Construção do novo aeroporto vai exigir 5.500 trabalhadores

Com um terreno equivalente a 2.500 campos de futebol, a construção obrigará a criar cinco áreas independentes e escalonar os trabalhos. ANA sublinha risco da indisponibilidade de mão de obra.

Plano do novo Aeroporto Luis de Camões . ANDRÉ KOSTERS/LUSAANDRÉ KOSTERS/LUSA

A construção do novo aeroporto de Lisboa será um projeto “de uma magnitude sem precedentes recentes na Europa” e “exigirá uma mobilização de recursos numa escala pouco comparável”, financeiros, mas também humanos, antecipa a ANA no relatório entregue ao Governo. A concessionária antecipa que sejam necessários até 5.500 trabalhadores, sublinhando “os riscos associados à disponibilidade e custo de mão de obra qualificada”.

Um risco acrescido pelo facto de a obra do novo aeroporto coexistir com a construção de outras grandes infraestruturas. Quando deu o pontapé de saída para a construção do Luís de Camões, o Governo aprovou também os estudos para a Terceira Travessia do Tejo (rodoferroviária) e para o lançamento da linha de Alta Velocidade Lisboa – Madrid, de forma a garantir a acessibilidade à infraestrutura. Durante a próxima década estará ainda em obra a linha Lisboa – Porto – Vigo.

O futuro aeroporto Luís de Camões abrangerá uma área de 2.500 hectares, no Campo de Tiro de Alcochete, o que equivale a mais de cinco vezes a área do Humberto Delgado.

A construção, que a ANA prevê que demore cerca de seis anos, será escalonada, sendo um dos motivos a disponibilidade de mão de obra. O projeto da concessionária divide ainda o terreno em cinco zonas, onde os trabalhos poderão decorrer de forma autónoma.

Só para a movimentação de terras, a concessionária estima que serão necessários, pelo menos, três anos, divididos pelos cinco setores, com as atividades escalonadas com intervalos de nove meses. Terminada esta fase, avança a pavimentação do terreno, incluindo as duas pistas de 4.000 metros, que a ANA estima dure mais três anos.

O terminal, que inicialmente terá uma área de 589.300 metros quadrados e representará 36% dos 8,5 mil milhões de custo estimado, também será segmentado. “Para garantir a partilha eficiente de recursos humanos e materiais, bem como a otimização do funcionamento das centrais de betão e do fornecimento de materiais, o terminal será dividido em quatro setores construtivos” independentes, afirma a ANA no Relatório Inicial. A construção do terminal, incluindo o edifício principal e piers, “terá uma duração total de quatro anos“, excluindo a terraplenagem e ensaios e comissionamento.

ANA propõe alterações para arrancar construção mais cedo

No cronograma da ANA, a construção decorre entre dezembro de 2030 e setembro de 2036. Somando a fase de comissionamento e as atividades de transferência operacional e preparação do aeroporto, a abertura acontecerá em junho de 2037. Isto assumindo que não existem atrasos na fase de candidatura, que durará cerca de quatro anos até à aprovação final pelo Governo, prevista para abril de 2029.

A concessionária propõe um planeamento alternativo, que permitiria tirar cerca de seis meses ao prazo de abertura. A ANA propõe:

  • A extensão do prazo para submissão do Estudo de Impacte Ambiental, sem impacto no cronograma previsto para a fase de candidatura, com a apresentação da proposta final em janeiro de 2028.
  • O início do projeto de execução aproximadamente quatro meses antes da aprovação final do novo aeroporto de Lisboa, desde que cumprida a condição previamente expressa (compensação em caso de alteração ou cancelamento dos contratos)
  • Redução de três meses no tempo de aprovação do RECAPE (Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução) pela Agência Portuguesa do Ambiente.

Neste caso, a construção ocorreria entre maio de 2030 e fevereiro de 2036, com a abertura a acontecer em 2036. O Governo confirmou no dia 17 que pretende que a ANA dê seguimento ao processo do novo aeroporto, indicando na resposta à concessionária que pretende encurtar prazos.

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