CTT lucram 46 milhões com as encomendas a ultrapassarem o peso do correio

O resultado líquido caiu 25% em 2024, devido a fatores extraordinários positivos no ano anterior. Pela primeira vez, a área de expresso & encomendas já vale mais que o correio, no bolo das receitas.

Os CTT fecharam o ano passado com um lucro de 45,5 milhões de euros, num exercício que fica marcado por, simbolicamente, ser o primeiro em que a área de encomendas e expresso superou a de correios. Este lucro corresponde a uma descida de quase 25% face ao ano anterior, sobretudo devido a fatores extraordinários nesse exercício anterior, em dois pontos: nas comissões ganhas com a comercialização de certificados de dívida pública, particularmente forte em 2023; e nos impostos, que foram de 1,1 milhões então e de uns mais “normais” 9,3 milhões em 2024.

As receitas operacionais subiram 12,4%, para 1.107 milhões de euros, enquanto os gastos operacionais subiram ligeiramente mais, 13,6% para 947 milhões de euros. O EBITDA (resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) cresceu 5,5%, para 160,3 milhões de euros.

Em termos de grandes blocos, o destaque vai para a área de encomendas e expresso, que representou 43,% dos rendimentos operacionais dos CTT, superando pela primeira vez as receitas tradicionais do correio, que voltaram a cair e representaram em 2024 uma fatia de 42,5% dos proveitos.

Os CTT têm feito, sob a liderança de João Bento, um caminho de descolagem da operação tradicional de correio para se afirmarem como uma empresa de expresso e logística, algo que em 2024 já teve este reflexo nos números.

A área de serviços financeiros (certificados de dívida pública) caiu mais de 55%, ficando com um peso de 2,5% nas receitas do grupo. Em 2024, os certificados de dívida pública ficaram, durante muito tempo, bastante menos atrativos face a outras alternativas, para além de terem sido impostos limites nalgumas categorias de subscrição.

Já o Banco CTT contribuiu com 11,7% para as receitas consolidadas, subindo 1,1% para 130 milhões de euros.

De acordo com a apresentação de resultados, divulgada nesta quinta-feira, o EBIT recorrente ficou nos 85 milhões, com 71 milhões a deverem-se a logística e ao banco.

Os últimos negócios ibéricos – a aliança com a DHL e a compra da Cacesa – ainda não impactam positivamente este negócio mas posicionam os CTT para crescimento futuro, tirando partido da área de logística e entregas de encomendas ligadas ao comércio eletrónico, nomeadamente vindo da Ásia.

Na apresentação, a empresa destaca ainda dois pontos: o grande crescimento da venda dos planos de saúde aos balcões e o aumento dos depósitos captados pelo Banco CTT, bem acima da média do mercado (31% vs 7,2%).

Em termos de outlook, os CTT apontam sobretudo quatro áreas de foco: continuar a acelerar o crescimento na logística e encomendas, tirando partido também dos negócios com a DHL e a Cacesa; aumentar o resultado do Banco CTT através de uma relação mais profunda com os clientes; aumentar a prestação de serviços financeiros, com a “normalização da colocação de dívida e novos serviços”; e tirar partido das sinergias da rede, “partilhada pelo banco, serviços financeiros, correio e encomendas”, pode ler-se na apresentação.

Face aos objetivos anunciados pelos CTT no capital markets day de 2022, as metas estão genericamente em linha para serem cumpridas. Em termos de receitas globais, aliás, o objetivo apontado para o final de 2025 foi já atingido em 2024.

Para a frente, a empresa aponta um objetivo de ter um EBIT recorrente superior a 100 milhões de euros. Já o dividendo ficará nos 17 cêntimos por ação, correspondente a um payout de 52%.

Na sessão desta quinta-feira da bolsa portuguesa, ainda antes da divulgação dos resultados, as ações dos CTT desceram 0,54%, para 7,36 euros.

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