Pedro Nuno Santos garante Governo de “estabilidade” a Marcelo. Montenegro recusa cenários

  • Lusa e ECO
  • 13:51

Presidente da República avisou que só nomeia um Executivo se tiver a "certeza" que passa no Parlamento. Pedro Nuno Santos assegura solução estável. Montenegro recusa cenários.

PS, IL e Livre já reagiram aos alertas do Presidente da República e garantem que tudo farão para ter um Governo de estabilidade e diálogo. Já a AD recusa fazer cenários. Marcelo Rebelo de Sousa avisou esta quinta-feira que só iria nomear um Executivo se tivesse a “certeza” que passa no Parlamento, porque “o que é de evitar é um Governo que logo à partida não tem condições nenhumas para ser viabilizado”.

“O Presidente da República pode ficar descansado porque um Governo liderado pelo PS será um Governo de diálogo e de estabilidade. Eu, quando estive nos Assuntos Parlamentares a coordenar negociações com quatro partidos ninguém acreditava que se conseguisse aprovar um, que fará quatro, conseguimos aprovar quatro”, afirmou o secretário-geral do PS, esta sexta-feira, no início de uma visita à feira semanal de Trancoso, distrito da Guarda, onde arrancou o sexto de campanha oficial. Pedro Nuno Santos lembrava como o primeiro Governo de António Costa sobreviveu graças à geringonça, sustentada pelos grupos parlamentares do PS, PCP/PEV e BE.

E acrescentou: “Aquilo que vai acontecer também na próxima legislatura é que um Governo liderado pelo PS vai garantir estabilidade política ao país e diálogo entre todas as forças políticas”. Pedro Nuno Santos defendeu ainda que “só há uma forma” de haver estabilidade política em Portugal “que é com uma vitória do PS”, reforçando já ter dado mostras de ser capaz de dialogar para uma solução de estabilidade para os próximos quatro anos.

Já o presidente do PSD e líder da AD – coligação PSD/CDS, Luís Montenegro, recusou fazer cenários nem esclareceu se viabilizaria um programa de um Governo PS minoritário, defendendo que o está em causa é um líder fiável e estável.

“Logo quando há a mínima confrontação democrática, política, há uns que apresentam a sua visão, a sua opinião, a sua convicção, mas há outros que optam pelo insulto fácil e gratuito. Os portugueses também têm a fazer uma opção entre quem está mais habilitado para ser primeiro-ministro, liderar um Governo num tempo que é desafiante dos pontos de vista interno e externo”, afirmou aos jornalistas a meio de uma ação de rua em Porto de Mós, no distrito de Leiria.

Ainda de acordo com o líder do PSD, os portugueses devem olhar para uma liderança do Governo e escolher alguém que esteja à altura de poder representar Portugal na Europa e que possa ser uma “imagem de estabilidade, de confiança, de fiabilidade”.

“Quem muda de opinião muitas vezes, quem ao mínimo contacto com a discussão pública e política resvala para o insulto, é porque não tem capacidade de liderança, não tem capacidade para poder representar Portugal ao mais alto nível”, acentuou. Neste ponto, ainda visando de forma indireta o secretário-geral do PS, o presidente do PSD considerou que a estabilidade de um Governo “também depende da estabilidade do seu líder”.

Questionado se os portugueses merecem ou não saber o que lhes vai acontecer no dia seguinte às eleições legislativas perante a ausência de uma maioria clara à direita ou à esquerda no Parlamento, o presidente do PSD respondeu: “Merecem saber – e da minha parte já sabem todo o comportamento que sou capaz de ter mesmo em circunstâncias de uma vitória pouco expressiva, como aconteceu há um ano”.

“As pessoas têm de optar e, dentro dessa opção, garantir a estabilidade. Está nas mãos delas”, avisou, mas sempre sem esclarecer se aceita o princípio da reciprocidade com o PS, ou seja, se admite viabilizar um executivo minoritário socialista.

Já a IL quis mostrar que o partido está disponível para uma “solução estável”, mas “de centro-direita” e “reformista”, destacou o líder dos liberais. “O nosso compromisso com os portugueses é, primeiro, mudança, reformas, exigência e, segundo, contribuir para uma solução de centro-direita, reformista e estável do ponto de vista político”, afirmou Rui Rocha em declarações aos jornalistas numa loja de ovos moles, em Aveiro, onde vestiu o avental e cozinhou o tradicional doce aveirense.

Sem querer pronunciar-se sobre as sondagens que indicam que a AD e a IL estão longe de, juntas, obter uma maioria absoluta, Rui Rocha disse que o importante é transmitir aos portugueses que “há uma oportunidade única de ter uma solução de centro-direita” a governar o país. “Mas uma solução de centro-direita que não é para fazer a mesma coisa. É para fazer muito mais: uma solução reformista, ambiciosa para o país e isso para reforçar a votação na IL”, disse.

Rui Tavares, porta-voz do Livre, reviu-se nos alertas de Marcelo Rebelo de Sousa e voltou a defender uma solução de estabilidade, mas à esquerda. “Eu tenho andado a falar disso há muito tempo e, finalmente, até da viva voz do Presidente da República temos esta realidade. Toda a discussão acerca de quem é que fica em primeiro é uma discussão completamente espúria, a discussão essencial é, e o senhor Presidente da República agora diz-nos isso, a governabilidade, quem é que assegura condições de governabilidade”, disse, no final de uma visita ao Instituto Politécnico de Setúbal.

Para o dirigente do Livre, tem que haver uma responsabilização para o funcionamento da democracia que implica ver quem é que tem mais deputados e quem é que pode ter a maioria mais coerente e mais consistente e, quem não o tiver, deixar governar em funções plenas um novo Governo.

Rui Tavares considerou que o que o Presidente da República tenta evitar é uma situação em que é indigitado o primeiro-ministro do partido mais votado mas, no Parlamento, o seu programa é rejeitado, ficando o Governo em gestão até março do ano seguinte.

E acrescentou: “Mais do que isso, tem que vir o próximo ou a próxima Presidente da República e, depois, tem que se marcar as eleições e ficamos um ano a marcar passo com muita coisa importante a acontecer no mundo e Portugal a não conseguir implementar políticas”.

Por isso, “o alerta do senhor Presidente da República é essencial”, reforçou. “O que estamos aqui a discutir não é quem é que sai em primeiro. Isso é o que vamos discutir no sábado e, depois, no outro fim de semana no campeonato nacional de futebol, mas isto não é a super liga, chama-se parlamentarismo”, continuou.

Para haver condições de governabilidade, “os partidos têm de pôr os olhos na atual realidade política e, neste momento, há três blocos que assumem poder governar em conjunto, um à esquerda, outro à direta democrática e, por fim, a extrema-direita com quem toda a gente diz que não governa”, salientou. “Se não governa com ela, a extrema-direita só governará se tiver uma maioria absoluta”, frisou. Sobra, desta forma, o bloco da esquerda e o bloco da direta democrática, apontou.

Em sentido inverso, a líder do PAN aconselhou Presidente da República a “remeter-se ao silêncio”, afirmando esperar que não esteja indiretamente a apelar ao voto útil, porque “votar nos grandes partidos, como é o caso do PSD ou do PS, é demonstrado absolutamente inútil e não tem contribuído para a estabilidade do país”, afirmou Inês de Sousa Real à margem de uma ação de campanha na estação de metro Casa da Música, no Porto.

Para a porta-voz do PAN, é importante que Marcelo Rebelo de Sousa “se recorde que é o Presidente de todos os portugueses” e que as eleições antecipadas são “por culpa única e exclusivamente de Luís Montenegro, que não acautelou de separar a sua vida privada da sua vida empresarial”.

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