Trump ameaça União Europeia com tarifas de 50% a partir de junho
Presidente dos EUA escreveu na sua rede social que tem sido "extremamente difícil de lidar" com a União Europeia e recomenda um aumento das taxas aduaneiras para 50% a partir do próximo mês.
O presidente dos EUA recomenda numa publicação na rede Truth Social a aplicação de uma taxa aduaneira de 50% aos produtos exportados a partir da União Europeia, já a partir de 1 de junho. Trump justifica a medida com o impasse nas negociações comerciais entre os dois países.
“As nossas negociações com eles não estão a levar a lado nenhum! Por isso, estou a recomendar uma tarifa direta de 50% sobre a União Europeia, com início a 1 de junho de 2025. Não haverá qualquer tarifa se o produto for construído ou fabricado nos Estados Unidos”, escreveu Donald Trump esta sexta-feira.
A publicação provocou um tombo imediato nas ações europeias, com o índice Stoxx 600 a cair 2%, penalizado sobretudo pelas quedas acima de 3% no setor automóvel e da banca. Na Alemanha, o DAX seguia a desvalorziar 2,2% pelas 14h00, e em França o CAC perdia 2,72%. Em Lisboa, o PSI cedia 1,26%. Os contratos futuros para os índices norte-americanos S&P 500 e Nasdaq 100 seguem com quedas entre 1% e 1,3%, apontando para uma aberta de Wall Street no vermelho.
O presidente dos EUA repete o argumento de que “a União Europeia foi formada com o objetivo principal de tirar proveito dos Estados Unidos no comércio” e com a qual “tem sido extremamente difícil de lidar”.
Os EUA aprovaram a 2 de abril “tarifas recíprocas de 20%” para as exportações do bloco dos 27 Estados-membros, anunciando depois uma moratória de 90 dias para negociações. No entanto, ficaram em vigor taxas genéricas de 10% e tarifas agravadas de 25% para o alumínio, aço e automóveis.
A Casa Branca firmou um acordo parcial com o Reino Unido, que abrange apenas alguns produtos, um modelo que a União Europeia rejeita. A 15 de maio, após uma reunião de ministros do comércio da UE, o responsável sueco pela pasta afirmou que “se a União Europeia tiver um acordo como o do Reino Unido, os EUA podem esperar medidas retaliatórias”.
A recomendação de uma taxa de 50% faz parte de uma estratégia negocial para pressionar a União Europeia. A publicação de Donald Trump surge no mesmo dia em que o comissário europeu do Comércio, MarošŠefčovič, tem uma chamada com o representante do comércio dos EUA, Jamieson Greer, agendada para esta tarde, segundo o Politico.
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"A União Europeia, que foi formada com o objetivo principal de tirar proveito dos Estados Unidos no Comércio, tem sido extremamente difícil de lidar. ”
Uma tarifa de 50% “acarretaria impactos significativos nas economias da UE e dos EUA”, afirma Salomon Fiedler, economista do Berenberg, que estima ainda um acréscimo de 0,5 pontos percentuais à taxa de inflação homóloga dos EUA, complicando a tarefa da Reserva Federal.
“Ameaças descabidas de Trump não são invulgares. Tendo em conta os prejuízos que os EUA iriam causar a si próprios, Trump provavelmente não irá concretizar a ameaça”, considera Salomon Fiedler, acrescentando que “a UE provavelmente não conseguirá negociar a eliminação da tarifa base de 10% que Trump impôs a quase todos os parceiros comerciais dos EUA”.
A administração Trump iniciou o processo negocial com a União Europeia na semana passada, com o envio de uma carta com os seus termos. Bruxelas respondeu já esta semana com uma lista de concessões, incluindo a aquisição de bens energéticos e colaboração no desenvolvimento das redes 5G e 6G.
No início do mês, a Comissão Europeia avançou com uma proposta para impor taxas agravadas de 100 mil milhões de euros sobre vários produtos americanos, caso o país não recue nas tarifas recíprocas, que inclui aviões, automóveis de passageiros, químicos, plásticos e produtos agrícolas.
O presidente norte-americano ameaçou também esta sexta-feira a Apple com o pagamento de uma tarifa de 25% se os telefones da marca vendidos no país não forem fabricados nos Estados Unidos. A declaração fez as ações da companhia caírem 2,5% na negociação no pre-market.
“Já informei o Tim Cook da Apple que espero que os seus iPhones para venda nos Estados Unidos da América sejam fabricados e construídos nos Estados Unidos. Não na Índia ou noutro sítio qualquer”, referiu Donald Trump numa outra publicação da rede social Truth Social.
(Notícia atualizada às 15h24 com comentário do economista Salomon Fiedler, do Berenberg)
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