BCE com prejuízo recorde de 7,9 mil milhões em 2024

  • Joana Abrantes Gomes
  • 20 Fevereiro 2025

Instituição liderada por Christine Lagarde "poderá ainda sofrer perdas nos próximos anos" e, "se for o caso, espera‑se que tais perdas sejam inferiores" às de 2023 e 2024.

O Banco Central Europeu (BCE) reportou esta quinta-feira mais um prejuízo anual recorde, no valor de 7,9 mil milhões de euros, devido a um aumento dos pagamentos de juros sobre os seus próprios passivos financeiros na sequência da sua decisão de aumentar as taxas diretoras em 2022 e 2023.

“As perdas registadas surgem após muitos anos de lucros substanciais e resultam das necessárias medidas em termos de políticas tomadas pelo Eurosistema para cumprir o seu mandato primordial de manter a estabilidade de preços”, justifica o banco, em comunicado.

Este prejuízo resulta dos aumentos das taxas de juro diretoras do BCE em 2022 e 2023, que visaram combater a inflação elevada na área do euro, que, por sua vez, conduziram a “subidas imediatas dos gastos com juros” sobre os passivos da instituição financeira.

Por outro lado, “os rendimentos de juros gerados pelos ativos do BCE, em particular os títulos adquiridos ao abrigo do programa de compra de ativos e do programa de compra de ativos devido a emergência pandémica, não aumentaram na mesma escala”, ressalva.

A instituição liderada por Christine Lagarde aponta, ainda assim, que as contas negativas não tiveram qualquer impacto na estabilidade do banco ou na sua política monetária, acrescentando que 2024 deverá marcar o pico das suas perdas e que estas “deverão ser compensadas com lucros futuros”.

Não obstante, o banco “poderá ainda sofrer perdas nos próximos anos” e, “se for o caso, espera‑se que tais perdas sejam inferiores” às de 2023 e 2024.

Com o prejuízo de 7.944 milhões de euros registado no último ano, a que se junta o de 2023, no montante de 7.886 milhões de euros (antes da transferência das provisões para riscos), os pagamentos subsequentes do BCE aos bancos centrais nacionais vão ser limitados, uma vez que os lucros futuros serão inicialmente utilizados para compensar as perdas passadas.

No que toca às menos‑valias, verificou-se um aumento de quase 608%, de 38 milhões de euros em 2023 para 269 milhões de euros em 2024, devido, principalmente, à “descida do valor de mercado de vários títulos detidos na carteira de ativos denominados em dólares dos Estados Unidos” e à “depreciação do iene japonês, que levou a uma redução do valor das posições nas moedas em causa”.

Os gastos com pessoal cresceram cerca de 25%, de 676 milhões de euros em 2023 para 844 milhões de euros no último ano, em resultado de “gastos mais elevados relacionados com benefícios pós‑emprego, decorrentes de uma alteração, em 2024, das regras que regem os planos de pensões do BCE”.

“A dimensão total do balanço do BCE diminuiu 33 mil milhões de euros, passando para 641 mil milhões de euros (673 mil milhões de euros, em 2023), o que reflete principalmente a redução gradual dos títulos detidos ao abrigo do APP, devido a reembolsos”, nota ainda o banco no comunicado.

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