Sonae fecha ano “memorável” com receitas recorde de quase 10 mil milhões. Dividendo sobe 5%
Lucros caíram 37% no ano passado, em que o grupo nortenho concluiu várias aquisições que reforçaram a presença internacional e suportaram a subida das vendas. Vai propor dividendo de 5,921 cêntimos.
A Sonae fechou o ano de 2024 com lucros de 223 milhões de euros, o que representa uma subida de 18% face ao resultado líquido de 2023, excluindo a mais-valia de 168 milhões registada com a venda da participação na dona da SportZone. O volume de negócios subiu 18% para um recorde de quase 10 mil milhões de euros, num ano que a CEO Cláudia Azevedo apelida de “memorável”, e que ficou marcado pela conclusão de uma série de aquisições realizadas pela empresa da Maia. Grupo vai propor o pagamento de um dividendo de 5,921 cêntimos, mais 5% que a remuneração paga no ano anterior.
Contabilizando a mais-valia alcançada com a venda da participação de 30% na Iberian Sports Retail Group, os lucros teriam ficado 37,5% abaixo dos 357 milhões de euros registados em 2023, segundo o comunicado enviado esta quinta-feira pela empresa à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
O volume de negócios alcançou 9.947 milhões de euros, um aumento de 18% face ao período homólogo, “impulsionado pelo desempenho robusto dos principais negócios, bem como por movimentos estratégicos no portefólio, nomeadamente as aquisições da Musti e da Druni”, explica a empresa. O EBITDA atingiu mil milhões de euros, mais 4% que em 2023, também a beneficiar do contributo das empresas adquiridas no ano passado.
Temos todas as condições para alcançar ainda mais sucesso no futuro. Globalmente, todos os nossos negócios tiveram um desempenho excecional num contexto de elevada competitividade.
“2024 foi um ano memorável para a Sonae e estou plenamente convencida de que temos todas as condições para alcançar ainda mais sucesso no futuro. Globalmente, todos os nossos negócios tiveram um desempenho excecional num contexto de elevada competitividade”, disse Cláudia Azevedo, citada no comunicado.
Num ano que ficou marcado pela concretização de uma série de aquisições, a líder da Sonae destacou que “a expansão do nosso portefólio e o bom desempenho dos nossos principais negócios permitiram alcançar dois marcos históricos: as vendas do grupo atingiram aproximadamente 10 mil milhões de euros, aumentando 18% face ao ano anterior, e o EBITDA ultrapassou os mil milhões de euros”.
Segundo a empresária, “os investimentos foram estrategicamente geridos para apoiar oportunidades de criação de valor, incluindo a melhoria das competências digitais, expansão dos negócios e concretização de oportunidades de reconfiguração do portefólio”. Como resultado, a geração de free cash flow operacional evoluiu favoravelmente, aumentando de 25 para 261 milhões de euros.

A líder do grupo sediado na Maia destaca ainda os “excelentes resultados” apresentados pelo segmento de retalho alimentar da MC apesar da pressão concorrencial, “com ganhos consistentes de quota de mercado”. “As vendas da empresa neste segmento cresceram 7% em 2024, impulsionadas por aumentos significativos nos volumes em todos os formatos, num ambiente de baixa inflação”, acrescenta, justificando que o “desempenho foi suportado num crescimento sólido no parque de lojas comparável (LfL de +4,4% em 2024) e numa execução eficaz da estratégia de expansão de lojas com um recorde de 25 novas lojas próprias Continente em 2024″.
O volume de negócios deste segmento aumentou 15,3% em termos homólogos, atingindo 7,6 mil milhões de euros em 2024, impulsionado por sólidos desempenhos tanto do segmento de retalho alimentar como do segmento de saúde, beleza e bem-estar, com um “contributo relevante” da Druni no segundo semestre.
“O segmento de saúde, beleza e bem-estar da MC apresentou um crescimento significativo de vendas, impulsionado pelo bom desempenho das nossas insígnias originais e pela inclusão da Druni no nosso portefólio”, refere a CEO. A combinação da Wells, Arenal e Druni, cuja aquisição foi concluída em julho, “estabeleceu um líder ibérico com a oportunidade de captura de sinergias importantes num mercado em rápido crescimento. Estou muito otimista quanto a esta avenida de crescimento da MC e da Sonae, bem como ao valor que irá criar no futuro”, destaca a líder da empresa.
No retalho de eletrónica, a Worten registou um volume de negócios de 1,4 mil milhões de euros, uma subida de 7,6% face ao período homólogo.
No retalho de produtos para animais, a Musti “reforçou a sua liderança no setor de cuidados para animais de estimação nos nórdicos e expandiu-se com sucesso para os países bálticos com a aquisição da Pet City nos últimos três meses de 2024”. As vendas cresceram 5,6% para 122 milhões de euros, no trimestre.
Já a Sierra (imobiliário) fechou o ano com um resultado líquido de 97 milhões de euros, o que representa uma subida de 9,8% face aos lucros alcançados em 2023, com os resultados a serem impulsionados pelo desempenho do portefólio de centros comerciais europeus e pelos resultados mais elevados de vendas de imóveis.
Nas telecomunicações, a operadora Nos registou resultados operacionais e financeiros recorde. “Nas contas consolidadas da Sonae, os resultados pelo método de equivalência patrimonial da NOS atingiram 100 milhões de euros em 2024, um aumento de 57% em termos homólogos”, refere o comunicado.
Mais de 1.100 milhões em aquisições
O último ano ficou marcado pela concretização de importantes aquisições. O consórcio liderado pela Sonae concluiu em março do ano passado a aquisição da Musti, tendo assegurado 80,65% do capital da empresa nórdica de produtos para animais de estimação após o prolongamento da oferta, num investimento que ronda os 700 milhões de euros e “representa uma das maiores operações da história” do grupo que detém o Continente.
Além da compra da empresa finlandesa, a Sonae concluiu ainda a aquisição de 89% da Diorren por 160,5 milhões e a “combinação dos negócios” da Druni e da Arenal Perfumarias, retalhistas de perfumaria, cosmética e parafarmácia em Espanha. Ainda no ano passado, a nova participada Musti assinou um acordo para comprar a rede de lojas de produtos para animais e clínicas veterinárias PetCity.
“A aquisição da Musti, empresa líder no retalho de produtos e cuidados para animais de estimação, presente nos países nórdicos, permitiu à Sonae entrar num setor de grande crescimento. Da mesma forma, a fusão da Druni e da Arenal, duas empresas proeminentes no mercado espanhol de retalho de beleza, robusteceu a nossa proposta de valor na Península Ibérica”, adiantou a CEO da Sonae.
O investimento consolidado da Sonae atingiu 1.589 milhões de euros em 2024, tendo mais do que duplicado face aos 665 milhões investidos um ano antes. Deste montante, 1.121 milhões de euros destinaram-se a financiar as aquisições.
A dívida líquida consolidada foi de 1,6 mil milhões de euros no final de 2024, um valor que compara com os 526 milhões de endividamento no final de 2023.
Dividendo sobe 5% para 5,961 cêntimos
O conselho de administração da Sonae vai propor a distribuição de um dividendo de 5,921 cêntimos de euro por ação, o que corresponde a um dividend yield de 5,9%. À semelhança do que fez no ano passado, a empresa propõe aumentar a remuneração acionista em 5% face ao valor distribuído no ano anterior.
A companhia vai distribuir 52% do resultado líquido do exercício.
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