Sonae em máximos de sete anos e com margem para subir mais 35%, segundo os analistas
As ações da Sonae estão a registar a maior subida em 15 anos à boleia dos resultados do primeiro trimestre. Tanto analistas como gestores de fundos apontam para novas subidas.
As ações da Sonae estão a brilhar na bolsa de Lisboa esta quinta-feira. Os títulos da retalhista liderada por Cláudia Azevedo estão a negociar com uma valorização de 8,4%, depois de já terem estado a subir 9,39% para os 1,282 euros por ação durante a sessão – o valor mais elevado em cerca de sete anos. Este desempenho representa a maior subida intradiária em quase 15 anos da Sonae. É preciso recuar a 10 de maio de 2010 para se assistir a uma subida diária mais elevada (13,28%) destas ações.
O entusiasmo dos investidores surge na sequência dos resultados do primeiro trimestre da retalhista liderada por Cláudia Azevedo, divulgados na quarta-feira após o fecho do mercado, que revelaram um crescimento dos lucros de 77,2% para 43 milhões de euros e um aumento das vendas de 22,7% para 2,6 mil milhões de euros. “A Sonae acabou por bater praticamente em toda a linha as estimativas do consensus” de mercado, destaca Carlos Pinto, gestor do fundo de ações nacionais Optimize Portugal Golden Opportunities, que faz da Sonae uma das suas principais apostas.
O gestor destaca a melhoria operacional, com a margem EBITDA a subir 90 pontos base, “que compara com os 50 pontos base esperados pelo consensus“, atribuindo esta melhoria a vários fatores, incluindo “a integração da Druni, que opera com margens mais elevadas, o aumento nas vendas que permitiu reforçar a sua liderança no negócio alimentar em Portugal, e pelas melhorias de eficiência do seu OPEX [despesas operacionais]”.
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Na carta aos acionistas, Cláudia Azevedo demonstrou satisfação com o início do ano, notando que todos os negócios do grupo “cresceram e reforçaram as suas quotas de mercado, em setores muito competitivos e num contexto marcado por elevada volatilidade.”
“Apesar das perturbações macroeconómicas e da incerteza que marcaram o primeiro trimestre, o desempenho operacional obtido pelos principais segmentos da Sonae reflete a força da estratégia de negócios do grupo”, destaca Virgílio Garcia, gestor do Sixty Degrees Ações Portugal, que tem na Sonae uma das três maiores posições do fundo de ações nacionais mais rentável de 2024.
O volume de negócios consolidado da Sonae aumentou 23% em termos homólogos para 2,6 mil milhões de euros no primeiro trimestre, muito por conta de “um forte crescimento orgânico nos principais negócios e pela integração de empresas recentemente adquiridas, incluindo a Musti e a Druni”, refere a empresa em comunicado. Mesmo excluindo o impacto das aquisições, o volume de negócios apresentou um crescimento de 6%.
Os resultados deste trimestre parecem confirmar as nossas expectativas para o ano de 2025, no sentido da melhoria dos principais indicadores operacionais e financeiros e onde as recentes aquisições poderão começar já a dar o desejado contributo para o cash flow do grupo.
Pedro Barata, gestor do GNB Portugal Ações, que tem na Sonae uma das cinco principais apostas do fundo, considera que os resultados “foram impulsionados principalmente pela MC, nomeadamente pelo retalho alimentar, que apresentou vendas e margem EBITDA acima do que era esperado.”
No segmento de retalho alimentar, a MC continua a ser o principal motor de crescimento do grupo, com um aumento de vendas de 22,5% para 2 mil milhões de euros. Segundo os resultados da empresa, “o segmento de retalho alimentar da MC registou um desempenho sólido, levando a ganhos de quota de mercado e a um reforço da sua posição de liderança.” As vendas LfL (like-for-like) registaram um crescimento de 5%, “apesar dos efeitos negativos de calendário relacionados com o ano bissexto em 2024 e com a data da Páscoa no segundo trimestre deste ano.”
Outro destaque positivo salientado pelos gestores são os resultados da Worten, que espelharam um crescimento de 4,2% das vendas para 323 milhões de euros, “superando o desempenho do mercado de eletrónica em Portugal e ganhando quota de mercado tanto no canal físico como no online”, destaca a Sonae em comunicado.
“Os resultados deste trimestre parecem confirmar as nossas expectativas para o ano de 2025, no sentido da melhoria dos principais indicadores operacionais e financeiros e onde as recentes aquisições poderão começar já a dar o desejado contributo para o cash flow do grupo”, refere Virgílio Garcia.
A Sonae é uma empresa financeiramente bastante sólida, líder nos mercados onde atua e com uma equipa de gestão bastante competente pelo que não deve surpreender a boa performance no dia de hoje face aos resultados que foram apresentados.
De acordo com dados da Refinitiv, a Sonae negoceia atualmente com um preço equivalente a 10,3 vezes os lucros por ação (metade do PER a que negoceia a Jerónimo Martins) e com uma taxa de dividendo de 5,05%. Com uma capitalização bolsista de 2,26 mil milhões de euros, a Sonae é atualmente uma das ações do PSI com o melhor desempenho este ano, acumulando até à data uma valorização de 39%. Mas a contar pelas expectativas dos gestores de fundos nacionais, esta caminhada não deverá ficar por aqui.
“A Sonae é uma empresa financeiramente bastante sólida, líder nos mercados onde atua e com uma equipa de gestão bastante competente pelo que não deve surpreender a boa performance no dia de hoje face aos resultados que foram apresentados”, refere Pedro Barata, sublinhando ainda “que se o caminho traçado neste primeiro trimestre tiver continuidade, os investidores irão reconhecer o trabalho realizado e provavelmente valorizá-lo em bolsa”.
Os analistas que acompanham a empresa também apontam para uma contínua subida da cotação dos títulos da retalhista. Segundo as projeções recolhidas pela Refinitiv junto dos seis analistas que acompanham a empresa, cinco recomendam a compra das ações e um recomenda uma “forte compra” dos títulos, atribuindo um preço-alvo médio de 1,71 euros, conferindo assim um potencial de valorização de 35% à Sonae face à cotação atual.
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