Fintech portuguesa vai ‘tokenizar’ empreendimento de luxo na Comporta

Dívida americana, relógios, malas, cavalos... e imóveis. A empresa fundada pelo advogado André Lages irá lançar uma nova opção de investimento fracionado através da blockchain no segundo semestre.

A fintech portuguesa Lympid, que criou uma plataforma de investimento através da blockchain, vai lançar-se na tokenização de um empreendimento de luxo na Comporta durante o segundo semestre de 2025. Depois da venda de dívida americana, dos relógios luxuosos e cavalos de competição em tokens, a empresa fundada pelo advogado André Lages preparar-se para ter uma opção de investimento fracionado (em partes) em imóveis numa das zonas costeiras mais premium do país.

Inicialmente, a previsão era apostar em unidades de participação em fundos imobiliários, mas a empresa acabou por optar pelos imóveis ao aperceber-se de que seria mais fácil para o mercado. A construção deste empreendimento arranca na segunda metade do ano e é nessa altura que se torna possível investir através de criptoativos em cada fração.

A Comporta vende-se por si própria. O empreendimento vai estar numa zona apetecível, perto do Sublime, e terá a exploração de uma marca hoteleira Tier 1, o que nos permite atacar o mercado internacional. Temos também a possibilidade de avançarmos com um empreendimento na Flórida, nos Estados Unidos, através de uma parceria com a Propy [empresa de compra/venda online de imóveis]”, disse ao ECO o cofundador da startup com sede em Braga.

A Lympid funciona como um mecanismo para investir em ativos premium pela blockchain e diz que nasceu para ligar o mundo financeiro tradicional às finanças descentralizadas (Web3) e mostrar que é tão fácil entrar na Web3 como fazer uma transferência bancária através do computador. Na prática, converte euros em cripto que podem gerar oportunidades de rendimento consoante a valorização de cada item (dívida, relógios, malas, cavalos de competição, imóveis, entre outros).

Atualmente, a empresa portuguesa tem quatro categorias de produtos para investimento fracionado: cavalos de competição (a título de exemplo está disponível para investimento na plataforma um cavalo com valor de 1,2 milhões de euros, montado pelo francês Simon Delestre, medalhado olímpico e o sétimo melhor a nível mundial), relógios de luxo (Rolex Daytona), vinhos e malas da Hermès.

Até ao final deste ano haverá mais cinco: o imobiliário, os carros clássicos, os whiskeys raros, os cavalos de corrida e a arte. No leque de opções de investimento nesta “plataforma cripto de ativos reais” estará, ainda este mês, um quadro do famoso pintor norte-americano Alex Katz, de pop art, designado “Yellow Leaves 1” e avaliado em cerca de 100 mil euros.

“O anterior cavalo que tivemos na plataforma deu retorno de investimento de 70% em quatro meses. Contamos com bons resultados deste nas competições em janeiro e fevereiro e que possa dar retorno de investimento na ordem dos 30%-40%. Alargámos também a iniciativa à tokenização da mala Hermès Kelly II, no valor 21 mil euros”, exemplificou.

15 milhões de euros em transações

De parte ficaram os planos de tokenizar dívida europeia devido à previsível descida das taxas de juro de referência do BCE e, consequentemente, dos juros de dívidas soberanas, que tornam este produto menos atrativo do ponto de vista de rentabilidade, segundo a Lympid.

Fundada em 2022, a fintech lançou o primeiro produto no mercado – negociação de dívida norte-americana a curto prazo tokenizada – logo no ano seguinte e terminou 2024 com mais de 15 milhões de euros de volume de montantes transacionados e 14.200 utilizadores registados na plataforma. Todos os investidores são do Espaço Económico Europeu, sobretudo portugueses, italianos, polacos e franceses.

"O anterior cavalo que tivemos na plataforma deu retorno de investimento de 70% em quatro meses. Contamos com bons resultados deste nas competições em janeiro e fevereiro”

André Lages, cofundador da Lympid

Questionado sobre a performance do ano que agora terminou, André Lages afirmou ao ECO que “foi muito focado em fazer uma nova ronda de investimento, melhorar a solução tecnológica e identificar os parceiros certos para cada produto de investimento, pelo que não com tanta concentração em crescimento exponencial”. “Consideramos que, após o crescimento inicial, é agora importante estabelecer as bases certas para receber fluxo exponencial de novos utilizadores, sem comprometer a qualidade dos ativos oferecidos“, explicou o empreendedor das finanças pessoais.

Em maio do ano passado, a Lympid encaixou 1,2 milhões de euros numa ronda de investimento de capital de risco que lhe permitiu dar continuidade ao crescimento da empresa quer em recursos humanos quer desenvolvimento tecnológico. O financiamento teve por detrás os investidores portugueses Olisipo Way, Clever e Luso Digital Assets e os internacionais 1inch Labs, New Tribe Capital, LVT Capital, OIG Capital, Polkastarter, Hercules Ventures, Xtream Capital, GBV Capital, Unreal Capital, ZBS Capital, Oasis Metaverse Ventures, Poolz Ventures e FounderHeads.

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