarga as isenções em IVA a sete categorias de produtos, mas também estabelece uma meta para acabar com as taxas intermédias de combustíveis, adubos e pesticidas.

Neste âmbito, a taxa intermédia de 13 % aplicada ao gasóleo colorido e marcado, vulgarmente designado de gasóleo agrícola, “vai ter de acabar até 1 de janeiro de 2030”, alerta o fiscalista Miguel Correia. “E Portugal será forçado a passar este combustível fóssil para a taxa máxima de 23%”, acrescenta.

O diploma do Conselho da União Europeia estabelece que “as taxas reduzidas ou isenções com direito à dedução do IVA pago no estádio anterior aplicáveis aos combustíveis fósseis, a outros bens com impacto semelhante nas emissões de gases com efeito de estufa, como a turfa, e à lenha deixam de ser aplicáveis o mais tardar em 1 de janeiro de 2030″.

Para além disso, “as taxas reduzidas ou isenções com direito à dedução do IVA pago no estádio anterior relativas aos pesticidas químicos e fertilizantes químicos deixam de ser aplicáveis o mais tardar em 1 de janeiro de 2032″.

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Parpública troca de assessor financeiro na privatização da TAP

A Parpública tinha escolhido o Citigroup como assessor financeiro da privatização da TAP, mas com a mudança de gestão veio também a escolha de um novo assessor: o Bank of America.

A Parpública mudou de ideias sobre o assessor financeiro para a privatização da TAP, processo que começa, finalmente, a avançar. A empresa do universo empresarial do Estado que tem a participação acionista na companhia aérea tinha ‘contratado’ o Citigroup para a definição do modelo de venda, mas, entretanto, com a mudança de gestão na Parpública, também mudou o assessor. Afinal, a Parpública contratou o Bank of America para trabalhar na escolha do modelo de privatização da TAP, apurou o ECO junto de duas fontes conhecedoras do dossiê.

A venda da TAP sempre foi uma das prioridades do Governo. Ainda recentemente, em entrevista à SIC, o primeiro-ministro afirmou que “o ideal é atingir uma privatização total da TAP, desde que asseguremos as rotas estratégicas e o hub em Lisboa. Se não acontecer prefiro manter situação como está”. Questionado por Maria João Avillez, Luís Montenegro revelou que está a acabar uma auscultação de todos os interessados. “É importante não fazermos uma privatização sem saber o que os players de mercado têm como objetivo”. Ora, quem conduz esses contactos do ponto de vista técnico é a Parpública e o assessor financeiro da operação.

Com José Realinho na presidência da Parpública, o escolhido tinha sido o Citigroup, o banco global que mais operações fez com a TAP nos últimos anos. Mas, de acordo com outra fonte, o acordo com o ‘Citi’ estaria acertado com troca de emails, não estava ainda formalmente assinado, quando o Governo mudou a gestão da Parpública. Saiu Realinho e entrou Joaquim Cadete, mestre em Economia Monetária e Financeira pelo ISEG e doutorado em Ciência Política e Relações Internacionais pelo Instituto de Ciências Sociais e passou por vários bancos de investimento estrangeiros, incluindo o próprio Citigroup Global Markets, de onde saiu em 2011, em plena crise financeira.

Este é um primeiro mandato de assessoria à venda da TAP, apurou o ECO, destinado à escolha do modelo de privatização propriamente dito. Neste concurso, de resto, a Parpública introduziu uma novidade nas condições: A escolha dependia de preço (70%) e da competência (30%). Em seguida, haverá outro, aí para a privatização da companhia no mercado, e com um contrato que estará associado ao sucesso ou insucesso da operação.

Joaquim Cadete entrou em funções e uma das primeiras medidas foi mesmo considerar que seria necessário fazer uma nova consulta ao mercado, alegadamente por razões jurídico-formais, à qual concorreram três instituições: O ‘Citi’, o JP Morgan, que também já tinha sido consultado, e o Bank of America, que surge pela primeira vez e acaba por ganhar a operação. Oficialmente, ninguém faz comentários sobre a mudança de assessor financeiro, mas o ECO sabe que os bancos concorrentes já foram informados da sua exclusão.

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Família Del Vechio autorizada a tomar (indiretamente) até 19,9% da Generali Portugal

  • ECO Seguros
  • 22 Outubro 2024

Como a Delfin vai involuntariamente aumentar a sua participação na seguradora Generali em Itália, a ASF também precisa de autorizar essa maior participação indireta na companhia portuguesa.

A ASF, entidade supervisora do setor segurador em Portugal, acaba de declarar a sua Não oposição à aquisição involuntária, pela Delfin S.à.r.l., de uma participação qualificada indireta na Generali Seguros, S.A., superior a 10% e até 19,9% dos direitos de capital e/ou de voto”.

Este passo da Delfin resulta do programa de buy-back de ações (próprias) que a Assicurazioni Generali SPA, acionista a 100% da Generali Seguros em Portugal, tem em curso, e que ontem já lhe permitia ter 2,6% da sua própria companhia. Daí ser “involuntária”.

A Delfin pertence hoje aos oito herdeiros de Leonardo Del Vechio e detém 9,7% do capital da casa-mãe mundial da seguradora que, esta terça-feira, valia 41,1 mil milhões de euros em bolsa. O maior acionista é o Mediobanca com 13%, sendo ainda relevante a família Castalgirone com 6,2% e Benetton com 4,1%.

Com a recompra de ações próprias, a posição da Delfin deve ultrapassar os 10% daí que a família Del Vechio tenha solicitado à IVASS, congénere italiana da ASF, autorização para deter de 10% a 19,9% do capital da Assicurazioni Generali SPA.

Como essa companhia detém 100% da seguradora portuguesa também a ASF foi chamada a “não se opor” a essa possibilidade.

Fonte da Delfin disse, esta segunda-feira, que tudo de tratou de um assunto técnico e que não tem qualquer significado estratégico para a Generali.

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Basílio Horta lembra que projeto anunciado pelo Montenegro “já tem mais de 20 anos”

  • Lusa
  • 22 Outubro 2024

Basílio Horta afirmou ter sido "surpreendido" pelo facto de o Conselho Metropolitano de Lisboa não ter sido informado previamente do projeto, mas garantiu que não há "desconforto".

O presidente do Conselho Metropolitano de Lisboa disse esta terça-feira que o projeto de reabilitação da Área Metropolitana de Lisboa anunciado pelo primeiro-ministro “já tem mais de 20 anos”, salientando que há outros concelhos que precisam de “particular atenção”.

“Este projeto do senhor primeiro-ministro já tem mais de 20 anos. Eu lembro-me que há mais de 20 anos já se falava no Arco Ribeirinho Sul e houve várias tentativas de realizar aquilo que o senhor primeiro-ministro agora anunciou. O método variou, mas o objetivo era esse: aproveitar terrenos disponíveis para fazer uma espécie de unidade de execução e um plano de gestão daquele território”, afirmou aos jornalistas Basílio Horta, à margem da reunião do Conselho de Concertação Territorial, realizada em Faro.

Durante este encontro realizado na capital algarvia, Basílio Horta, também presidente da Câmara de Sintra, abordou o primeiro-ministro sobre esse anúncio e disse ter sido informado pelo ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, que o projeto “não está concluído”.

“Ou seja, há um processo de execução no qual já foram consultados alguns membros do Conselho Metropolitano, mas não o Conselho Metropolitano. E o que é dito é que logo que o projeto esteja concluído, será consultado o Conselho Metropolitano. E é importante que o seja, porque dentro da área metropolitana tem de haver coesão, tem de haver equilíbrio”, frisou o autarca.

Basílio Horta afirmou ter sido “surpreendido” pelo facto de o Conselho Metropolitano de Lisboa não ter sido informado previamente, mas garantiu que não há “desconforto”. “Se o projeto estivesse concluído, claro que sim [devia ter sido informado mais cedo]. Agora, uma vez que não está concluído e há a promessa de ser submetido ao conselho logo que concluído, muito bem, estamos abertos a isso”, declarou.

No domingo, no 42.º congresso do PSD, em Braga, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou o que classificou como um “grande projeto de reabilitação da Área Metropolitana de Lisboa” (AML), para “erguer uma metrópole vibrante e homogénea” nas duas margens do rio Tejo. Luís Montenegro falou de um plano, desenvolvido em três polos para, “de forma concertada, erguer uma grande polis com duas margens”.

De acordo com o primeiro-ministro, será criada a Sociedade de Gestão Reabilitação e Promoção Urbana, a que o Governo dará o nome de Parque Humberto Delgado, e que “será o instrumento para pensar, projetar e ordenar o Arco Ribeirinho Sul nos municípios de Almada, Barreiro e Seixal”. Um segundo polo será o Ocean Campus, entre o vale do Jamor e Algés, nos municípios de Lisboa e Oeiras, e o terceiro irá aproveitar os terrenos que serão libertados com o fim do atual aeroporto Humberto Delgado, nos municípios de Lisboa e Loures.

O presidente do Conselho Metropolitano de Lisboa afirmou ainda que “tudo aquilo que é fomentar o investimento” tem a sua concordância, mas ressalvou que, dentro da área metropolitana, “há outras zonas, outras regiões e outros concelhos que necessitam de particular atenção”.

A parte norte da AML “tem um rendimento per capita que necessita de ter atenção particular”, e não pode ficar “desprotegida”, destacou Basílio Horta, lembrando também que há concelhos “com necessidades de desenvolvimento maiores” e “dificuldades grandes de investimento e de criação de riqueza”.

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Turquia é muito importante para a NATO apesar de aproximação a BRICS

  • Lusa
  • 22 Outubro 2024

WA Turquia também está a trabalhar para ou com alguns dos parceiros dos BRICS, tem o direito soberano de o fazer. Isso pode originar debates de vez em quando", declarou Mark Rutte.

O secretário-geral da NATO, o neerlandês Mark Rutte, sublinhou em Tallinn, Estónia, a importância da Turquia como membro da organização, apesar da sua vontade de aproximação aos BRICS, as principais economias emergentes do mundo.

Assim designado devido às iniciais dos seus Estados-membros iniciais – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –, o grupo, ao qual posteriormente se juntaram outros países, como Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Irão, encontra-se reunido a partir desta terça-feira e durante os próximos dois dias numa cimeira em Kazan, no sudoeste da Rússia.

A Turquia enviou representantes à reunião dos BRICS em Kazan, organizada pelo Presidente russo, Vladimir Putin. Rutte, de visita à capital do país Báltico, que faz fronteira com a Rússia, numa das suas primeiras viagens internacionais como secretário-geral da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental), descreveu a Turquia como um membro “muito importante” da aliança e um Estado com “o direito soberano” de se aproximar dos BRICS.

“Sabemos que a Turquia também está a trabalhar para ou com alguns dos parceiros dos BRICS, tem o direito soberano de o fazer. Isso pode originar debates de vez em quando, bilateralmente ou no âmbito da NATO”, declarou Rutte, quando questionado sobre a intenção de Ancara de se aproximar dos BRICS. Mas “obviamente, dentro da Aliança, sendo uma democracia de 32 países, haverá sempre debates sobre isto e aquilo”, comentou Rutte.

No entanto, o secretário-geral da NATO também sublinhou que “a Turquia é um aliado muito importante da Aliança, tem uma das forças militares mais bem equipadas da NATO, desempenha um papel vital na sua parte da geografia da NATO” e “traz muitas capacidades à NATO como um todo”.

O dirigente da Aliança Atlântica e ex-primeiro-ministro neerlandês, que recentemente substituiu o norueguês Jens Stoltenberg como responsável máximo da organização militar, afirmou que está “muito feliz e satisfeita com o facto de a Turquia ser desde há tantos anos parte da aliança”.

Rutte emitiu estas declarações ao lado do primeiro-ministro estónio, Kirsten Michal, a quem dirigiu palavras de reconhecimento pelo empenho e assistência do país báltico à Ucrânia, confrontada com a agressão russa. “Ao gastar mais de 3% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em defesa, a Estónia realmente lidera pelo exemplo”, disse Rutte, acrescentando que “investir mais é algo que todos os aliados terão de esforçar-se por fazer”.

Referiu também que a Estónia se comprometeu a destinar 0,25% do seu PIB para ajuda à Ucrânia, há quase três anos em guerra com a Rússia, que invadiu o seu território em fevereiro de 2022. “A Estónia é um dos países que mais apoiaram a Ucrânia, com mais de 500 milhões de euros em ajuda militar desde 2022”, afirmou.

Questionado sobre informações relativas à chegada de soldados norte-coreanos para combater ao lado da Rússia contra a Ucrânia, Rutte declarou ter falado por telefone com o Presidente da Coreia do Sul, Yook Suk-yeol, que se comprometeu a enviar no início da próxima semana especialistas sul-coreanos para informar o Conselho Atlântico sobre o que sabem acerca do destacamento de tropas norte-coreanas.

Fazendo eco de anteriores declarações proferidas em Bruxelas, o secretário-geral da NATO afirmou: “Depois veremos se a Coreia do Norte apoia ou não a guerra ilegal da Rússia na Ucrânia [e], se for esse o caso, se enviarem tropas para a Ucrânia, isso representará uma escalada significativa” do conflito. “Isso será realmente importante, uma escalada significativa do conflito”, insistiu.

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