“Não abusem dos pagamentos automáticos”. A dica de Mário Centeno na Semana da Formação Financeira

Na sessão solene da Semana de Formação Financeira, o governador do Banco de Portugal afirmou ter "algum horror a pagamentos automáticos", alertando que "é preciso ter consciência da despesa".

O governador do Banco de Portugal desaconselha o recurso aos pagamentos automáticos, porque leva a que se perca a consciência dos gastos. “As receitas não são automáticas”, assinalou.

“Uma dica: não usem ou, pelo menos, não abusem dos pagamentos automáticos“, afirmou Mário Centeno no encerramento da sessão solene da Semana da Formação Financeira, que decorreu esta quarta-feira na CMVM, em Lisboa.

O líder do banco central disse mesmo ter “algum horror a pagamentos automáticos”. “Quando automatizamos demasiado as nossas despesas, perdemos a consciência dessas despesas”, disse. “Não temos receitas automáticas. Porque é que devemos ter pagamentos automáticos? É preciso ter consciência da despesa”, acrescentou.

O governador do Banco de Portugal comparou a poupança a uma dieta alimentar. “Poupar é uma coisa que pensamos sempre que vamos só começar amanhã, mas amanhã é precisamente a razão de ser dessa poupança”, afirmou.

Muitas vezes é difícil resolver e quando a resolvemos muitas vezes já é tarde“, alertou, dando como exemplo a decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa. “A decisão do aeroporto foi tão tardia. Quando estávamos mesmo quase, no passado, a decidir, acontecia um choque e nós tínhamos de manter essa decisão em cima da mesa”.

Um exemplo usado também pelo ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, na abertura da sessão, para sublinhar a “incapacidade” que o país tem revelado “para preparar o futuro”, assinalando o papel da poupança nessa preparação.

Nas nossas sociedades sociedades liberais e democráticas, a literacia financeira é essencial” e tem “implicações na exigência em relação às políticas”, defendeu também o governante.

"A confiança excessiva dos jovens na utilização de canais digitais e na informação disponível online, em combinação com a possibilidade de interação social potenciada pelas redes sociais, pode conduzir a decisões pouco ponderadas e com consequências negativas, incluindo obviamente financeiras.”

Mário Centeno

Governador do Banco de Portugal

Mário Centeno também destacou que a crescente digitalização dos serviços financeiros está a contribuir para que novas gerações os comecem a utilizar mais cedo. “A confiança excessiva dos jovens na utilização de canais digitais e na informação disponível online, em combinação com a possibilidade de interação social potenciada pelas redes sociais, pode conduzir a decisões pouco ponderadas e com consequências negativas, incluindo obviamente financeiras”, disse.

A sessão contou ainda com uma mesa redonda onde participaram David Sousa, diretor-geral da Direção-Geral de Educação, Margarida Corrêa de Aguiar, presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, Luís Laginha de Sousa, presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, e Rui Pinto, administrador do Banco de Portugal. Este último repetiu o apelo já feito antes por Mário Centeno, para que os bancos aumentem os juros praticados nos depósitos.

Foram também entregues os prémios às escolas vencedoras da 13.ª edição do concurso Todos Contam.

(Notícia atualizada pela última vez às 13h10)

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