Banqueiros “tristes” e “desiludidos” com políticos após nova crise
Líderes dos maiores bancos nacionais não esconderam desapontamento com a classe política depois de a queda do governo abrir o caminho para as terceiras eleições legislativas em três anos.

Os banqueiros estão “tristes” e “desiludidos” com a classe política depois de Portugal ter mergulhado em nova incerteza governativa com a queda do Executivo de Luís Montenegro.
“O meu nível de desilusão é tão grande, existe vontade de baixar os braços e questionar se vale a pena votar, se alguém nos vai ouvir”, referiu o CEO do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, na conferência Fórum Banca, organizada pelo Jornal Económico.
“É uma questão de respeito”, prosseguiu o gestor. “Há muita gente que todos os dias acorda para puxar pela sua própria carroça (…) e o nível que vemos não se compadece com isto”, acrescentou o líder do BPI.
O CEO do BCP acredita que “a economia felizmente vai assegurar o país” neste “período de incerteza”, mas não deixou de dizer que a situação o deixa “triste”.
Já Pedro Castro e Almeida, CEO do Santander Portugal, frisou que “ter um Governo estável faz a diferença” no que toca a atração de investimento estrangeiro, na execução do PRR e na presença do país em posições de relevo em instituições internacionais.
“É difícil estragar uma empresa grande, um banco e um país em três anos, mas com o tempo degrada-se. Ou há uma ambição de fazer diferente, se perdermos nas questões paroquiais vai ser muito difícil”, disse.
O CEO do Banco Montepio considera que Portugal tem “mecanismos que funcionam, eleições que funcionam”. “Temos uma democracia saudável. Se os atores fazem o melhor uso disso? Acho o que se passou era tudo o que não precisávamos, tudo o que é instabilidade é mau para o sistema”, afirmou Pedro Leitão.
“Como observador e português, é completamente degradante o nível a política que chegou. Dificilmente haverá pessoas com qualidade para querer exercer funções públicas dada a exposição. Ninguém estará disponível dada a exigência feita à pessoa e à família”, apontou por sua vez o presidente do Crédito Agrícola, Licínio Pina.
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