Putin acusa Kiev de terrorismo e questiona condições para dialogar

  • Lusa
  • 4 Junho 2025

"Entre pesadas perdas, recuando em todos os setores da frente, numa tentativa de intimidar a Rússia, a liderança em Kiev passou a organizar ataques terroristas", disse o presidente russo.

O Presidente russo, Vladimir Putin, acusou esta quarta-feira a Ucrânia de organizar “ataques terroristas” contra o seu país e questionou se há condições para dialogar “com aqueles que se apoiam no terror”.

“Entre pesadas perdas, recuando em todos os setores da frente, numa tentativa de intimidar a Rússia, a liderança em Kiev passou a organizar ataques terroristas”, declarou Putin durante uma reunião com o Governo transmitida em direto pela televisão.

O líder do Kremlin, que se referiu a recentes ataques ucranianos nas regiões fronteiriças de Bryansk e Kursk e à ponte da Crimeia, colocou de seguida em causa a exigência por parte de um cessar-fogo de 30 dias antes de negociações de paz, bem como de um encontro tripartido de alto nível, que incluiria o Presidente norte-americano, Donald Trump.

“Pedem a cessação das ações militares durante 30 ou mesmo 60 dias. Pedem uma reunião ao mais alto nível. Mas como é que uma reunião como esta pode ser realizada nestas condições? Para discutir o quê? Quem conversa com aqueles que se apoiam no terror, com os terroristas?”, questionou.

Vladimir Putin acrescentou que uma trégua serviria apenas para “encher o regime [de Kiev] com armas ocidentais, continuar a mobilização forçada e preparar outros atos terroristas semelhantes aos cometidos nas regiões de Bryansk e Kursk”, onde as autoridades russas indicaram sete mortes e dezenas de feridos em resultado de explosões no passado fim de semana em duas pontes ferroviárias.

O Presidente russo concordou, por outro lado, com o seu chefe da diplomacia, Serguei Lavrov, que afirmou que Moscovo deve usar todos os meios ao seu dispor, incluindo as negociações, para atingir os objetivos estabelecidos ao lançar a sua campanha militar na Ucrânia, em fevereiro de 2022.

Putin transmitiu ainda esta quarta ao Papa Leão XIV querer alcançar a paz por meios “diplomáticos”, enquanto acusou a Ucrânia de procurar escalar as hostilidades.

“Vladimir Putin chamou a atenção para o facto de o regime de Kiev apostar na escalada do conflito e levar a cabo ações de sabotagem contra infraestruturas civis em território russo”, indicou o Kremlin (presidência russa) num comunicado, a propósito da conversa telefónica entre o líder russo e o chefe da Igreja Católica.

O Presidente russo “reafirmou o interesse em alcançar a paz por meios políticos e diplomáticos, salientando que, para chegar a uma resolução definitiva, justa e global da crise, era necessário eliminar as suas causas profundas”, acrescentou o Kremlin.

Numa fase em que a Rússia coloca pressão máxima nas frentes leste e norte da Ucrânia e prossegue os seus bombardeamentos em várias cidades do país, as forças de Kiev lançaram no domingo uma operação especial bem-sucedida denominada “Teia de Aranha”, que consistiu num ataque de drones a partir de camiões pesados contra cinco aeródromos militares russos, dois dos quais na Sibéria.

O Presidente norte-americano revelou que manteve uma conversa com Vladimir Putin, que lhe transmitiu “com muita veemência” que pretende responder aos recentes ataques ucranianos, e admitiu que este telefonema não vai levar “à paz imediata”. Especialistas russos e ocidentais esperam que Moscovo responda ao ataque ucraniano, realizado na véspera da segunda ronda de negociações entre as partes, na segunda-feira em Istambul.

Do encontro na cidade turca, resultou um acordo para a troca de todos os prisioneiros até aos 25 anos, bem como de todos os doentes e gravemente feridos, além dos corpos de soldados em posse das partes.

A Rússia divulgou entretanto a sua proposta de paz, que inclui as suas exigências maximalistas de reconhecimento internacional sobre as quatro províncias que ocupa parcialmente na Ucrânia (Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia), além da Península da Crimeia, e a retirada das tropas ucranianas destes territórios antes de assinar um cessar-fogo.

Moscovo pretende também a rejeição dos planos de Kiev de adesão à NATO e dos seus projetos de militarização. A Ucrânia, por seu lado, recusa ceder a soberania sobre aqueles territórios e exige um cessar-fogo incondicional de 30 dias antes de avançar nas conversações. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, referiu-se a “um ultimato” de Moscovo, e reiterou a proposta para um encontro tripartido de alto nível com Putin e Trump, porque o atual formato negocial já “não tem sentido”.

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