Dos Onda Choc à direção de marketing da Via Verde, Raquel Abrantes, na primeira pessoa

Após integrar os Onda Choc, Raquel Abrantes percebeu que uma carreira artística não era para si. "Criar projetos do zero" é aquilo que a agora diretora de marketing da Via Verde mais gosta de fazer.

Com 38 anos recentemente completados, Raquel Abrantes é há quase três anos anos diretora de marketing da Via Verde. Do seu percurso fazem parte passagens por empresas como a L’Oréal, Sumol+Compal ou Sonae, onde esteve envolvida no lançamento da marca Wells e aprendeu que aquilo que mais gosta de fazer é criar projetos do zero. Mas parte do seu caráter começou a ser moldado ainda cedo, com a sua passagem pela banda juvenil Onda Choc.

“Tive de crescer bastante rápido, parte da minha infância não foi tradicional, fui rapidamente e muito cedo, com 10 anos, exposta ao julgamento e à responsabilidade de ter de atuar para milhares de pessoas, sem grande rede. E isso formou-me o caráter de alguma forma. Para mim os compromissos são para serem levados a sério, sempre”, diz em conversa com o +M.

Sem qualquer background artístico, a integração nos Onda Choc, onde permaneceu durante quatro anos, aconteceu através de um “daqueles acasos clássicos”, em que as amigas que iam ao casting a convidaram para as acompanhar, tendo Raquel Abrantes acabado por ser selecionada e as amigas não.

A agora diretora de marketing da Via Verde ainda equacionou, de facto, seguir uma carreira artística, algo que diz ter ponderado de uma forma “bastante racional”: “Achei que não tinha nem o talento nem a vontade verdadeira de perseguir uma carreira artística. Quem é artista tem de – para além de naturalmente muito talentoso – ter uma capacidade de se dedicar à arte que eu claramente não tinha. E, portanto, se não fosse para ser uma coisa levada a sério, mais valia não me dedicar completamente, e foi isso que aconteceu”.

No entanto, embora também goste de livros e filmes, a música é realmente mais a sua “praia”, diz, elencando Eric Clapton como artista preferido, o qual teve oportunidade de ver ao vivo recentemente na última viagem que fez a Itália, no Lucca Summer Festival, e que lhe valeu uma “grande alegria”.

Raquel Abrantes aponta também como algo importante na sua vida a vontade de fazer coisas sozinha e o gosto pela independência. Começou a trabalhar quando tinha 16 anos e quando fez Erasmus, na Bélgica, não quis receber ninguém para poder viver essa experiência “sem qualquer interferência”. Foi viver sozinha aos 24 anos, “relativamente cedo” para a sua geração.

Gosto de sentir o pulso às decisões que tomo, independentemente de como elas possam vir a correr“, diz a diretora de marketing da Via Verde.

Em termos profissionais, começou o seu percurso na L’Oréal, naquela que considera ser uma “escola fora de série” que lhe deu “muitas das bases”. Foi depois desafiada a ir para a Sonae, para um projeto que viria a tornar-se na Wells e que iria ser uma das “principais experiências” da sua vida.

“Deu-me duas grandes coisas: desconstruiu aquilo que eu achava que era um percurso típico e tradicional e ensinou-me rapidamente aquilo que eu gosto de fazer, que é projetos do zero. Gosto mesmo de criar coisas do zero“, explica.

Depois de um novo desafio na área comercial na L’Oréal, na categoria de maquilhagem, e de ter percebido que não era ali que ia ser feliz, decidiu ingressar na Omega Pharma (hoje em dia, Perrigo), que lhe permitiu voltar a criar coisas do zero e voltar ao mercado por que se tinha “apaixonado” na Wells.

“E costumo dizer que estaria na Omega Pharma até hoje se lá não tivesse conhecido o meu marido, mas achei por bem não misturar as coisas“, diz Raquel Abrantes, que vive em Lisboa com o marido e os dois filhos (um menino de cinco anos e uma menina com três).

Depois de uma passagem pela Henkel, ingressou na Sumol+Compal para criar, em conjunto com Paula Ribeiro – uma das pessoas com quem mais aprendeu a trabalhar e com quem se relaciona até hoje -, o departamento de inovação conceptual, naquele que foi mais um projeto que criou de raiz.

Isto até que recebeu o desafio da Via Verde, onde está há já quase três anos e onde encontrou “sem dúvida” o desafio da sua carreira.

“Tem sido um desafio enorme. Fui construir o departamento de marketing da Via Verde, que não existia, e temos vindo a alargar competências, nomeadamente no que à definição estratégica da Via Verde diz respeito. Tem sido uma jornada muito intensa, mas temos assistido a coisas que acho que dificilmente conseguiria assistir se estivesse numa empresa já mais estabelecida, ou com um modelo de negócio que não tivesse sofrido as transformações que a Via Verde sofreu”, explica.

Segundo a diretora de marketing, há cinco milhões de carros que usam Via Verde em Portugal, mas Raquel Abrantes quer ir mais longe. O desafio passa assim por dar a conhecer “todo o ecossistema” da Via Verde, que é uma marca com uma “awarenesse brutal”, mas onde havia poucas pessoas que conhecessem o conjunto de serviços da marca, que vão desde estacionamento, a carregamentos elétricos ou serviços de pagamento drive-thru.

Quando ao budget de que a marca dispõe para marketing, Raquel Abrantes diz que este é “muito interessante” e que “tem vindo a crescer”. Segundo a responsável, desde que mudou o seu modelo de negócio, a Via Verde “mais do que duplicou” o seu orçamento para marketing, o qual agora “já tem paralelo com o de grandes marcas internacionais“.

Raquel Abrantes em discurso direto

1 – Que campanhas gostava de ter feito/aprovado? Porquê?

Uma campanha nacional, terei de referir a incontornável campanha de lançamento da Telecel- “Tou sim, é para mim”-, não só pela forma como marcou o início de uma nova era na forma das pessoas comunicarem entre si, mas também porque acredito que ditou o ritmo e até o tom do segmento nos anos que se seguiram.

Uma campanha internacional seria a do Spotify, que é relativamente recente e que de uma forma muito subtil (mas inteligente), traz para a rua músicas e artistas e os associa ao Spotify. Tão simples, tão eficaz.

2 – Qual é a decisão mais difícil para um marketeer?

Somos todos consumidores e muitas vezes somos consumidores das nossas marcas muito antes de as gerirmos. E despir essa pele é difícil. Perceber que a nossa opinião pode não só não representar o target ou a maioria dos consumidores, como também não servir o objetivo da marca. Essa objetividade é fundamental na gestão de uma marca.

3 – No (seu) top of mind está sempre?

O consumidor. Entregar-lhe sempre aquilo que é a melhor proposta de valor para ele, sendo fiel aos princípios e valores da marca.

4 – O briefing ideal deve…

Ter objetivos claros, KPI mensuráveis e partilhados por todos e ser simples, claro e direto. Se alguém que não conhece a marca receber um briefing, deve conseguir perceber o que se pretende.

5 – E a agência ideal é aquela que…

É uma extensão da marca. Partilha dos nossos objetivos como se fosse parte da equipa de marketing. Mas que nos desafia no que ao mercado e ao consumidor diz respeito. É muito fácil perdermos alguma perceção do contexto quando trabalhamos uma marca e a agência ideal pode e deve trazer-nos também esse conhecimento.

6 – Em publicidade é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?

Depende dos objetivos, da marca e do momento. Há determinadas campanhas, para determinados targets que surgem em contextos muito particulares que não se prestam a campanhas “arriscadas”. Contudo, eu acho que devemos sempre fazer alguma coisa diferente em cada campanha, que devemos experimentar sempre alguma coisa nova, até para podermos medir os impactos de cada ação.

7 – O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?

O orçamento de marketing deve guiar-nos naquilo que é o valor que temos disponível para impactar cada consumidor. Deve haver um limite para esse valor, até por uma questão de eficácia. Contudo, há uma área em que acredito que um orçamento ilimitado pode fazer a diferença, que é a área de responsabilidade social. Se não tivesse um orçamento limitado acho que era aí que colocava o meu orçamento extra. A impactar as comunidades locais, nomeadamente através das camadas mais jovens, proporcionando-lhes acesso à educação, à cultura, ao desporto…

8 – A publicidade em Portugal, numa frase?

Faz-se muito, com pouco.

9 – Construção de marca é?

É um trabalho inacabado. É saber que uma marca tem uma identidade e que tal como uma pessoa essa está sempre em atualização, sofrendo alterações ao longo do seu ciclo de vida.

10 – Que profissão teria, se não trabalhasse em marketing?

Possivelmente teria uma agência de viagens. Mais do que a paixão por viajar, gosto muito do processo de pesquisa, planeamento, organização que envolve uma viagem.

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Costa no Conselho Europeu? Tusk quer que suspeitas da Operação Influencer sejam “esclarecidas”

Primeiro-ministro polaco reconhece competências de António Costa para a presidência do Conselho Europeu, mas sublinha que as suspeitas judiciais em torno do próprio ainda precisam de ser esclarecidas.

Embora considere que António Costa tenha perfil para ser presidente do Conselho Europeu, o primeiro-ministro da Polónia, Donald Tusk, apontou esta segunda-feira que é importante que as suspeitas judiciais ligadas ao ex-primeiro-ministro português no âmbito da Operação Influencer sejam esclarecidas.

“Ainda me lembro de António Costa como um bom colega do Conselho Europeu e que foi um primeiro-ministro bastante eficaz e eficiente”, afirmou Donald Tusk, esta segunda-feira, citado pelo Politico, sublinhando ser evidente que “tem competências” para suceder a Charles Michel no cargo. No entanto, diz o também antigo presidente do CE, “temos de esclarecer o contexto jurídico”. “Sabem do que estou a falar”, reiterou.

As declarações surgem a poucas horas do início de um encontro informal entre os 27 Estados-membros que servirá para fazer um rescaldo das eleições europeias, e ainda aprovar, de forma preliminar, os candidatos à liderança das principais instituições europeias. Os nomes serão apresentados formalmente no Conselho Europeu de 27 e 28 de junho.

António Costa tem sido apontado como o nome mais consensual para a presidência do Conselho Europeu, resistindo às suspeitas judiciais que pairam sobre si. Embora não tenha sido constituído arguido, o ex-primeiro-ministro já foi ouvido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), a pedido do próprio, a propósito do caso Influencer, centrado no alegado favorecimento de um megaprojecto para a construção de um centro de armazenamento de dados digitais, uma pequena parte do qual já está de pé, em Sines. O processo levou à demissão de Costa, em novembro passado.

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Recuperar tempo de serviço dos professores custa mais 169 milhões do que prevê o Governo, estima UTAO

UTAO aponta que recuperação do tempo de serviço perdido pelos professores deverá ter impacto bruto de 469 milhões de euros, mais do que os 300 milhões de euros que o Governo contava gastar.

O Governo conta gastar 300 milhões de euros com a recuperação do tempo de serviço dos professores, mas, afinal, poderá ter de abrir ainda mais os cordões à bolsa. De acordo com uma análise da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), que foi conhecida esta segunda-feira, a reposição dos anos perdidos deverá ter um custo total bruto permanente de 469 milhões de euros.

Os professores viram as suas progressões congeladas durante nove anos, quatro meses e dois dias. Desse período, o Governo de António Costa recuperou dois anos, nove meses e 18 dias, mas os sindicatos que representam os docentes nunca desistiram de ver o restante tempo — seis anos, seis meses e 23 dias — reconhecido.

Em setembro, o líder da Fenprof, Mário Nogueira, disse numa entrevista ao ECO que esse era um dos motivos da intranquilidade que se vivia nas escolas. Entretanto, o PSD pediu à UTAO que avaliasse o impacto orçamental que a recuperação desse tempo de serviço teria, trabalho que arrancou no início deste ano.

Seis meses depois, a análise é conhecida esta segunda-feira, numa altura em que o Governo, agora liderado por Luís Montenegro, já chegou a acordo com a maioria dos sindicatos para a reposição desses mais de seis anos.

No relatório, a UTAO estuda três cenários possíveis e alternativos para o faseamento do tempo de serviço perdido. No primeiro cenário, é assumido que os créditos individuais seriam reconhecidos e pagos integralmente aos docentes em 2023. Já no segundo cenário, é assumido que os créditos individuais seriam reconhecidos e pagos à razão de 25% do total em cada um dos anos de 2024 a 2027.

Já o terceiro cenário é o correspondente ao “faseamento que foi acordado entre o Governo e as sete estruturas sindicais a 21 de maio”, isto é, o crédito é atribuído à razão de 25% ao ano, iniciando-se o pagamento da nova remuneração a 1 de setembro de 2023 e a 1 de julho de 2025, 2026 e 2027. Quer isto dizer que 2028 será o primeiro ano com 14 remunerações mensais com 100% do tempo de serviço recuperado.

Com base nisso, a UTAO calcula que a recuperação do tempo de serviço vai ter um impacto bruto de 41 milhões de euros, já no último quadrimestre de 2024. O Governo tinha apontado para 40 milhões de euros este ano, o que significa que as contas estão alinhadas com a UTAO.

Contudo, enquanto o Executivo de Luís Montenegro indicou que o custo seria 300 milhões de euros no ano em que “a totalidade do tempo estiver recuperado”, a UTAO aponta para 469 milhões de euros, uma diferença de 169 milhões.

“A aplicação da modulação da medida neste cenário 3 implicará a subida da despesa bruta com pessoal no ano cruzeiro de 2028 em 469 milhões de euros face à ausência de medida”, lê-se no relatório, que assinala também que, “utilizando como referencial o PIB previsto para 2024 no Programa de Estabilidade mais recente, é possível afirmar que o impacto bruto no saldo global das Administrações Públicas no ano cruzeiro de 2028 corresponderá a 0,07% do PIB“.

Ainda assim, uma parte significativa dessa verba é “recuperada” pelo Estado através de impostos e contribuições sociais. Por exemplo, do custo de 41 milhões de euros previsto para este ano, 23 milhões de euros deverão regressar aos cofres do Estado. Por outras palavras, o custo líquido é de 18 milhões de euros.

Olhando para o custo permanente, dos 469 milhões de euros, 267 milhões de euros voltam para o Estado pela via dos impostos e contribuições sociais, o que significa que o impacto líquido da recuperação do tempo de serviço dos professores é de 202 milhões de euros, de acordo com a UTAO.

No relatório conhecido esta segunda-feira, a UTAO adianta também que não foi capaz de estimar o impacto de uma medida equivalente para as demais carreiras da Função Pública que ainda não recuperaram todo o tempo de serviço congelado.

É incipiente a existência de bases de microdados em serviços-chave da Administração Central para realizar avaliações de impacto de medidas de política sobre emprego e remunerações. Como é possível lançar quase todos os anos estas medidas e, em 2024, ainda não existir informação de suporte às decisões? Decide-se de olhos quase fechados ao custo e à eficácia das medidas“, remata a UTAO.

(Notícia atualizada pela última vez às 16h33)

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Há mais de 300 vagas de emprego na indústria de transformação do tomate

Fábricas do Grupo HIT procuram mais de 300 trabalhadores para dar resposta a necessidades sazonais. Procuram-se candidatos de todas as gerações, sendo que o transporte está assegurado.

Estão abertas mais de 300 vagas de emprego para dar resposta às necessidades sazonais da indústria de transformação do tomate. Os postos de trabalho em questão estão localizados em Castanheira do Ribatejo e na Marateca, sendo assegurado “transporte gratuito a todos os colaboradores em laboração contínua”.

“Os profissionais irão integrar a Italagro e a FIT, fábricas do Grupo HIT, especialista na transformação do tomate, para dar resposta às necessidades sazonais da indústria”, informou esta segunda-feira o Clan, plataforma de recrutamento de recursos humanos, num comunicado.

De acordo com os dados disponibilizados, as vagas dizem respeito a funções de operadores de produção, operadores de armazém, operadores de classificação, operadores de controlo de qualidade, analistas de qualidade e assistentes administrativos.

“Para esta campanha procuram-se candidatos de todas as gerações, motivados para integrarem o setor da transformação de produtos alimentares, e com disponibilidade a partir do final de julho e até ao mês de outubro“, acrescenta o Clan, que acrescenta que as candidaturas podem ser feitas pela via digital ou presencialmente (nos escritórios da Multipessoal em Alverca ou na fábrica da Italagro em Castanheira do Ribatejo).

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Prazos para construção do Aeroporto Luís de Camões começaram a contar

O Governo já enviou formalmente à concessionária dos aeroportos a carta que dá início à contagem de prazos para a construção do novo aeroporto. ANA tem seis meses para responder.

Começaram esta segunda-feira, oficialmente, a contar os prazos para construção do Aeroporto Luís de Camões em Alcochete. Os ministros das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, assinaram na sexta-feira a carta que desencadeia o início formal do processo de negociação com a ANA, a concessionária dos aeroportos nacionais, apurou o ECO junto de uma fonte que acompanha o processo.

O Governo anunciou o novo aeroporto de Lisboa (NAL) no dia 14 de maio, há pouco mais de um mês, em simultâneo com o anúncio da terceira travessia do Tejo e da ligação de TGV a Madrid. Os contactos necessários com a ANA foram desenvolvidos ao longo das últimas semanas, de forma informal, e agora o Governo formalizou em carta enviada à concessionária da Vinci o pedido nos termos definidos no contrato de concessão, que termina apenas em 2062. O contrato de concessão estipula que cabe ao concedente, o Estado, informar a concessionária de que pretende que esta elabore um Relatório Inicial (o chamado High Level Assumption Report) sobre o desenvolvimento da capacidade aeroportuária para Lisboa.

Oficialmente, nenhuma das partes faz comentários. Agora, a ANA tem seis meses para elaborar aquele relatório, que poderá ser determinante para a continuidade do processo. Além do local proposto, o documento deve incluir uma estimativa preliminar dos custos e principais especificações, uma proposta de duração e conclusão da construção e do financiamento da construção. Esta última inclui propostas para uma eventual “alteração do regime de taxas aeroportuárias e/ou de prorrogação do prazo de concessão”. Após esses seis meses, o Governo terá 30 dias para “confirmar por escrito à concessionária se pretende que esta prepare a candidatura ao NAL”.

A ANA tem a exclusividade da concessão dos aeroportos nacionais e terá, também, da construção do novo aeroporto, porque a localização escolhida, o campo de tiro de Alcochete, fica dentro do raio de 75 quilómetros do atual aeroporto.

Ultrapassada esta fase dos seis meses da ANA e dos 30 dias do Estado, o contrato de concessão dá à ANA mais 36 meses para apresentar a candidatura completa ao novo aeroporto, processo que prevê um conjunto alargado de documentos, como o Relatório das Consultas, o Relatório sobre o Local Selecionado, um Estudo de Impacte Ambiental, o Relatório Técnico e o Relatório Financeiro.

Na apresentação da escolha do novo aeroporto, o ministro das Infraestruturas já admitia um prazo para o novo aeroporto superior a dez anos, e acrescentou que a prioridade é encurtar esses prazos. “Face à publicação da Resolução de Conselho de Ministros, o Governo encontra-se atualmente a promover diligências junto da concessionária para a concretização do teor da resolução, nomeadamente no que respeita ao teor do relatório inicial, bem como aos tempos de execução, cientes de que, dada a importância estratégica do desenvolvimento do NAL, se reconhece a importância da flexibilização dos prazos contratualmente previstos, tendo em vista antecipar a entrega da Candidatura ao NAL“, respondeu ao ECO fonte oficial do Ministério das Infraestruturas e Habitação, no início do mês.

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Caso gémeas. Lacerda Sales recusa ser “bode expiatório num processo político e mediático”

Durante a declaração inicial, António Lacerda Sales disse ainda que vai manter-se em silêncio durante todas as questões dos deputados, dado que há um processo judicial em curso, no qual é arguido.

O antigo secretário de Estado da Saúde António Lacerda Sales, que está a ser ouvido no Parlamento na comissão de inquérito ao caso das gémeas, reitera que a sua conduta no alegado caso de favorecimento das duas crianças brasileiras tratadas no Hospital Santa Maria “não é sustentável de merecer qualquer tipo de censura”, afirmando que nenhum membro do Governo pode ter “interferência, seja em marcações de consultas, seja na administração de medicamentos”. O ex-governante criticou ainda o relatório da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), reiterando: “Não estou disponível para servir de bode expiatório num processo político e mediático.”

“São várias as pontas soltas neste relatório“, começou por afirmar o antigo secretário de Estado da Saúde, que está esta segunda-feira na comissão de inquérito, sobre o referido relatório, que concluiu que houve irregularidades na marcação da primeira consulta das gémeas brasileiras no hospital de Santa Maria com um medicamento que custou quatro milhões de euros. Segundo a TVI, a primeira consulta terá sido pedida por uma secretária de Lacerda Sales. Para o ex-governante, o relatório “mais parece uma tentativa de corresponder à pressão mediática instalada”, que se sobrepõe ao apuramento da verdade.

“Reafirmo: a minha conduta não é sustentável de merecer qualquer tipo de censura, conforme a seu tempo se verá”, disse Lacerda Sales, garantindo que está “a falar a verdade” e lembrando que “as regras clínicas foram respeitadas”. “Ninguém passou à frente de ninguém”, pois nem havia lista de espera“, assegurou.

O antigo governante realçou ainda que nenhum membro do Governo pode ter “interferência, seja em marcações de consultas, seja na administração de medicamentos”, até porque o “ato de marcar uma consulta será sempre” seguindo critérios clínicos “e tal é inultrapassável”.

Lacerda Sales diz-se ainda orgulhoso pelo país já ter tratado “crianças” com a mesma doença do que as gémeas brasileiras, “11 das quais no Hospital Santa Maria”, tendo “evitado a morte prematura” das mesmas e assegurando-lhes “qualidade de vida”. “Se o SNS tivesse negado ou prolatado o tratamento, qual seria o sentimento?”, questionou, indicando que, “provavelmente, estaríamos a apurar responsabilidades”.

No final da sua intervenção inicial, Lacerda Sales anunciou que vai manter-se em silêncio durante todas as questões dos deputados para não se “auto incriminar”, invocando que há um processo judicial em curso, que está em segredo de justiça e no qual é arguido. O presidente da CPI ainda sugeriu que a audição se realizasse à porta fechada, mas o antigo governo referiu que “mesmo à porta fechada mantém direito ao silêncio”.

Ainda assim, o ex-governante tem quebrado esse silêncio para responder a algumas perguntas, indicando, nomeadamente, que o Presidente da República, a antiga ministra da Saúde Marta Temido, e o antigo primeiro-ministro António Costa, falaram com ele sobre este caso e que “nunca chegou nenhum email nem nenhum processo formal” sobre as gémeas ao seu gabinete. Não obstante, questionado por André Ventura (Chega) sobre se recebeu algum pedido informal, Lacerda Sales voltou a remeter-se ao silêncio.

O caso das gémeas residentes no Brasil, que adquiriram nacionalidade portuguesa e receberam em Portugal, em 2020, o medicamento Zolgensma, com um custo total de quatro milhões de euros à data, está a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Para já, o processo judicial tem dois arguidos: António Lacerda Sales, ex-secretário de Estado da Saúde e Luís Pinheiro, ex-diretor clínico do Hospital Santa Maria. Também Nuno Rebelo de Sousa vai ser constituído arguido.

Uma auditoria interna do Hospital Santa Maria concluiu que a marcação de uma primeira consulta hospitalar pela Secretaria de Estado da Saúde foi a única exceção ao cumprimento das regras neste caso. Já a auditoria da IGAS concluiu que “não foram cumpridos os requisitos de legalidade no acesso das duas crianças à consulta de neuropediatria” para serem tratadas no SNS com o medicamento Zolgensma.

(Notícia atualizada pela última vez às 15h32)

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Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso das gémeas avança, apesar do processo judicial

A decisão foi formalizada esta segunda-feira à tarde com os votos favoráveis de PS, PSD, Chega, IL, Bloco de Esquerda, PAN e livre e abstenção do PCP.

A comissão parlamentar de inquérito (CPI) ao alegado caso de favorecimento das gémeas luso-brasileiras tratadas com o medicamento Zolgensma no Hospital Santa Maria vai mesmo avançar, apesar do processo judicial em curso.

A decisão foi formalizada esta segunda-feira à tarde com os votos favoráveis de PS, PSD, Chega, IL, Bloco de Esquerda, PAN e Livre e abstenção do PCP. Esta CPI é presidida por Rui Paulo Sousa, deputado do Chega, que indicou que a comissão já recebeu a documentação que foi pedida a Marta Temido.

O presidente da Assembleia da República tinha entregado um despacho na CPI a pedir a eventual suspensão dos trabalhos até ao trânsito em julgado da correspondente sentença judicial que decorre sobre o caso e está em segredo de justiça. A primeira audição é já esta segunda-feira ao ex-secretário de Estado da Saúde António Lacerda Sales.

O pedido de constituição de uma comissão parlamentar de inquérito ao alegado caso de favorecimento das gémeas luso-brasileiras tratadas com o medicamento Zolgensma no Hospital Santa Maria foi feito pelo Chega no início de abril.

O caso das gémeas residentes no Brasil, que adquiriram nacionalidade portuguesa e receberam em Portugal, em 2020, o medicamento Zolgensma, com um custo total de quatro milhões de euros à data, está a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Para já, o processo judicial tem dois arguidos: António Lacerda Sales, ex-secretário de Estado da Saúde e Luís Pinheiro, ex-diretor clínico do Hospital Santa Maria. Também Nuno Rebelo de Sousa vai ser constituído arguido.

Uma auditoria interna do Hospital Santa Maria concluiu que a marcação de uma primeira consulta hospitalar pela Secretaria de Estado da Saúde foi a única exceção ao cumprimento das regras neste caso. Já a auditoria da IGAS concluiu que “não foram cumpridos os requisitos de legalidade no acesso das duas crianças à consulta de neuropediatria” para serem tratadas no SNS com o medicamento Zolgensma.

(Notícia atualizada às 14h17)

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Operação Influencer. Maços das notas de Escária estavam em três sítios em S.Bento

Mas Escária só tinha memória do envelope com a menor quantia encontrada, 7.620 euros. Explicou que o dinheiro dizia respeito a uma atividade profissional anterior em Angola, avança a CNN.

Vítor Escária, ex-chefe de gabinete do ex-primeiro-ministro António Costa , mostrou-se surpreendido no dia 7 de novembro de 2023, quando a PSP, na busca realizada em São Bento, encontrou os mais de 75 mil euros no seu gabinete. O então chefe de gabinete disse só ter memória de ali guardar 7.620 euros.

Os agentes encontraram 75.800 euros em envelopes que estavam escondidos no gabinete – cujas imagens a CNN Portugal teve acesso. Mas os maços de notas não estavam afinal numa só estante mas noutros dois locais do gabinete de Vítor Escária, um dos arguidos da operação influencer. A maior tranche encontrada pela PSP continha 40 mil euros: o dinheiro estava escondido dentro da caixa de uma garrafa de champanhe.

Mas Escária só tinha memória do envelope com a menor quantia encontrada, 7.620 euros. Explicou que o dinheiro dizia respeito a uma atividade profissional anterior em Angola.

Ao todo, a busca a São Bento durou seis horas e 10 minutos. Foi presidida pelo juiz de instrução que acabou por não prender Vítor Escária, ao contrário do que o Ministério Público pedia. Além do dinheiro, a PSP encontrou também documentos de interesse para efeitos de prova, discos externos e pen-drives com informação de natureza fiscal sobre funcionários do Estado, alguns deles polícias.

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Centros Tecnológicos Especializados arriscam perder verbas do PRR por incumprimento de metas

Para evitar o incumprimento das metas acordadas e a eventual perda de fundos, o Governo criou um plano de ação com seis pontos. Em causa está um apoio de 480 milhões para 365 centros.

O Governo está a elaborar um plano de ação para acelerar execução das verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) alocadas aos Centros Tecnológicos Especializados para evitar incumprimento de metas e a perda de fundos. Esta segunda-feira iniciou-se a primeira reunião de várias com direções escolares e municípios de todo o país para apresentar o plano de ação que passa entre outras medidas, por estabelecer protocolos entre escolas e municípios para apoio à execução dos projetos e atribuir horas ao professor responsável em cada escola pelo acompanhamento do projeto.

“Pouco antes de o atual Governo tomar posse, no início de abril, estavam aprovados apenas 142 Centros Tecnológicos Especializados, dos quais 103 públicos, com uma taxa de execução abaixo de 1%. Atualmente, estão aprovados 308, dos quais 196 públicos, tendo estes uma taxa de execução de 4%, o que coloca em causa o cumprimento das metas acordadas e a eventual perda de fundos“, detalha o Mistérios da Educação em comunicado.

Portugal definiu junto da Comissão Europeia, no âmbito do PRR, que até dezembro de 2025, seriam criados 365 Centros Tecnológicos Especializados, com um apoio de 480 milhões de euros da bazuca. Mas há uma meta intermédia de 310 CTE até março do próximo ano.

Para evitar o incumprimento das metas acordadas e a eventual perda de fundos, o Governo criou um plano de ação com seis pontos que vai apresentar às câmaras e direções escolares até quinta-feira:

  • Acelerar processos em serviços dependentes do Governo de modo a garantir a execução dentro do calendário previsto.
  • Acelerar a devolução do IVA suportado pelos beneficiários finais.
  • Criar um repositório na página da internet dos CTE, com acesso fácil a todos os documentos e informações necessários para simplificar e acelerar a execução dos projetos (Ex: documentação sobre procedimentos concursais, FAQ sobre execução física e financeira, guias e informação detalhada sobre passos necessários ao longo do projeto).
  • Possibilidade de estabelecer um protocolo entre escolas e municípios para apoio à execução dos projetos.
  • Atribuir horas ao professor responsável em cada escola pelo acompanhamento do projeto CTE.
  • Criar um grupo de trabalho para resposta rápida às necessidades dos promotores dos CTE.

Com os 480 milhões do PRR, Portugal deve “reequipar e robustecer a infraestrutura tecnológica dos estabelecimentos de ensino com oferta de ensino profissional, bem como permitir a modernização da oferta formativa, em linha com a evolução das necessidades das empresas”, explica o mesmo comunicado, que acrescenta que a “aposta no ensino profissional permite diversificar as ofertas do sistema educativo, potenciando o sucesso escolar” e promovendo “uma oferta que prepara os jovens para a entrada no mercado de trabalho e/ou para o prosseguimento de estudos no ensino superior”.

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Desinformação mais detetada pelos portugueses é sobre política

  • Lusa
  • 17 Junho 2024

O Google é visto de forma mais positiva e o X (antigo Twitter) como a plataforma onde é mais difícil distinguir entre informação fiável e não fiável, revela o Reuters Digital News Report 2024.

O tipo de desinformação mais encontrada pelos portugueses é sobre política, de acordo com o relatório Reuters Digital News Report 2024, divulgado esta segunda-feira, os quais elegem a transparência como critério para definição de confiança nas notícias.

O Reuters Digital News Report 2024 (Reuters DNR 2024) é o 13.º relatório anual do Reuters Institute for the Study of Journalism (RISJ) e o 10.º a contar com informação sobre Portugal. Em 2024 participaram 47 mercados de notícias, Portugal incluído.

Enquanto parceiro estratégico, o OberCom — Observatório da Comunicação colaborou com o RISJ na conceção do questionário para Portugal, bem como na análise e interpretação final dos dados.

Em Portugal, o tema sobre o qual os respondentes dizem ter encontrado mais desinformação é a política (28%), à semelhança do que acontece também a nível global, sendo de assinalar que, apesar da maior preocupação com a desinformação, os portugueses declaram em menor grau do que os restantes respondentes deparar-se com desinformação sobre qualquer um dos tópicos explorados“, lê-se no estudo.

Portugal é dos países onde os cidadãos estão mais preocupados com o que é real e falso na Internet (72%).

A nível global, no conjunto dos 47 países agora estudados, 59%, dos mais de 90 mil respondentes, dizem-se preocupados com o que é real e falso online (mais três pontos percentuais do que em 2023)”.

Em Portugal, “esta preocupação aumenta com a idade, escolaridade, rendimento e é também maior entre os que têm uma orientação política declarada”, acrescenta.

De salientar que a proporção de respondentes que afirmam ter-se deparado com conteúdos informativos falsos ou imprecisos sobre qualquer um dos temas com que foram confrontados aumentou a nível nacional e global, não sendo um fenómeno exclusivo” de Portugal, refere o estudo.

Quando questionados sobre a facilidade que têm em distinguir entre notícias/informação fiável e não fiável em diferentes plataformas digitais, o motor de busca da Google é visto de forma mais positiva e o X (antigo Twitter) como a plataforma onde é mais difícil distinguir entre informação fiável e não fiável“, aponta.

Em Portugal, a percentagem de inquiridos a afirmar confiar nas notícias em geral diminuiu cerca de dois pontos percentuais este ano (58% para 56%), mas “mantém-se entre os que dizem confiar nas notícias que consomem (58%)”.

Entre 2015 e 2024 “registou-se uma quebra de 10 pontos percentuais na confiança em notícias em geral e de 13 pontos percentuais nas notícias consumidas”, refere o estudo.

A transparência dos media é considerada por 78% dos portugueses como ‘Muito’ ou ‘Algo’ importante para a definição da sua confiança em notícias (79%), seguindo da representação de pessoas como si de forma justa (75%), enquanto 74% atribuem a confiança em notícias ao facto de os media noticiosos terem padrões jornalísticos elevados“.

A televisão continua a ser mais preponderante entre os mais velhos e a Internet nos mais jovens, em Portugal.

De acordo com os dados, a televisão continua a ser o meio de comunicação social para acesso a notícias por 67% dos portugueses e 53% (mais dois pontos percentuais face a 2023) dizem tê-la como principal fonte de notícias.

No entanto, a idade é aqui um fator determinante, pois enquanto apenas 31% dos jovens entre os 18 e os 24 anos de idade fazem da televisão a sua principal fonte de noticias face a 68% dos portugueses com 65 e mais anos, se falarmos da Internet o resultado inverte-se e temos 58% dos jovens entre os 18 e os 24 a afirmar terem a internet como principal fonte e informação, enquanto apenas 21% dos respondentes com mais de 65 anos o afirmam”, segundo o relatório.

O inquérito foi realizado em 47 mercados: Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Espanha, Portugal, Irlanda, Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Bélgica, Países Baixos, Suíça, Áustria, Hungria, Eslováquia, República Checa, Polónia, Croácia, Roménia, Bulgária, Grécia, Turquia, Coreia do Sul, Japão, Hong Kong, Índia, Indonésia, Malásia, Filipinas, Taiwan, Tailândia, Singapura, Austrália, Canadá, Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, Peru, México, Marrocos, Nigéria, Quénia e África do Sul.

O trabalho de campo foi realizado no final de janeiro/início de fevereiro.

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Taxas do crédito da casa renovam mínimos de um ano

  • Lusa
  • 17 Junho 2024

Taxas Euribor, que servem de base para o cálculo da prestação da casa, desceram nos principais prazo esta segunda-feira, renovando mínimos de um ano.

As taxas Euribor, que servem de base para o cálculo da prestação da casa, desceram a três, a seis e a 12 meses, sendo que nos dois prazos mais curtos renovaram novos mínimos respetivamente desde julho e maio do ano passado.

  • A taxa Euribor a seis meses baixou para 3,711%, menos 0,024 pontos e um mínimo desde 22 de maio de 2023, depois de ter atingido 4,143% em 18 de outubro, um máximo desde novembro de 2008.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor recuou para 3,628%, menos 0,044 pontos do que na sessão anterior, contra o máximo desde novembro de 2008, de 4,228%, registado em 29 de setembro.
  • No mesmo sentido, a Euribor a três meses desceu para 3,711%, menos 0,004 pontos e um novo mínimo desde 26 de julho de 2023, depois de ter avançado em 19 de outubro para 4,002%, um máximo desde novembro de 2008.

O BCE desceu em 6 de junho as taxas de juro diretoras em 25 pontos base, depois de as ter mantido no nível mais alto desde 2001 em cinco reuniões e de ter efetuado 10 aumentos desde 21 de julho de 2022. A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 18 de julho.

Esta descida das taxas diretoras deverá provocar um recuo a um ritmo moderado das taxas Euribor e assim baixar a prestação do crédito à habitação.

A média da Euribor em maio desceu em todos os prazos, mas mais acentuadamente do que em abril e nos prazos mais curtos.

A média da Euribor em maio desceu 0,073 pontos para 3,813% a três meses (contra 3,886% em abril), 0,052 pontos para 3,787% a seis meses (contra 3,839%) e 0,021 pontos para 3,681% a 12 meses (contra 3,702%).

Os analistas antecipam que as taxas Euribor cheguem ao final do ano em torno de 3%.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Nenhum dos objetivos sustentáveis da ONU deve singrar até 2030. Portugal no ‘top 20’

O raio-x à execução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU deixa antever que a larga maioria das metas não vai ser alcançada até 2030. Portugal entre os 20 países com melhor desempenho.

O caminho para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) está a fazer-se de forma lenta e com alguns recuos, sendo que nenhum dos dezassete objetivos está em vias de ser alcançado até 2030 apenas um sexto das metas deverão ser alcançadas até 2030. “Reformar a Arquitetura Financeira Global é mais urgente do que nunca”, alertam as Nações Unidas.

“Em média, globalmente, apenas 16% das metas dos ODS estão a caminho de serem alcançadas até 2030, com os restantes 84% a demonstrarem um progresso limitado ou mesmo reversão”, destaca a nona edição do Relatório de Desenvolvimento Sustentável (RDS), lançado esta segunda-feira pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável (SDSN) das Nações Unidas.

cinco objetivos que estão “particularmente fora de rumo”: Fome Zero, Cidades e Comunidades Sustentáveis, Vida na Água, Vida Terrestre e Paz, Justiça e Instituições Fortes. Olhando para as metas dentro dos vários objetivos, aquelas nas quais a maior proporção dos países mostra reversão de progresso desde 2015 são a taxa de obesidade, liberdade de imprensa, gestão sustentável do nitrogénio e esperança média de vida ao nascer, algo que é atribuído em parte à pandemia de Covid-19.

O relatório também destaca pela negativa as metas dos ODS relacionadas com os sistemas alimentares e terrestres. “Globalmente, 600 milhões de pessoas ainda sofrem de fome, a obesidade está aumentando globalmente, e as emissões de gases de efeito estufa provenientes da Agricultura, Silvicultura e Outros Usos da Terra (AFOLU) representam quase um quarto das emissões globais anuais de gases de efeito estufa”, lê-se no documento.

Portugal no ‘top 20’

Entre os 167 países avaliados, Portugal consegue a 16.ª posição, com uma pontuação de 80,2. A maioria dos objetivos está no caminho certo ou já foi atingido (mais de 50%), mas os restantes apresentam “progresso limitado” ou estão mesmo a piorar.

O país está “no caminho certo” no objetivo de eliminação da pobreza, igualdade de género, energia limpa e acessível e cidades sustentáveis e inteligentes, embora nos últimos três se detetem ainda desafios. No entanto, os “grandes desafios” verificam-se na “fome zero”, no consumo e produção responsáveis, na ação climática, na vida na água e nas parcerias para atingir os objetivos, assinala o relatório.

Portugal está a cerca de seis pontos do primeiro classificado, a Finlândia, que reúne 86,4 pontos. Esta é seguida pela Suécia, Dinamarca, Alemanha e França. “No entanto, mesmo esses países enfrentam desafios significativos na realização de vários ODS”, alerta a SDSN. Os primeiros 17 lugares da tabela são ocupados por países europeus, uma tendência quebrada apenas pelo Japão, em 18.º.

O Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, grupo de economias de rápido crescimento conhecido por “BRICS”, tem apresentado um progresso médio nos ODS mais rápido do que a média mundial, assinala ainda o relatório. O mesmo acontece com os BRICS+ (Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos). Além disso, o sul e o leste da Ásia surgem como as regiões que mais progrediram nos ODS desde 2015.

Tributação global e reforma nos mercados de capital na mira

O desenvolvimento sustentável continua a ser um desafio de investimento a longo prazo. Reformar a Arquitetura Financeira Global é mais urgente do que nunca”, escreve a SDSN, no relatório. Os países de baixos rendimentos e de rendimentos médios ou baixos “precisam urgentemente de acesso a capital a longo prazo”, para que possam investir em grande escala e alcançar os seus objetivos de desenvolvimento sustentável, sublinha o relatório.

Uma das estratégias avançadas pelos autores no sentido de alavancar fundos para a sustentabilidade é a criação de novas formas de financiamento, por exemplo através de uma tributação global. Um exemplo seria a tributação global das emissões de dióxido de carbono, das viagens aéreas e marítimas, de transações financeiras e de outros bens, de forma a “mobilizar recursos globais suficientes para angariar os recursos públicos necessários”.

"O desenvolvimento sustentável continua a ser um desafio de investimento a longo prazo. Reformar a Arquitetura Financeira Global é mais urgente do que nunca.”

Relatório de Desenvolvimento Sustentável da ONU

Outra das sugestões é reformar os mercados de capital privado e a respetiva regulação, nomeadamente os ratings de crédito, de forma a promover que um maior volume destes fundos seja dirigido a países de baixos rendimentos.

Os autores defendem ainda um aumento da escala do financiamento a partir de instituições financeiras multilaterais, como os bancos para o desenvolvimento, ou o Fundo Monetário Internacional. O mesmo reforço de escala e foco nos objetivos de desenvolvimento sustentável poderia ser promovido em bancos para o desenvolvimento a nível nacional.

“A meio caminho entre a fundação da ONU em 1945 e o ano 2100, não podemos depender do ‘business as usual’. O mundo enfrenta grandes desafios globais, incluindo crises ecológicas graves, crescentes desigualdades, tecnologias disruptivas e potencialmente perigosas, e conflitos mortais. Estamos numa encruzilhada. Antes da Cimeira do Futuro da ONU (Summit of the Future), a comunidade internacional deve avaliar as conquistas vitais e as limitações do sistema das Nações Unidas e trabalhar para modernizar o multilateralismo para as décadas seguintes”, defende o autor principal do relatório e presidente da SDSN, Jeffrey D. Sachs.

Multilateralismo falha, com EUA em destaque

“Os desafios globais requerem cooperação global”, realça o relatório. No entanto, os Estados Unidos estão no fundo da lista no que toca ao seu compromisso com o multilateralismo na ONU, a qual é encabeçada pelos Barbados. Esta avaliação tem por base a ratificação de tratados, votos na Assembleia Geral da ONU, filiação em organizações da ONU, participação em conflitos e militarização, uso de sanções unilaterais e contribuições financeiras para a ONU.

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