Exclusivo Banca aceita perdão de dívida para dar nova vida à uva sem grainha do Vale da Rosa

Plano de revitalização do Vale da Rosa foi aprovado pela maioria dos credores. Bancos aceitaram perdão de dívida de vários milhões. Espanhóis vão ficar com 85% do grupo que produz uva sem grainha.

O plano de recuperação do Vale da Rosa foi aprovado pela maioria dos credores, incluindo os bancos, que aceitaram um perdão de dívida de vários milhões de euros para dar uma segunda vida à produtora de uva sem grainha fundada pelo comendador António Silvestre Ferreira, mas agora com um capítulo sob controlo espanhol.

O Processo Especial de Revitalização (PER) teve o voto favorável de credores representando cerca de 92% da dívida do Vale da Rosa, excluindo abstenções. A favor do plano votaram, por exemplo, BCP, BPI e Crédito Agrícola, os maiores bancos credores, de acordo com processo consultado pelo ECO. Autoridade Tributária e Segurança Social – que não perdem dinheiro – também deram aval.

Mas nem todos os bancos aceitaram as condições do PER, casos do Santander Totta, Caixa Geral de Depósitos (CGD) e Bankinter, que votaram desfavoravelmente, enquanto o Novobanco se absteve.

Os bancos que aprovaram o PER optaram, na sua maioria, pela ‘alternativa A’ do plano, aceitando um perdão de dívida que ascenderá a vários milhões de euros, mas recuperando o remanescente nos três meses a seguir à homologação do plano. Já a ‘alternativa B’ previa um alongamento dos prazos de reembolso por uma década ou mais, mas com o pagamento integral das dívidas.

Além do Vale da Rosa, com dívidas de 16 milhões de euros, também a Uval e o próprio empresário em nome individual António Silvestre Ferreira avançaram para PER – estas duas últimas produzem e fornecem a uva que é comprada, processada e comercializada pela primeira.

Como o ECO avançou, a par da reestruturação financeira, o PER também contempla uma reorganização societária de todo o grupo, que conta com mais de 200 trabalhadores.

Desde logo com a entrada de dois novos acionistas: os espanhóis da Iberian Premium Fruits e da Sanlucar Fruits, com experiência no setor, facto que facilitou a aprovação dos PER por parte dos bancos.

Em março passado, as duas empresas espanholas e o Vale da Rosa celebraram um acordo de um financiamento de 3,535 milhões de euros para “suportar os custos operacionais” até junho e garantir que campanha da uva deste ano decorre sem constrangimentos.

Com a aprovação do PER, esta dívida será convertida em capital, numa operação que fará com que 85% do grupo passe para as mãos da joint-venture espanhola, com os atuais sócios – António Silvestre Ferreira e os quatro filhos – a permanecerem na estrutura acionista com 15% do negócio.

Com sede em Ferreira do Alentejo, o Vale da Rosa vem enfrentando dificuldades financeiras nos últimos anos, crise para a qual contribuíram fatores “estruturais e conjunturais”, segundo a empresa, incluindo um aumento significativo do endividamento e a perda de clientes importantes, como a Jerónimo Martins e o Lidl.

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