Draghi critica regulamentação na UE que “impede inovação radical”
Regulamentação de Bruxelas "não considerou efeito nas pequenas empresas tecnológicas europeias, que, ao contrário das concorrentes dos EUA, não têm capacidade para cumprimento de todas as regras".
O antigo presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, considera que a União Europeia (UE) “continua com um ambiente que impede a inovação radical”. “As nossas políticas de concorrência não se conseguiram adaptar à natureza da transição tecnológica”, afirmou o também ex-primeiro-ministro italiano, intervindo na XVIII Cimeira da COTEC Europa.
Segundo Draghi, que traçou o diagnóstico de como aumentar a competitividade do bloco comunitário face aos EUA e à China num relatório entregue à Comissão Europeia há cerca de oito meses, a regulamentação aprovada por Bruxelas nos últimos anos “não considerou o efeito nas pequenas empresas tecnológicas europeias, que, ao contrário das concorrentes norte-americanas, não têm capacidade para cumprir todas as regras”.
No evento, realizado no Convento São Francisco, em Coimbra, o ex-líder do BCE defendeu a criação de uma “nuvem estratégica europeia” que garanta “soberania de dados em áreas como Defesa, Segurança e Saúde”, bem como um maior investimento na construção de infraestruturas de supercomputação e o desenvolvimento das capacidades na área da cibersegurança face à perda de competitividade no 5G. Nesse sentido, Mario Draghi reforçou o apelo por “uma grande estratégia industrial na Europa”.
Quanto ao setor espacial em particular, por um lado, o antigo chefe do Governo italiano sublinhou a necessidade de “reformar drasticamente a relação entre agências nacionais e europeias” e de “maior investimento privado”.
Draghi assinalou, por outro lado, que “não será possível” a União Europeia manter a mesma relação com os Estados Unidos, numa crítica à “atitude unilateral” da Administração Trump de aplicar tarifas aos produtos de vários países. Reconhecendo que a guerra comercial vai, “sem dúvida”, afetar a economia comunitária e que será um “obstáculo para o investimento na Europa”, destacou a necessidade de “pensar como criar crescimento sozinha” face à dependência dos consumidores norte-americanos para o crescimento económico europeu.
Por isso, em primeiro lugar, é necessário “mudar o contexto e as políticas macroeconómicas” do pós-crise das dívidas soberanas, realçou. Ao mesmo tempo, são precisas “barreiras internas mais baixas para ajudar a indústria europeia a lidar com a concorrência da China e que, por sua vez, também vão ajudar a compensar a pressão da inflação”.
(Notícia atualizada pela última vez às 14h33)
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